Na mesma tecla

uol:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na tarde desta quarta-feira (3) com reitores de universidades federais do País para anunciar o aumento de vagas de graduação em 2009. Serão mais 44 mil vagas criadas por meio do Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais).

Comento:

Fui convencido e hoje sou favorável à universalização do ensino superior, desde que a sociedade compreenda que haverá padeiros, taxistas, trocadores de ônibus e outros com diploma de terceiro grau. Impossível é universalizar o ensino superior e querer que todo mundo seja advogado, dentista, engenheiro. Não há demanda para tanto.

Novamente estamos batendo na mesma tecla errada. O nosso problema não é falta de vagas nas Universidades pois boa parte da gente que está lá não possui condições para receber um diploma de terceiro grau. Não faz uma semana saiu uma reportagem sobre as aulas de regra de três em faculdade de engenharia, de acentuação em curso de direito e jornalismo. O problema do Brasil é de natureza bem diversa: nossos formandos de segundo grau são de baixíssimo nível. Todos os testes internacionais comprovam isso e o próprio governo reconhece.

A verdadeira questão está na causa e não na conseqüência; o caminho é e sempre foi o ensino fundamental e médio. Fica difícil mudar este quadro sabendo que nossos professores estão mais interessados em molestar intelectualmente os alunos com a propaganda socialista do que ensinar matemática e português.

Somos a 10\ordf economia do planeta e 22\ordm no registro de patentes. A educação é um dos nosso maiores problemas e continuar atacando pelo prisma errado só vai aumentar cada vez mais o hiato tecnológico que nos separa dos países mais desenvolvidos.

O caso da menina Marcela

Só hoje fui ler o relato do Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz sobre a vida e morte da menina Marcela. Qualquer coisa que eu comentar será insignificante perante este belíssimo texto que faço questão de reproduzir na íntegra na torcida que atinja corações, da mesma forma que atingiu o meu.

Marcela: uma estrela no céu
por Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz em 26 de agosto de 2008

Resumo: A passagem de Marcela entre nós — rindo, chorando, reagindo às luzes dos fotógrafos, percebendo claramente a aproximação da mãe — obriga os neurologistas a rever o dogma de que é impossível haver consciência sem a presença do córtex cerebral.

© 2008 MidiaSemMascara.org

No dia 1º de agosto de 2008, sexta-feira, às 22 horas, na Santa Casa de Misericórdia de Franca (SP) morreu Marcela de Jesus Ferreira, quebrando todos os recordes de sobrevivência de uma criança anencéfala. Os anencéfalos costumam ter uma breve vida extra-uterina. Segundo o Comitê Nacional de Bioética do governo italiano, “foi relatado um caso único de sobrevivência até 14 meses (8) e dois casos de sobrevivência de 7 a 10 meses, sem recorrer à respiração mecânica”[1]. Marcela, porém, nascida em Patrocínio Paulista (SP) em 20 de novembro de 2006, faleceu após 1 ano, 8 meses e 12 dias de nascida. Gordinha, com 15 kg e 72 cm, e muito risonha (famosa pelas gargalhadas que dava quando sua mãe lhe fazia cócegas), Marcela respirava normalmente, quase não dependendo do concentrador de oxigênio. No dia 18 de abril de 2007, com quase cinco meses de nascida, a menina recebeu alta da Santa Casa de Misericórdia de Patrocínio Paulista. Segundo a médica Dra. Regina Helena de Freitas Lopes, Marcela “modificou todo o hospital” onde ficou internada. “Houve maior entrosamento, maior união… Valia a pena a gente estar lutando por ela”.

Após a alta hospitalar, Marcela foi com sua mãe Cacilda Galante Ferreira morar em uma casa na cidade. A necessidade de estar perto de um lugar com assistência médica impediu-as de irem para o sítio da família, onde vive o pai de Marcela, agricultor, Sr. Dionísio Justino Ferreira, com as duas filhas do casal: Débora (19 anos) e Dirlene (16 anos). Em 20 de novembro de 2007, Marcela comemorou seu primeiro aniversário. Em 26 de março de 2008, o Diácono Fábio Costa, que a havia batizado na Santa Casa, logo após o nascimento, completou os ritos do Batismo. Foram padrinhos o prefeito e a primeira dama de Patrocínio Paulista.

