Disputa longe do que os democratas sonhavam

O mundo ruiu sobre o governo Bush com a quebra em Wall Street. Seria de se esperar que a candidatura republicana despencasse e para desespero de Obama não é o que está acontecendo. Bush contrariou a expectativa de inação que se esperava dele e foi rápido da formulação de um plano que acalmou os mercados e tratou de jogar a bola para o Congresso.

Com o presidente na ofensiva, os democratas ficaram meio perdidos. Primeiro Obama anunciou que não iria a Washington para ajudar na aprovação do pacote; diante das críticas negativas de que estaria colocando sua campanha acima da defesa dos americanos mudou de idéia e foi. Ficou a imagem de um político indeciso, que não sabe exatamente o que fazer.

Até porque a presença que importava era justamente a de McCain por se tratar de um senador que tem trânsito dentro dos dois partidos, uma espécie de agregador no Congresso. Coisa que Obama definitivamente não é.

O democrata reverteu a subida de McCain nas pesquisas, assumiu a dianteira mas perdeu fôlego nos últimos dias devido a trapalhada na negociação do pacote. A última pesquisa Gallup coloca ambos com 46% no voto popular, o que não significa muita coisa, apenas que a disputa está dura. No Real Clear Politics, Obama tem 228 cadeiras contra 174 de McCain. O problema é que nos estados empatados o republicano lidera por estreita margem na maioria. Retirando o empate técnico o site prevê uma vitória de Obama por 273 x 265, resultado apertadíssimo.

Os democratas estão com a faca no pescoço. Se a crise amenizar os louros vão para Bush e seu pacote, com dividendos para McCain. E se piorar? O risco é a população entender que não só Obama torceu contra a economia americana como seu partido agiu para sabotar o plano de socorro. A linha é tênue e as peças estão se movimentando com muito cuidado.

O fato objetivo é que com toda a impopularidade do governo Busho, uma crise econômica sem precedentes, seu candidato ainda se mostra competitivo, com chance reais de vencer a disputa. Só isso é o suficiente para deixar o comitê Obama seriamente preocupado.

Justiça seja feita

Na comparação entre Lula e Obama, o brasileiro pelo menos tem a qualidade de fazer suas campanhas com suas próprias palavras, gostemos delas ou não.

O colega americano, considerado um excelente orador, não dispensa o teleprompter nem para comíssios no meio dos eleitores, como aconteceu no Colorado esta semana.

Se para falar com aqueles que o apoiam, independente de qualquer coisa, ele precisa de um teleprompter, eu imagino para falar com Putin..

Crise nos EUA e eleições

Os democratas ficaram excitados com a falência da Lehman e a crise que se instalou na bolsa de NY. Quase todos os analistas políticos falam o mesmo, problemas econômicos favorecem a oposição e isto poder realmente confirmar. Mais do que sua retórica, Obama conta com a economia para se eleger presidente dos EUA.

Lembro que durante a campanha para re-eleição de FHC em 1998 estourou uma crise que afetou o Brasil, acho que era da Rússia. Os petistas também se animaram mas o tiro saiu pela culatra. Diante da ameaça de crise os eleitores resolveram apostar em quem eles tinham confiança ao invés de uma incógnita.

Pode acontecer o mesmo no norte da América. Diante da potencialidade de uma crise econômica, os americanos podem apostar em um político experiente ao invés de um que está dizendo que vai colocar tudo de ponta cabeça. Tudo isso está na concepção do pode.

Nos próximos dias teremos uma noção da reação do eleitor americano diante dos problemas econômicos.

Esses americanos…

WASHINGTON (AFP) – O candidato democrata à presidência dos Estados Unidos, Barack Obama, tem uma ampla vantagem sobre seu adversário republicano, John McCain, na corrida para a Casa Branca – pelo menos na quantidade de amigos de ambos em sites de relacionamento, informou um centro de pesquisas americano.

Estes americanos não querem ouvir os apelos do mundo! Obama é o cara! É o candidato da mudança!

Também pudera, é praticamente o único país do globo que não para na Copa do Mundo!

Acho que vou fazer coro com Reinaldo Azevedo e defender a candidatura de Obama para presidente do mundo. Não existe? Serve Secretário Geral? Afinal experiência em ONG ele tem…

Mais uma semelhança de Lula e Obama

Reinaldo Azevedo sacou mais uma semelhança entre Lula e Obama:

O “preto” para Obama virou a versão americana do “iletrado” para Lula. Como vocês sabem, FHC passou o diabo na imprensa porque é um intelectual. Convenham: sacanear um político que deu aula da Sorbonne parecia ser uma obrigação. Mas era proibido tocar na pouca formação escolar de Lula: era — e é — pior do que chutar a santa. Ou seja: ou você votava em Lula e demonstrava não ter preconceito, ou não votava e era um preconceituoso. Ele venceu duas vezes. Porque é ignorante? Creio que não. E se tivesse perdido? Bem, o Brasil teria dado, então, uma horrível demonstração de elitismo… São raciocínios que nascem, vivem e morrem de quatro. Mas influentes.

A grande mídia americana quer convencer o eleitor americano que ele tem que votar em Obama para demonstrar que não é racista. Este raciossímio já foi utilizado aqui e nos rendeu 8 anos do apedeuta no poder. Para provar que não tínhamos preconceito contra um iletrado.

Hoje temos um presidente que se orgulha de não ter estudado e faz propaganda disso. Para aplausos de boa parte de nossos intelectuais. Uma lástima.

EUA x Mundo?

Li um artigo hoje do London Guardian, transcrito na Folha, com a tese que a eleição de John McCain seria algo como um ato hostil dos Estados Unidos em relação ao mundo.

É engraçado como as coisas se colocam. Lembro que durante as primárias, a mídia liberal saudava o senador McCain como a melhor escolha por parte dos republicanos. Informavam que não era um conservador típico, que tinha muitas posições liberais e uma independência em relação a George Bush que era saudável.

Após a escolha tornou-se um velho ultrapassado, aliado da Casa Branca, sem condições de dirigir o país. Realmente coerência nunca fio o forte da esquerda.

Agora querem convencer os americanos que eleger este senhor é virar as costas para o mundo. Como se este mesmo mundo não tivesse virado as costas para os Estados Unidos quando mais precisaram. A Europa parece não compreender que a guerra dos terroristas islâmicos é contra o mundo ocidental e seus valores conforme declarou seu líder Osama Bin Laden.

Obama aparece como um político novo, cheio de virtudes, pronto a conciliar a América como o mundo. Volta e meia escuto o argumento que ele não será eleito por ser negro, que os Estados Unidos nunca elegeriam um presidente de cor. Nestas horas eu pergunto: e se vencer? Será também por que é negro?

Quando vejo Obama não vejo a cor da sua pele, vejo a expressão de políticas que não acredito, que ao meu ver tolhem a liberdade humana. Vejo um promessa de rompimento com o velho como se ser velho fosse necessariamente uma coisa ruim.

A condução política de uma sociedade é feita por acertos e erros. É preciso ser vigilante e ter auto crítica para corrigir os erros e principalmente, insistir nos acertos. Jogar fora toda a experiência acumulada em séculos em favor de uma revolução que muito promete parece-me um rsico muito alto, ainda mais em um momento tão delicado como o que vivemos hoje.

Considero que ao longo da história os americanos acertaram mais do que erraram, principalmente pelo fato de terem edificado sua nação sobre um forte anseio por liberdade. Obama despreza toda esta tradição e pede que apostem nele para reformar a América.

Justamente por causa disso que torço para que os americanos façam exatamente o contrário, elejam McCain para preservar a América, para garantir que os acertos de outrora sejam repetidos e não jogados fora por serem velhos.

Sarah Palin

Parece que Sarah deixou atônitos os democratas da mídia americana que estavam prontos para retratá-la como uma caipira inexperiente. Ainda não assisti seu discurso mas pelo que li não deixou pedra sobre pedra, para desespero dos comentaristas da CNN que realmente não esperavam um desempenho tão contundente.

Parece não haver mais dúvidas no Partido Democrata que eles terão que desconstruir a mulher se quiserem levar as eleições; podem apostar que vem chumbo grosso pela frente. Não é apenas no Brasil que a esquerda constrói máquinas de destruir reputações.

