Um país de privilégios

Globo:

No fim da noite, porém, a Câmara aprovou as medidas provisórias 440 e 441, já em vigor, que concedem reajustes a 471 mil servidores públicos federais. O impacto das duas em 2008 será de R$3,4 bilhões. Houve polêmica na votação da MP 440, que beneficia 91 mil servidores, porque, de última hora, o relator da matéria, deputado Marco Maia (PT-RS), incluiu no texto a criação de mais 2 mil cargos para a Polícia Federal. Na verdade, estava tramitando na Câmara um projeto de lei com esse objetivo, e, então, resolveram incluir o projeto no texto da MP. Dos 2 mil cargos, 400 serão preenchidos de imediato por pessoas que já passaram em concurso realizado em 2004 e que estão em listas de espera.

Comento:

É a mesma questão da constituição de 1988. É muito fácil distribuir beneces por força de lei, mas quem paga a conta? De que adianta privilegiar determinadas categorias se a economia real vai ter que arcar com o peso dessas escolhas?

Sou contra funcionários públicos? Jamais. Sou contra um estado gigante, absorvendo a maior parte da mão de obra qualificada do país, que em geral ficam desempanhando atividades muito aquem de suas capacidades.

Será que não tem nada de errado quando vejo um engenheiro mecânico, formado em um dos dois melhores cursos do país, deixar sua profissão para ser escrivão da PF? Quando vejo um dentista com três pós-graduações, trabalhando duro e sonhando com a aprovação em um concurso para o corpo de bombeiros? Onde pode um modelo assim dar certo? Como pode uma nação abrir mão de tantos talentos confinados em tarefas medíocres do serviço público?

Uma coisa é ter um serviço público pequeno e altamente qualificado, realizando as tarefas essencias para o desenvolvimento so estado. Outra, bem diferente, é ter um serviço monstruoso, sugando as melhores capacidades do país, para gerir uma burocracia da pior espécie, que emperra o nosso desenvolvimento.

Os parlamentares querem mais uma vez reforçar os privilégios. Os funcionários querem aumento? Como pagador de impostos eu pergunto: o que fizeram para merecer aumento? Tornaram-se mais produtivos? Aperfeiçoaram-se?

Estamos com aumento de arrecadação? Ótimo! Que tal reduzir impostos para beneficiar a todos ao invés de privilegiar apenas alguns grupos, justamente o que menos precisam? Por que temos que aumentar o gasto público toda vez que se arrecada mais? Por que temos que aumentar o tamanho do estado a cada superávit?

Estamos atolados na lama e como porcos, queremos mais. Queremos mais estado, queremos mais ilusões.

O resultado é esse que vemos. Um país medíocre. Nós merecemos.

O fim da picada

Reproduzido no Blog do Amorim, originalmente da revista Isto É, ou Isto Era, como sacou bem o blogueiro.

Após dois anos de convivência, chegou o grande dia do casal. Não havia traje branco, juiz de paz, padre ou dama de honra. A festa era de descasamento, anunciava o convite.

A advogada Samantha Andreotti, 32 anos, e seu ex-marido André comemoraram o divórcio no apartamento do casal, com direito a música, bebidas, quitutes e presença de muitos dos amigos que estiveram na festa de casamento.

A novidade, que faz sucesso nos Estados Unidos, onde existe até uma empresa especializada em minicaixões para alianças, começa a conquistar os (ex)casais brasileiros.

Comento:

Esta bobagem monumental só poderia sair dos Estados Unidos, onde anos de progressismo sistemático só poderia gerar esta tamanha inversão de valores. Não é por acaso que os americanos estão bem perto de cometer a bobagem monumental, e perigosa, de eleger uma anti-americano para presidente do seu país.

Comemorar o fim de um casamento? Deveriam ter vergonha na cara. Até aceito que no extremo das tentativas um casamento termine, principalmente quando o respeito mútuo foi às favas. Mas o que deveria restar é uma frustração por não terem concluído um juramento que duas pessoas, por livre e espontânea vontade, fizeram na presença das pessoas mais queridas. Até um padre? Afrontam até a fé? Deveriam ter vergonha!

O casamento é algo muito sério. É onde começa uma família. Naquele momento os noivos juram, não promete, juram!, duas coisas importantíssimas: o amor eterno e o amor exclusivo. Quando duas pessoas decidem separar-se é porque não possuem nenhuma das duas coisas, neste caso o casamento fracassou. Elas fracassaram em manter seus votos.

Não se iludam. Esta insensatez só tem um objetivo: desmoralizar ainda mais a noção de família. Os progressistas tem esta fixação doentia de querer destruir a célula máter de uma sociedade, a nossa maior contribuição para a vida neste mundo. Estão brincando com algo muito sério e pagarão por isso. Debochar do casamento é debochar de Deus. É debochar de si mesmo.

Legislação Trabalhista

Conversando com meu dentista _ dentro do possível com a boca aberta __ ele me contou que sua assistente não estava lá ajudando porque ela fazia faculdade à noite. Comentei então que ele já deveria começar a se preparar para perdê-la quando terminasse o curso, pelo que entendi fazia enfermagem.

__ Pelo menos com ela pedindo demissão o impacto é bem menor. A que eu tinha anteriormente me custou R$ 2.500,00 de rescisão e olha que só trabalhou 11 meses! Pagava R$ 500,00 por mês. Tem sentido um negócio desses? Trabalhava mal, tive que demiti-la e tenho que arcar com um custo desses, como se eu estivesse com dinheiro sobrando por aqui.

Uma das coisas que se inverteu no país foi a responsabilidade no emprego. Uma narrativa dessas certamente trás uma onda de inquietude com a situação da auxiliar demitida. Como ela vai fazer? Ficar sem emprego assim, do nada. Os R$ 2.500,00 que ela recebeu é até pouco para tamanho infortúnio.

Ora, se ela dependia tanto deste salário mensal deveria ter se esforçado mais para manter seu emprego. Garanto que meu dentista a teria conservado, até um salário maior, se ela fosse eficiente. Na ânsia de defender que está empregado, independente da competência, sacrifica-se quem não está, justamente quem mais está precisando. O empregado está lavando as mãos da responsabilidade de manter seu emprego através de sua própria produtividade e aperfeiçoamento.

A legislação trabalhista brasileira torna o ato de contratar extremamente caro, o que prejudica a oferta de emprego. Conheço outros dentistas, minha esposa é uma, que não possuem auxiliares. Quantos empregos, e bons, deixam de ser gerados pela anacronicidade de nossas leis?

Não adianta argumentar que o dentista poderia ter demitido a moça por justa causa. Isso é uma lenda brasileira. Para demitir um funcionário por justa causa a pessoa tem que fazer uma força danada; mesmo assim o empregador ainda pode terminar com um processo nas costas.

No mundo ideal, sonhado pelos esquerdistas, todos teriam empregos e trabalhariam felizes para o bem comum. Não vivemos neste mundo e nem este é possível, pelo menos da forma como imaginam. No mundo real pessoas são demitidas por diversos fatores, inclusive por incompetência ou simplesmente porque tem uma melhor disponível. O melhor que podemos fazer é estabelecer formas para que este período sem emprego seja o mínimo possível e isso passa, necessariamente, pela flexibilização das relações de trabalho.

Não podemos viver eternamente no governo Getúlio Vargas. Este já passou, e nós estamos passando também.

Lidando com minha ignorância

A crise americana está  longe de ser resolvida, isto já ficou claro. O presidente brasileiros disse que o Brasil estava blindado, o que na novalíngua __ ler 1984 __ significa justamente o contrário. Isto também já ficou claro.

O governo americano conseguiu autorização do Congresso para injetar quase 1 trilhão de dólares no mercado financeiro. Pelo que sei isso significaria uma inundação de moeda americana no mercado. Com a crise e excesso de moeda seria de se esperar uma desvalorização acentuada da moeda.

Por que então a cotação do dólar está subindo no Brasil? Afinal, a crise não é lá?