A saúde de Marcela parecia muito boa até as 7 horas do dia 1º de agosto de 2008, quando ela vomitou após tomar o leite dado por sua mãe pela sonda nosogástrica. Ao perceber que sua filha ficou arroxeada e com dificuldade de respirar, Sra. Cacilda levou-a imediatamente à Santa Casa de Misericórdia de Patrocínio Paulista, onde foi feita uma radiografia que constatou pneumonia aspirativa total do lado direito. Dra. Regina Helena crê que a pneumonia tenha sido causada por aquele vômito ou por um vômito do dia anterior. Às 12h30min, Marcela sofreu uma parada cardiorrespiratória, mas recuperou-se através de massagens e de um micro-ressuscitador. A médica pediu então uma vaga na Santa Casa de Misericórdia de Franca, ao mesmo tempo em que perguntou para a mãe: “Cacilda, você está preparada?”. A resposta foi firme: “Eu sempre estive preparada. Ela é minha enquanto Deus quiser. Ela foi um anjo que Deus me deu”. Às 14h15min foi comunicada a existência de uma vaga em Franca. Marcela e Sra. Cacilda foram à Santa Casa daquela cidade, acompanhados da médica pediatra Dra. Márcia Beani. Internada na UTI daquele hospital, Marcela iria falecer às 22 horas. No dia seguinte, após um grande velório (“todo o mundo queria pegar na mãozinha dela”, diz sua mãe), o corpo de Marcela foi sepultado às 17 horas no Cemitério Municipal de Patrocínio Paulista.

Interrogada sobre a morte de sua filha, Sra. Cacilda afirma: “Triste eu fiquei. Mas chorar, eu não chorei. Eu não estou perdendo ela. Deus está vindo buscar uma coisa que é dele, a jóia rara que eu cuidei. Estou sentindo a falta dela, mas a consciência está tranqüila. Fiz a escolha certa: a vida dela”.

Segundo a mãe, “Marcela uniu mais a família… A gente fez tantos amigos… Agora ela está lá na presença de Deus, cuidando de mim, me dando forças para suportar a falta dela”. A frase que sintetiza o pensamento de Sra. Cacilda é esta: “Só tenho que agradecer”.

Peculiaridades do caso Marcela

O Brasil conhece outro caso de anencefalia em que a criança recebeu alta hospitalar: Maria Teresa, nascida em 17/12/2000, em Fortaleza (CE), recebeu alta depois de 19 dias e só veio a falecer em 29/03/2001, portanto com mais de três meses de nascida.[2]

Outro caso particularmente chocante foi o de Manuela Teixeira, de Sobradinho (DF), que teve seu aborto recomendado aos sete meses por uma promotoria de justiça do Distrito Federal. O diagnóstico era de acrania (ausência de calota craniana). Se a criança houvesse morrido ao ser expulsa, o aborto teria sido consumado. No entanto, a criança não morreu ao sair da mãe, embora essa fosse a vontade dos médicos. Manu (ou Manuela) nasceu com 1780 g e não tinha ausência total do crânio, como os médicos previam. Parte do crânio não existia e o cérebro estava exposto.[3] Manuela só viria a morrer com três anos de nascida, no dia 14 de setembro de 2003. Seus pais sepultaram-na no cemitério de Brazlândia (DF).[4]

Alguém poderia dizer que Manuela só viveu tanto tempo por causa da parte do cérebro que lhe restava. O mesmo não se pode dizer de Marcela, no qual ambos os hemisférios cerebrais estavam ausentes. Em novembro de 2007, o jornal O Estado de São Paulo anunciou que Marcela não era anencéfala, com base na palavra de um médico da Unicamp[5]. Porém, alguns dias depois, em uma consulta feita pela Folha de São Paulo a nove especialistas, oito afirmaram que Marcela era mesmo anencéfala.[6] Percebe-se na discussão o desespero dos abortistas em justificar um prognóstico que falhou: o de que a menina morreria logo após o nascimento.

