Alta dos alimentos e o etanol

Andei procurando me informar sobre as causas e conseqüências da alta do preço dos alimentos.

Pelo que entendi, a causa principal está no crescimento da China e Índia que está urbanizando suas populações e aumentando sua renda. É um gigantesco contingente populacional que está mudando seus hábitos e passando a comer carne.

O que tem a ver o consumo de carne com os grãos? O gado. A gado precisa principalmente de milho e soja para se alimentar, e consome muito mais do que o homem. Desta forma, parte da produção está sendo desviada para os rebanhos e a área de outros grãos está sendo revertida em milho e soja. É um problema que tem na demanda sua essência principal.

Outra faceta é o declínio americano que se manifesta na queda do dólar. Esta desvalorização reflete no preço dos produtos agrícolas aumentando ainda mais a pressão inflacionária.

A alta do preço dos alimentos não é passageira nem do momento. A tendência é ficar ainda pior pois o fenômeno que a está causando, o crescimento chinês e indiano,  se manterá por muito tempo, daí a preocupação mundial.

O etanol entra como uma das causas secundárias. Ao mesmo tempo que ocorre este aumento da demanda por comida, o petróleo chega a preços recordes tornando o uso do etanol economicamente viável. Parte da produção do milho americano passa a ser destinado para este fim.

O Brasil não está totalmente fora deste problema por obter seu álcool da cana de açucar. Como qualquer plantação, ocupa espaço que poderia estar sendo utilizado para produzir alimento.

A questão é complexa mas trará desdobramentos sérios. Logicamente os mais afetados, de início, serão os mais pobres, particularmente o continente africano.

Não adianta agora ficar colocando a culpa uns nos outros, é preciso estudar soluções, e urgente.

3 pensamentos sobre “Alta dos alimentos e o etanol

  1. Sem dúvida é a diminuição do consumo de carne ajudaria na questão, mas ainda acho uma solução de alcance ilimitado. O Brasil talvez seja o país que mais consome carne per capta, mas nossa população é vinte vezes menor do que a China e Índia somadas. Se estes países passarem a consumir a metade de um brasileiro ainda precisariam de dez vezes mais carne do que o Brasil.
    Como manter os indianos e chineses na pobreza não é uma solução, é preciso realmente aumentar a produção.
    Talvez a primeira solução efetiva seja a diminuição dos subsídios agrícolas da UE e dos EUA. Proteccionismo sempre leva à baixa produtividade e torna-se um impositivo para o aumento de produção na América Latina e África.
    Mas tudo isso é chute meu. Preciso urgente fazer um curso de Introdução à economia! rsrss

  2. eu concordo que diminuir o consumo não seja a solução final, mas já ajudaria bastante. Na verdade a maior parte dos indianos não comem carne de vaca pois o boi é um animal sagrado – eles tendem a comer mais cabra, bode e frango.

    aumentar a produção desenfreadamente também não é uma solução. Ao menos nos EUA, o aumento da produção de carne levou a criação de um sistema de produção cruel, no qual o gado é entupido de remédios e alimentos que não evoluiu para digerir com o intuito de engordá-los mais rápido e assim produzir mais carne em menos tempo. Há 50 anos, levava-se 3 anos pra uma vaca atingir peso de abate; hoje se o consegue em menos de 1 ano. E o animal abatido é muito menos saudável, mais cheio de remédios e hormônios, que ingerimos sem pensar duas vezes.

    Esse assunto foi discutido recentemente pelo Michael Pollan, no livro The Omnivore Dilemma, que explora a indústria de alimentos norte-americana. É realmente impressionante. http://www.michaelpollan.com/omnivore.php
    E não é verdade que o protecionismo diminua a produção – parte do motivo pelo qual o gado lá não estar tão saudável é a proteção a produção do milho, que levou a uma superprodução do alimento em tal quantidade, que quase todo alimento industrializado americano tem uns 8 ingredientes derivados do milho e o gado agora come milho (o que não é próprio para a sua alimentação, que deveria ser a base de capim). Até os refrigerantes lá são adoçados agora com corn syrup e não com cana de açúcar…

    Eu acho que no final, se a demanda continuar mesmo aumentando tanto, o resultado será o aumento do preço para todos, o que em si mesmo limitaria o consumo.

    Eu acho que até para ajudar esse processo (e a nossa própria saúde), vale a pena mudar nossos hábitos e comer menos carne. Tenho investido nisso. Diminuímos a quantidade e aumentamos a qualidade. Só compro carne que eu sei que vem de fazendas locais, tradicionais, onde o gado é alimentado naturalmente e não é drogado. É claro que essa carne é mais cara, mas também é mais saborosa e como eu diminuí o consumo, não compro sempre. Metade das refeições que fazemos agora são sem carne nenhuma, a outra metade vem geralmente de carnes de frango, porco ou peixe. Uma ou duas vezes por mês eu cozinho carne vermelha em casa.

    Fizemos a mudança de forma gradual, fui fazendo um prato vegetariano aqui e ali e aos poucos aumentando a frequencia. Não foi nenhum sacrifício.

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