Enquanto não assisto o vídeo segue algumas frases da noite de ontem (retiradas do Blog do Reinaldo que acompanhou a convenção pela CNN):

“Eu não sou membro do establishment político. E eu aprendi depressa, nestes dias, que, se você não é um membro da elite com boa reputação em Washington, então a mídia, só por isso, o considera um candidato despreparado. Mas aqui está uma novidade para repórteres e comentaristas: eu não vou para Washington para obter a sua aprovação. Eu vou para Washington para servir ao povo deste país”
Sarah Palin

“Ser prefeita de uma cidade pequena é como ser um ativista comunitário, mas com responsabilidades reais”
Sarah Palin (refere-se ao passado de Obama, que era ongueiro antes de virar senador)

“A diferença entre uma “hockey mom” e um pit bull é o batom”
Sarah Palin. “Hocey mom” é a mãe devotada que leva o filho ao treino de hockey. No Brasil, seria a “supermãe”. Brinca com uma das acusações que lhe fizeram, segundo a qual a sua experiência maior é mesmo ser mãe (de cinco filhos). Ela assume, mas deixa claro que é boa de briga.

“Ela já tem [sozinha] mais experiência executiva do que toda a chapa democrata”
Rudolf Giuliani

– “ [Obama] Só emprega a palavra ‘vitória’ quando é para falar de sua própria campanha”. Sarah Palin
– “Alguns políticos usam a mudança para promover suas carreiras. Outros, como John McCain, usam sua carreira para promover a mudança”. Sarah Palin
– “John McCain não é um homem que está buscando uma luta, mas ele é um homem que não tem medo de enfrentar uma”. Sarah Palin
– “O senador Obama e o senador Biden dizem que estão lutando por vocês. Vamos falar claramente: há só um homem que lutou por vocês: John McCain”. Sarah Palin

Noção de responsabilidade

Obama:

Se minha filha cometer um erro, não quero que ela seja punida com um bebê.

Palin;

Quanto a nossa filha enfrentar as responsabilidades da vida adulta, ela sabe que terá nosso amor incondicional e apoio.

Para um, o humanista, o bebê é uma punição por um erro cometido e pode ser eliminado. Para Palin a filha deverá enfrentar suas responsabilidades. É uma visão bem distinta do mundo e da existência. Enfrentar a responsabilidade por seus atos nunca foi o forte das esquerdas.

Veja nas eleições americanas

Já não esperava nada da Folha de SP na cobertura das eleições americanas, o jornal é uma espécie de NTY brasileiro com posições liberais __ uso este termo na acpeção de lá __ até a medula. A única esperança em ter uma cobertura um pouco mais isenta e menos comprometida com a obamamania seria a Veja. Afinal a revista possui uma postura correta no campo político e econômico, com a defesa da democracia e valores individuais embora sua posição em termos de comportamento sejam bem à esquerda.

Pois a revista escalou talvez seu principal baluarte do pensamento politicamente correto, André Petry. O resultado é que podemos esquecer a imprensa para acompanhar com um pouco mais de realidade as eleições nos Estados Unidos pois Petry defende em quase 100% o ideário do Partido Democrata. O resultado já está aparecendo com a tentativa de desconstruir a candidatura de Sarah Palin referida na última edição da revista como “belo rosto para aparecer na TV”.

No site da Veja de hoje aparece a seguinte chamada: “Festa Republicana perde o brilho”. Fiquei surpreso, que eu saiba McCain havia adiado a convenção de lançamento oficial de seu nome em função do furacão. Abri a notícia e deparei-me com o seguinte texto:

O Partido Republicano dos Estados Unidos abriu sua convenção nacional na segunda-feira em clima sombrio, com a chegada do furacão Gustav e o anúncio da gravidez da filha solteira da candidata a vice Sarah Palin roubando o show de John McCain.

Lendo mais a frente se descobre, quase nas entrelinhas, que McCain havia transformado a convenção apenas em pedido de ajuda humanitária, transferindo o anúncio oficial para outra data. Petry já pegou a onda dos democratas e resolver demonizar a gravidez de filha de Palin, como se vê os democratas podem ser bem moralistas quando vêem algum interesse.

A menina tem 17 anos e é solteira. Sarah agiu com a filha da mesma maneira que prega, diante da gravidez indesejada escolheu a opção que defende, a vida da criança. Mais uma vez a família de Palin dá o exemplo dos valores que defende, mostrando que seu discurso não é da boca para fora. Talvez os democratas achem um absurdo que não tivessem optado pelo aborto puro e simples, vai saber.

O fato é que com Petry à frente esqueça a cobertura da Veja, o que nos salva mesmo são alguns blogs e páginas americanas, um país onde não se censura a internet como está fazendo o TSE.