Gol de placa

Os republicanos fizeram um gol de placa com a surpreendente escolha de Sarah Palin para vice de McCain. Claro que trata-se de uma aposta de risco, mas foi muito bem feita. Os democratas foram pegos tão de surpresa que resolveram acusar Palin de… falta de experiência! É um baita tiro no pé! A principal dificuldade de Obama é justamente mostrar que sua falta de experiência não é um impeditivo para ser presidente, mas seus companheiros de partido afirmam que para ser vice-presidente é preciso ter experiência! Chutaram a lógica no ralo.

Sarah coloca a candidatura de McCain más para o centro também, é vigorosamente contra o aborto e tem um filho com síndrome de down para mostrar que não se trata de um discurso vazio.

Obama já não é mais a única novidade desta campanha. A imprensa liberal terá um trabalho e tanto para conseguir elegê-lo. Deve estar tento reunião de emergência no NYT agora para decidir o que dizer…

Por que não acredito em democratas

Promessas de campanha de Obama na convenção do Partido Democrata:

– cortar os impostos de 95% das famílias;
– acabar com a dependência do petróleo em 10 anos;
– investir US$ 150 bilhões em energia alternativa;
– retirar imediatamente as tropas do Iraque;
– baratear plano de saúde de quem tem plano;
– dar plano a quem não tem;
– garantir o acesso a universidade do jovem que ajuda a comunidade;
– acabar com a discriminação de gays e lésbicas;
– punir a sonegação das grandes empresas;
– estimular as empresas que ajudam a América;
– investir na diplomacia, não na guerra…

E acham exagero compará-lo com o apedeuta… Faltou só prometer os ovos de páscoa…

Não é pouco

O desempenho de McCain é digno de um estudo profundo. Depois de tudo que se fez e ainda está se fazendo por Obama, principalmente pela mídia, ver o candidato republicando crescendo é quase inacreditável. Claro que a invasão da Geórgia tem a ver com isso, McCain é um candidato mais identificado com a posição de comandante em chefe das forças armadas. Só que antes de ser uma desculpa, isso é uma virtude de sua candidatura.

Ainda é muito cedo para prever qualquer coisa, mas não deixa de ser interessante a mídia descobrir que terá que fazer um esforço maior ainda para vender seu produto, por enquanto os americanos estão compreendendo o tamanho da aposta em um candidato que só tem a prometer um slogan sem nenhum conteúdo.

Lições das eleições nos States

McCain subiu 9 pontos e empatou com Obama. Certamente seu vídeo, curtíssimo por sinal, colando no democrata a imagem de celebridade sem conteúdo contribuiu muito. Este vídeo não aconteceria no Brasil.

Primeiro porque vigora a idéia de que um candidato não deve confrontar o adversário, é golpe baixo. Foi o que fez Geraldo Alckmin no primeiro debate com Lula. Foi um Deus nos acuda, acusaram o ex-governador de tudo. O próprio Lula, depois de ser esmagado no debate, saiu dizendo que não esperava aquele comportamento do adversário. Registre-se que em nenhum momento Alckmin faltou ao respeito com o presidente nem acusou-o de nada, apenas confrontou o discurso do candidato do PT com a realidade.

Alguns iluminados da sua própria campanha chegaram a brilhante conclusão que tinham ido longe demais e fizeram a pior coisa que poderia ter feito: tiraram o pé. A imagem que ficou foi de um candidato que tentou de tudo para ser eleito e que o comportamento era realmente reprovável. Foi o início do desastre.

O segundo motivo para um vídeo daqueles não aparecer no Brasil é ainda mais grave. A justiça eleitoral resolveu ser uma espécie de bedel da democracia. Quer regular tudo e todos. Não é a toa que as campanhas estão cheias de advogados prontos para atacar e defender a propaganda política. E dizem que era a ditadura militar que inibia o debate democrático; acreditem, eles não chegaram nem perto do que nossos togados estão fazendo nas campanhas. O patrulhamento eleitoral é uma realidade.

Vendo o processo americano pode-se entender por que um país é uma democracia plena e outro um antro de aproveitadores.

Por fim, antes de falar em golpe baixo de McCain é bom notar que a imagem de celebridade vazia só pegou em Obama porque ele realmente parece… uma celebridade vazia! Foi exatamente isso que o americano começou a perceber, o republicano apenas mostrou o óbvio.

Falta só a mídia liberal conseguir enxergar além do horizonte do discurso óbvio de “nós podemos”. Obama mostrou que pode sim, só não sabe bem o que.

