Sabem aquela estória que filosofia não tem utilidade prática, que só trata de abstrações?
Pois o Bispo Barron nos dá uma AULA sobre como a filosofia é importante ao mostrar como se leva gerações para que idéias que poucos leram de fato terminam moldando o comportamento da maior parte das pessoas gerações depois.
Sabem o caos dos protestos nos EUA e Europa? Podem ser rastreados até chegar em 4 filósofos, dois alemães do século XIX e dois franceses do século XX. Estamos falando de Marx, Nitzsche, Sartre e Foucault.
O debate público sobre o covid é uma miséria só. Vejo muita pouca gente tentando entender o fenômeno e tirar conclusões razoáveis sobre ele. O que sobra, o tempo todo, é uma briga insana para mostrar que tem razão.
Em uma situação normal, diante de um fenômeno novo, a pessoa forma uma primeira opinião, geralmente falha em muitos aspectos pela falta de informações, preconceitos pessoais, idéias pré-concebidas. Como tempo, diante dos fatos, e das posições contrárias, esta opinião vai sendo reformulada e depurada dos erros. Pelo menos era esta a concepção de Sócrates sobre a filosofia.
Só que o inimigo aqui é o mesmo da antiga Grécia, os philodoxos, os amantes da opinião. Nesta deformação, tão comum dos dias de hoje, as pessoas se apaixonam pela própria opinião e passam a defendê-la, custe o que custar. Não querem saber a verdade, mas estarem certas, pois satisfazer o próprio ego é o que importa.
O resultado é este estado miserável de debate, especialmente na mídia. Todos querem dizer que sempre tiveram a razão e de nada adianta um debate nestas condições. Cada vez mais temos opiniões divergente, acusações de lado a lado, e uma insegurança na forma de tratar o covid que chega a ser criminoso. Quem perde são as pessoas comuns, que ficam reféns destes vaidosos. Isso sem contar os que estão ganhando bastante dinheiro com o pânico que se instalou.
Por muito tempo tive dificuldade em entender a insistência no antigo testamento em temer a Deus. Como ter medo de um Deus que é amor? Isso não fazia sentido.
A paternidade nos ensina muitas coisas. Uma delas é que não existimos para agradar nossos filhos, para sermos amiguinhos no sentido de coleguismo. Uma pai ou mãe é amigo de seus filhos quando age com responsabilidade, impondo limites e sim, exercendo a punição quando preciso.
Quantas vezes em minha infância fiz algo errado e imediatamente tive medo de ser pego por um dos meus pais? Foi a partir destas recordações que entendi. Eu tive medo de meus pais não por eles serem pessoas ruins, longe disso, mas deles perceberem como eu era falho. Essa era a essência do temor aos meus pais. Nunca deixei de amá-los quando castigado, mesmo que por vezes fosse uma injustiça. O temer normal que os filhos sentem em relação aos pais também é um reconhecimento da autoridade, da percepção que eles sabem mais.
O mesmo acontece em relação a Deus. Temos medo de que Deus, vendo nossos pecados, não nos perdoe. O antigo testamento diz claramente que o temor a Deus é o principio da sabedoria. Vejo isso como o primeiro passo, a humildade em nosso coração. Começamos nossa obediência pelo medo do castigo, só então começamos a compreender que aquelas regras tem uma razão de ser e entramos no amor de Deus. Não podemos iniciar pelo Novo Testamento; precisamos passar pelo antigo.
Qualquer pessoa normal na minha idade olha para o passado e entende porque nossos pais fizeram certas coisas e somos gratos. Eles foram responsáveis e nos ajudaram a sermos pessoas melhores. O mesmo acontece em relação a Deus. À medida que vamos compreendendo, e esta estrada é infinita, aprendemos a amá-Lo. Eva é a representação do que acontece quando não O tememos. Nos tornamos soberbos e queremos ser deuses. Queremos comer o fruto da árvore do bem e do mal, ou seja, queremos definir o que é bem, avocando uma prerrogativa divina. O amor começa pela obediência e não pela revolta.
