Enquanto isso, na Bolívia…

Santa Cruz é apenas a primeira província a se rebelar contra o socialismo do cocaleiro Evo Morales. É um passo importante contra o avanço vermelho no continente; seu exemplo deverá ser seguido por outras províncias e estará configurada a divisão do país. De um lado, o produtivo, responsável por 80% do PIB, de outro, os índios cocaleiros liderados por Morales.

Um presidente é eleito para governar todo o país, conciliar os diversos interesses em conflito e defender as leis vigentes. Morales não fez nada disso. Colocou-se como defensor de uma parte da sociedade, ou classe como gostam de repetir os socialistas, e atacou a lei vigente. Promove uma nova constituição sem que a oposição possa participar do processo, um claro ataque à democracia.

Para esta empreitada conta com o apoio explícito de dois outros populistas da região, Chávez e Corrêa, e o implícito do maior deles, Lula. Todos estão unidos na entidade que não existe, o Foro de São Paulo, que vai ganhar agora o reforço do Paraguai.

A democracia está sitiada na América Latina, reduzida à Colômbia, Peru e Guiana. O Chile, felizmente, já atingiu um nível de desenvolvimento que mesmo com uma presidente de esquerda, consegue se manter no rumo correto pois sua população não aceita mais um rumo contra a liberdade política e econômica.

O mundo anda para trás na América Latina.

BNDES

Curioso.

Primeiro o banco financia um negócio ilegal que ruma para o monopólio no setor das telecomunicações.

Depois membros do seu conselho administrativo são presos pela polícia federal. E parece que é só a ponta de um iceberg.

É a moral elevada do estado em relação à sociedade.

Uma lástima.

Hipocrisia

Uma excelente artigo de João Luiz Mauad, sobre algumas hipocrisias brasileiras. Os grifos são meus:

CAMISINHABRÁS

Leio no jornal que acaba de entrar em operação, nos confins de Xapuri – AC, uma fábrica de preservativos estatal, gerenciada pelo governo do estado e financiada pelo governo federal. Criada com o objetivo de absorver a produção de látex natural da região, a fábrica terá um só cliente, o Ministério da Saúde. Certamente, Pindorama deve ser o único país dito capitalista do mundo a ter uma indústria de camisinhas (um produto altamente estratégico) estatal.

Isso só pode ser fruto da inveja atávica dos comunas ao lucro capitalista. Não há outra explicação.

SOFISMAS, SOFISMAS, SOFISMAS

Dia desses, tanto Lula quanto Dilma diziam, em alto e bom som, que não fazia sentido acusar o governo pelo tal dossiê, apelidado pela oposição infame de “Aloprados II – O Retorno” – afinal, o maior prejudicado por ele seria o próprio governo. Não é ótimo? Alguém precisava dizer a essa gente que o maior prejudicado por um crime de roubo é o próprio ladrão; o maior prejudicado por um crime de extorsão é o próprio extorcionário; o maior prejudicado por um crime de chantagem é o próprio chantagista. Desde que, evidentemente, não logrem êxito e sejam apanhados.

Mas, como no Brasil as coisas óbvias não costumam ser ditas, mais uma vez ficará o dito pelo não dito.

BOLSA-DITADURA

Em solenidade ocorrida nos salões da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), o Estado brasileiro acaba de produzir, com o dinheiro dos contribuintes, mais uma “fornada” de indenizações a “perseguidos políticos da ditadura”. Desta vez, foram agraciados com pensões médias de R$ 4.300, mais indenizações médias de R$ 1 milhão, uma penca de jornalistas – muitos dos quais fizeram fortuna maldizendo a ditadura, como os próceres do finado Pasquim, Jaguar e Ziraldo.

Este último, por sinal, teve a pachorra de enviar carta ao jornal O Globo, onde “explica” que não pleiteou nada; que tudo foi feito pelos advogados da ABI e que só aceitaria a bufunfa porque a considera uma complementação de sua pobre aposentadoria do INSS.

E, por falar em Bolsa-Ditadura, vale destacar uma nota do colunista Elio Gaspari sobre a indigitada, que demonstra o verdadeiro roubo em que se transformou a coisa:

“Em 1952, a Alemanha negociou um acordo com o governo de Israel e se comprometeu a pagar 3 bilhões de marcos (US$ 5,8 bilhões em dinheiro de hoje) como reparação pelo que o nazismo fez aos judeus. O Bolsa-Ditadura já custou à Viúva US$ 1,5 bilhão”.

Ora, o número de mortos do nazismo está estimado em 6 milhões, enquanto o da ditadura brasileira é de aproximadamente 400 indivíduos. A desproporção é tão gritante que chega às raias do escárnio.

Eu só queria saber onde está, nestas horas, o diligente Ministério Público.

HIPOCRISIA NACIONALISTA

Recentemente, o país festejou a boa notícia de que a empresa de aviação norte-americana Jet Blue está pretendendo instalar-se por aqui. O incremento da concorrência, num setor extremamente concentrado, é uma notícia realmente alvissareira.

