
O julgamento sobre a Raposa-Serra do Sol começou mal para os produtores agrícolas e também para o Brasil. O Ministro Ayres Brito apresentou um relatório altamente favorável à minoria indígena (vamos usar o termo correto) que deseja a expulsão dos rizicultores da região e a demarcação como reserva contínua de grande parte do Estado de Roraima.
Pior do que o voto em si foi as justificativas de Brito. Baixou o Rousseau no homem! Parece ter sido redigido por um dos antropólogos miolo mole da FUNAI, um dos membros do tridente do diabo como bem definiu o prefeito de Pacaraima. Eu tenho minhas idéias de quem seria o diabo, aquele mesmo citado no Apocalipse de João, mas isso fica para outro dia. A besta já está entre nós e não é uma pessoa. Demais sobre isso, voltamos aos indígenas.
Eu até iria usar indígenas entre aspas mas os esquerdistas e moderninhos banalizaram tanto o recurso que é melhor deixá-las de lado. Aqueles índios não são nômades como imagina nosso Rousseau togado, ou mesmo preservadores de sua cultura. Já assimilaram grande parte da cultura ocidental, existem índios católicos, evangélicos, universitários, agricultores, comerciantes, etc. A rigor são tão indígenas como eu sou italiano, ou tão negro quanto Pelé é africano. São parte da cultura brasileira.
Esse é um dos grandes problemas do pensamento de esquerda que tomou o planeta, pelo menos culturalmente. O germe da separação de classes foi metamorfoseado ao longo da história até chegar no tal respeito às diferenças. O esquerdista define tudo em rótulos específicos, a pessoa é negra, é índia, é homossexual, é budista, é reacionária; tudo, menos pessoa. Perdeu-se a noção de universal, da visão mais ampla. Aqueles descendentes indígenas de Roraima são brasileiros e os governos de esquerda de FHC e Lula conseguiram dar a eles uma parte do territória incompatível com esta condição. Simplesmente 13% do território brasileiro foi reservado para menos de 1% da população.
O voto do relator é importante, mas nada está decidido. Pode ser que os demais ministros revertam esta tendência e preservem o território brasileiro que se for perdido terá escrito na história o nome dos traidores, de FHC até os ministros do STF.
O advogado geral da União disse ontem que não há perigo de separatismo pois a união interviria se a reserva declarasse sua independência. Deveria estar prestando atenção ao que está acontecendo em Ossétia do Sul onde a proteção de um único país impediu que a Geórgia conservasse seu território. Deveria ler a Declaração dos Direitos (por que sempre direitos?) dos Povos Indígenas que garante a eles o direito (eis o porquê) de autodeterminação.
Aliás nem precisaria uma declaração informal de independência. As ONGs já transitam livremente por nossos reservas no interior do território e o Brasil já está impedido de explorar as imensas riquezas minerais que lá existem; o fato de estar na fronteira com a Venezuela apenas facilitaria o serviço.
Enfim, o jogo segue. Com o Brasil na defensiva.