Preciso ler muita economia para poder começar a ter uma idéia do que está acontecendo. Afinal, este pacote é bom ou não para a economia americana? E para nós? E para o mundo?

Sei não. A coisa fica cada vez mais sem sentido.

o Pacote dos EUA

Por: José Nivaldo Cordeiro

O mundo está mirando o fundo abismo, bem de cima de um Everest de dólares emitidos. A oferta abusiva de dólares vem de muitos anos, mas esse pacotaço é o que podemos chamar de pôr gasolina para apagar o incêndio. US$ 850 bilhões, uma cifra realmente inacreditável, gigantesca, alucinante. Ela dá bem o tamanho da irresponsabilidade dos homens a quem coube administrar a crise.

Deu-se as costas à razão, à moral natural e à ciência. Qualquer pessoa minimamente desintoxicada do esquerdismo – keynesiano assim como o marxista – sabe que o que está sendo feito é uma perfeita alucinação. Mas como resistir ao moderno Baal e ao seu bezerro de ouro, agora chamado de dólar? Como não escutar seus sacerdotes, os economistas intervencionistas? Como aceitar que a economia natural é a mais salutar e que o Estado não tem nenhuma coisa a dar a ninguém, muito menos solução para a crise? Que o Estado *é* a própria crise e o grande perigo contra a humanidade? Que a normalização da vida, não apenas nos EUA, mas no mundo inteiro, demanda a desinflação do Estado, sua redução a proporções humanas e que a humanidade passe a enxergá-lo como o que de fato é, um mero instrumento para organizar a vida prática e não o salvador do mundo? A criatura não pode ser maior do que seu criador.

Meu caro leitor, quem pisou em alguma escola de nível superior no Brasil, e acredito que no Ocidente inteiro, aprendeu que o Estado tem o suposto poder de resolver o drama da existência humana. Da ordem política e jurídica, até a Saúde, a Educação, a aposentadoria, a economia pessoal de cada um. Teria ele o suposto poder de eliminar o risco existencial. Só a primeira afirmação é verdadeira (prover a ordem política e jurídica), todo o resto é uma falsificação e uma miragem. Uma fuga da realidade como ela é.

O que os governantes dos EUA fizeram foi precisamente isso: alargar o passo e dar as costas à realidade, fugindo dela em desabalada carreira. Uma completa loucura, um atirar pedras na lua. O vaticínio se impõe: a nação norte-americana deverá mergulhar numa inflação alucinada, mas não conseguirá voltar ao status quo ante. Aquela vida a crédito, que dependia da valorização dos imóveis e da crença alucinada de que o preço dos ativos (imóveis assim com ações) estaria maior amanhã para todo o sempre, simplesmente acabou. A realidade agora se impôs, a despeito da montanha de dólares gerada no pacote.

O populismo dos políticos, diria mesmo sua crença vital irracional, é de que seria possível um voltar atrás, um retorno ao tempo em que toda a gente desconhecia o cassino financeiro em que os EUA se tornaram. Em que os zumbis felizes pagavam suas contas com a artificial valorização dos ativos. Esse cassino permitiu vida farta e prosperidade para um conjunto muito grande de pessoas, que literalmente viveram de crédito por longo período. Uma vida artificial dessa não poderia se manter e mesmo o governo emitindo essa montanha de dólares ela nunca mais voltará.

Sem obter o retorno ao status quo ante, para que o pacote? Para manter o sistema político montado na fraude populista, em primeiro lugar, pois é o combustível dos demagogos. Em segundo, para dar a impressão de que o governo está fazendo alguma coisa, quando na verdade nada deveria fazer, ou melhor, deveria tomar medidas para desinchar e preventivamente agir para que a inflação do dólar não comprometa a liderança mundial dos EUA. Em terceiro, para dizer às massas estúpidas que o deus-Estado está, como sempre, cuidando delas como um fazendeiro crias porcos: para devorá-los. O monstro estatal é o maior matador de homens que já surgiu no planeta. O paralelo com a crise de 1929 se impõe e nunca devemos esquecer que o ciclo daquela crise só se fechou com a II Guerra Mundial.

