A imprensa está tratando a gripe suína no Brasil como se fosse um assunto secundário. Limita-se a registrar as mortes e pegar uma ou outra declaração de alguém do ministério da saúde, ou mesmo do ministro, tranquilizando a população. Para quem lê o noticiário, a impressão é que trata-se de um pequeno surto que logo vai passar.
Dois profissionais de saúde amigos meus, um médico e uma enfermeira, que trabalham em cidades diferentes, alertaram-me que a coisa não é bem assim. Ela me disse outro dia que as autoridades e hospitais estão escondendo as mortes para evitar alarmar a população. Ele me disse que já participou de reuniões sobre a gripe e a situação não é nada boa.
Há dois dias, saiu a seguinte nota no Jornal do Brasil:
O infectologista Edmílson Migowisky fez duras críticas na manhã desta terça-feira à forma como o Ministério da Saúde vem ministrando o Tamiflu no país. Segundo Migowisky, a alta percentagem de mortes no Brasil, mais de 10%, contra 0,5% em todo o Mundo, é consequência da restrição que o Ministério fez quanto á distribuição da medicação.
– A letalidade da gripe no Brasil é muito superior à letalidade da Inglaterra, onde aconteceram quase 100 mil casos e poucas pessoas morreram. O Chile também distribui a medicação livremente e o índice de mortes é baixo – atacou.
O infectologista, que desde o início da epidemia defende a liberação da medicação sem restrições, diz que boa parte das 210 mortes no país aconteceram por conta desta política errada.
– Aqui no Brasil a política é restritiva.
Será que estamos no meio de uma epidemia que pode se alastrar pela conhecida incompetência do governo? Cadê a imprensa que não está fazendo estas perguntas? Não está passando da hora de investigar mais um pouco?
O México teve que parar para conseguir se livrar da gripe. Por aqui, tirando algumas escolas, tudo está normal: cinemas, teatros, shoppings. Será uma irresponsabilidade?
Estou começando a ficar inquieto com a gripe no Brasil. Tenho a impressão, e por enquanto não passa disso, que tem muita coisa escondida nesta estória. Que há algo de podre no reino da Dinamarca.
Winston Smith,
O Ministério da Saúde não tem ocultado informações da população. Desde o início, o Brasil tem informado a população sobre o novo vírus, formas de contágio e prevenção com transparência, além de investigar a epidemiologia dos casos.
O Influenza A (H1N1) é semelhante à gripe sazonal em relação aos sintomas, formas de contágio e tratamento na maioria dos casos. Apenas casos graves e pessoas do grupo de risco podem ter indicação para uso do Tamiflu. A maior parte dos casos foi leve, pode ser tratada com outros medicamentos e já recebeu alta, mesmo sem fazer uso do Tamiflu.
A taxa de letalidade citada no post está equivocada, pois o Brasil está realizando a notificação, investigação, diagnóstico laboratorial e tratamento dos casos com síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e dos grupos de risco para desenvolver formas graves, assim como identificação de novos focos da doença no país. Dessa forma, a taxa de letalidade desse vírus, no momento, é de 0,09/100 mil habitantes no Brasil.
Para maiores informações: fernanda.scavacini@saude.gov.br
Assessoria de Comunicação
Ministério da Saúde