Os custos da ABIN para realizar uma atividade ilegal

grilo

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) reconheceu ontem ter gasto R$ 381 mil na participação de seus agentes secretos na Operação Satiagraha, da Polícia Federal. O valor se aproxima do custo oficial da investigação divulgado pela PF (R$ 466 mil), que em documento enviado ao Congresso classificou a operação como a mais cara de sua história.

Comento:

Meio milhões de reais para fazer serviço sujo para os petralhas. A ABIN realmente meteu a mão na lama. Como alegar desconhecimento? Como dizer que não sabia da participação destes agentes? Quer dizer que mais de oitenta agentes foram utilizados, R$ 400 mil reais de gastos e a cúpula da instituição não sabia de nada?

Aprenderam bem com o mestre. E deixaram nosso serviço de inteligente como um motivo de piada nos quatro cantos do planeta.

Prevaleceu o bom senso

Folha:

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Ayres Britto, defendeu ontem o uso “desembaraçado” da internet para fins de propaganda política nas eleições de 2010, mas afirma que será necessário mudar a legislação eleitoral, “seja pela via legislativa, seja pela declaração de inconstitucionalidade das restrições”. A decisão do TSE da última sexta-feira liberou o uso dos sites de jornais e revistas, mas manteve a proibição para televisões, rádios e portais em geral.

Comento:

Foi uma decisão acertada. Censura na internet é um absurdo total, ainda mais levando-se em conta que a maior parte do conteúdo da rede é produzido por indivíduos. Quando se derruba uma comunidade no orkut em apoio a determinado candidato, na prática atua-se contra a liberdade de expressão.

Ainda existe muito a avançar. Esta estória de patrulhar as redes convencionais porque se tratam de concessão pública é de amargar. os negócios, lucros e prejuízos, são arcados por empresas particulares. Cabe apenas a elas decidir sua programação e deve-se confiar um pouco mais na capacidade das pessoas de decidir o que desejam e o que não desejam assistir.

Políticos não gostam muito de liberdade de imprensa, sabem que em geral receberão críticas. É assim que deve ser. Políticos devem ser constantemente vigiados; a imprensa é parte da vigilância saudável sobre as coisas públicas.

A imprensa livre é uma das garantias para a democracia.

Fala Lula

A liberdade de imprensa pressupõe o aumento da responsabilidade de todos para que possamos conviver com ela.

Liberdade de imprensa não pode pressupor que alguém possa roubar informações e elas possam ser divulgadas sem que a pessoa que tenha roubado fique impune, porque senão você terá dois tipos de cidadãos no Brasil: um que estará subordinado à Constituição e à legislação e um que pode tudo.

A imprensa chapa branca correu para bradar aos quatro cantos: tá vendo? O presidente defendeu a liberdade de imprensa!

Há tempos que grande parte da mídia não faz mais do que repetir as palavras de Lula como se elas fossem expressão do seu pensamento. Esquecem que o pensamento não se expressa por palavras apenas, mas por atos também. E quais são os atos do Lula presidente? São a favor ou contra a liberdade de expressão (aqui em contexto mais amplo)? A favor ou contra a democracia?

É preciso ler sempre com atenção o que o apedeuta diz, ler as letras miúdas. Lula fala em aumentar a responsabilidade de todos, em roubo de informações. O crime, sr presidente, não foi o vazamento do conteúdo dos grampos mas os grampos em si. A ABIN não poderia ter realizado a escuta que realizou, este é o fato objetivo de toda esta lambança. Ele inverteu o problema! Deixa bem claro que a principal intenção do governo é descobrir qual foi o funcionário que entregou o material para a Veja.

Era fácil encontrar, saber quem fez o grampo, se o jornalista que fez a matéria dissesse quem é o cara (…) livrava todo mundo!

Livrava quem? Até hoje não escutei uma declaração dele no sentido de responder a pergunta essencial da confusão: quem deu a ordem de executar o grampo? Esta é a pergunta, sr presidente. Quem autorizou a grampear conversas do presidente do STF? Quem sabia? Este é o cidadão que está na classe de cidadãos especiais, de “que pode tudo”.

Lula faz discurso defendendo a liberdade de imprensa, mas ao mesmo tempo encaminha para o congresso um projeto de lei que vai no sentido oposto, o de punir jornalista que divulga o conteúdo de grampos ilegais. No seu mundo totalitário apenas os aparelhos oficiais do estado podem ter acesso ao que os cidadãos andam dizendo por aí.

Escolha de números

Uol:

Sobre os três meses de lei seca, a PRF registrou aumento no número de acidentes em comparação aos mesmos três meses do ano passado: foram 33.497 acidentes entre 20 de junho e 20 de setembro deste ano contra 30.835 acidentes em 2007. Entretanto, o número de mortos diminuiu no mesmo período: 1.697 mortos em 2008 e 1.808 mortes em 2007 (queda de 6,1%).