Eu me pergunto o que acontecerá politicamente nos Estados Unidos quando essa imensa classe média, que vivia ricamente, sem trabalhar, comprando e vendendo ações de seu computador pessoal, instalado em sua poltrona, descobrir que a brincadeira acabou. The game is over. Quando ela, a classe média, descobrir que seu imóvel não vale nada, que não tem comprador para ele, mas a sua hipoteca continua valendo. Essa gente vai entrar em desespero e toda vez que a classe média entra em desespero temos o caminho semeado para as tentações totalitárias. Nada de bom acontece quando a classe média se desespera e ela só pode escapar ao desespero quando os demagogos são desacreditados e os verdadeiros líderes assumem o comando da situação. A democracia só poderá sobreviver sob a liderança de gente moralmente superior. Onde estão esses líderes? Onde estão os homens egrégios? Não os vejo, vejo apenas demagogos falar à multidão.

Essa crise poderia ter acontecido anos antes. A dádiva do grande aumento da produtividade associada às inovações tecnológicas, no campo da informática e das telecomunicações, retardou o ajuste, que finalmente chegou.

Leia agora na revista Veja que acabou de chegar às bancas: “Com a aprovação do pacote de ajuda, Tio Sam salvou o mundo do colapso e será possível, primeiro, medir o tamanho do estrago e, em seguida, empreender a caminhada de volta na reconstrução dos mecanismos americanos e globais de produção de riqueza”. Nessa frase está o senso comum, a grande mentira. O Tio Sam não salvou coisa alguma e não haverá reconstrução que não seja um retorno à economia natural. E qual é esta? É a liberal, aquela que está na Bíblia: “Comerás o pão com o suor do seu rosto”. O pacote tenta precisamente escapar do real, é ele próprio o foguete a levar os homens lunáticos à lua. Um grande desastre. Seria cômico se não fosse trágico.

Qualquer arranjo fora desse preceito natural é artificial, irracional e alucinado. Não haverá melhora alguma se as bases racionais da sociedade não forem restauradas. Isso equivale a uma radical mudança na maneira como as massas vêem o Estado, de um bondoso provedor de benesses para o autor da grande tragédia. É tarefa para um Moisés converter as massas, alguém que traga as tábuas da Lei e mande destruir os bezerros de ouro. Os homens precisam parar de fazer seus sacrifícios a Baal. Chega de impostos! Chega de regulamentos! Chega de guardas na esquina dizendo o que as pessoas adultas devem fazer! Chega de Estado!

Um alerta e uma explicação

Do blog “O Capitalista

Para demonstrar que não temos preconceito contra estrangeiros e podemos ser tão burros quanto eles, hoje o governo brasileiro começou a estudar a possibilidade de reduzir o depósito compulsório nas transações bancárias como forma de aumentar a oferta de crédito.

Para entender a questão imagine o seguinte: você deposita R$100 no seu banco. Seu banco pode emprestar esse dinheiro para o fulano A. Digamos que o fulano A pega esse dinheiro e deposita na conta dele. O banco dele pode emprestar esse mesmo dinheiro para o fulano B.
Olhe o que aconteceu. Havia R$100. Agora você tem R$100 na sua conta, o fulano A tem R$100 na conta dele e o fulano B tem R$100 na conta dele – e o banco dele ainda pode emprestar o dinheiro de novo!
Para que a quantidade de reais não se torne infinita, cada vez que um Banco empresta dinheiro que tem em depósito, o governo obriga o banco a depositar uma parte no Banco Central – é o depósito compulsório.
Digamos que o compulsório seja de 50%. Quando seu banco empresta seu dinheiro, deposita R$50 no BC e empresta R$50. Quando o fulano A coloca os R$50 na conta dele e o banco dele empresta de novo, o banco deposita R$25 no BC e empresta R$25. É fácil ver como isto limita a quantidade de vezes que o mesmo dinheiro é multiplicado – e limita portanto a quantidade de reais que existem em circulação.
Voltemos ao presente. O que acontece se o governo reduzir o compulsório? Os bancos vão poder emprestar o mesmo dinheiro mais vezes. Aumenta a oferta de crédito? Sim! Os bancos tem mais dinheiro para oferecer. Mas aumentou alguma coisa a quantidade de bens que existem no Brasil? Não! O aumento na quantidade de dinheiro é simplesmente um truque de contabilidade!
O que acontece quando aparece mais reais mas continua existindo a mesma quantidade de coisas para comprar? INFLAÇÃO.
Inflação não é culpa do dólar, nem do petróleo nem do empresário. Inflação é culpa do governo e a redução do depósito compulsório é só um jeito bem prático de fazer uma boa inflaçãozinha.

