Alckmin vai terminar errado o que começou errado

Geraldo Alckmin nunca deveria ter entrado nesta campanha em primeiro lugar. Seu partido estava na administração da cidade e com alto índice de aprovação era um direito natural do atual prefeito em tentar a re-eleição.

Baseado na premissa do eu quero o ex-governador rompeu uma aliança histórica e vitoriosa em São Paulo e fez-se candidato. Estava com o caminho livre para tentar o governo do estado em 2010 ou mesmo a presidência, desde que por outro partido. Forçou a barra e confiou demais em seu recall. Sem apoio viu sua liderança inicial se evaporar ao ressuscitar Marta Suplicy e ver Kassab transferir para sua candidatura a aprovação de seu governo.

Sem saída resolve partir para o tudo ou nada contra o ex-aliado. Tudo foge à lógica. Kassab comanda uma prefeitura recheada de nomes do PSDB e tem o apoio explícito de José Serra, um alto tucano. Marta é uma adversária natural do seu partido mas o tucano não quer nem saber, quer o sangue do democrata.

Já tive muito apreço por Alckmin mas ele conseguiu jogar tudo isso no lixo. No fundo não passa de um político medíocre que foi incapaz de enfrentar Lula com todas as armas que tinha ao seu dispor. É em parte responsável pela permanência do apedeuta por mais quatro anos no poder, agora com cheque em branco para fazer o que quiser com o país.

Que esta eleição seja a pá de cal que o tucano merece.

Chico Alencar nas favelas do Rio

O único candidato a prefeito a fazer campanha nos locais ocupados ontem pelo Exército foi o deputado federal Chico Alencar (PSOL). Ele garantiu que a visita não foi motivada pela presença militar:

– Eu nem sabia que eles iam ocupar aquela região. Não somos pára-quedistas, como eles, de cair numa comunidade. Nós temos um grupo de apoio na comunidade, e a nossa visita já estava planejada.

O candidato criticou ainda a presença das tropas. Para ele, soldados também precisam ajudar a justiça eleitoral no combate à propaganda irregular.

– Segurança não pode ter prazo de validade.

Comento:

  1. Eu também acho que lugar de Soldado não é em favela fazendo segurança de candidato. Se o local não é seguro é preciso torná-lo seguro, independente da realização de eleições. O que fica evidente é que o poder público já aceitou que o território não é mais seu, que é preciso usar as Forças Armadas para poder transitar por lá.
  2. Claro que existe outra via e Chico Alencar deixou bem claro. Ele tem um grupo de apoio na Comunidade que traduzindo quer dizer que negociou com o tráfico para poder subir no morro, tal como mostrado no filme “Tropa de Elite”. Se for eleito, o que mais vai negociar?
  3. Era só o que faltava. Chico quer o Exército combatendo propaganda irregular. Que a polícia tem sérias limitações para enfrentar os traficantes não é novidade, mas que seja incapaz de retirar cartazes irregulares eu juro que não sabia.

Continua o cerco

Lauro Jardim:

Na quinta-feira, um juiz de São Paulo determinou que o Google retirasse um vídeo do Youtube em que havia ataques a Gilberto Kassab. Pelo visto a Justiça vai ter muito trabalho. Basta entrar no Youtube e digitar o nome dos principais candidatos para se ter idéia do tamanho da encrenca.

Comento:

Por isso que liberdade democrática não é ainda um forte do Brasil. Mais uma vez um juiz de primeira instância resolve censurar o youtube. O que incomoda a estes bravos e outros democratas é que a internet é uma anarquia completa, fora do controle de indivíduos isolados. Censuram um endereço e o mesmo vídeo aparece em outro, desafiando aqueles que querem impedir uma represa de cair tapando os furos com dedos.

É impressionante o que um juiz brasileiro é capaz de fazer para ganhar uma linha na imprensa. Indecoroso.

Lá vem o bedel…

Estadão:

A três semanas da eleição e com a ida para o segundo turno ameaçada pelo crescimento de Gilberto Kassab (DEM) nas últimas pesquisas, o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, Geraldo Alckmin, subiu o tom da campanha. A propaganda tucana na TV pôs no ar uma inserção que menciona “pontos fracos” dos adversários Kassab e Marta Suplicy (PT).

Com uniforme de piloto de avião, um ator pergunta ao telespectador se ele prefere ver a cidade nas mãos de alguém que grita com o passageiro (mostra uma foto de Kassab), de alguém que manda relaxar em um momento difícil (exibe imagem de Marta) ou de um “comandante sério”, referindo-se a Alckmin.

