O julgamento do STF sobre celulas embrionárias

Tenho muito mais dúvidas do que certezas sobre esta questão que o Supremo vai julgar. Andei lendo algo a respeito neste fim de semana, pelo menos para tentar entender melhor a questão.

Não li ainda, mas pelo que fiquei sabendo a entrevista das páginas amarelas da Veja desta semana, de uma das especialistas brasileiras da área mostra, com bons argumentos, que não há relação entre a destruição de uma célula embrionária com a questão do aborto, como muitos tentam fazer.  Segundo o que entendi, as células são fecundadas in vitru e sua destruição é natural. Para que a concepção se completasse é necessário uma ação humana. É diferente do aborto. Neste caso, há a formação do feto sem interferência humana.

O que levanta uma questão importante, a liberação da pesquisa com célula embrionária não pode ser confundida como um sinal verde para o aborto, são debates totalmente diferentes. Igualar desiguais é uma das empulhações científicas e intelectuais mais freqüentes.

Outro ponto importante, é que a pesquisa já é autorizada em boa parte do mundo. Sei que o aborto também é, mas novamente, são questões diferentes. O aborto é um fim em si mesmo, a destruição da célula é apenas o início de um processo de pesquisa.

Parece que ainda há muita controvérsia sobre a eficiência desta pesquisa, a célula adulta já tem mostrado melhores resultados. Mas isso é com os cientistas.

A minha preocupação maior é a manipulação do embrião para “corrigir” o ser humano. Onde isto poderá levar? Fico pensando em Admirável Mundo Novo de Huxley, na fábrica de produção de bebês. As perfeições (e imperfeições) planejadas e fruto de manipulação genética. Mais recentemente teve o filme Gattaca, também me deixou desconfortável.  A idéia do ser humano brincando de demiurgo não me é nem um pouco agradável.

Por fim, querem vender jornais com a manchete de ser a luta da razão contra a fé. Nada parece ser mais falso. A ciência não pode ter um cheque em branco para fazer o que bem entende, o nazismo está aí para mostrar os horrores da pesquisa sem reflexão filosófica. E a religião tem participação nisso por ser um dos depositários da filosofia moral, ela faz parta da discussão ética na medida que está relacionada com o sentido de cosmos para seus crentes. Muito das restrições éticas para as pesquisas tiveram origem em questionamentos religiosos, particularmente da Igreja Católica.

É preciso muito cuidado e muita serenidade nesta discussão. Que Deus ilumine nossos ministros, eles vão precisar. Tendo fé ou não.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *