Depois de um breve período de ausência, o blog volta ao normal. Tudo como antes, claro. Nada de “changee!!” neste espaço!
Pois é, Obama foi eleito. Pelo que acompanhei ficou parecendo que foi uma vitória arrasadora. Não foi. Mesmo com o apoio massacrante da imprensa, que negou-se a discuti-lo, passado ou presente, até o apoio mundial à sua candidatura, venceu com apoio de 52% do eleitorado contra 48% do velho que carregava o peso da impopularidade do governo Bush. Não lembro de um candidato de situação chegar tão longe com um panorama econômico tão adverso.
Não é que depois de sua eleição o New York Times resolveu chamá-lo de Barack Hussein Obama? Fazê-lo antes do pleito era quase um crime! Agora já não importa mais, né? A mídia está eufórica, conseguiu ver eleito o seu messias. Que fique bem claro este comprometimento. Saberá ela ser crítica ao seu governo como foi do atual presidente? Duvido. Os barões da mídia tentarão, como sempre, decidir o que é notícia e o que não é. O poder dos blogs em vencer o cerco da mídia tradicional será testado como nunca.
No Brasil, tudo como antes. Lula continua mandando, mas agora com certo receio de uma recessão que o colocaria em má situação para o fim de seu governo. Mitos se constroem. Mas de destroem também.
O STF parece realmente empenhado em desfazer o estado policial que se formou a sombra da popularidade do presidente. O que se pretendia um Eliot Ness brasileiro __ é bom lembrar que o americano fazia tudo extritamente dentro da lei, o que não foi o caso de Protógenes __ está as voltas com a lambança que arrumou. De paladino da justiça para investigado e, em um futuro próximo, processado, não demorou muito. Sinal que algumas instituições ainda resistem ao petralhismo que como um câncer espalha-se por todo o estado.
De quebra ainda sobrou para o juiz De Sanctris, aquele que afrontou o presidente do STF e que pretende fazer justiça social com suas decisões. É bom lembrar sempre o juiz de O Mercador de Veneza, um texto de Shakespeare, que é instigado a relaxar o cumprimento da lei para se atingir um bem maior:
__ (…) E eu lhe peço para moldar a lei à sua autoridade este uma única vez; para fazer um enorme bem, faça um mal mínimo e imponha limites à crueldade do propósito deste demônio.
__ Impossível; não há poder em Veneza que possa alterar um decreto sacramentado. Ficaria registrado como um precedente, e muitas ações legais equivocadas, uma vez dado esse exemplo, choveriam sobre o Estado.
A lei deve ser cumprida. Principalmente por quem é responsável por seu cumprimento.
Por fim, na excelente entrevista de Demétrio Magnoli na Veja da última semana, mais um entendimento sobre a diferença entre esquerda e direita. A esquerda estaria ligada a uma corrente política que expressa o entendimento de que a igualdade seria o maior valor de uma sociedade enquanto que a direita expressaria a corrente que defende a liberdade como este valor máximo.
Magliori fala destes dois conceitos dentro da acepção democrática, como fez quesão de frisar. É bom pensar na liberdade e igualdade como os dois extremos de uma concepção política, a maioria das pessoas não é nem 100% de esquerda, nem 100% de direita, mas uma mistura dependendo da maior importância que dá a um destes dois valores. Pelo próprio título do blog, é fácil perceber qual extremo este blog se aproxima mais.
Enfim, este é o panorama das duas últimas semanas. O principal fato político foi a vitória de Obama. Já chamam de fato histórico, mas é bom lembrar da banalização que este termo se tornou. É bom que os americanos se acautelem contra o mito que está sendo construído. Mitos não costumam ser bons para a democracia.