Obama confundiu de país

Obama deve ter achado que seu país é do terceiro mundo, como o Brasil. Acha que pode fazer campanha sem exibir nada de concreto, apenas falácias e discursos vazios. Pode ter empolgado a mídia e o resto do mundo, mas quanto ao americano…

Daqui a pouco vai começar a apelar e sua campanha vai tentar colocar o rótulo de racista nos que não caem em seu canto de sereia. O fato de ser despreparado para o cargo, defender idéias muito ruins e passar a sensação que vai trair seu país no Iraque parece não dizer nada.

Vai quebrar a cara e levar o que resta da reputação de jornais como o NYT com ele. Ainda bem.

Importantes apoios de Obama

Husseim Obama recebeu dois importantes apoios para as eleições americanas.

O primeiro de Daniel Ortega, um dos membros do Foro de São Paulo e que considera as FARCs como grupo beligerante que luta pela “justiça social”.

Outro dos próprio Hammas, o grupo terrorista que provoca o caos na Palestina há décadas. Segundo uma alto-funcionário da ONU (esta instituição merece um estudo mais profundo) um grupo de reação legítimo à opressão israelense, da mesma forma que os judeus e as resistências nacionalistas reagiram ao nazismo.

É preocupante que o mais poderoso exército do mundo possa ser simpático a grupos terroristas.

Os americanos deveriam ser pragmáticos. Seja qual for a indicação de gente como o Hammas, FARC, Foro de São Paulo, MST, PT, escolham o contrário. Não há como errar.

Hillary sobrevive

Inspirada em Rocky Balboa, Hillary continua obstinada em conseguir a nomeação de seu partido para as eleições de 2008. Venceu na Pensilvânia, último estado importante, e praticamente garantiu que a disputa vai até a convenção nacional democrata. Hussein Obama sentiu o golpe e na última semana esteve mais agressivo, saindo da posição “superior” que havia estrategicamente se colocado.

Tudo indica que muito suor e sangue ainda vai rolar até o meio do ano entre os democratas.

Para alegria de John McCain que novamente saiu-se vencedor em uma convenção do partido adversário. Sua principal preocupação é que a economia não desande de vez, se conseguir se manter até novembro tem boas chances de ser eleito.

Para quem era uma azarão completo, está bom demais.

O Livre Comércio nas Eleições Americanas

Editorial de hoje na Folha:

A América Latina, que estava fora da agenda da eleição presidencial americana, entrou no debate. O motivo foi o acordo de livre comércio entre EUA e Colômbia, que o presidente Bush enviou para o Congresso.
Os dois pré-candidatos do Partido Democrata, de oposição, rivalizam para ver quem condena com mais vigor todos os acordos de livre comércio do país. No eleitorado há uma impressão generalizada, embora incorreta, de que esses tratados são responsáveis pelo desemprego no país.

Atualmente a Colômbia está cercada na América Latina. É o principal baluarte contra o Foro de São Paulo e a esquerdização do continente. É o mago Gandalf batendo seu cajado e afirmando: Não passarás!

Esta posição só consegue se manter por causa do apoio norte-americano e é natural que este apoio evolua para o livre comércio. Os candidatos democratas sempre se posicionam contra as áreas de livre comércio, são protecionistas. Pelo menos no discurso, já que uma vez eleito esquecem de muitas destas propostas e agem com um pouco mais de responsabilidade na economia, ainda bem.

A Colômbia precisa de estreitar seus laços com o parceiro estratégico já que o seu continente, incluindo o Brasil, lhe vira as costas constantemente em sua guerra contra as FARCs. É uma guerra que causa imensos prejuízos econômicos ao país, como retratado no livro Uma Democracia Sitiada, de Eduardo Leongómez.

É um país democrático que enfrenta um exército com roupagem revolucionária que pratica terrorismo e é interligado ao narcotráfico. Não sei o que é pior nesta combinação macabra, mas sei que ficar do lado desta trindade contra um governo democrático é uma clara indicação de moral, ou falta, dos governos sul-americanos.

Os democratas dizem que não querem nada com isso, e assim se posicionam no congresso. Isolar a Colômbia hoje será condená-la e colaborar com o sonho da América vermelha do Foro. É bom pensar nisso.

Discurso de John McCain

Gostei muito do discurso de John McCain esta semana sobre o Iraque. Foi incisivo e deixou bem clara sua posição, como sempre tem feito.

