Degradante

By ClaudioHumberto

O tratamento solene de alguns dos principais veículos de comunicação do País aos bicheiros que controlam as escolas de samba do Rio de Janeiro, mencionados – com reverência – como “presidentes”, revela um sintoma grave: a relação promíscua entre a sociedade carioca e os criminosos. O mesmo tipo de relacionamento que impede o Rio de Janeiro de chamar pelo nome correto o mais grave problema que aflige o Estado: o crescente domínio da criminalidade. Talvez por temor de ofender o vizinho, o amigo do filho, o tia da amiga. Mesmo após o cruel assassinato do garotinho João Hélio, em vez de denunciar os assassinos e exigir o combate ao crime e ao tráfico de drogas, os cariocas fazem passeatas babacas, convenientemente genéricas, “pela paz” e pelo fim “da violência”. Meter o dedo na cara do crime, que é bom, nada.

Estava comentando isso antes. O desfile de escolas de samba do Rio de Janeiro é notoriamente um espetáculo de lavagem de dinheiro a céu aberto. O que fazemos? Transformamos este espetáculo em turismo e a principal rede de televisão do país o transmite na íntegra durante toda a noite.

O método mais eficaz de combater o crime organizado é começar pela lavagem de dinheiro. Se o criminoso não tiver como legalizar o produto de seu crime seu serviço se torna ineficaz. E na lavagem que se prenderam os grandes gangsters americanos (vide Al Capone) e a máfia italiana. Mas nosso fisco só sabe ir em cima dos pobres mortais.

Outro dia a receita autuou alguns mensaleiros. Vai dar em multa e fica por isso mesmo. Nos Estados Unidos seria o suficiente para colocá-los atrás das grades. Não precisaria nem provar o mensalão.

Mas no Brasil é assim. Celebramos o crime. Em rede nacional. Querem protestar contra violência, por que ao invés de fazer passeata inútil não boicotam o sambódromo? Seria muito mais efetivo e mais eficaz.

Mas quem quer trocar a diversão por uma boa causa?

Um pensamento sobre “Degradante

Deixe um comentário para Danilo RafaeL 77 Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *