Ligar tecla SAP

A cobertura da Folha transformou-se de fato em parte da campanha Obama para ganhar votos no Brasil. Depois do anúncio do acordo das bases gerais para o pacote de saneamento do mercado financeiro ela solta o factóide que os republicanos emperraram o acordo no Congresso e esvaziaram a reunião bipartidária que tratava do assunto.

O site da Veja mostra um quadro mais real. Os pontos principais foram acertados, falta negociar os secundários, como acontece em qualquer negociação. Discute-se a linha mestra, o resto vai se acertando. A Veja lembra o óbvio, o Congresso Americano é majoritariamente democrata. Não é um grupo de parlamentares republicanos que vai impedir sua aprovação.

O acordo sairá. Para tristeza dos que querem ver o circo pegar fogo e ficar atirando pedras no capitalismo malvado.

Efeito da “privataria” tão combatida pela esquerda

Não faz nem uma semana que o nanico candidato do PSOL em São Paulo declarou que a privatização das Teles fora criminosa. A opinião deste senhor é irrelevante, mas é a expressão da mentira que foi enfiada na cabeça de grande parte dos brasileiros.

É bom lembrar que em 1997 a telefonia fixa não havia sido ainda privatizada e que linha celular era uma utopia. Lauro Jardim acabou de postar a seguinte informação:

O Brasil bateu 138,3 milhões de linhas de celulares agora em agosto, segundo dados que a Anatel começa a divulgar – de julho para agosto, foram mais 3 milhões de linhas. Chegou-se, portanto, a impressionante média de 0,73 celular por habitante.

Universalização é isso. O resto é conversa.

Próximo livro na estante

Na minha estante tem uma prateleira que chamo de fila. Nela coloco os livros que ainda não li em ordem para a próxima leitura. O cabeça da fila é “The Intelectuals” de Paul Johnson e Hamlet de Shakespeare. Entretanto chegou um novo livro para furar esta fila; trata-se de “O País dos Petralhas” de Reinaldo Azevedo. Em um país onde o petralha mor tem 60% de aprovação a leitura desta obra torna-se de um serviço de utilidade púbiica.

Enfim, a Telezona

Por Janaína:

O acordo que permite aos sócios privados da Oi, a antiga Telemar, se tornarem donos da Brasil Telecom foi assinado há pouco no Rio de Janeiro. Nasce a BrOi, que eu chamo de Telezona, porque além de gigantesca, a nova empresa está sendo criada à revelia da lei.

O mais constrangedor é que a ilegalidade é, como sempre foi, abençoada pelo governo. A desculpa é a criação de uma supertele nacional. Mas não é preciso ser muito esperto para perceber que agradar grandes financiadores de campanha também pesou na balança do Planalto. (íntegra aqui)

Pois é, o liberalismo no Brasil deu um pé atrás. As leis foram rasgadas para permitir uma fusão de interesse do Palácio do Planalto e que ruma para a formação de monopólio do setor. O monopólio é o verdadeiro câncer do capitalismo e origem de seus principais males pois vai contra um pressuposto básico: a livre concorrêncio.

O pior é que tudo foi feito sob silêncio constrangedor da oposição pois um dos seus líderes foi extremamente beneficiado no negócio. Não fossem alguns blogs e a parte séria da imprensa nem ficaríamos sabendo.

No fim das contas, o Brasil retrocedeu mais um pouco.

Pendei na teoria de Celso Furtado que o subdesenvolvimento não é necessariamente um estágio prévio do desenvolvimento. Pelo pouco que li dele, pois ainda não li um livro seu, acreditava que não era certo que estávamos atrasados historicamente, que um dia chegaríamos ao ponto das nações mais desenvolvidas de hoje; podemos estar seguindo um caminho errado, nos afastando delas.

Este pensamento traz muitas reflexões e alertas. A privatização ocorrida no governo FHC foi um passo modernizante e necessário. Não foi mais além porque era o que se permitia fazer no momento e ao contrário do que se propagandeia por aí, o PSDB é um partido de esquerda. Adotou algumas receitas liberais porque era necessário. O caos econômico estava batendo à porta no fim do governo Collor. Os próprios tucanos têm vergonha de defender as medidas que tomaram, conforme foi visto na campanha de 2006.

Para os que perguntam até onde poderia ter ido as reformas de FHC pensem em Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica… Como é? Vender o país? Como se a nós pertencessem de fato estes monstros sagrados do estatismo…:

O patriotismo é o último refúgio do canalha.

Ah… na fusão da telezona tem o discurso nacionalista. Para isso vale sempre a frase de Edmund Burke