Hage andava meio sumido…

A Controladoria Geral da União (CGU) é aquele órgão que o governo uso para fingir que está combatendo a corrupção na máquina governamental. Hage é seu Ministro, sempre aparece para defender uma besteira qualquer em nome do governo. Andava sumido, apareceu hoje para mais um pensamento delinqüente:

O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, afirmou em entrevista exclusiva ao Contas Abertas que o único modo para se combater o crime de colarinho branco no Brasil é por meio de escutas telefônicas. Segundo ele, a polícia precisar usar o grampo para combater e prender o criminoso que comete esse tipo de delito. “Essas investigações precisam de métodos diferentes dos usados nos procedimentos comuns. Eu não participo dessa paranóia contra as escutas telefônicas”, afirma.

Hage conta uma sonora mentira, o grampo não é a única forma de combater o crime do colarinho branco. O Ministro deveria assistir “Os Intocáveis”, aquele filmaço que mostra como a equipe de Eliot Ness colocou em cana Al Capone. Ness simplesmente seguiu a trilha do dinheiro e pegou o gângster pela receita federal, por sonegação de impostos.

A escuta telefônica isolada não é uma prova muito sólida em um processo, serve mais para fazer estardalhaço. Quando bem utilizada, serve para descobrir o caminho do dinheiro sujo e correr atrás dele. Não adianta muito aquelas conversas cifradas falando em andorinhas voando ou chegada das picanhas; mais significativo é descobrir que andorinha é esta e onde estão as picanhas. Daí saem as provas materiais e concretas.

Não existe paranóia contra as escutas telefônicas. Existe sim a violação dos direitos individuais previstos em leis. Existem regras a serem seguidas para o estabelecimento de uma escuta e preocupa o fato de policiais, agentes de inteligência, procuradores e juízes estarem ignorando as regras legais. Que um ministro que supostamente deveria estar defendendo a lei esteja justificando um crime é outro fator preocupante.

Hage é mais um petralha que está fazendo sua parte na destruição das instituições brasileiras, requisito necessário para a implantação do socialismo no Brasil. A cada dia avançam mais um pouquinho diante da pasmaceira generalizada dos brasileiros. A imprensa poderia alertar e chamar atenção para estes fatos mas em grande parte está envolvida com o projeto socialista em diferentes graus de comprometimento. Muitos nem sabem a que interesses estão servindo, estão pautados pelo PT e seu presidente da república, interessados em receber migalhas de atenção de sua majestade.

Jorge Hage apenas reflete o relativismo moral que tomou conta da sociedade brasileira.

Mais uma falácia sobre aborto

Os defensores do aborto gostam de dizer que não são a favor do aborto, apenas defendem a liberdade da mulher em optar pela continuação da gravidez. Argumentam que não há como impedir que o aborto seja feito e por isso é melhor liberar para que seja feito em melhores condições.

Um repórter do Los Angeles Times mostra que não é bem assim:

Dr. Andre Lalonde, executive vice president of the Society of Obstetricians and Gynecologists in Ottawa, worries that Palin’s now renowned decision may cause abortions in Canada to decline as other women there and elsewhere opt to follow suit.

O que faz um médico se preocupar que o número de abortos diminuam em um determinado país? Por que a preocupação que mulheres sigam o exemplo de Sarah Palin? Mostra que o argumento de que no fundo é contra o aborto é uma falácia apenas para angariar simpatias e que este papo de liberdade para decidir é da boca para fora. O que este médico está defendendo é que as mulheres não dêem luz a crianças imperfeitas para seus padrões.

É triste constatar que décadas depois do fim do nazismo ainda tenhamos pensamentos como esse.

Notas rápidas na imprensa

No primeiro dia da inédita Operação Guanabara, realizada por um contingente de 3.500 soldados das Forças Armadas, os militares ocuparam cinco das sete comunidades inicialmente previstas na cidade do Rio, nas quais foi recolhida cerca de 1,5 tonelada de propaganda eleitoral irregular. O comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, veio ao Rio para o início da ocupação e visitou as comunidades ao lado do presidente em exercício do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Alberto Motta Moraes. Não houve confrontos com traficantes e milicianos, mas, na chegada dos militares e fuzileiros navais, foram disparados fogos – prática comum entre olheiros do tráfico para alertar a chegada de policiais em incursões.