Comento:

Parece que estatística só vale quando é a favor da tese que se deseja defender. Não querem saber realmente o efeito de uma lei, querem justificativa para sua existência. Dois resultados opostos dividem a mesma estatística: o número de acidentes subiu, o número de mortos caiu.

Se a PRF pode usar o segundo para provar a eficiência da lei seca, forçando uma relação de causa e efeito que nenhum estatístico com vergonha na cara pode afirmar em tão pouco tempo, eu também posso usar o primeiro para dizer que os abstêmios dirigem pior que os apreciadores de álcool. Pode ser que esteja sendo comprovado na prática que os homens ao passar os volantes para as mulheres estão comprovando que dirigem melhor sob efeito da bebida do que elas sóbrias.

Estudei estatística nas minhas duas graduações e em duas pós-graduações, uma delas de mestrado. Tirar conclusões com dados tão primários é chute no escuro para não dizer falta de seriedade. Podem reparar as séries históricas ano a ano, o número de acidentes, com ou sem morte, variam de um ano para outro. Por que? Vai saber, o fato é que variam. A chance da pesquisa comprovar a tese era de 50%, foi como jogar um cara ou coroa. Só não foi tão bom quanto esperavam porque este detalhe do número de acidentes melou um pouco o jogo.

É preciso sempre ter cuidado com estatísticas. Uma das teses mais estúpidas que já saíram nos últimos tempos afirma que a prática do aborto é responsável pela diminuição da violência no futuro. É possível se montar correlações absurdas com os números, o difícil é achar realmente as relações de causa e efeito.

Camisetas

Globo:

Jair Bolsonaro quase foi agredido ontem, por volta de 10h, no calçadão de Copacabana.

É que, em campanha pelo filho Carlos, candidato a vereador, usava uma camiseta com a foto do presidente Médici e a frase: “Eu era feliz e… sabia”. O deputado foi chamado de “torturador” por um grupo que até tentou arrancar sua camisa.

Comento:

Quantas camisetas são vendidas com a foto de Chê Guevara no país? Do Lenin? Do Fidel?

O primeiro matava quase por esporte. Era antes de tudo um psicopata que encontrava na ideologia apenas uma razão para exterminar seres humanos. A tortura era um de seus métodos. Qualquer barraca de camelô que venda camisas com estampas  terá uma com o rosto desta facínora, pode procurar.

O segundo montou a maior máquina de opressão que jã se teve notícias. Foi responsável por milhões de mortes e também pela instituição da tortura como instrumento legítimo do estado. Mais que isso, justifica esta utilização. O uso da violência era uma necessidade para purificação da sociedade.

O  terceiro está vivo até hoje. Seu regime torturou e matou proporcionalmente até mais do que o segundo. Se sua taxa de produção de assassinatos fossem adotadas no Brasil, como queriam (e querem) alguns, falaríamos de milhares de mortos e não de 480. Estes números são inflados pois são da própria comissão de mortos e desaparecidos e a maior parte foi em confronto armado.

O Presidente __ este faço questão de usar maiúscula __ Médici governou o país por 5 anos. Foi o melhor governo que já tivemos nos últimos, sei lá, quarenta anos. Vivíamos o tempo de pleno emprego. Uma vez perguntei ao pai de um amigo como era as perseguições que tanto falam, como era viver sob ameaça de tortura. Disse que não sabia pois estava trabalhando.

É uma resposta simples porém esclarecedora. Quem estava trabalhando e tocando sua vida nunca teve nenhum problema com o governo militar. Já os que pegaram em armas e praticaram terrorismo __ aqui cabe a palavra __ tiveram os seus. Justifico a tortura? Não. No entanto ela nunca foi institucionalizada, ao contrário, a lei proibia. Foi praticada em alguns porões, normalmente por policiais, como medida exceção.

O Presidente Médici não é este que a esquerda tenta vender ao país, o patrocinador da tortura. É o Presidente que quando entrava no Maracanã era aplaudido de pé pelas duas torcidas, como já presenciou um tio meu. O popular de hoje recebeu vaias e passou a fugir de estádios, prefere uma boa claque. É o Presidente que quando deixou o governo não ficara rico, nem ninguém da sua família. Não há milionários na família Médici ao contrário de alguns zeladores de jardim zoológico que se tornaram empresários da noite para o dia.

Estou dizendo que se Lenin, Che e Fidel podem ter camisas, Médici também pode? Jamais igualaria o Presidente brasileiro a estes três estrumes. Igualo eles a Hitler. Se não se pode usar uma camisa com o rosto deste por ser apologia ao nazismo, não deveria poder usar camisa daqueles, por apologia ao comunismo, regime que onde foi adotado levou morte e destruição. E nem falei em Mao!

Os que tentaram agredir o deputado devem ser desses que ostentam com orgulho camisas da União Soviética e são cúmplices, por ignorância ou por má fé, da verdadeira chaga do último século, o comunismo. No Blog Canto do Jota tem um post onde o autor se questiona ao ver uma camiseta com os dizeres CCCP (os mais antigos lembram desta sigla).

Quando vejo este tipo de inversão de valores entendo melhor por que estamos onde estamos. Fizemos por merecer ao renegar homens honrados para fazer apologia ao que existiu e existe de pior na humanidade. Nós fizemos nossa própria cama.

Impressionante! Querem mesmo tirar o sofá!

Kennedy Alencar:

O governo federal encaminhou ontem ao Congresso um projeto de lei que prevê a possibilidade de punição criminal ao veículo de imprensa e ao jornalista que divulgar escutas telefônicas ilegais ou legais sob segredo de Justiça.
Pessoas que transmitirem dados à imprensa também poderão ser responsabilizadas -por exemplo, quem entregou ou fez chegar o grampo a um veículo de comunicação.

Comento:

E a liberdade de imprensa? E o sigilo da fonte? E a constituição???

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(…)
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;.

Quando Juca deixa o esporte…

Para quem gosta de futebol os comentários de Juca Kfouri são imperdíveis, para o bem ou para o mal.

O problema é quando não se agüenta e resolve falar de política.

Independentemente do que se pense de Evo Morales, o presidente da Bolívia, (e este blogueiro já o criticou mil vezes pela demagógica defesa que faz do futebol na altitude), o que está em marcha por lá é um golpe.

Não tem outro nome.

Morales foi eleito democraticamente e só pode ser apeado do poder pelo voto.

O que se vê hoje, na Bolívia, se viu, 35 anos atrás, no Chile.

Sem tirar nem pôr.

E com o apoio dos Estados Unidos, mas com a diferença de que Salvador Allende não era indígena.

Os democratas no mundo inteiro devem denunciar o golpe que se opõe à vontade do povo boliviano.

É uma simplificação grosseira dos fatos comparando duas situações que pouco têm em comum.

Allende costuma ser retratado como um democrata que foi retirado do poder por Pinochet com ajuda dos malvados americanos. Foi socialista que foi eleito por estreita margem de votos e não entendeu as limitações desta situação. Quis fazer reformas profundas contra o desejo da maior parte de seu país e conduzia o Chile ao desastre. Pinochet, com apoio não só americano como brasileiro, liderou o Exército chileno para depor o presidente aliado de Moscou. Hoje o Chile está a passos de ingressar no primeiro mundo graças ao que foi construído pelo general ditador.

Justifico uma ditadura? De jeito nenhum, tudo isso poderia ser realizado por um governo democrático. O que não poderia era ser feito por Allende, um aliado de Moscou que só conseguirira levar seu país ao desastre.

Morales não compreendeu o resultado do referendo que convocou que confirmou sua presidência mas que também reconheceu a legitimidade de sua oposição. Ao invés da prudência resolveu apostar na bagunça tentando aprovar na marra uma constituição feita sem participação da oposição. A Bolívia ocupa hoje um lugar de completa irrelevância para os Estados Unidos, tentar jogar os americanos na confusão armada pelo índio cocaleiro é coisa de delinqüênte intelectual.

Juca chama os democratas do mundo para denunciar o golpe. Pois chamo os democratas do mundo para denunciar o golpe que um presidente eleito resolver fazer contra as leis de seu próprio país, usando a democracia como caminho para jogar a Bolívia de volta ao tempo do arado.

Próximo livro na estante

Na minha estante tem uma prateleira que chamo de fila. Nela coloco os livros que ainda não li em ordem para a próxima leitura. O cabeça da fila é “The Intelectuals” de Paul Johnson e Hamlet de Shakespeare. Entretanto chegou um novo livro para furar esta fila; trata-se de “O País dos Petralhas” de Reinaldo Azevedo. Em um país onde o petralha mor tem 60% de aprovação a leitura desta obra torna-se de um serviço de utilidade púbiica.

Noção de liberdade

Presidente da República:

– Eles foram afastados e não demitidos para poder mostrar que há transparência na investigação. Se algum de vocês sabe quem é a fonte e quiser facilitar, a gente vai resolver logo o problema. Se não, a gente vai ter que investigar.

Diante da constatação cada vez maior que direitos individuais estão sendo violados pelo governo, o presidente resolve pedir para que se viole mais um, o sigilo de fonte. O pior é que tem a tranqüilidade de dizer isso em público!

O caso é grave e fica cada vez pior. O presidente não está interessado em saber quem ordenou o grampo __ se é que não sabe __ mas em descobrir quem vazou para a Veja! É um absurdo! A imprensa noticia isso como se não tivesse nada demais. Daqui a pouco vai aparecer o Noblat para investigar e revelar quem foi a fonte da revista em sua torta noção de jornalismo.

Quando o governante perde o pudor e não é nem confrontado com isso é porque a vaca já está atolada no brejo até o rabo.

Pior ainda, a vaca está adorando!