É hora de apertar os cintos, pois pela primeira vez o PT está precisando fazer política econômica. E dá pra imaginar o que vem por aí.

Será que agora vai?

Uol:

O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira o pacote de resgate financeiro que prevê o uso de até US$ 700 bilhões para comprar títulos podres. Foram 74 votos a favor e 25 contra. A intenção é evitar quebradeiras e acalmar o mercado.

Comentário super rápido:

O projeto, uma modificação do anterior, terá que ir para a Casa dos Representantes; a votação sai ainda esta semana. Ainda é imprevisível o resultado, para desespero das bolsas no mundo todo.

Montando o quebra cabeças

blog do Aluizio Amorim[1] começa a trilhar o mesmo caminho que este blog estava seguindo e chegar á origem da crise imobiliária americana, a irresponsável aplicação do politicamente correto e ações afirmativas pelo governo Clinton no mercado financeiro. Não basta, como disse Ann Coulter2, terem arruinado a educação, esportes, ciência e entretenimento; estes princípos arruinaram agora a indústria financeira.

Uma pergunta surge: o governo Clinton terminou há 8 anos, é justo culpá-lo? Bush não poderia ter revertido o quadro? Retomo um dos pensamentos de Thomas Sowell[3]: após implementada uma ação afirmativa é quase impossível revogá-la. A questão é que qualquer iniciativa contra ela é encarada como uma iniciativa contra os grupos que supostamente ela deveria beneficiar.

Ao conceder hipotecas e empréstimos ás pessoas de baixa renda, ou moderada, com poucas condições de manter suas obrigações, os democratas colocaram a economia americana em uma armadilha pois ir contra estes empréstimos passou a ser considerado ir contra estas pessoas. Quando Mankiw[4] alertou que a economia estava sob alto risco por essas práticas foi chamado de sem coração; como pode se opor a empréstimos suicídas para pessoas que não podem pagá-los?

Sim, capitalistas são gente sem coração; não gostam de emprestar dinheiro para quem não pode pagá-los, justamente as pessoas que mais precisam destes empréstimos. O problema é que não existem soluções mágicas e esta foi uma adotada pelos políticos americanos ao intervir no livre mercado para que empresas concedessem crédito independente das taxas de risco gerando esta crise que estamos vendo.

Outro detalhe, Bush tentou sim colocar ordem no caos mas foi impedido pela maioria democrata no Congresso e até mesmo por republicanos receosos de contrariar suas bases eleitorais mostrando mais uma vez que uma vez dado o passo para a ação afirmativa o retorno é muito mais difícil como alertou Ali Kamel[5].

Mais uma vez Bush está pagando o preço do governo Clinton, desta vez na economia. A outra foi o 11 de setembro.


[1] Jornalista catarinense que escreve o blog Politicamente incorreto.

[2]Polemista conservadora americana. Escreve uma coluna semanal em seu site pessoal.

[3]Economista americano e autor de vários livros denunciando os efeitos nefastos da política de ação afirmativa.

[4] Economista americano autor do livro Introdução a Economia muito utilizado nos cursos de economia no Brasil. Está na minha lista de leituras futuras.

[5]Ver livro “Não Somos Racistas“.

Não disse?

