Editorial de hoje na Folha:
A América Latina, que estava fora da agenda da eleição presidencial americana, entrou no debate. O motivo foi o acordo de livre comércio entre EUA e Colômbia, que o presidente Bush enviou para o Congresso.
Os dois pré-candidatos do Partido Democrata, de oposição, rivalizam para ver quem condena com mais vigor todos os acordos de livre comércio do país. No eleitorado há uma impressão generalizada, embora incorreta, de que esses tratados são responsáveis pelo desemprego no país.
Atualmente a Colômbia está cercada na América Latina. É o principal baluarte contra o Foro de São Paulo e a esquerdização do continente. É o mago Gandalf batendo seu cajado e afirmando: Não passarás!
Esta posição só consegue se manter por causa do apoio norte-americano e é natural que este apoio evolua para o livre comércio. Os candidatos democratas sempre se posicionam contra as áreas de livre comércio, são protecionistas. Pelo menos no discurso, já que uma vez eleito esquecem de muitas destas propostas e agem com um pouco mais de responsabilidade na economia, ainda bem.
A Colômbia precisa de estreitar seus laços com o parceiro estratégico já que o seu continente, incluindo o Brasil, lhe vira as costas constantemente em sua guerra contra as FARCs. É uma guerra que causa imensos prejuízos econômicos ao país, como retratado no livro Uma Democracia Sitiada, de Eduardo Leongómez.
É um país democrático que enfrenta um exército com roupagem revolucionária que pratica terrorismo e é interligado ao narcotráfico. Não sei o que é pior nesta combinação macabra, mas sei que ficar do lado desta trindade contra um governo democrático é uma clara indicação de moral, ou falta, dos governos sul-americanos.
Os democratas dizem que não querem nada com isso, e assim se posicionam no congresso. Isolar a Colômbia hoje será condená-la e colaborar com o sonho da América vermelha do Foro. É bom pensar nisso.