Mais uma vez fica evidenciado que o poder constituído não tem o controle sobre todo o território nacional. A territoriedade do tráfico de drogas no Rio está na raiz de boa parte da violência urbana na metrópole carioca, situação que aos poucos se espalha pelo interior. Entra governo e sai governo e a situação só se agrava e o que poderia ser pior já aconteceu, nos acostumamos com esta situação. Exército entrando em favela para garantir campanha eleitoral? Normal. O pior é que depois tudo volta ao normal; estranha normalidade que produz cadáveres.

– Já basta de tanta merda de vocês, seus ianques de merda – disse ele, num comício à noite em que também ameaçou cortar o fornecimento de petróleo venezuelano aos EUA se “houver agressão” a seu país.

Este é um presidente da república. Até quando os venezuelanos suportarão um comandante assim? Ameaçou corar o fornecimento para os Estados Unidos? Vão viver de que? O Sr Chávez destruiu quase toda atividade produtiva de seu país e agravou a dependência da receita do petróleo.

Ontem, quando o Brasil parou de receber metade do gás que deve vir para o país, houve um momento de aflição. São Paulo recebe da Bolívia 70% do gás que consome. De tarde, o pior do susto passou. Mas o episódio deixa lições. A primeira é que é preciso ter planos de contingência que não sejam os feitos em clima de emergência. A segunda é que o Brasil não pode ter uma atitude contemplativa.

Em 2005 tivemos a crise do gás com a Bolívia. O resultado é que o governo petista entregou ativos da Petrobrás para evitar a falta de gás. Três anos já passaram e continuamos na dependência total de um vizinho altamente instável. Planejamento estratégico é isso aí.

A revelação de que havia 52 agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)na Operação Satiagraha selou a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de retirar definitivamente o delegado Paulo Lacerda do comando da agência. Lacerda foi afastado temporariamente no dia 1º, depois da divulgação do grampo de uma conversa telefônica entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO).

Não havia outra opção, a quantidade de agentes utilizados correspondem a 10% do efetivo da ABIN. Falta apurar ainda a responsabilidade de gente acima de Lacerda.

Outro aspecto que deve ficar claro é que a corrupção não é tão-somente uma doença moral. Qual câncer, cresce e se espalha até comprometer todo o organismo. Não dá para ignorá-la ou conviver com ela sem pôr em risco o corpo inteiro onde se manifesta. Uma sociedade que pretenda manter-se hígida e saudável precisa deixar de lado o comodismo e tratar de combatê-la, com destemor, desde os primeiros indícios de sua presença.

Quando deu o segundo mandato para um governo corrupto a sociedade brasileira aceitou este estado de coisas como natural. O câncer se espalhou como nunca e somos hoje uma sociedade ainda mais doente que antes.

Embalado por fortes resultados na economia e por grande exposição nacional na atual campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quebrou o seu próprio recorde de avaliação positiva.
Lula também acaba de obter, pela primeira vez, a aprovação da maioria absoluta da população brasileira em todos os segmentos sociais, econômicos e geográficos do país.

Dizer o que? Ainda querem que a corrupção um dia diminua no Brasil? Cada país tem o governo que merece.

Oito professores foram feitos reféns por índios caingangues em Liberato Salzano (388 km de Porto Alegre), no norte do Rio Grande do Sul. Após dez horas, seis das quais passaram amarrados, os reféns foram libertados no início da noite de ontem.
A ação visava pressionar o governo estadual a reformar a escola da aldeia. “A escola está caindo aos pedaços, queremos uma providência”, disse o caingangue Vilson Moreira.

Isso tem nome e está tipificado no código penal. Índios no Rio Grande do Sul? Devem estar de brincadeira.

Dilema boliviano

Desde que assumiu o governo, Evo Morales tem constantemente agido contra as instituições bolivianas para implantar os ideais socialistas. Não se trata de uma ação gratuita, faz parte dos planos há muito estabelecidos pelo Foro de São Paulo criado por Lula e Fidel Castro com o objetivo expresso de instalar o socialismo na América Latina pela via democrática conforme previsto por Antônio Gramsci.

Nada de revoluções ou uso da força, o pensador italiano previu que o melhor caminho para o socialismo era a conquista da hegemonia cultural e a destruição da democracia usando as próprias ferramentas democráticas. Com raras exceções praticamente todo o continente está nas mãos do Foro onde a conquista do aparelho do estado depende da solidez das instituições.

Na Venezuela o Foro já está bem adiantado com as instituições destruídas e uma ditadura sob o véu democrático instalada. Logo atrás vem o Equador e a Bolívia. Como impedir este processo?

Na Venezuela a oposição escolheu não participar do processo democrático, não funcionou. Chávez aproveitou a ausência de qualquer oposição para assumir poderes totalitários. O Legislativo tornou-se um fantoche e o controle sobre o judiciário é total. Com a destruição da harmonia entre os poderes a democracia deixou de funcionar apesar das aparências.

Os defensores do chavismo aqui no Brasil gostam de lembrar que ele convocou um plebiscito como prova de que se trata de um democrata. O que eles não dizem é que após ser derrotado ele aprovou por lei praticamente tudo que foi rejeitado pela população.

A oposição boliviana partiu para outro caminho, o confronto. Quais as suas opções? Sua representação legislativa é ignorada, não existe mais um judiciário independente. Denunciar? Foi o que fez desde o primeiro dia do governo Morales. Foi o que a oposição venezuelana tentou fazer quando boicotou o processo democrático.

O problema é que a América Latina está tomada por aliados de Chávez e Morales, a começar pelo principal país da região, o Brasil. Foi a liderança brasileira que garantiu o venezuelano na presidência quando teve para ser deposto.

Estados Unidos? Europa? Estão se lixando para a bagunça que se formou na América do Sul. Somos irrelevantes demais para despertar qualquer interesse, contanto que a Venezuela continue fornecendo petróleo e o Brasil mantenha seu mercado consumidor aberto. Chávez não é burro, apesar de toda retórica continua vendendo seu óleo para o Império do Mal.

Funcionará a estratégia de confronto da oposição boliviana? Duvido muito. Qual seria a alternativa? Como escapar das garras do Gramscismo?

Como conseguir a liberdade diante de uma hegemonia cultural que dá suporte e proteção a um governo socialista?

Este não é um problema dos bolivianos, nem dos venezuelanos. É um problema de todos que desejam reconquistar a liberdade na América Latina. Uso o termo “reconquistar” em seu sentido pleno pois não acredito que sejamos realmente livres, nem mesmo aqui no Brasil.

A Bolívia é apenas o palco  mais visível da disputa entre a liberdade e a utopia socialista.

Informal?

Uma das coisas que me chamou a atenção na crise do mensalão foi quando apareceu o termo ‘tesoureiro informal’. O que diabos significava isso? A questão nunca ficou muito clara, mas fiquei com este termo na cabeça.

Durante a operação Songamonga (achei este termo melhor que a Satiagraha), o tal Protógenes afirmou que tinha recebido uma colaboração informal da ABIN. O que diabos é uma colaboração informal de uma agência de inteligência?

Começa a aparecer agora o tamanho desta colaboração informal:

O diretor do Departamento de Contra-Inteligência da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Maurício Fortunato Pinto, revelou ontem em depoimento na CPI dos Grampos que 52 agentes do órgão atuaram durante quatro meses na Operação Satiagraha, da Polícia Federal. Até então, a Abin admitia apenas “colaboração” com a PF e “participação eventual” de seus servidores.

52 agentes! caramba! E se fosse formal, quantos seriam? Duzentos?

Como é possível que um diretor de uma agência de inteligência não consiga perceber que 52 de seus homens estão dando uma ajudinha a um companheiro delegado! 52! Não foi um, não foi dois e sim 52!

Eu teria vergonha de sequer admitir isso, quanto mais usar como razão de defesa.

