Calote à caminho

Depois do Equador, é a vez de Paraguai, Bolívia e Venezuela anunciarem que irão rever as respectivas dívidas externas. Isto inclui empréstimos feitos pelo BNDES. Mais uma vez se evidencia um dos grandes problemas de bancos públicos, a sua utilização por partidos políticos.

O BNDES transformou-se em uma instituição a serviço do PT, dentro dos objetivos propostos pelo Fórum de São Paulo. Na prática, procura colaborar com os governos companheiros, os governos de esquerda. Não vejo nenhuma surpreza no futuro calote, embora muito ainda se dependa da capacidade do brasileiro de se indignar em ver um banco público brasileiro financiando projetos políticos dos amigos do presidente da república.

Particularmente não acredito muito nesta indignação. Estamos satisfeitos com o pão e circo.

O começo da derrocada

Hugo Chávez fez de tudo para esmagar a oposição no domingo, apelou até para os tanques. Conseguiu manter os departamentos menos populosos, mas amargou a vitória dos partidos de oposição nos mairoes departamentos, incluindo Caracas. Na prática, 44% dos venezuelanos serão governados por opositores.

Não é pouco em um regime de quase ditadura.

Ele pode radicalizar o quanto quiser a partir de agora, mas seus dias já estão contados.

Lula cobra de Corrêa? Sei não…

Uma das coisas marcantes do governo Lula é sua incrível capacidade de ceder para os amigos do Foro de São Paulo. Claro que para quem acompanha as atividades desta entidade subestimada pela mídia brasileira não se surpreende. Usando o teorema de Romário: são todos parceiros.

O que se esconde então na suposta alopração de Lula? Será que o brasileiro não se sente mais tão seguro quanto antes? O que não faz uma crise econômica, não é? Basta ver o desespeiro do outro colega, o de Caracas, com o barril de petróleo chegando a menos de 40 doláres…

Parece que a marolinha vai mesmo estourar por aqui…

Será?

Democrata até demais…

Globo:

CARACAS. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ameaçou ontem fechar canais de TV que anunciarem qualquer resultado das eleições regionais de domingo antes da autorização do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). A afirmação foi feita no mesmo dia em que o órgão regulador de radiodifusão do país, o Conalde, fez mais ameaças à rede de TV opositora Globovisión, acusando-a de fazer propaganda política ilegal. As ameaças aos veículos de comunicação fizeram a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e partidos de oposição alertarem para o risco de censura durante a cobertura das eleições.

Um verdadeiro democrata

“O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou neste sábado que pode acabar lançando mão de tanques se a oposição vencer nas eleições regionais de 23 de novembro no estado de Carabobo (norte), nas quais, segundo ele, está em jogo seu próprio futuro.

“Se permitirem que a oligarquia volte ao governo (de Carabobo), vou acabar mandando os tanques da brigada blindada para defender o governo revolucionário e para defender o povo “, afirmou Chávez ao lado do candidato oficial do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) em um comício nesse estado.carrotanque

Comento:

É bom lembrar sempre. Chávez tem o endosso incondicional do presidente do Brasil. Este chegou a afirmar que na Venezuela tem democracia até demais. Imagino o que ele entende com democracia até de menos…

O bandoleiro de Caracas está mesmo é desesperado. Com a queda do preço do petróleo seu poder de bostejo caiu sensivelmente e logo logo não conseguirá mais conter a insatisfação de seu povo.

Tudo tão tedioso

Agência EFE:

O governo do presidente boliviano, Evo Morales, afirmou ontem que não cumprirá a decisão de juízes da Corte departamental de Chuquisaca, que aceitaram anteontem o pedido de habeas corpus do ex-governador oposicionista de Pando, Leopoldo Fernández, preso desde o dia 18 de setembro.A corte do departamento pediu que o ex-governador fique à disposição do procurador-geral, já que teria foro privilegiado. O governo discorda. Disse ontem que Fernández seguirá em La Paz e anunciou que tomará medidas legais contra os juízes, em mais um confronto Morales-Judiciário.

Comento:

Qual a novidade? Qual regime autoritário não começa pelo fim da harmonia entre os três poderes? Com a submissão de um ou dois poderes por outro, o executivo?

Outra coisa que não é novidade é o fim dos ditadores. Tirando Fidel, que foi beneficiado por um acordo irresponsável e desnecessário de Kennedy, o resto acabou sendo varrido. Por vezes com um banho de sangue.

Mais populismo…

Globo:

BUENOS AIRES. A decisão do governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de enviar à Assembléia Nacional (o Congresso do país) um projeto de reforma legislativa que prevê a redução da jornada de trabalho de oito para seis horas diárias foi interpretada por analistas e opositores como mais uma manobra chavista para tentar garantir um bom resultado nas próximas eleições regionais. O país vai às urnas no próximo dia 23 de novembro.