O que pouca gente sabe – ou se deu conta – é de um pequenino detalhe, que fez toda a diferença neste caso. Explico: como o transporte aéreo doméstico é uma “concessão de serviço público”, o setor está sujeito aos ditames de uma legislação tão nacionalista quanto retrógrada, que proíbe, dentre outras coisas, a operação de empresas aéreas com capital estrangeiro superior a 30%.

No caso da Jet Blue, o investimento só será possível porque o dono da empresa, por um detalhe do destino, nasceu em solo brasileiro, mais precisamente no Rio de Janeiro.

Não há exemplo mais claro de como é hipócrita e imbecil o nacionalismo econômico. O sujeito é filho de americanos, morou a vida toda nos Estados Unidos, lá estudou, trabalhou, constituiu família e construiu fortuna. Não fosse um mero detalhe, que lhe permitiu gozar de uma oportuna dupla nacionalidade, nada disso seria possível.

Sabem como é, o dinheiro do sujeito só é bem-vindo porque ele nasceu dentro das fronteiras tupiniquins. Torna-se, assim, um homem confiável, que não irá atentar contra a soberania ou a segurança nacionais. É mole, ou quer mais?

AUTO-SUFICIÊNCIA?

Mais uma queda no famigerado superávit comercial e as donzelas desenvolvimentistas já começam mais um festival das carpideiras, como se o mundo estivesse prestes a explodir, vítima de um cometa desgovernado. Mas não é disso que quero falar.

Lembram-se da pantomima da auto-suficiência? Aquela, montada pelos áulicos petistas, com direito a presidente com as mãos sujas de óleo e discursos de enaltecimento à rainha das estatais? Pois é! Leio no jornal “Valor Econômico” que nada menos que 20% do aumento verificado nas importações, este ano, veio da conta petróleo. Ano passado, aquela conta fechou com um déficit de US$ 6 bilhões e, em 2008, o mesmo já está próximo dos US$ 3 bilhões.

Como aqueles que me acompanham há mais tempo podem atestar, a mentira tem pernas curtas e a realidade acabou dando razão a este humilde escriba.

Comento:

Não se chega a este estado de coisas de uma hora para outra, tem que ser construído com paciência.

Assim somos um país com sérios problemas de cunho social, como a educação deficiente, saúde, violência urbana. Onde colocamos os recursos arrecadados? Em uma fábrica de camisinhas no Acre.

Somos um país em que a justiça é desacreditada. O que faz o presidente da república? Hipoteca sua popularidade em favor de corruptos e promove a inversão de valores profetizada por Nietzsche ao transformar vítimas em culpados e culpados em vítimas.

Somos um país que celebra a auto-suficiência em petróleo, mas que importa mais do que exporta e temos que reajustar o preço do combustível por causa disso.

Somos um país com leis hipócritas de proteção ao mercado interno, com várias áreas “estratégicas”, mas que permite que uma grande empresa norte-americana se instale aqui porque, por acidente, o dono nasceu no Brasil. Em tempo: não sou contra fechar mercados, ao contrário, defendo a abertura.

Um “perseguido” pela “ditadura” vale infinitamente mais do que um judeu vítima do holocausto. Parece que o Brasil quer provar ao mundo que crime mesmo foi aquele da década de 70. O que fica difícil de explicar é com existem tantas “vítimas” no topo de suas carreiras hoje e tantos “perseguidores” vivendo de aposentadorias que no máximo podem ser chamadas de dignas.

Uma boa notícia para o telespectador

Blog Cantinho do Jota:

Lauro Jardim:

É arrasador o parecer final da Secretaria de Direito Econômico (SDE) no processo administrativo que apurou indícios de práticas anticoncorrenciais da Globo na compra dos Brasileirões entre 1997 e 2005. A um só tempo, a SDE conclui que a Globo e o Clube dos Treze incorreram em infração à ordem econômica (pelo qual podem se punidos com multas milionárias) e recomenda ao Cade alterações profundas na comercialização dos direitos de transmissão dos Brasileirões daqui para frente. O parecer acaba de ser enviado ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a quem cabe definir o valor das multas.

O grande problema do capitalismo é que ele depende da concorrência para mitigar seus males. Quando esta concorrência é destruída pela formação de um monopólio, todos perdem, consumidores e trabalhadores.

A Globo tinha conseguido um monopólio na transmissão esportiva, principalmente no futebol. Além de dominar a transmissão aberta, colocou todo o seu peso para desbancar a espn brasil no setor. Foi uma operação que custou muito à emissora, socorrida providencialmente pelo atual governo no início do primeiro mandato.