Criticou a condução da guerra pelo governo Bush que teria seguido uma estratégia mal concebida, mas afirmou que estavam em um ponto sem retorno. No último ano o governo tinha assumido sua responsabilidade e ao invés de abandonar o Iraque no meio de uma guerra civil, genocídio e terror, tinha aumentado seu efetivo militar.

Este é um ponto que os defensores da retirada fogem como o diabo foge da cruz, como ficaria a situação no país com uma retirada precipitada? O história nos mostra bem as conseqüências, tanto no Vietnã como na primeira guerra do Iraque. Aliás, só existiu uma segunda porque a primeira foi feita pela metade.

Lembrou também que a estratégia de aumentar a presença militar está surtindo efeito, a violência diminuiu apesar dos ataques da última semana. Aos poucos vai se montando um governo iraquiano e surgindo o exército nacional.

Deixou claro que a decisão de invadir o país foi acertada ao afirmar que discorda profundamente da tese que o Iraque estaria melhor se Saddam Hussein estivesse no poder. Algumas pessoas defendem a retirada ou a retirada e a volta caso a situação piore. McCain é taxativo: o que eles desejam é uma política de retirada e re-invasão. Uma retirada irresponsável levará a problemas imediatos.

O próximo presidente terá uma grande responsabilidade, não deixar perder todo o esforço que se fez no último ano para conseguir avanços concretos. Fazer a coisa certa não é fazer a mais fácil. 4000 homens deram suas vidas para que os americanos não sofressem as conseqüências do fracasso no Iraque.

Ataca os democratas ao afirmar que não acredita que alguém possa prometer a retirada das forças no Iraque com todas as conseqüências calamitososas se agirem de forma irresponsável. Seria uma falha de liderança.

McCain está correto. Independente de considerações sobre a necessidade da invasão, o fato é que os Estados Unidos assumiram uma grande responsabilidade e não pode fugir dela. A retirada deverá ocorrer apenas quando o Iraque tiver condições de manter sua própria segurança e evitar uma matança em seu território.

O que não estão percebendo é que uma retirada agora seria uma fuga, como foi no Vietnã. Seria a admissão de uma derrota e uma vitória do terror. Em 2002 morreram mais de 3000 pessoas no WTC. De lá para cá nenhum americano foi morto vitima de terrorismo dentro de seu território. Morreram soldados, assim é a guerra. Não se trata de um luxo manter a ocupação, é questão de segurança nacional. É preciso que os governos delinqüentes saibam que não podem dar proteção à terroristas.

É uma pena que a ONU não esteja apoiando os Estados Unidos, particularmente a União Européia. O inimigo dos terroristas não é apenas os Estados Unidos, é toda civilização ocidental.

Barack Hussein Obama

Outro dia perguntaram minha opinião sobre Obama. Estou aos poucos lendo sobre as eleições americanas e por enquanto não encontro nada que me leve a confiar neste senhor. E não estou nem falando de proposta concretas, pois parece que não as tem. Sua campanha está montada em um discurso de esperança, superação da política tradicional, uma nova visão do mundo.

No fundo quer um cheque em branco. Votem em mim, elejam-me, e terão uma grande surpresa. Seus discursos são descritos como maravilhosos e sua figura como empolgante. Mais um motivo para minha desconfiança. Desconfio sempre de políticos que falam bem.

Em Apologia de Sócrates, logo na abertura de sua defesa, o filósofo adverte que seus acusadores só disseram mentiras sobre ele, mas que acatava uma única advertência: deveis ficar alerta para não serdes enganados pela minha habilidade de orador.

Depois acrescenta, não se considerava um bom orador no sentido que seus acusadores o retratavam, mas sim no sentido de falar com a verdade.

Considerai se o que digo é justo ou não. Essa, de fato, é a virtude do juiz; do orador, o mérito é dizer a verdade.

Pois Hussein Obama é considerado um grande orador. Mas em que sentido? No sentido dos acusadores de Sócrates e dos sofistas que tanto combateu ou no sentido de falar sempre com a verdade?

A única coisa que eu tinha achado interessante em seu discurso era que se recusava a tratar de raça e colocar-se como um candidato negro para vencer os brancos. Mas isso durou até o momento em que a proteção da mídia cedeu e pela primeira vez teve que se defender. Foi direto ao discurso racial, como se fosse um Martin Luther King moderno.

Não tenho absolutamente nada contra um negro presidente, desde que não seja eleito justamente por ser negro. Nem contra uma mulher presidente, desde que não seja eleita justamente por ser mulher. Cor da pele e sexo não deveria fazer a menor diferença para se escolher uma pessoa para qualquer coisa, ainda mais para a presidência da república.