O Blog do Noblat informa que o PT vai entrar com representação contra o teor da propaganda. Não tenho bola de cristal mas acredito que a Justiça Eleitoral vai intervir. Tudo porque criou-se o mito que uma campanha eleitoral tem que ser apenas propositiva e o resultado é esta pasmaceira que está aí com debates insossos na televisão.

Candidato precisa ser contraditado. Marta disse ou não disse o famoso “relaxa e goza”? Disse. Se negar é só mostrar o vídeo. Cabe a ela explicar o que queria dizer com isso, se é possível outra interpretação. O mesmo vale para o meu candidato em São Paulo. Kassab deve explicar por que gritou com um passageiro.

O que não pode é a justiça eleitoral apagar o passado de um candidato e querer estabelecer o que pode ir ou não para a campanha. Na prática acaba limitando as informações disponíveis aos eleitores a agindo como um órgão de censura. Há muito a Justiça Eleitoral tem prejudicado o processo democrático no Brasil. Esta amordaçando os candidatos.

Os males da liberdade corrige-se com mais liberdade. Deixem o processo correr e cabe ao eleitor decidir o que é baixaria de campanha e o que não é. Se ele não tem este discernimento era melhor não estar sendo obrigado a votar.

Novas pesquisas do IBOPE

Duas boas notícias do IBOPE.

Não só Kassab chegou aos 21% (alta de 9 pontos) como Marta caiu 4 pontos e ficou nos 35%. Esta perto do número mágico de 33% que os petistas sempre conseguem e já começa a surgir a preocupação em sua campanha. Espalham na mídia engajada que preferem Kassab no segundo turno mas é mentira. Sabem que se o prefeito chegar ao segundo turno será em ascensão e será muito difícil batê-lo.

No Rio Crivela continua sua queda vertiginosa junto com a comunista Jandira Feghali. Qualquer um dos dois seria um desastre para o Rio. Começa a ficar tudo claro para Eduardo Paes e Solange não consegue sair dos 5%. Paes é seguramente uma opção bem melhor do que os dois que lideravam as pesquisas.

Surreal

Comecei agora a ver o debate para prefeitura de São Paulo. Têm coisas absolutamente surreais.

Os candidatos do PMN e do PTC discutindo como fazer campanha com R$ 6.000,00 é de lascar. Agora estão discutindo a sopa de letrinhas justamente com os candidatos nanicos. O repórter da band conseguiu colocar os candidatos contra ele mesmo. Agora um deles está falando que uma letrinha pode fazer a diferença no mundo. Realmente é muito relevante discutir reforma política com estas duas figuras.

Já tivemos o candidato do PSOL chamando a privatização da Telebrás de criminosa. Não sei não, mas aposto que o candidato hoje tem um celular no bolso, vai ver até  os filhos. Tivéssemos sobre o julgo da Embratel estaríamos até hoje tentando conseguir linha fixa em todas as casas ou pagando R$ 2000,00 por linha.

Agora uma comissão de juristas irão analisar se Kassab tem direito a resposta para uma acusação de inverdade de Marta Suplicy.

Lembrando daquele primeiro debate de 1989 não deixo de pensar que perdemos o rumo. Ao invés de avançarmos, retrocedemos. Tudo porque a justiça eleitoral está empenhada em igualar os desiguais e tratar um candidato sem do PMN ou do PTC com um do DEM ou mesmo do PT.

A celebração da democracia está cada vez mais chata e o eleitor cada vez mais desinteressado. E todos votam como cordeiros, um direito que se transforma em dever.

Não chegamos aqui à toa.

Rumores das pesquisas

Pelo que estou percebendo na blogosfera parece que Kassab continua com sua tendência de alta e encostou de vez em Alckmin. Há apenas uma certeza nestas eleições, haverá segundo turno. Trata-se daquela divisão famosa da política paulista e brasileira por extensão: 33% sempre vota no PT independente do que aconteça. 33% sempre vota contra. A eleição é decidida pelo 33% restante, logo haverá um confronto de segundo turno entre Marta e um dos adversários.

Aos poucos vai se estabelecendo o quadro que deveria ter sido este certame não fosse a obcessão de Alckmin em concorrer rachando uma aliança vitoriosa PSDB-DEM. O tucano teve sua oportunidade nas últimas eleições e com sua campanha de bom mocismo acabou fracassando quando tudo lhe era favorável; se assistiu o discurso de Palin ontém pode ter tido uma boa idéia do que deveria ter feito nas últimas eleições.

Democracia brasileira

Não tenho nenhuma simpatia pelo senhor Paulo Maluf, muito pelo contrário. No entanto tenho grande apreço pela democracia plena, sonho em vê-la implantada no Brasil pela primeira vez.

Acabei de ler que um juiz eleitoral proibiu sua campanha de usar o termo “relaxa e goza” para se referir a Marta Suplicy, mais uma vez surge um bedel de eleições.

Quando era ministra do turismo, Marta Suplicy foi questionada sobre o caos dos aeroportos brasileiros cuja principal evidência até então era os atrasos intermináveis nos terminais. Do alto de sua arrogância bradou em público seu conselho para os brasileiros que padeciam nestas filas: relaxa e goza. Não demorou muito para o caos provocado pela incompetência de seu governo ser demonstrado em sua forma mais sinistra no trágico acidente do ano passado.

Agora um juiz eleitoral quer que o eleitor esqueça o fato como se não tivesse relação nenhuma com capacidade desta senhora em exercer um cargo público. Está errado, qualquer candidato deve ser confrontado com suas decisões e palavras, principalmente quando no exercício da função pública. Cabe a Marta justificar a bobagem que disse, não ao togado de plantão.

Este é só mais um exemplo de como é difícil pensar no Brasil como uma democracia plena. A justiça eleitoral trata o eleitor como um completo idiota que tem que ser protegido a todo momento dos políticos malvados. Entretanto acha o máximo que este mesmo idiota seja obrigado a votar, fazendo inclusive propaganda da alta taxa de comparecimento no processo eleitoral_ como se o eleitor tivesse uma opção.

Em uma democracia o político constrói sua vida política e responde por ela, para o bem ou para o mal. Não cabe a um juiz ou mesmo a um tribunal decidir qual passado deve ser conhecido e levado a julgamento pelo eleitor, por mais analfabeto funcional que seja.

Ou o eleitor é incapaz e portanto não deve ser obrigado a votar ou é capaz e deve ser deixado livre para recolher toda informação que ele considerar válida. Enquanto isso não acontecer, o processo eleitoral será sempre um sistema viciado conduzido pela classe política para se perpetuar no poder, com as bençãos da justiça eleitoral.

Lições das eleições nos States

McCain subiu 9 pontos e empatou com Obama. Certamente seu vídeo, curtíssimo por sinal, colando no democrata a imagem de celebridade sem conteúdo contribuiu muito. Este vídeo não aconteceria no Brasil.

Primeiro porque vigora a idéia de que um candidato não deve confrontar o adversário, é golpe baixo. Foi o que fez Geraldo Alckmin no primeiro debate com Lula. Foi um Deus nos acuda, acusaram o ex-governador de tudo. O próprio Lula, depois de ser esmagado no debate, saiu dizendo que não esperava aquele comportamento do adversário. Registre-se que em nenhum momento Alckmin faltou ao respeito com o presidente nem acusou-o de nada, apenas confrontou o discurso do candidato do PT com a realidade.

Alguns iluminados da sua própria campanha chegaram a brilhante conclusão que tinham ido longe demais e fizeram a pior coisa que poderia ter feito: tiraram o pé. A imagem que ficou foi de um candidato que tentou de tudo para ser eleito e que o comportamento era realmente reprovável. Foi o início do desastre.

O segundo motivo para um vídeo daqueles não aparecer no Brasil é ainda mais grave. A justiça eleitoral resolveu ser uma espécie de bedel da democracia. Quer regular tudo e todos. Não é a toa que as campanhas estão cheias de advogados prontos para atacar e defender a propaganda política. E dizem que era a ditadura militar que inibia o debate democrático; acreditem, eles não chegaram nem perto do que nossos togados estão fazendo nas campanhas. O patrulhamento eleitoral é uma realidade.

Vendo o processo americano pode-se entender por que um país é uma democracia plena e outro um antro de aproveitadores.

Por fim, antes de falar em golpe baixo de McCain é bom notar que a imagem de celebridade vazia só pegou em Obama porque ele realmente parece… uma celebridade vazia! Foi exatamente isso que o americano começou a perceber, o republicano apenas mostrou o óbvio.

Falta só a mídia liberal conseguir enxergar além do horizonte do discurso óbvio de “nós podemos”. Obama mostrou que pode sim, só não sabe bem o que.

Oliança Kassab-PMDB: vitória do PT?

Tem horas que fica difícil entender, ou não. O PT fez de tudo para conseguir a aliança, e os minutos de tv, do PMDB em São Paulo. Coerente com o diretório nacional do bando, quer dizer, partido que estabeleceu que deveriam buscar alianças com os partidos da base aliada. Não conseguiu, a aliança ficou com Kassab e o DEM na maior cidade do país. E ainda tem gente dizendo que o maior vencedor foi… o PT! Tudo por causa da presença de Quércia na aliança… isso vindo de um partido vestal que tem aliança para valer com algumas das figuras mais nefastas da política nacional.

É a novalíngua. Quando o PT ganha, ele ganha. Quando perde, ele ganha também.

E a lógica de Aristóteles vai para as cucuias…