Sobre educação

A Veja da semana passada trouxe um entrevista com Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE, sociólogo e estudioso de temas relativos à educação. Em síntese, ele faz o seguinte diagnóstico da universidade brasileira:

  1. As universidades contribuem muito pouco para o desenvolvimento do país. Isto acontece porque seu financiamento é inteiramente público, o que causa uma dissociação em relação às demandas da sociedade. A tendência é de acomodação.
  2. O sistema CAPES precisa ser reformado pois dá ênfase ao trabalho acadêmico e desestimula a iniciativa prática. A aplicação da pesquisa não é valorizada. Os pesquisadores só querem publicar artigos em revistas internacionais, assim que é publicada não se preocupam em procurar aplicar o resultado; é mais vantajoso começar outra pesquisa para publicar novo artigo. (Acabei de terminar um curso de mestrado, é a mais pura verdade).
  3. É preciso que as universidades tenham mais flexibilidade para gerir seus recursos e que não dependa integralmente do governo. É preciso premiar e pagar os professores pela contribuição efetiva para a instituição, não podem ser simples funcionários públicos.
  4. Os investimentos para pesquisas são muito pulverizados. É preciso concentrar dinheiro em centros de excelência para dar um salto de qualidade. Pesquisa científica é algo caro e concentrado, é assim no mundo inteiro.
  5. É preciso de pesquisadores com mentalidade empresarial, que esteja atenado com o que acontece fora da universidade para saber quais temas de pesquisas estão surgindo, as linhas mais promissoras e onde estão as oportunidades.
  6. O governo está muito preocupado com a inclusão na universidade, o que é um erro. Não há tanta gente para colocar na universidade porque o ensino médio está muito ruim. A política atual dá acesso para gente que não vai conseguir muita coisa, o problema da desigualdade social está mais ligada à educação básica do que com a universitária. A função da universidade é “produzir competência, gente bem formada e pesquisa de qualidade.”

O que devemos discutir é se essa universidade tem bons engenheiros, bons cientistas e se tem capacidade para oferecer serviços. O resto é secundário.

Na mesma edição, Claudio de Moura Castro trata de outro assunto relativo à educação, os “diamantes descartados”. Seus principais pontos:

  1. Surgem na escola alunos mais talentosos que os demais. Estima-se que cerca de 3% da população esteja nesta categoria. Na Inglaterra e na França eles ganham acesso às melhores escolas, nos Estados Unidos há programas especiais. Na Rússia e em Cuba há colégios para talentosos.
  2. No Brasil, quando estes alunos vêm de famílias mais ricas, os talentosos são identificados e recebem a educação apropriada. O problema é o aluno da escola pública, são ignorados. Na teoria educacional brasileira eles devem ser “integrados” aos demais. São impedidos de desabrochar, desajustam-se ou fingem ser medíocres, a fim de evitar conflitos e embaraços.
  3. Algumas empresas tem tomado o problema em suas mãos. Elas buscam alunos talentosos em escolas públicas e oferecem bolsas para estudarem em colégios privados. O governo começa a se manifestar, não gosta de ver seus melhores alunos pescados de suas péssimas escolas públicas. Acham errado premiar alguns poucos com uma educação compatível com seu talento. Isto produz uma igualdade forçada aplicando-se o princípios de tolher os mais talentosos. “É uma justiça social muito caolha, pois os ricos mais talentosos não são desperdiçados.

Segundo o geneticista russo Wladimir Efroimson o

talento não é uma propriedade privada, é uma propriedade pública e ninguém tem o direito de desperdiça-lo.

Um pensamento sobre “Sobre educação

  1. Pois eh, aqui no Canada nao existe universidade privada – sao todas publicas. Mas ao mesmo tempo, elas tem autonomia para gerir seus recursos e complementar o que recebem do governo atraves de arrecadacoes junto a iniciativa privada e junto a seus ex-alunos, que contribuem bastante. Algumas tem mais sucesso que outras, eh claro. A universidade de Toronto, a universidade de mais prestigio no pais, arrecadou 1.3 bilhoes de dolares esse ano. Somente 40% desse dinheiro vem do governo.

    A area de pesquisa eh sempre corrente e visionaria, mesmo nas areas menos aplicaveis… Mesmo os programas do governo de bolsas de pesquisa perguntam especificamente sobre a originalidade e a importancia do seu topico hoje…

    Eh outro mundo…

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