O excelente Demétrio Magnoli apresenta como o IPEA torturou os números do IBGE para dar respaldo a política oficial de combate ao racismo do governo. A conta é simples. Existem no Brasil 6% de pretos, 42% de pardos e 1% de indígenas. A soma de todos que não se consideram brancos são 49%. Aí é que entra a tortura ideológica de números. Segundo o IPEA estes 49% são negros. Claro que não são, estes 42% de pardos compões grupos de quase pretos, quase brancos, quase amarelos. São os amazônicos, os nordestinos do interior, e por aí vai. Sabe-se que média salarial dos 42% de pardos são menores que os 6% de negros. Cadê o racismo? Se considerarmos que a região sul-sudeste tem renda maior que norte-nordeste, e que nesta primeira região a predominância é de brancos ao contrário da segunda, pode-se concluir com facilidade que nosso desequilíbrio é regional, e não racial.
Uma parte do PT já começa a defender que o presidente possa convocar plebiscitos. Sem autorização do congresso. Arrepiou? O que eu tenho contra consultas populares? Nada. E tudo. Nada se for fruto da discussão dos representantes da população (por pior que sejam), tudo se for fruto da cabeça de uma única pessoa, com uma máquina a seu favor para influenciar no resultado. Lógico que o PT já apressa e dizer que não é questão da re-reeleição. Cada dia mais aparece esta estória. E agora pela primeira vez aparece um nome: re-reeleição.
O secretário nacional dos direitos humanos (normalmente de bandidos) defendeu ontem que os militares torturadores sejam julgados por seus crimes. Trata-se de dois pesos e duas medidas. Claro que o companheiro não defende que os criminosos do período também sejam julgados (podem escolher os crimes: sequestro, roubo de banco, assassinato, terrorismo). A anistia no Brasil foi ampla e irrestrita. Para os dois lados. Tentar mexer nisso agora só vai trazer confusão num episódio que ficou no passado.
“Sabe-se que média salarial dos 42% de pardos são menores que os 6% de negros. Cadê o racismo? Se considerarmos que a região sul-sudeste tem renda maior que norte-nordeste, e que nesta primeira região a predominância é de brancos ao contrário da segunda, pode-se concluir com facilidade que nosso desequilíbrio é regional, e não racial.””
– bom, existem duas contradiçoes no que vc disse acima; ou ao menos, duas formas de se analizarem os mesmos dados. Vc diz que 6% dos negros ganham mais do que os 42% de pardos e que portanto, aí nao haveria racismo. Bom, a raça no Brasil é autodefinida. Ou seja, quem vai definir quem é negro ou nao é a própria pessoa e em geral, as pessoas que conheci no Brasil que se definem como “negros” sao pessoas de maior orgulho racial e melhor instruidas. Portanto, é bem possível que esse grupo realmente seja de uma posiçao social um pouco acima. A verdade mesmo é que no Brasil o negro verdadeiro quase nao existe – todo mundo é um pouco misturado. Incluindo boa parte dos auto-intitulados “brancos”.
E quanto a parte que diz: “Se considerarmos que a região sul-sudeste tem renda maior que norte-nordeste, e que nesta primeira região a predominância é de brancos ao contrário da segunda, pode-se concluir com facilidade que nosso desequilíbrio é regional, e não racial.”
– aí é que está – vc mesmo diz que a regiao predominantemente branca é mais rica que a regiao parda/negra/indigena. Isso em si nao seria um desequilibrio racial?
O governo até pode estar manipulando dados mas que o racismo no Brasil é claro, isso é. O problema que o torna ainda mais difícil de combater é que é um racismo sutil, um racismo que ninguem admite. Fizeram uma pesquisa um tempo atras em que fizeram duas perguntas: 1) existe racismo no Brasil? e 2) vc se considera racista? 86% responderam que sim a primeira pergunta e 88% respondeu nao a segunda. Conclusao: o racismo existe mas é sempre o vizinho que é racista, nao eu.