A partir dessas idéias gerais, comecei a entender porque temos que temer a Deus. Não é para evitarmos de amá-Lo, mas justamente para conseguirmos fazê-lo.
Todo sábado e domingo, um capítulo de O Homem Eterno, de Chesterton.
Capítulo 8: O Fim do Mundo
No capítulo 7, Chesterton descreveu como a melhor forma de paganismo (Roma) venceu a pior (Cartago).
O Império Romano foi a união de todos os paganismos em uma civilização universal. O grande problema é que a mitologia é o devaneio de uma mente jovem, uma relação um tanto infantil com a realidade. Quando o homem se torna realmente maduro, percebe que tudo era uma estranha ilusão e passa a buscar respostas verdadeiras, ou seja, uma religião.
Por isso mitologias não são teologia e, portanto, não são religiões. O que aconteceu depois da consolidação de Roma é que esta civilização foi perdendo seu contato com terra, sua origem pastoril, para se urbanizar e formar as plebes. Uma característica da mitologia é que, ao contrário do que pensam alguns, sua origem não é erótica, mas sim seu final. Ela tende a se tornar perversa no final, quando as pessoas começam a se cansar e se tornam pessimistas.
O declínio de Roma, e de todo paganismo, acontece quando as pessoas começam a se cansar desta perversidade. A plebe romana começou a se revoltar contra o abuso dos patrícios, algo que nunca ocorreria em Cartago. A decadência do paganismo era como um fim do mundo que nunca chegava. E foi só então que aconteceu algo realmente extraordinário.
Surgiu, vindo do oriente, uma estranha seita. A antiguidade era acostumada a todas estas seitas malucas, então uma que dizia que Deus estava morto e por isso podiam comer de seu corpo e beber seu sangue, não teria nada demais. Só que a atitude destes seguidores, formados por gente muito pobre, homens e mulheres, era diferente. Eles eram solenes e alegres ao mesmo tempo. Eram muito sério nesta crença e não hesitavam em morrer pelo que acreditavam. Em pouco tempo foram crescendo a ponto de se tornar algo realmente novo na história humana. E com este novo surge o ódio à Igreja de Deus.
Este foi um dos discos que descobri na coleção de um primo em Leopoldina. Não tinha idéia quem era Dio, nem conhecia direito o Sabbath, mas fiquei enlouquecido com este disco. Que energia! Que vocalista!
Existe uma turma de burocratas de educação, professores e políticos que enchem a boca para falar que as universidades públicas pensam no aluno enquanto que as privadas só pensam no lucro.
Este ano enfrentamos a pandemia, o que terminou destruindo o planejamento de grande parte das universidades.
Enquanto um conjunto de universidades se adaptaram rapidamente e buscaram soluções para reduzir ao máximo o prejuízo dos alunos, um outro conjunto sentou em cima de sua autonomia para esperar as condições ideais para retomar os cursos. Qualquer tentativa de falar em volta às aulas era sumariamente atacado. Qual a solução que propunham? Esperar a vacina. Se é que ela vai vir e sabe-se lá quanto tempo vai levar uma campanha de imunização.
Afinal, o que vale é fica em casa. E com dinheiro do contribuinte, fica muito mais fácil entrar de férias eternas. O que chama atenção é que todos os setores que puderam se adaptaram para funcionar online. Era questão de sobrevivência. Era o ideal? Em muitos casos, não. Mas era o possível no momento.
Só um tipo bem específico de universidade, aquela que pensa no aluno, deitou de berço esplêndido esperando a tempestade passar, se é que um dia passará. Educação à distância? Isso não existe; não tem qualidade. Qualidade mesmo é aquela ladainha que muitos professores que não gostam de dar aula fazem em sala para criar cópias deles mesmos.
Por essas e outras que considero a educação no Brasil irrecuperável. Joguei minha toalha faz tempo.
Jesus Cristo , exerceu três papéis principais em sua encarnação.
Como sacerdote, ele realiza a conexão com a transcendência, estabelece a religação com o divino, propósito maior de uma religião. Como profeta, ela manifesta a verdade. Como rei, ele lidera e nos mostra o caminho da salvação. Vida, verdade, caminho.
Como imitadores do Cristo, temos que tentar fazer a mesma coisa.
Como sacerdotes, temos que nos dedicar ás coisas do espírito. Orar, ir à missa, confessar, nos purificar. Como profetas temos que estudar, buscar a verdade nos grandes autores como Tomás de Aquino e Agostinho. Como reis temos que liderar os mais próximos de nós, especialmente nossos filhos.
Como Cristo, precisamos ser um pouco sacerdote, profeta e rei.
Todo domingo e feriado, um capítulo de O Homem Eterno, de Chesterton.
Capítulo 7: A guerra dos deuses e demônios
Perto do fim da grande era pagã da humanidade aconteceu o inevitável conflito entre duas visões distintas, já descritas nos capítulos anteriores. De um lado, a mitologia, aquele aspecto religioso e natural dos poetas, aquele aspecto familiar e local dos deuses, aquela civilização que se formou em torno de Roma. De outro a visão pragmática de uma civilização econômica e muito prática, a nova cidade que canalizou as forças de Morloc representado por Tiro e Sidon, em outras palavras, Cartago.
E o que a história nos ensina é que Roma foi derrotada e era questão de tempo para ser destruída por Aníbal. Mas veio a fraqueza de toda civilização que se quer econômica e política, de poupar os recursos na hora decisiva porque não acredita que o inimigo vai fazer a loucura de resistir até morrer. Assim, Aníbal foi traído, derrotado e Roma ressuscitou dos mortos e venceu a batalha derradeira da antiguidade.
O melhor paganismo tinha vencido o paganismo demoníaco, o dos sacrifícios humanos. Há um espírito moderno que critica a posição de Roma de destruir Cartago, mas os romanos sempre souberam que contra tal visão de mundo, nenhum acordo é possível.
Todo domingo e feriado, um capítulo de O Homem Eterno, de Chesterton.
Capítulo 6: Os demônios e os filósofos
Em sua visão integral sobre o paganismo, que antecedeu a vinda do Cristo, Chesterton considera que ele se divide em quatro. Nos capítulos anteriores ele tratou de Deus (o monoteísmo original, que teria antecedido o politeísmo) e os deuses (a mitologia, o politeísmo).
Neste capítulo ele trata das outras duas partes.
A primeira, que chama de os demônicos, é um de seus insights mais originais. O politeísmo teria dois tipos. O primeiro, que chamou de mitologia, responde a um desejo do homem pela transcendência. Sem a revelação, este desejo revela-se pela obra dos poetas, através da mitologia. É uma busca sadia do homem pela fonte de sua existência e um propósito para sua vida.
O problema é que certos homens, mais racionais, começam a querer que esta ligação tenha efeito prático em suas vidas e se aproximam do lado escuro da existência, os demônios. Dali partem os sacrifícios humanos, o canibalismo, o infanticídio e outra práticas malignas. Chesterton entendia que isso não é barbarismo; ao contrário, era preciso um racionalismo sofisticado para se entregar a tamanho mal. Contra este tipo de paganismo, lutou Roma e o povo judeu.
A última parte do paganismo são os filósofos. Eles utilizam a razão para tratar deste anseio natural do homem pelo que o transcende e os grandes representantes da antiguidade são Platão, Aristóteles, Confúcio e Buda. Interessante que aqui Chesterton novamente ataca a idéia de religião comparada: além do paganismo, o confucionismo e budismo não são religiões. São filosofias, talvez até civilizações.
Neste capítulo ele também critica o carácter circular das filosofias orientais. Apenas o cristianismo, como símbolo da cruz, vai romper com a idéia do círculo, da eterna repetição, e introduzir o paradoxo, dos dois eixos apontando para todas as direções, como o caminho para a salvação.