Comentei ontem:

É natural que republicanos votem contra um pacote econômico de intervenção no mercado financeiro, o mesmo não pode se dizer dos democratas. Sempre foi uma bandeira do partido a regulação; quanto mais governo melhor

Hoje na Folha:

O candidato da situação(McCain) disse que o número de votos contrários foi alto entre os democratas, que costumam aceitar com mais facilidade intervenções na economia, ao contrário dos republicanos, que demonstravam mais resistência ao plano.

“Barack Obama falhou em liderar”, disse nota da campanha de McCain, que também afirmou que “o projeto fracassou porque Barack Obama e os democratas colocaram a política à frente do partido”.

Na Folha, Armínio Fraga é um dos que perceberam o que aconteceu:

Ao analisar a rejeição ao pacote de salvação das instituições financerias, Armínio diz que foi uma decisão política, num ano de eleições nos Estados Unidos. O problema, segundo ele, é que o mundo vive uma crise sistêmica e essa situação exige resposta rápida.

No artigo de hoje, Thomas Sowell lembra um ponto importante: ninguém falou ainda da responsabilidade do Congresso Americano com a crise do mercado imobiliário. A questão é de fundo político pois na ânsia de agradar os eleitores, as gigantes Fannie e Freddie foram estimuladas a conceder hipotecas para pessoas com alto risco de inadimplência. Elas assim o fizeram porque tinham a certeza do socorro do governo em caso de crise. Uma das coisas que comecei a entender é que investimentos de alto risco são os que trazem maior retorno financeiro e os congressistas incentivaram este tipo de investimento gerando a bolha que estourou agora.

Sowell lembra que no início do ano o senador Christopher Dodd afirmou que Freddie e Fannie tinham que aumentar a concessão de hipotecas, principalmente para candidatos com alto risco. Junto com Barney Frank, pressionaram o governo para que empurrasse as empresas para emprestar para pessoas que elas não emprestariam de outra forma devido ao risco envolvido.

É fato que George Bush, o demonizado, tentou há alguns anos, sem sucesso, estabelecer uma regulação sobre Freddie e Fanny. Mankiw alertou o congresso sobre o perigo que esta sendo criado com a criação da expectativa de socorro financeiro em caso de crise e seus efeitos sobre a economia. Greenspan foi outro que fez o mesmo alerta e foi ignorado.

O Congresso Americano lavou as mãos ontem da confusão que ele próprio ajudou a criar com a mistura de política com economia. Fica cada vez mais claro que o mercado não estava funcionando como deveria e parte da culpa, para variar, era do estado que estava se metendo onde não deveria. O resultado está aí.

Republicanos culpam Pelosi

Fui um tanto duro com os republicanos no posta anterior. Relendo ficou parecendo que os democratas votaram unidos para aprovação do pacote, não foi bem assim. As informações vão surgindo aos poucos e algumas coisas começam a ficar claras.

  1. Os democratas são maioria no Congresso. Isso significa que o partido poderia aprovar as medidas se assim desejasse ou mesmo reprová-las.
  2. Na hora de encaminhar a votação, a presidente da Casa dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, atuou como líder partidário. Fez de um momento de superação partidária um ato político criticando duramente os republicanos e o governo Bush pela crise.
  3. É natural que republicanos votem contra um pacote econômico de intervenção no mercado financeiro, o mesmo não pode se dizer dos democratas. Sempre foi uma bandeira do partido a regulação; quanto mais governo melhor.

Até explodir a crise a candidatura de Obama estava na defensiva, prensada pela entrada de Sarah Palin na chapa republicana. O prolongamento da crise é fundamental para o sucesso de sua candidatura. Talvez os republicanos que votaram contra o pacote tenham colaborado para este projeto, ainda é cedo para dizer. Desconfio que Obama esteja comemorando o resultado de hoje, discretamente pois se passar ao eleitor que aposta contra o país para se eleger estaria perdido.

É tudo ainda muito nebuloso, ainda mais para quem vive aqui no Brasil. Para piorar o jornalismo brasileiro não colabora ao trocar o jornalismo investigativo pelo antiamericanismo botocudo. O trabalho de afastar as camadas que escondem a realidade é duro mas pior é aceitar sem crítica o que se produz na mídia.