O racismo no Brasil é endêmico e fruto dos séculos de escravidao, onde os brasileiros aprenderam a pensar no negro e no indigena como objetos subhumanos ou pessoas inferiores. Com o fim da escravatura, nenhum esforço foi feito para educar e capacitar os ex-escravos a se integrarem e ascenderem socialmente. Agora eles fazem partes das classes pobres que têm muito pouca oportunidade de ascensao social… O ciclo é vicioso…
Não concordo com você nesta. O sul e sudeste não é mais rico porque tem maioria branca e sim devido a forma como foi a colonização. A miséria no Brasil não distingue raça, atinge a todos. Para reforçar veja que, segundo o IBGE, os indicadores sociais da população negra que vive no sudeste é melhor do que a branca que existe no nordeste.
Posso concordar que existe preconceito por parte de alguns, mas não a ponto de se tornar racismo da sociedade. A grande questão aqui foi a intensa miscigenação que ocorreu em nosso país, ao contrário por exemplo dos Estados Unidos.
Mesmo na época mais dura da escravidão já era assim. Basta lembrar que nosso maior escritor, que viveu no século XIX era mulato.
Um dado importante é que 1% da população brasileira tem renda igual a 50% dos mais pobres. Estes 1% é composto essencialmente por brancos o que provoca uma distorção na hora de calcular a média salarial dos brancos, puxando bem para cima este valor e em conseqüência “escondendo” uma imensa população branca e pobre.
Você pode até argumentar: estes 1% são frutos do racismo! Nem tanto. Basta ler Raízes do Brasil. A nossa sociedade sempre foi essencialmente patriarcal, os ricos do século XIX (quando existia sim a escravidão) de forma geral mantiveram suas fortunas em suas famílias. Por isso existe tanta família tradicionalmente rica no país. E este processo ainda se mantém, na medida que a meritocracia não é o principal fator de ascensão no principal empregador do país: o Estado. Não é à toa que o nepotismo é tão grande por aqui.
Segundo Magnoli a pobreza no Brasil não tem cor, ou melhor tem todas as cores.
Concordo que a pobreza não tem cor e que é fruto da colonização e da sociedade patriarcal que mantém as mesmas elites no poder e impede a acensão social. Também concordo que no Brasil houve muita miscegenação. Mas o fato de os senhores gostarem de se deitar com as escravas não quer dizer que a sociedade considerava o negro igual ao branco. E continua não considerando. Se considerasse não haveria tantos comentários, piadas sobre negros – na nossa propria familia sempre se disse “não sou racista, mas pelo amor de Deus, não me apareça em casa com namorado(a) preto/mulato”. A nossa propria mae sempre disse – vc podem até casar com alguem de outra raça mas que eu vou gostar mais dos netos branquinhos, isso eu vou”. Isso não é racismo?
Não se pode generalizar. A nossa família tem raízes patriarcais e acredito por influência da vó a geração de nossos pais acabaram realmente preconceituosos.
Mas continuo não acreditando que nossa sociedade possa ser rotulada como racista. Temos inúmeros defeitos, mas não vejo este como um dos nossos principais.
Quanto a piadas, é muito mais fácil escutar uma piada de português, homossexual ou judeu do que de negro. Se existe um preconceito realmente forte no Brasil é contra homossexual e não contra negros.
Quanto a miscigenação não me referi a apenas “deitar” com negras. Muitas famílias foram formadas pela miscigenação. Se a 50 anos atrás um casamento multi-racial poderia causar choque em algumas sociedades elitizadas, hoje é cada vez mais comum.
É claro que algo forte como a escravidão, que realmente é uma mancha muito forte na nossa história não se apaga de uma hora para outra, gera seqüelas. Não nego isso. Mas acho que ao longo dos anos o preconceito foi se diluindo até restar em pontos isolados em diferentes graus. Começar no Brasil a aplicar cotas em universidades e empregos vai ser contraproducente. Vai reavivar algo que por si só já se encontra em extinsão.
realmente a homofobia é um assunto muito sério no Brasil. nao é difícil um homosexual ser linchado ou até assassinado por sua conduta sexual…
mas vamos ter que concordar que discordamos sobre o racismo no Brasil.
segue alguns relatos pessoas negras brasileiras assim como algumas estatisticas:
http://www.sindromedeestocolmo.com/archives/racismo
Para ser bem claro: existem pessoas racistas no Brasil, e não existe nenhum país no mundo que não as tenha.
O que refuto e o pensamento que o Brasil seja um país racista. Não acho isso.
Por coincidência acabei de achar um artigo que fala exatamente a mesma coisa. Veja por você mesma.
http://www.olavodecarvalho.org/textos/mentracismo.htm