Escolhendo os fatos

É sempre engraçado observar a tortura mental que um petralha faz para conseguiu justificar uma tese. Vejam o Josias, para demonstrar que o governo consegue eleger um poste ele cita o exemplo de Recife, onde João da Costa venceu no primeiro turno. Chega até o requinte de fazer ironias ao fato de ter sido impugnado pelo uso extensivo da máquina pública; para ele trata-se apenas de um exagero na eletrificação do poste. Mais baboseiras pode ser lido aqui.

Josias, é claro, está errado. O grande teste que o PT definiu no início do processo eleitoral seria em Curitiba. Era o cenário ideal, havia um tucano na liderança e uma petista mulher, esposa de um dos homens fortes do Partido. Levou uma surra do início ao fim.

Em Belo Horizonte tentaram outra experiência, a criação do candidato tucanalha. A idéia era monopolizar o horário político e elegê-lo ainda no primeiro turno. Não conseguiram. Entra praticamente empatado no segunto turno, com o adversário em franca expansão.

Em Natal, Lula entrou pessoalmente na luta. Afundou a petista e agora tem que aturar Agripino Maia tirando onda.

Sim, é possível eleger um poste. Maluf já tinha provado com Pitta, Maia com Conde. O problema é que também é possível não elegê-lo, situação bem mais provável. Essa é a mensagem que as urnas trazem.

Fico imaginando os alto coturnos olhando para Dilma com uma interrogação na cabeça e pensando: acho que vamos ter que partir para o plano A, o terceiro mandato…

Pesquisas eleitorais estavam erradas

Pois é, as pesquisas erraram feio. O que chama atenção é que o erro era normalmente favorável aos cadidatos governistas.

Em São Paulo apontou um 34 x 28 para Marta. Deve acabar com os dois praticamente empatados.

Em Belo Horizonte ainda se discutia se Lacerda venceria no primeiro turno. Seu adversário parecia sempre distante, a boca de urna apontava 42 x 31 para o híbrido tucanalha. Ficou em 43 x 41.

No Rio ainda se falava em empate entre Gabeira e Crivela. O bispo ficou 6 pontos atrás de Gabeira.

Em Porto Alegre se falava em outro empate, entre a petista e a muza. A petista enfrentou seu partido para sair candidata, venceu com folga a que já era apontada como revelação das eleições.

Ibope e Data Folha erraram muito. Novamente afirmo, chama atenção que os candidatos de Lula saíram das urnas pior do que os institutos apontavam.

0%

O valente Ivan Valente está quase chegando no 1%! Força! Fico lembrando do debate na Record e todas as vezes que falou “se eu for eleito…”

O mesmo vale para Reichman, Ciro e outras nulidades.

Chega de espaço para eles, já foi mais do que os votos que conseguiram…

Começa a apuração!

Agora é a pesquisa que vale, a enxurrada de votos eletrônicos começam a chegar. Lembro de uma época onde passávamos a madrugada acompanhando os boletins do TSE, alguns resultados só se confirmavam nas primeiras horas da manhã seguinte. Era mais arcaico, mas era mais emocionante.

Hora de ver quais foram as escolhas do eleitor. A alegria dos vencidos, o choro dos derrotados. Enfim, é a democracia com todas as suas mazelas.

Só que a humanidade não encontrou até hoje um modelo melhor.

É hoje!

Enfim chegou o dia das eleições municipais. Depois de semanas de pesquisas e porcentagens chegamos na pesquisa que importa, aquela feita pelo elitor. É um pena que ainda estejamos obrigando o brasileiro a comparecer e votar; ainda temos muito que avançar em termos de democracia. Amanhã vai ter ministro do TSE dando entrevista e exaltando o comparecimento recorde às urnas.

Foram várias semanas de demonização do voto. Independente da obrigatoriedade é hora do eleitor manifestar sua preferência. O voto iguala ricos e pobres, cada homem um voto; a democracia pede passagem.

Não acredito em soluções mágicas para nossas mazelas políticas, acho que o caminho é lento e passa pela capacidade do eleitor em fazer suas escolhas. O quadro atual não é animador, eu sei, mas é o quadro que temos, é o retrato da sociedade brasileira.

Ah, este blogueiro não vota. Mora em uma cidade que não tem eleições municipais. Um bom voto a todos e como diz Aloizio Amorim: fogo nos botocudos!

Avante Kassab!

Segundo o Ibope, Marta aparece com 35% das intenções de voto contra 34% do Datafolha. Kassab no Ibope tem 27%, enquanto o Datafolha aponta que o prefeito tem 28%.

O Datafolha também fez simulação para o segundo turno. O prefeito e candidato à reeleição venceria com 50% enquanto a petista teria 41%. O Ibope não divulgou a simulação do segundo turno.

Comento:

Não é minha eleição principal, mas festejo o resultado parcial de Kassab! Avante! Minha alegria poderá ficar completa com a vitória do prefeito no segundo turno.

E de McCain em novembro.

Avante!

Noblat revela seus apoios

O jornalista e blogueiro Ricardo Noblat revelou os candidatos que apoia nas eleições deste ano. Faz muito bem pois rompe com uma pretensa isenção que muitos jornalistas afirmam ter. Não concordo com nenhuma das escolhas do blogueiro, mas é sempre bom saber para quem efetivamente vai sua simpatia. Seria extremamente salutar que outros blogueiros fizessem o mesmo.

E este blog? Nem precisaria, minha posição sempre ficou bem clara. Em primeiro lugar em hipótese alguma, em lugar nenhum, seja quem for, jamais este digitador apoiou ou votou em petista. Desconfia que nunca o fará. Considera o PT um partido delinqüente que deveria ter perdido seu registro em 2005 junto com o furacão do mensalão.

