Folha:
ROMA – Para quem acompanhou as eleições na França, na Espanha e na Itália, as mais importantes da Europa nos últimos 12 meses, fica difícil discordar de Lluís Bassets, colunista do jornal espanhol “El País”, quando escreve: “Enquanto a paixão política parece desertar de um continente europeu direitizado e envelhecido, as longas eleições presidenciais norte-americanas estão dando nova vida à sua democracia e levantam de novo a paixão política entre seus cidadãos”.
Comento:
Esta é uma destas mistificações grosseiras da atualidade. A direita européia está muito mais para a esquerda americana do que para o pensamento conservador. Basta lembrar que o “direitista” Sarkozy colocou-se em posição “neutra” entre as FARCs e a Colômbia e age reiteradamente contra o governo Bush nos fóruns europeus.
Berlusconi não é de direita, mas sim um populista nacionalista e com sérios interesses econômicos atravessados às questões de Estado. Mas existe sempre uma tendência da esquerda jogar o que não gosta no colo da direita. E muita gente cai nesta conversa fiada.
Barack Obama uma nova vida à polícia? É engraçado isso, ser de direita é envelhecer e perder a paixão política. Ser de esquerda é um frescor, é uma paixão. O que há de novo em Obama? Não vejo nada mais do que o velho populismo latino-americano tentando entrar nos Estados. Troque seu discurso de negritude pelo de retirante operário e teremos o próprio Lula. Pronto para mudar a sociedade injusta que privilegia os ricos em detrimento dos pobres.
O que me anima é que vejo cada vez mais gente, principalmente na internet, defendendo os valores conservadores. Com o tempo poderá se formar uma consciência crítica em condições de enfrentar esta teoria da “superioridade moral da esquerda” que tomou conta não só do Brasil como em boa parte do mundo, principalmente na Europa.
A internet está fora do controle desta gente, não há como limitar o pensamento pela rede. É possível boicotar e esconder um grande pensador como Gustavo Corção no meio editorial brasileiro, mas não há como impedir a difusão de um Reinaldo Azevedo na blogosfera, um Olavo Carvalho, um Diogo Mainardi. Temos muito a aprender sobre a influência da internet no referendo sobre a venda das armas. Foi uma ocasião histórica em que a anarquia cibernética enfrentou e venceu a poderosa aliança governo-congresso-mídia.
Ainda tenho minhas esperanças de ver uma verdadeira guinada para a direita da Europa; uma guinada centrada na defesa dos valores ocidentais, da tradição judaico-cristã. Devemos ter orgulho dela, e não vergonha. É preciso restaurar a crença em valores superiores, que sejam um norte moral para a humanidade. Antes que seja tarde.