Prosseguindo o projeto de relar, aos sábados, o precioso pequeno livro de Jean Guitton, O Trabalho Intelectual. O Capítulo 3 chama-se O Esforço Profundo.
O ponto de partida são as imensas distrações que ameaçam o trabalho intelectual sério, seja ele de qualquer natureza. Para superar estas distrações é necessário o tal esforço profundo, mas não é só isso.
O trabalho intelectual é um vai e vem entre o fato e a idéia, entre o particular e o universal. O fato só tem realmente valor quando está iluminado por uma idéia e a idéia só tem seu valor quando se “encarna” na realidade. Perceber esta relação é fundamental para quem se dedica a entender a realidade e expressar este entendimento.
Um dos problema, nos alerta Guitton, é que a preguiça de pensar nos pode levar a nos manter na superficialidade. Não adiante entender Platão simplesmente lendo tudo que ele escreveu e o que escreveram sobre ele. É preciso identificar as citações mais frequentes, os textos fundamentais e se aprofundar neles. Os restante se dará a partir deste entendimento profundo, do conhecido para o desconhecido. Guitton condena o conhecimento do tipo enciclopédico e termina o capítulo com uma maravilhosa analogia.
Supondo que desejemos entender um círculo. A forma que aprendemos na escola, da superfície, é percorrer toda a circunferência, muitas vezes. Tudo nos parecerá tão diferente e pouco entenderemos no círculo em verdade. Já o pensador profundo, ficará um tempo sobre um pedaço do círculo e caminhará pelo seu centro, entendendo o raio, ou seja, o princípio que forma o círculo. Terá então condição de traçar o círculo por si mesmo e tudo lhe parecerá coerente e unificado.
O esforço profundo é justamente buscar este centro, buscar os princípios de qualquer conhecimento ou ciência.
Excelente análise!!
Esse movimento centrípeto é necessário para buscarmos o âmago de qualquer conhecimento ou ciência.