E a esquerda? Em algumas ocasiões pode até apoiar para evitar um mal maior, como Alckmin em 2006. Alckmin de esquerda? O PSDB é um partido de esquerda, assim como o PDT, PPS, PSOL e outros. O PT também? Não, o PT não é de esquerda; está numa classificação a parte, é um partido de fundo totalitário que visa destruir a democracia para eternizar-se no poder.

Isto posto, tenho dois candidatos em especial, um aqui perto, outro bem longe.

Em São Paulo é Kassab desde o princípio. Considera que foi um bom prefeito e é candidato pelo partido que foi mais coerente na oposição ao lulismo, mesmo com muitas falhas. Não existe partido conservador do Brasil, o que é uma lástima. O mais perto que temos de ser considerado de direita é o DEM, embora não seja.

O longe é McCain, claro. Estamos com o Irã prestes a ter armas nucleares e distribuí-las para terroristas islâmicos. Obama é uma aposta muito arriscada em um momento como esse. Além disso é uma fraude. O fato de uma país como os Estados Unidos escolher um candidato sem nenhum currículo apenas por sua retórica e pensar seriamente em elegê-lo é um dos sinais inequívocos que estamos em uma idade das trevas. Não dá nem para dizer que é o fundo do poço pois prevejo que ainda desceremos mais ainda.

No Rio vai de Gabeira, mas sem entusiasmo. Reconheço que teve uma das posturas mais dignas no Congresso e só pelo dedo na cara de Severino já merecia a menção. É um ex-militante e seqüestrador, eu sei. No entanto teve a coragem de dizer claramente que tinha apostado em uma luta errada e não fica por aí clamando pela revisão da lei de anistia.

No resto do país torce para a derrota dos vermelhos, de cima a baixo. Vou perder mais que ganhei, mas perco com meus ideais.

Adeus Alckmin

Só um milagre consegue reverter a situação do ex-governador que agora vê o atual prefeito descolar abrindo 8% de vantagem. Tudo se deve à comédia de erros que foi a candidatura de Alckmin que não só dividiu seu próprio partido como dinamitou seu relacionamento com o DEM, erro até maior do que o primeiro. Pelo que li pela rede o destino do tucano deve ser o PSB, um dos partidos da base de Lula. Faz sentido, já até aderiu a conjunções adversativas do lulismo: “Lula tudo bem, mas o PT…”. E já levei fé neste homem!

Teria ele outra alternativa para ganhas estas eleições? Talvez. Poderia ter eleito como prioridade número um derrotar Marta, colocar-se como principal opositor da ex-prefeita e ganhar de Kassab justamente por identificar-se mais como anti-Marta do que o prefeito; convencer o eleitor que era o mais adequado para vencê-la. Fez o contrário, ao atacar Kassab passou a imagem de proximidade com a candidata do PT. Deveria ter seguido o conselho de um de seus apoiadores que disse que “era melhor perder o juízo que perder a honra”. Pois perdeu os dois.

Quando a legislação eleitoral atrapalha a democracia

Nota Oficial da Globo:

A TV Globo não promoverá, este ano, o debate de primeiro turno entre os candidatos a prefeito em São Paulo. A emissoras de rádio e TV, a lei eleitoral em vigor impõe restrições que limitam a liberdade de imprensa: obriga, por exemplo, que chamem para os debates, indistintamente, todos os candidatos de partidos com representação na Câmara dos Deputados, mesmo aqueles que chegam ao fim da campanha com índices inexpressivos nas pesquisas eleitorais.

Para realizar o debate com um número menor, a lei exige que emissoras entrem num acordo com os candidatos – oito, no caso de São Paulo. Este acordo tem sido tentado desde maio. Para que aqueles com menos densidade eleitoral abrissem mão do debate, a TV Globo ofereceu cobertura muito maior do que aquela a que fariam jus inicialmente se apenas critérios jornalísticos fossem levados em conta. Esta cobertura já foi ao ar. A TV Globo agiu assim constrangida pelas restrições à liberdade de imprensa presentes na lei eleitoral. A imprensa deve cobrir o que é notícia, de forma livre e espontânea: aqueles que, ao longo do processo, ganham densidade eleitoral são naturalmente mais bem cobertos, crescem nas pesquisas e asseguram um lugar nos debates. É assim a dinâmica no mundo democrático. É como deveria ser aqui também.

Dos oito candidatos, cinco assinaram o acordo, que previa a participação no debate dos cinco candidatos mais bem posicionados nas pesquisas. Somos gratos a esses candidatos.

Ciro Moura, do PTC, Ivan Valente, do PSOL e Renato Reichmann, do PMN, não assinaram o acordo, apesar de terem se beneficiado do critério de cobertura proposto a todos os candidatos. A experiência comprova que debates com mais de cinco não são proveitosos: o tempo destinado à discussão de cada assunto se torna exíguo demais, e o debate acaba simplesmente não acontecendo. Como três partidos não assinaram o acordo, a TV Globo está impedida de realizar o debate com um número razoável de participantes. Os três candidatos não ultrapassaram um por cento das intenções de votos nas últimas pesquisas do Datafolha e do Ibope.

Por razões semelhantes, a Rede Globo não realizará debates em Curitiba, Rio de Janeiro, Fortaleza. São Luiz ainda é dúvida. A TV Globo lamenta que estas restrições na lei eleitoral a impeçam de promover um evento que tem se mostrado valioso em eleições passadas – e espera que a sociedade e seus representantes, em Brasília, reflitam sobre a questão.

Se houver segundo turno, o debate está assegurado. Os principais concorrentes já assinaram documento em que se comprometem com o evento, que será realizado, como já é hábito, no último dia da campanha. Este ano, será na noite de 24 de outubro, logo depois da novela “A Favorita”.