Meu segundo esporte

Por grande parte da minha vida, meu segundo esporte favorito foi o basquete, como acontece com bastante gente que conheço. Foi assim até 2013, ano que morei nos Estados Unidos. Foi ali que me apaixonei pelo baseball.

Não foi amor à primeira vista, confesso. Eu sabia alguma coisa das regras por jogar no computador nos anos 90, mas como quase todo mundo, achava chato. Fui num jogo do Yankees, em NY. A experiência não foi muito boa. Caiu um temporal, jogo foi interrompido. Mais de duas horas para reiniciar, com boa parte do público já tendo deixado o estádio. Nem ficamos para o final. O próprio jogo em si foi ruim, quase nenhuma rebatida. Terminou 2 x 0 para o Yankees.

Por incrível que pareça, comecei a gostar mesmo foi num jogo da “série B”. Por uma coincidência, a primeira vez que passamos alguns dias em Memphis, que era perto de onde eu morava, no Mississippi, ficamos em um hotel ao lado do estádio do Redbirds, um time afiliado do Cardinals, de St Louis. Quando vi ingresso a 5 dólares, perguntei-me por que não? Fomos eu e meu filho. Esposa e filhas ficaram no hotel.

Com 10 minutos, liguei para elas.

__ Podem descer, compra o ingresso e te espero na entrada.

__ Como assim?

__ Pode vir, vão se divertir. Tem brinquedos para as crianças, comida, show de mascotes, é bem legal.

Foi assim que descobri que o baseball é o esporte da família americana. Lembro que tinha um espaço que não era arquibancada, mas um gramado onde as pessoas esticavam toalhas de picnic e assistiam o jogo tranqüilamente. Outra coisa que me chamou a atenção: a arquitetura. Que coisa linda aquele estádio, com tijolinhos aparente, estilo clássico. Boa parte dos estádios são assim.

Estádio do Redbirds. Detalhe para a “arquibancada em gramado”

A partir deste momento resolvi dar uma chance para o esporte. Comecei a assistir os jogos. Escolhi o Red Sox para torcer porque achava bem legar aquela história de ter ficado mais de 80 anos sem um título dando origem ao que ficou conhecido como a maldição bambino (recomendo o filme Amor em Jogo). Naquele ano, inclusive, o Sox foi campeão. Lembro do grand slam batido pelo Napoli. Estávamos em um hotel, acho que em Nova Orleans, e gritava feito louco no quarto. Este negócio de jogo chato já tinha ficado para trás.

Napoli, em 2013

A principal característica do jogo para mim é a tensão. Não tem nada igual. É como se fossem 3 horas de disputa de penaltis. Tem horas que não consigo assistir, juro. Saio da sala, volto com a jogada terminada. Impressionante.

Outra característica é a plasticidade. É um jogo muito bonito. Não se trata apenas rebatidas. As defesas, os movimentos, a busca do corredor, o ritual do arremessador, a concentração do rebatedor, tudo é muito artístico. Tem defesas que deixariam os goleiros pasmos. Detalhe: tem que pegar a bolinha no ar, sem que ela toque no chão. Nada de espalmar.

Enfim, tudo isso para dizer que começaram os playoffs e o desacreditado Red Sox (temporada anterior foi horrorosa) conseguiu se classificar. Venceu o maior rival, os Yankees em jogo único e agora enfrenta, em melhor de 5, o excelente time de Tampa. Perdeu feio o primeiro, “goleou no segundo” e amanhã faz o jogo 3, em casa. Tampa é o favorito, mas se chegamos até aqui, por que não sonhar?

Vitória ontem sobre as arraias de Tampa Bay

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