Com o parecer da SDE espera-se que a livre concorrência volte ao setor e o principal beneficiado será o torcedor. Foi sugerido que se abra um pacote de jogos nas quintas e sábados, dias que não interessam à Globo. Torço para que o horário dos jogos de quarta também possam ser mudados em função da concorrência, quem já foi no Maracanã para ver jogos às dez da noite sabe o risco que é.

Aguardemos para ver se as medidas farão efeito real.

Autonomia de Santa Cruz

A Igreja Católica pede paz em cada esquina da cidade de Santa Cruz de la Sierra, nas rádios, em faixas e cartazes. Mas, a quatro dias do referendo sobre a autonomia do departamento de Santa Cruz, são ignorados até os apelos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que está em missão na Bolívia para evitar um confronto. Por todas as ruas centrais se agitam bandeiras e buzinas pelo sí no referendo – organizado pelo governo local e rechaçado pelo central – enquanto que nas periferias se organizam “quartéis generais” pelo no.

Não há nenhuma novidade aí, a esquerda alimenta-se da divisão interna da sociedade, é um de seus instrumentos de luta. O socialismo bolivariano não é diferente, muito pelo contrário. É preciso que a sociedade rache, de preferência que lute, para que o partido no poder a controle. É o caminho para o totalitarismo, mas um totalitarismo mais difuso e sutil, mascarado por uma democracia fajuta.

No Brasil várias atitudes do governo federal estão sendo tomadas para estimular divisões na sociedade. A política de cotas quer inaugurar o racismo no país, a política de demarcações de reservas causa o atrito entre índios e não índios, o patrocínio ao MST provoca uma luta entre agricultores e militantes no campo, a secretaria dos direitos humanos afronta os militares.

É preciso observar com atenção o que acontece nos países da vanguarda socialista da América Latina, Bolívia, Equador e Venezuela. Recebem o apoio de outros que caminham na mesma direção, mais devagar pois enfrentam instituições mais fortes, como o Brasil, o Chile e a Argentina.

Como sempre diz o Reinaldo Azevedo, Lula não faz o mesmo que Chávez e Morales porque não pode, não porque não quer.

Carta contra cotas raciais

Já não era sem tempo de se começar a debater as cotas raciais, outra daquelas medidas que estão sendo implantadas sem debate político e participação da sociedade.

Ontem foi entregue no STF um documento denominado Carta de “113 anti-racistas contra as leis raciais”. Trata-se de uma manifestação pública de “intelectuais da sociedade civil, sindicalistas, empresários e ativistas dos movimentos negros e outros movimentos sociais” contra a adoção de cotas raciais no Brasil, particularmente nas universidades e concursos públicos.

O documento pede o cumprimento do que está prescritos na Constituição:

Na seara do que Vossas Excelências dominam, apontamos a Constituição Federal, no seu Artigo 19, que estabelece: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si”. O Artigo 208 dispõe que: “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um”. Alinhada com os princípios e garantias da Constituição Federal, a Constituição Estadual do Rio de Janeiro, no seu Artigo 9, § 1º, determina que: “Ninguém será discriminado, prejudicado ou privilegiado em razão de nascimento, idade, etnia, raça, cor, sexo, estado civil, trabalho rural ou urbano, religião, convicções políticas ou filosóficas, deficiência física ou mental, por ter cumprido pena nem por qualquer particularidade ou condição”.

(…)

Os concursos vestibulares, pelos quais se dá o ingresso no ensino superior de qualidade “segundo a capacidade de cada um”, não são promotores de desigualdades, mas se realizam no terreno semeado por desigualdades sociais prévias. A pobreza no Brasil tem todas as cores. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2006, entre 43 milhões de pessoas de 18 a 30 anos de idade, 12,9 milhões tinham renda familiar per capita de meio salário mínimo ou menos. Neste grupo mais pobre, 30% classificavam-se a si mesmos como “brancos”, 9% como “pretos”, e 60% como “pardos”. Desses 12,9 milhões, apenas 21% dos “brancos” e 16% dos “pretos” e “pardos” haviam completado o ensino médio, mas muito poucos, de qualquer cor, continuaram estudando depois disso. Basicamente, são diferenças de renda, com tudo que vem associado a elas, e não de cor, que limitam o acesso ao ensino superior.

(…)

A PNAD de 2006 informa que 9,41 milhões de estudantes cursavam o ensino médio, mas apenas 5,87 milhões freqüentavam o ensino superior, dos quais só uma minoria de 1,44 milhão estavam matriculados em instituições superiores públicas. As leis de cotas raciais não alteram em nada esse quadro e não proporcionam inclusão social. Elas apenas selecionam “vencedores” e “perdedores”, com base num critério altamente subjetivo e intrinsecamente injusto, abrindo cicatrizes profundas na personalidade dos jovens, naquele momento de extrema fragilidade que significa a disputa, ainda imaturos, por uma vaga que lhes garanta o futuro.

Está na internet uma petição em apoio à carta. O texto completo que foi entregue ao STF encontra-se aqui, juntamente com a opção de assinar a petição.