Sobreposição de camadas

Ontem tive uma interessante conversa com um especialista em análise de imagens. Quem já lidou com sistema de informações geográficas (SIG), conhece os layers, também conhecidos como mapas temáticos. Assim é possível, por exemplo, colorir as regiões do Brasil com alguma determinada característica, como uma determinada vegetação.

Ele construiu uma layer com a reserva Raposa/Serra do Sol e outra com a incidência de minerais no Estado de Roraima. A coincidência, garantiu ele, é espantosa. Com certeza não foram os índios que descobriram estas incidência, quem fez este trabalho para eles? É bom ressaltar que algumas destas incidências não tinha sido ainda descobertas na época do laudo antropológico fraudulento que foi usado para iniciar o processo de demarcação.

Outro amigo, que este na área recentemente me garantiu: a maioria dos índios da reserva querem que os arrozeiros continuem por lá. Segundo o que lhe foi dito, são índios estranhos à reserva que estão por trás do Conselho Indígena de Roraima. Estão interessados em expulsar os agricultores e assumirem suas plantações.

Há interesses de todos os lados e a grande maioria é de fundo econômico.

A “Polícia” da Serra do Sol

Folha:

Índios que lutam pela demarcação contínua da reserva Raposa/Serra do Sol (RR) montaram “um posto de fiscalização” na estrada conhecida como Transarrozeira para barrar caminhões e carretas que estejam levando carga para fazendas dos produtores de arroz.As propriedades estão situadas dentro da área indígena. O “posto de fiscalização” foi montado em substituição a um bloqueio na estrada. Anteontem a Polícia Federal negociou a suspensão do bloqueio montado no último dia 5, mas os índios mudaram de tática.
O índio macuxi Nileno Galé, 54, um dos líderes do movimento, disse que a partir das 17h o tráfego na estrada é fechado até as 6h do dia seguinte.
Durante o dia, quando o tráfego está livre, os índios fiscalizam os caminhões e carretas para impedir que cheguem alimentos, adubos, ferramentas e materiais de construção nas fazendas dos arrozeiros. Instalado pela comunidade indígena Jauari, “o posto de fiscalização” tem cerca de 80 índios.
Ontem à tarde a Folha presenciou a ação deles. Foram montados quatro quebra-molas em terra batida. De uma margem a outra da estrada, em dois pontos, os índios estenderam arame farpado. Um grupo se concentra na estrada, quando avista os veículos.

Um dos argumentos para se defender a demarcação contínua é que os índios não terão a posse da terra, apenas o uso, que a União poderá circular livremente dentro da reserva.

É uma grande mentira. Quem já trabalhou na Amazônia sabe que existem estradas que são fechadas em determinado horário para a passagem até do Exército.

Basta observar o que está acontecendo agora. Os índios tomaram as funções da polícia federal, sempre tão diligente em preder proprietários rurais, e instituíram um “posto de fiscalização”. Passam a coibir o direito de ir e vir de alguns brasileiros, sempre sob silêncio cúmplice do ministro da justiça.

Mais sobre Serra do Sol, a PF e dois pesos

Saiu no Globo de hoje:

A quem interessa a radicalização dos conflitos em Rondônia, na Raposa Serra do Sol? O Supremo Tribunal Federal arrogou para si a decisão final, que deve intervir nas próximas semanas. Decidiu também pela manutenção do status quo. Sustou, portanto, a retirada dos não-índios e dos índios que são seus aliados. O que aconteceu? Um grupo de indígenas invadiu uma das fazendas em litígio, com um discurso de “ocupação”, que terminou suscitando uma reação, certamente desmedida, porém reação a uma ação que deveria ter sido impedida pela Polícia Federal lá presente.

O mais surpreendente é que a atuação policial foi rápida na prisão dos que reagiram à invasão e ausente no que diz respeito aos invasores. Afinal, aguarda-se ou não uma decisão do Supremo? Ou se trata de desrespeitar a mais alta Corte do país, sob o manto de uma suposta legalidade? Quando a Polícia Federal chegou à região, cena do confronto com os arrozeiros, efetuou a desobstrução de rodovias que tinham sido ocupadas pelos manifestantes. Agiu de acordo com a lei, pois rodovias públicas não podem ser ocupadas. O que ocorre agora? Os indígenas ocupam rodovias e nada é feito. Num caso é contrário à lei e, noutro, não. Dois pesos e duas medidas são a melhor forma de desrespeito ao estado de direito.

A PF está cada vez mais instrumentalizada pela ideologia do atual governo, está no caminho de se transformar em uma polícia de excessão, como nos países de ditadura comunista. A escolha de Tarso Genro não foi sem razão, tratava-se de uma opção muito bem pensada para controlar a polícia e colocá-la como instrumento político do PT.

O STF é nosso último bastião na questão indígena. É preciso que não se deixe intimidar.

Índio contra índio

O governo conseguiu mais uma proeza, colocar índios contra índios.

Folha:

Um grupo de índios contrários à demarcação contínua da Raposa/Serra do Sol (RR) chegou ontem à Vila Surumu. Eles são favoráveis à permanência de arrozeiros na reserva e ameaçam entrar em confronto com indígenas que defendem a saída de fazendeiros.
O macuxi Sílvio da Silva, 42, líder do grupo, disse que 180 índios chegaram a Surumu. A intenção, segundo ele, é bloquear o acesso ao acampamento, montado por indígenas favoráveis à demarcação contínua.

E agora Tarso Genro? Resolve esta!

Mas não vale dizer que alguns índios são melhores do que os outros…

Mas que coincidência…

Tem desenho que minha filha assiste dos Backyardigans que os personagens passam o episódio inteiro exclamando: mas que coincidência! Um deles começa a montar uma banda, encontra outro em perigo e o ajuda. Este toca um instrumento e procura uma banda. Mas que coincidência! Encontram outro, toca tuba. Mas que coincidência. E assim a estória se desenvolve.

Esta semana o prefeito de Pacaraima foi preso pela Polícia Federal por ter tido sua terra invadida e reagido. Aparentemente, de forma inexplicável, o prefeito não confiou no estado brasileiro para proteger sua propriedade. Como se houvesse algum exemplo no Brasil de leniência das autoridades com invasores de terra.

No mesmo dia o IBAMA aplica-lhe uma multa de 30 milhões de reais. Mas que coincidência!

Na mesma semana ficamos sabendo de um escândalo de corrupção no órgão. Mas que coincidência!

Por um acaso o IBAMA é aparelhado por petistas e progressistas em geral. Mas que coincidência!

E assim o estado democrático de direito vai por água baixo e o governo Lula ruma para perder a primeira parte do território desde a questão da Cisplatina.

Pobre Barão do Rio Branco.

Enquanto isso, na Serra do Sol…

A PF informa que na fazenda de Quartiero havia armas e munição. O delegado é categórico: eles estavam preparados para a guerra.

É mesmo? Que novidade!

Fico me perguntando, por que eles não confiavam na polícia para proteger suas propriedades? Será porque o Ministro da Justiça está contra eles e a favor dos índios? Só faltou o delegado falar que bastava que Quartiero solicitasse a desocupação das terras. Uma grande piada. Ordens de desocupação são simplesmente ignoradas pela polícia, é assim com o MST, é assim com os estudantes da UNB.

Gostaria de fazer uma pergunta ao delegado.

Se os fazendeiros tivessem invadido a reserva indígena e fossem agredidos pelos índios, algum dos indígenas teria sido preso? Teriam sido enquadrados em formação de quadrilha? O ministro da justiça iria em socorro?

É uma guerra em que as forças progressistas tem seu lado, e não é o do Brasil, como sempre.