Comento:

Chávez já deve estar ficando desesperado. Com a recessão mundial, a queda do preço dos barris de petróleo e a economia venezuelana indo à bancarrota pelo dirigismo estatal seu regime não vai durar muito. Tenta as armas que tem, uma delas é o velho populismo latino-americano. 6 horas diárias? Em um país arruinado economicamente? Precisando produzir?

Rumo ao fracasso… como era de se esperar.

Foro? Que é isso? Delírio da direita!

Globo:

BUENOS AIRES. Depois do fracasso do projeto de reforma constitucional do presidente da Venezuela, Hugo Chávez (após ter sido derrotado nas urnas ele aprovou pacote de medidas por decreto), e em meio à delicada crise política em que está mergulhada a Bolívia, entre outros motivos pelas divergências em torno à nova Constituição que Evo Morales pretende implementar, o governo do presidente equatoriano, Rafael Correa, tentará vencer hoje o referendo sobre a nova Carta do país.

Segundo pesquisas, o mais provável é que Correa conquiste uma importante vitória eleitoral, apesar da intensa campanha da oposição, que nas últimas semanas acusou o governo de ter modificado o texto constitucional aprovado na Assembléia Constituinte, pela maioria governista. Líderes opositores como León Roldós, político da velha guarda, denunciaram publicamente o governo Correa e acusaram o presidente de buscar fortalecer seu projeto político, concentrando todo o poder em suas mãos.

Um fato e uma mentira

Globo:

O presidente do Equador, Rafael Correa, ordenou nesta terça-feira que o Estado assuma os projetos milionários concessionados à construtora brasileira Odebrecht no país, em meio a uma disputa envolvendo uma hidrelétrica que pode azedar as relações entre os dois países.

Rápido no gatilho:

Pois é, Lula gosta de falar grosso com Bush. Só aceitamos levar bordoada de país de terceira linha… isso sim é evolução! Azedar o que? Está tudo combinado desde a criação do Foro de São Paulo. Ah, mas este tal foro não tem força nenhuma… é só para trocar alguma idéias socialistas entre alguns chefes de estado…

Retrato da democracia venezuelana

Por Samy Adghirni, na Folha:
O chileno José Miguel Vivanco, 47, chefe da divisão das Américas da Human Rights Watch (HRW), estava um tanto desnorteado ao chegar na manhã de ontem no aeroporto de Guarulhos. Seu celular não funcionava -os agentes venezuelanos que o expulsaram do país confiscaram a bateria- e ele não tinha idéia de onde ir ao sair da sala de desembarque. Depois de comprar um telefone no aeroporto, ele e seu colega americano Daniel Wilkinson, 38, contataram o escritório da HRW em Washington, que organizou seu regresso aos EUA, num vôo que sairia ontem à noite. Enquanto esperavam a volta, eles passaram a tarde em um hotel do centro de Guarulhos. Vivanco relatou à Folha os detalhes de sua conturbada saída de Caracas.
FOLHA – Como foi a sua expulsão?
JOSÉ MIGUEL VIVANCO – Na quinta, fomos jantar num restaurante italiano, Daniel Wilkinson e eu. Eram cerca de 22h15 quando voltamos ao hotel. Subimos até o 14º andar, e, quando saímos do elevador, nos deparamos com uns 20 agentes diante das portas dos nossos quartos.
Uns estavam fardados com roupa militar, outros estavam à paisana, com armas à cintura. O chefe nos leu uma declaração informando que estávamos intimados a deixar o país imediatamente, sob acusação de termos insultado o governo. Argumentei que aquilo não era verdade, em vão. Tentei mandar um torpedo ao embaixador do Chile, mas um dos capangas me arrancou brutalmente o Blackberry das mãos.
O aparelho me foi devolvido sem bateria, e o do Daniel foi destruído pelos agentes. Pedi então para fazer as malas, e me disseram que os agentes já haviam entrado no quarto e empacotado nossas coisas. Nos colocaram em jipes, e fomos levados a toda velocidade até o aeroporto num comboio de motos e carros com sirene.
FOLHA – Vocês sabiam aonde iam?
VIVANCO – Perguntamos várias vezes, mas não responderam. O comboio entrou diretamente na pista, sem passar pela alfândega ou balcão de embarque, e só entendemos qual seria nosso destino depois de sermos desembarcados na frente de um avião da Varig.

Só lembrando: Lula disse uma vez que na Venezuela de Chávez existia democracia até demais…