Não apenas Marcela viveu ainda 20 meses depois de nascida, como nem sequer houve relação direta entre a anencefalia e a sua morte! Ouçamos a palavra da pediatra Márcia Beani: “Achávamos que ela teria algum tipo de problema no futuro, pois com o desenvolvimento do corpo, ela poderia sofrer de falência múltipla dos órgãos, em razão da ausência cerebral. No entanto, a morte pela aspiração do leite poderia ocorrer com uma criança sadia, por exemplo, e nada tem a ver com o problema que a Marcela apresentava”[7]. Em outras palavras: se não fosse o acidente ocorrido, Marcela poderia, em tese, estar ainda hoje viva e sorrindo!

Vidas salvas por Marcela

É impossível dizer quantos abortos deixaram de ser praticados por causa de Marcela. A título de ilustração, cite-se o parecer do Procurador de Justiça do Rio Grande do Sul Dr. Sérgio Guimarães Brito, de 1º de novembro de 2007, contra o aborto de uma criança anencéfala[8] e a sentença do juiz de direito da comarca de Natal (RN) Dr. Odinei W. Draeger, publicada em 30 de junho de 2008, indeferindo o pedido de abortamento de um bebê anencéfalo[9]. Em ambas as peças os juristas citam o caso de Marcela para ilustrar sua posição pró-vida.

Quanto ainda não se sabe sobre o cérebro

A passagem de Marcela entre nós — rindo, chorando, reagindo às luzes dos fotógrafos, percebendo claramente a aproximação da mãe — obriga os neurologistas a rever o dogma de que é impossível haver consciência sem a presença do córtex cerebral.

Aliás, já em 1980, o redator da revista Science Roger Lewin publicava um artigo questionando: “seu cérebro é realmente necessário?” (Is your brain really necessary?). Na ocasião, ele citava um interessante texto do neurologista britânico John Lorber:

“Um dos alunos que estuda nesta universidade [Sheffield University] tem um QI de 126, ganhou prêmios como melhor aluno de matemática e tem uma vida social normal. Mas não tem cérebro, literalmente falando… Quando foi submetido a um exame, verificamos que em vez de um cérebro normal de espessura de 4,5 centímetros entre os ventrículos e a superfície cortical, havia apenas uma fina camada de tecido de pouco mais de um milímetro de espessura. Seu crânio é preenchido apenas com fluido cerebrospinal.” [10]

A ADPF 54

Durante o tempo em que Marcela esteve conosco, a Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 54 (ADPF 54), que pretende que o Supremo Tribunal Federal declare “atípico” o aborto de anencéfalos, ficou paralisada. Poucos dias após a morte de Marcela, em 7 de agosto de 2008, o relator Ministro Marco Aurélio expediu ofícios a diversas entidades convidando-as a participar de uma audiência pública sobre o tema. O evento, marcado para os dias 26, 27 e 28 de agosto, parece ter sido montado para favorecer a causa abortista. Das onze entidades convidadas, apenas duas são pró-vida: a CNBB e a Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família. Estas deverão falar no mesmo dia que o da organização pró-aborto “Católicas pelo Direito de Decidir” e da Igreja Universal do Reino de Deus, também esta favorável ao aborto. Além disso, o relator teve o cuidado de chamar para falar o deputado pró-aborto José Aristodemo Pinotti (DEM/SP). E quanto à Marcela? “O ministro não pretende convidar parentes de bebês com anencefalia, como a mãe da menina Marcela de Jesus Ferreira, que, apesar de ter sido diagnosticada com anencefalia, viveu 1 ano e 8 meses. ‘Vamos atuar mais no campo técnico’, afirmou”[11]. De fato, a simples lembrança dessa menina traria para um ministro um obstáculo à aprovação da ADPF 54…

Rio de Janeiro, 19 de agosto de 2008.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis

[1] COMITATO NAZIONALE PER LA BIOETICA. Il neonato anencefalico e la donazione di organi. 21 giugno 1996, p. 11. Disponível em: http://www.providaanapolis.org.br/cnbital.pdf . Versão portuguesa disponível em: http://www.providaanapolis.org.br/cnbport.htm . Acesso em: 13 ago. 2008.

