Pantera Negra: minhas impressões

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Finalmente assisti Black Panther.

Lembro da discussão quando foi lançado. Melhor filme da Marvel? Lacração?

Nem uma coisa, nem outra, mas um bom filme (não entrou pro meu top 5 da Marvel).

O que achei mais curioso foi que tipo de lacração viram tanto no filme? Eu achei, inclusive, anti-lacre total!

Explico.

O filme não afirma uma superioridade moral da África como disseram alguns. Ao contrário, se existe alguma superioridade é da tecnologia. Tudo em Wakanda se explica pelo vibranium e a espiritualidade é bem estereotipada, como a disputa de chefes na beira da cachoeira.

Wakanda é uma ilha de excelência no meio da África. O dilema é como interagir com as demais nações sem trazer o seus problemas para dentro de suas fronteiras.

E o vilão, o que deseja?

Distribuir armas para que negros no mundo inteiro possam se revoltar contra a opressão dos brancos e criar uma espécie de governo mundial para estabelecer a ordem no planeta. Ou seja, uma mistura de marxismo raso com globalismo. Justamente os maiores promotores do politicamente correto no mundo.

O que temos então? Um rei sensato, que deseja fazer acordos tecnológicos com os demais países para superar os problemas da pobreza, um tanto ingênuo, creio eu, contra um pensamento que deseja um governo centralizado porque não confia nas pessoas.

Qual foi a solução para os possíveis refugiados? Comprar terrenos  para criar programas sociais de Wakanda nos próprios países. Aceitar refugiado em Wakanda? Estão loucos?

Sinceramente, boa parte das pessoas não entenderam nada do filme.

Wakanda forever!

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Em tempo: minha maior crítica ao filme é a crença no poder redentor da tecnologia. Como se ela fosse capaz de garantir a moralidade de todo um povo.

Rogue One: 5 elementos espirituais

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Qualquer que seja a obra de arte, ela vai falar com você de alguma forma e o filme Rogue One não é diferente. Você pode analisar como uma aventura, pelo caráter político, pela filosofia, pela economia e etc. Eu prefiro analisar pelo aspecto espiritual, pois foi este que mais me chamou atenção.

Você pode se divertir apenas assistindo o filme, que é muito bem feito, mas acredito que refletir um pouco sobre ele, buscando outras camadas de entendimento, tornam a experiência mais enriquecedora. No novo Star Wars, cinco elementos espirituais me chamaram atenção. São eles:

1. Sacrifício. Rogue One é mais que um grupo de renegados com uma missão. É um grupo que entendem que a única chance que possuem é o espírito de sacrifício; que não podem buscar a satisfação pessoal. Não há glória esperando, nem recompensa. Em determinado momento fica claro que não sobreviverão. Ao invés de se agarrar a uma tênue chance de se salvarem, tratam de esquecer das próprias vidas e buscam cumprir a missão que se propuseram. É preciso perder a vida para conquistá-la. Procurem no Livro, está lá.

2. Ordem. O personagem do Diretor Krennic diz a Galen Erso na primeira cena que é preciso restaurar a ordem na galaxia. Erso retruca, o que Krennic chama de ordem é outro nome para violência. Ele sabe que a ordem do Império não é a ordem da existência, pois não se baseia na verdade. Apesar a estética da limpeza e da padronização nas bases militares, o produto do Império é o caos, é o que Jedha se tornou. A rebelião quer restituir a ordem verdadeira, a que se origina na liberdade.

3. Fé. No universo Star Wars, a força é o símbolo da fé e da religião. Ao contrário dos outros filmes, a força está um tanto ausente. Um templo em ruínas e dois velhos guardiões, um cego e um céptico, duas testemunhas de um tempo que se foi. A devoção do cego é vista como uma esquisitice, mas aos poucos se torna inspiradora. A força começa a se espalhar e culmina com a conversão do céptico, um dos grandes momentos do filme.

4. Esperança. Chesterton costumava dizer que o impossível está na essência da esperança. Você precisa acreditar quanto tudo indica que não adianta, que a causa está perdida. Rogue One dá o melhor de si para, contra todas as possibilidades, entregar mais que um disco com informações secretas, entregar esperança para uma rebelião prestes a se desintegrar e aceitar a derrota. No fim, é a esperança que derrotará o Império.

5. Amor. Afinal, o que querem os integrantes do Rogue One? Vingança? Sim, no início era isso, mas em certo instante tudo mudou. Eles não querem a glória, sentem que não irão sobreviver. No entanto, continuam. Querem a justiça, querem restaurar a paz, querem o bem das pessoas que nem conhecem. O amor verdadeiro é isso, querer o bem sem esperar nada em troca. O cristianismo chamou esse tipo de amor de “caritas”.


Entender as várias camadas de uma obra de arte nos enriquecem. Com um pouco de prática, e cultura, vai ficando cada vez mais fácil. Veja mais análises da cultura em meu canal do youtube: