Hoje é um dia muito especial para mim. No dia 25 de Janeiro, pesei 109,1 kg e comecei um processo de mudança de hábitos para ter mais saúde. Não se tratava propriamente da uma dieta, mas um novo estilo de viver. Eu entendia que se eu tivesse bons hábitos, necessariamente eu emagreceria pois não há como ter saúde na obesidade.
Hoje, 7 meses depois, pesei 89,1 kg. São 20 quilos.
Força de vontade, resiliência e persistência. Meus companheiros desta jornada.
Dentre os temas que me interessam, e são vários, a vocação é um deles. Por muito tempo achei que a gente escolhia uma profissão, ou ocupação, por dinheiro ou por gosto. Foi graças ao Olavão __ sim, ele! __ que o tema da vocação surgiu para mim.
A vocação não pode ser confundida com gosto. Não se tata daquilo que lhe dá prazer, ou mesmo daquilo que você faz muito bem, mas uma espécie de chamado, um sentimento de dever, que você pode aceitar ou reprimir. Inclusive pode ser bem penoso e exigir muitos sacrifícios, mas mesmo assim virá a satisfação de estar cumprindo algo que só você pode fazer, algo que lhe é próprio.
Pensei nisso depois da conversa com um amigo, que identificou uma vocação que não tem relação nenhuma com sua profissão, que por sinal é apaixonado. Foi em sua vida pessoal, no meio da dificuldade, que descobriu uma vocação, a de ensinar as pessoas a lidar com o próprio dinheiro.
É uma enorme alegria ensinar alguém a realizar seus sonhos.
S. B.
Na verdade, corrijo. Não é ensinar as pessoas a lidar com dinheiro, isso veio depois. O dinheiro é um dos instrumentos para realizar sonhos e acabou se dedicando, de forma altruista, a ajudar 16 pessoas, uma vez por semana, a entender como o dinheiro funciona, organizar sua vida financeira e investir de acordo com seu perfil e objetivos. São 16 horas semanais para realizar uma vocação.
Se tem uma coisa que nunca parei em minha vida foi de buscar conhecimento. Tenho uma motivação enorme para aprender coisas novas, seja de onde vierem. Hoje, com a disponibilidade que a internet traz, não tem desculpas para não aprender, e com professores excelentes, melhores que a maioria que tivemos na vida.
Vivemos a era do conhecimento e quem não tiver esta atitude ficará para trás. Será substituídop por quem tenha, um robô ou, pior, um algoritmo. Não se prendam tanto a cursos formais e sim quem te entrega valor, seja numa universidade ou num canal despretencioso no youtube. Precisa ter disposição e buscar as fontes. Nisso, um bom curador pode te ajudar. O importante é não ficar parado.
Foi-se o tempo que se poderia parar de estudar porque já estava satisfeito com o cargo ou posição alcançados. Conhecer, e aplicar o que conhece, são as grandes ferramentas do século XXI.
Não vou comentar a entrevista em si, mas resolvi só escrever algumas linhas sobre o formato da pseudo-entrevista feita pela dupla Bonner-Renata.
Para começar, de entrevista não tinha nada. Pouco espaço se dava para o entrevistado falar. O que se queria era descarregar narrativas e tentar colocar palavras em sua boca, como por diversas vezes o Bonner tentou fazer. Ninguém ali estava minimamente interessado por idéias ou programas e sim promover o confronto.
É uma amostra do péssimo nível que o jornalismo chegou. Nitidamente a dupla queria uma vingança da entrevista de 2018. Pelo que vi, parece que desagradaram gregos e troianos. Ficou nítido o tom de deboche e ironia, especialmente do Bonner, o que pegou muito mal nos dois eleitorados.
Resumindo, um desastre para a globo. Deviam assistir a entrevista do jornalista da al jazeera com a Dilma. O cara deixou-a falar a vontade e foi duro nos contrapontos, mas sem desrespeito, ironias ou caras e bocas. Tudo que os dois jornalistas não fizeram.
Sábado foi vez de rever outro filme da minha juventude, Tootsie. Como Lost in Translation, pouco lembrava do filme, o que fez a experiência ser quase como vê-lo pela primeira vez.
Um ponto para reflexão: temos que ter cuidado quando vivemos um papel. Acabamos por nos transformar naquilo que fingimos ser, o que pode nos levar a uma grande confusão mental. É o que o personagem do Dustin Hoffman descobre no filme. Viver uma vida dupla é uma experiência perigosa. Precisamos de nossa integridade.
Com algumas décadas de atraso, comecei a ler este clássico, que meio mundo ou já leu ou fala dele. Por que demorei? Não sei. Só sei que foi assim.
No meio do primeiro capítulo tive que interromper a leitura e exclamar:
__ Eu sou o pai pobre!
Se o livro está certo ou errado eu ainda não sei, mas a descrição que o autor faz do Pai Pobre é quase 100% eu. Só não sou professor universitário, mas no resto…
Ontem estava elaborando uma lista de 10 filmes essenciais de comédia e não pude deixar de lembrar da seção da tarde. Os mais novos não sabem disso, mas existiu um período pré-histórico onde não havia streaming e não tínhamos acesso aos filmes que desejávamos. Nossas únicas fontes eram o cinema e a televisão.
Naquele tempo, como diziam os antigos, era comum vermos filmes durante a tarde, período em que não costumávamos ter aula, e nem todas estas atividades que colocamos para nossas crianças todos os dias para “ocupar” o tempo delas. Volta e meia, num dia de languidez, nos deparávamos com a seção da tarde, na Globo, antes de ser tornar essa porcaria que temos hoje. Como o propósito era passar filmes mais leves, próprios do horário, era comum o uso de comédias, quase todas americanas.
Engraçado como a memória funciona. Lembro de um seminário que participei em que uma neuro-cientista falou da propriedade da memória, que os sentimentos tem um forte papel em gravar uma imagem em nosso cérebro. Outro dia, num curso de escutatória, o mestre falou sobre fatores que ajudam a guardar algo na memória, especialmente associar o que queremos lembrar ao sentimento, imagens e repetição. Tudo muito moderno, não é?
Pois hoje lendo a Suma Teológia, do Santo Tomás de Aquino, deparei-me com uma passagem justamente sobre a memória. Ele considerava a memória como parte da prudência, uma das quatro virtudes cardeais. Na questão 49 (volume 3) ele aponta quatro formas de reforçar a memória:
associar a lembrança com algo semelhante, como imagens, que já tenhamos presentes em nossa memória
guardar ordenadamente o novo conhecimento, integrando-o a outros conhecimentos existentes
associar afeto ao que desejamos lembrar
meditar constantemente sobre o que queremos guardar
Ou seja, em pleno século XIII, São Tomás já trazia o que seria confirmado pela neuro-ciência no século XX-XXI.
Concluo com uma das passagens que marquei:
a memória do passado é necessária para aconselhar com acerto sobre o futuro
Ainda sobre o curso de escutatória, Thomas Brieu fala muito sobre a necessidade de atenção no ato de escutar. Isso acontece porque escutar é mais exigente que imaginamos. Temos que escutar o que o outro está falando, captar sua postura, pensar no que ele quer dizer, captar as palavras, pensar sobre elas, compreender o que está sendo dito, colocar na memória. É muita coisa e por isso temos que ter bastante atenção.
Pensando a partir deste ponto, fico refletindo que é justamente a atenção um dos principais problemas do momento. Este mundo crescentemente digital, com excesso de informações, parece só contribuir para nossa perda da capacidade de atenção. Queremos fazer tudo ao mesmo tempo e sem pensar no que estamos fazendo. Ou seja, não temos a devida atenção com nada.
Pelo que Brieu nos fala, sem atenção, não escutamos direito. E se não escutamos, a porta está aberta para o conflito. Não é surpresa, portanto, o ambiente belicoso que estamos vivendo, dentro de nossas próprias famílias.
O ponto positivo é que depende de nós diminuir esta fervura. Basta escutar com atenção. A pergunta que fica é: estamos dispostos?
Nas últimas semanas assisti um curso sobre escutatória. Foi uma experiência bem interessante e uma oportunidade de refletir sobre um tema que talvez mereça muito mais destaque do que imaginava. Até que ponto estamos realmente escutando o outro? E não escutando, que consequências temos no diálogo e até na possibilidade de se buscar entendimentos necessários? O curso teve como foco o ambiente de trabalho, mas creio que traz importantes reflexões para nosso dia a dia.
Quando olhamos para o ambiente tóxico de muitas redes sociais, especialmente as que se prestam mais a discussões públicas, não posso deixar de me perguntar até que ponto não é nossa incapacidade de escutar de verdade que geram muitos desentendidos e conflitos, muitas vezes no seio de nossa própria família. Ouvimos, mas não escutamos. Lembra algo que um antigo mestre falou diversas vezes: ouçam os que tem ouvidos para ouvido. Ter ouvido não significa realmente que estamos escutando.
Recentemente participei de uma reunião que o personagem central demonstrou não estar ouvindo, o que gerou muito desentendimento. Faltou-lhe abilidade para escutar mais e falar menos, o que teria resolvido a crise que se instalou de maneira muito mais proveitosa e simples, evitando todo um desgaste desnecessário. Será que a sabedoria não está em escutar mais e falar menos? Afinal, como ponderar e nos aconselhar se não temos material para trabalhar? Se não escutamos de verdade o argumento do outro?
A sabedoria popular já nos alerta que temos uma só boca e dois ouvidos…