[2] Maria Teresa foi a quarta filha de Ana Cecília Araújo Nunes, Mestra em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará e professora da Universidade Estadual do Ceará. Cf. Ana Cecília Araújo NUNES, A história de Maria Teresa, anencéfala, ago. 2004. Disponível em: http://www.providaanapolis.org.br/mteresa.htm

[3] Cf. Lilian TAHAN, Ela desafiou a ciência, Correio Braziliense, 14 fev. 2003, p. 29.

[4] Cf. MORRE criança com acrania. Correio Braziliense, 15 set. 2003, p. 3.

[5] IWASSO, Simone; LEITE, Fabiane. Médica conclui que bebê nascido há um ano no interior não é anencéfalo. O Estado de S. Paulo. 15 nov. 2007. Disponível em: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20071115/not_imp80836,0.php

[6] COISSI, Juliana. Para médicos, Marcela,1, é mesmo anencéfala. Folha de S. Paulo. Cotidiano. 22 nov. 2007. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2211200718.htm

[7] SARAIVA, Fabio. Bebê sem cérebro morre ao se engasgar com leite com 1 ano e 8 meses. O Globo on line. 3 ago. 2008. Disponível em: http://oglobo.globo.com/sp/mat/2008/08/03/bebe_sem_cerebro_morre_ao_se_engasgar_com_leite_com_1_ano_8_meses-547547799.asp. Grifo nosso.

[8] Cf. http://www.providaanapolis.org.br/paremprs.htm

[9] Cf. http://www.tjrn.jus.br:8080/sitetj . Consultar processo 001.08.018675-1.

[10] LEWIN, Roger. Is your brain really necessary? Science, 12 Dec. 1980: 1232-1234

[11] GALLUCCI, Mariângela. STF debate sobre fetos anencéfalos. Recife, Jornal do Commercio, 10 ago. 2008. Disponível em: http://jc.uol.com.br/jornal/2008/08/10/not_294060.php

Folha e a licitação do metrô

Quando li rapidamente ontem que a Folha havia antecipado o resultado da licitação do metrô através de mensagem cifrada pensei que seria um destes casos que não haveria dúvida de fraude.

Lendo com mais calma o noticiário de hoje vejo que não é bem assim. Haviam apenas 3 concorrentes e um orçamento básico dado pela administração. A Folha pode ter apostado em um dos cavalos; se vencesse tudo bem; se perdesse ninguém saberia da aposta. Pode até ter apostado em três com três mensagens cifradas diferentes. É bom ressaltar que ela errou no valor que venceria a licitação.

Para piorar a situação, foi dito que o metrô se recusou a se pronunciar. Mentira. Deu uma entrevista de mais de uma hora a um repórter enviado pelo editor da Folha Online.

Mais uma vez se comprova como é dura a missão de diminuir o tamanho do estado no Brasil. Parte da imprensa gosta mesmo é de poder público e torce para o fracasso de qualquer licitação de concessão. Muito mais digno seria se a Folha houvesse apresentado uma reportagem sobre as informação que tinha (será?) sobre fraude no processo de licitação.

Será querer muito que um empresa jornalística faça o que se espera dela?

Do blog do Aluizio Amorim

Um dos blogs que acompanham quase diariamente é a do jornalista Aluizio Amorim, embora descorde frontalmente de seu ateísmo militante. Cheguei a trocar comentários com ele na questão das células tronco.

Hoje ele produziu um post que tocou em um ponto importante da destruição moral da sociedade brasileira, a responsabilidade dos jornalistas. Não sou daqueles que ficam colocando a culpa de todos os males na mídia, em especial na Rede Globo. Reconheço o poder de convencimento da mídia mas não acredito que seja absoluto, não é a imprensa que define nossos destinos como nação.

Diz Amorim:

A culpa do estrago que está sendo feito no Brasil é dos jornalistas. E eu posso falar porque sou jornalista e os conheço muito bem. A maioria é imbecil, além de escrever mal. Não estudam e nunca estudaram e são burros. E a burrice é algo intrínseco, inextirpável, porque é genética.

Não é segredo para ninguém que saiba somar dois com dois que as redações dos jornais estão tomados por jornalistas quase todos de esquerda. Tudo isso é fruto do estupro intelectual das universidades brasileiras, particularmente nas ciências sociais. Na matemática é mais difícil pois existe um vínculo necessário com a realidade, embora também tenham avançado nas exatas.

O fenômeno não é exclusividade nossa, a mídia americana, por exemplo, também foi tomada de assalto pela esquerda. O nível da violência intelectual, entretanto, foi muito maior abaixo do Equador do que em cima.

Faz três dias que observei com atenção as charges dos principais jornais brasileiros e não encontrei uma só que fosse pelo menos neutro no conflito de índios ongueiros contra produtores ruais. Nada. Em todas os proprietários de 0,7% das terras da Raposa(?!)-Serra do Sol são descritos como invasores e espertalhões. Esse número não é por acaso, mostra bem como essa gente não se dá bem com números reais.

Abaixo mostra uma de Junião do Diário do Povo (SP). Parece que os arrozeiros que estão querendo invadir as terras indígenas, o que é uma mentira deslavada. O governo é que deseja expulsar brasileiros que moram há décadas em terras que ocupam menos de 1% de uma reserva demarcada muito depois da chegada deles na região. O jornalismo possui uma grande responsabilidade na desconstrução da sociedade brasileira, principalmente se levarmos em conta o nível de analfabetismo funcional da maior parte da população brasileira.

Esta é apenas uma amostra da panfletagem que se transformou o jornalismo brasileiro, o padrão é quase o mesmo.

Estamos sendo violados intelectualmente nas escolas, universidades, na mídia. O emburrecimento do brasileiro é parte fundamental para a destruição de nosso tecido social e perpetuação dos espertalhões no poder. Os mesmos jornalistas que fazem este trabalho sujo, por interesse ou ignorância, serão vítimas deste monstro que ajudaram a formar.

Deus nos ajude, porque não vejo outro em condições de nos salvar.

Começou mal

O julgamento sobre a Raposa-Serra do Sol começou mal para os produtores agrícolas e também para o Brasil. O Ministro Ayres Brito apresentou um relatório altamente favorável à minoria indígena (vamos usar o termo correto) que deseja a expulsão dos rizicultores da região e a demarcação como reserva contínua de grande parte do Estado de Roraima.

Pior do que o voto em si foi as justificativas de Brito. Baixou o Rousseau no homem! Parece ter sido redigido por um dos antropólogos miolo mole da FUNAI, um dos membros do tridente do diabo como bem definiu o prefeito de Pacaraima. Eu tenho minhas idéias de quem seria o diabo, aquele mesmo citado no Apocalipse de João, mas isso fica para outro dia. A besta já está entre nós e não é uma pessoa. Demais sobre isso, voltamos aos indígenas.

Eu até iria usar indígenas entre aspas mas os esquerdistas e moderninhos banalizaram tanto o recurso que é melhor deixá-las de lado. Aqueles índios não são nômades como imagina nosso Rousseau togado, ou mesmo preservadores de sua cultura. Já assimilaram grande parte da cultura ocidental, existem índios católicos, evangélicos, universitários, agricultores, comerciantes, etc. A rigor são tão indígenas como eu sou italiano, ou tão negro quanto Pelé é africano. São parte da cultura brasileira.

Esse é um dos grandes problemas do pensamento de esquerda que tomou o planeta, pelo menos culturalmente. O germe da separação de classes foi metamorfoseado ao longo da história até chegar no tal respeito às diferenças. O esquerdista define tudo em rótulos específicos, a pessoa é negra, é índia, é homossexual, é budista, é reacionária; tudo, menos pessoa. Perdeu-se a noção de universal, da visão mais ampla. Aqueles descendentes indígenas de Roraima são brasileiros e os governos de esquerda de FHC e Lula conseguiram dar a eles uma parte do territória incompatível com esta condição. Simplesmente 13% do território brasileiro foi reservado para menos de 1% da população.

O voto do relator é importante, mas nada está decidido. Pode ser que os demais ministros revertam esta tendência e preservem o território brasileiro que se for perdido terá escrito na história o nome dos traidores, de FHC até os ministros do STF.

O advogado geral da União disse ontem que não há perigo de separatismo pois a união interviria se a reserva declarasse sua independência. Deveria estar prestando atenção ao que está acontecendo em Ossétia do Sul onde a proteção de um único país impediu que a Geórgia conservasse seu território. Deveria ler a Declaração dos Direitos (por que sempre direitos?) dos Povos Indígenas que garante a eles o direito (eis o porquê) de autodeterminação.

Aliás nem precisaria uma declaração informal de independência. As ONGs já transitam livremente por nossos reservas no interior do território e o Brasil já está impedido de explorar as imensas riquezas minerais que lá existem; o fato de estar na fronteira com a Venezuela apenas facilitaria o serviço.

Enfim, o jogo segue. Com o Brasil na defensiva.

Incitação ao crime

Vejam a declaração que está hoje nos jornais:

O STF pode tomar qualquer decisão que seja, mas aquela terra ali nós vamos continuar ocupando. Os povos indígenas não vão sair de lá, sendo a demarcação em área continua ou em ilhas. A gente não vai aceitar limite de arrozeiro ou de alguém que queira limitar nossa terra – disse o coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Souza.

Para este cidadão a decisão do STF só terá mérito se for a favor de seu pleito e já dá o recado: não vai cumprir. É preciso desmistificar este CIR, uma ONG financiada pela fundação Ford que representa uma minoria de índios na região. Fosse um dos arrozeiros a dar uma declaração dessas já haveriam homens de colete para recolhê-lo.

Alguns brasileiros realmente são mais iguais do que outros.

No Globo de hoje: verdadeiros heróis nacionais

Não, não é sobre os heróis das Olimpíadas, não. Chega (para a mídia, cada atleta ganhador de medalha de ouro foi herói ou heroína). Refiro-me a personagens históricos que morreram ou arriscaram a vida por uma causa nobre. “O Brasil só se lembra de um único herói, Tiradentes”, declarou recentemente o presidente Lula, ao assinar o projeto de lei que reconhece a responsabilidade do Estado na destruição da sede da União Nacional dos Estudantes, a UNE. Talvez porque a época seja mais dos vilões que dão certo, ele conclamou os jovens a “cultuar nossos heróis”, isto é, “aquelas pessoas que tombaram lutando pelo que acreditavam”.

Nesse sentido, o seu governo podia dar o exemplo, fazendo alguma coisa para salvar das traças e cupins a sede da Associação Nacional dos Veteranos da FEB (Força Expedicionária Brasileira), a entidade que congrega os brasileiros que combateram heroicamente na Itália durante a II Guerra Mundial para impedir que as forças nazi-fascistas triunfassem: os nossos pracinhas, cujo hino a gente cantava na escola: “Por mais terras que eu percorra, não permita Deus que eu morra, sem que volte para lá.” Em 1945, eles eram 24 mil. Hoje, são 7 mil velhinhos com mais de 80 anos em todo o país; no Rio, eles são de 500 a 700.

Há alguns meses, durante uma solenidade, o major Thiago da Fonseca, 87 anos, que atravessou “muito campo minado” nas frentes de batalha, arranjou um jeito de expor rapidamente para o presidente a dramática situação da entidade da qual é um dos vice-presidentes. Com uma doação de R$300 mil em duas parcelas, ele salvaria a associação, que não tem mais como se manter funcionando. Perdeu muitos associados, que já não podem contribuir com a mensalidade de R$20, e teve que dispensar e indenizar oito funcionários. Para continuar preservando o acervo da FEB – fotos, livros e documentos – ela precisa de ajuda em forma de doações. Lula sensibilizou-se com a história, chamou um assessor e ordenou que providências urgentes fossem tomadas. O ex-pracinha conta: “Pouco depois, o auxiliar ligou para saber do que precisávamos. Fiquei todo animado: agora vai!” Que nada, doce engano.

De “pires na mão”, como diz, o major então saiu por aí atrás de recursos. Percorreu várias empresas públicas, das mais conhecidas e poderosas, mas, além de promessas, nada de concreto obteve. Por incrível que pareça, quem mais se indignou foi um empresário russo. Ao tomar conhecimento do caso pela imprensa, procurou a direção da entidade, e é possível que dele saia uma solução.

Não sei o que constrange mais – deixar a Anvfeb entregue às traças ou permitir que um revendedor estrangeiro de bebidas alcoólicas seja a salvação da memória de nossos pracinhas. Será que é isso o que o presidente quis dizer ao conclamar os jovens a “cultuar nossos heróis”?