Simplesmente indecoroso!

Big Bang

Os cientistas adeptos do big bang gostam de afirmar que esta seria a prova definitiva de que Deus não existe. Para tanto fizeram uma acelerador de partículas (inspirados por Dan Brown?) para reproduzir o fenômeno e mal se dão conta de um paradoxo. Se conseguirem ter sucesso provarão apenas uma coisa: que o big bang pode ser criado. Se pode ser criado é por que pode existir um criador.

Toda vez que a ciência se mete a tentar provar a inexistência de Deus acaba por chegar a ele. Pobres almas; e somos nós os ignorantes!

Mais uma pesquisa do IPEA e as conclusões apressadas

Foi dado publicidade ontem a mais um estudo do IPEA, desta vez em conjunto com a ONU e a Secretaria dos Direitos da Mulher. Os dados divulgados mostram que as mulheres e os negros possuem média salarial abaixo dos homens e brancos respectivamente. Conclusão: somos uma país sexista e racista. Trata-se de uma análise de pura falsidade intelectual.

Um país sexista?

O salário médio de uma mulher no Brasil é 2/3 dos homens, isto é fato. Faço aqui uma ressalva: estou confiando na veracidade dos dados do IPEA, mesmo considerando o aparelhamento do órgão e o expurgo realizado ano passado. Retomando. O fato do salário médio das mulheres ser menor não significa necessariamente que há discriminação. Para que esta discriminação se confirmasse era necessário que fossem comparados homens e mulheres com o mesmo grau de escolaridade, de competência profissional e em empregos semelhantes. Esta evidência simplesmente não existe.

Começamos pelo fato de um grande contingente de pessoas estar empregada no serviço público que absolutamente não faz discriminação de sexo ou cor, nem mesmo de competência profissional. Resta o contingente de mercado de trabalho.

Devemos lembrar sempre que as mulheres geralmente submetem-se a uma dupla jornada de trabalho. Além do emprego formal são as maiores responsáveis pelo cuidado com os filhos e até mesmo com a casa. A sociedade reconhece este ônus a mais, tanto que o legislador, entendendo esta dinâmica, permitiu que elas aposentem 5 anos antes dos homens.

Uma conseqüência prática portanto é o fato de ser comum que as mulheres optem por uma jornada menor de trabalho, o que naturalmente reflete-se no salário. Além disso muitas, justamente as com maior escolaridade e padrão econômico, escolhem simplesmente não trabalhar.

Outro fator importante é uma discriminação contra os homens. Quantos empregados domésticos existem? Que família colocaria um homem para cuidar de seus filhos? Ou mesmo para cuidar da casa? Eu mesmo não o faria. Normalmente uma empregada doméstica recebe um salário mínimo, o que puxa a média salarial para baixo.

Existem vários fatores para que o salário médio de uma mulher seja menor que o do homem, mas nenhum deles é de cunho sexista. E não estou nem entrando em outra questão que pode influenciar neste salário que é a maternidade. Não vejo nenhuma evidência empírica que uma mulher receba um salário menor nas mesmas condições de um homem, a sociedade brasileira não é sexista como tentam nos convencer.

Somos racistas?

Aqui temos que voltar um pouco na história para entender que um negro pode ser discriminado mas não por ser preto e sim por ser pobre. Não está sozinho, o branco pobre é discriminado também.

Os negros vieram para o Brasil pela via vergonhosa da escravidão. Por mais repúdio que esta prática nos desperte é preciso entender que eles não viviam em um mar de rosas na África, muito pelo contrário. As guerras eram a situação normal e não havia escapatória para a derrota, a chacina era certa, quando não eram vítimas do canibalismo.

De certa forma os negros que vieram para o Brasil passaram a ter uma vida melhor que na África, tanto que os negros africanos raramente se rebelavam. Estou aqui justificando ou defendendo a escravidão? Nunca; o homem deve ser livre para viver sua existência. Estou apenas retratando um fato histórico.

Foram as negros brasileiros que começaram a lutar por sua liberdade até a conseguirem definitivamente em 1889. Com a abolição é preciso entender que os negros passaram a constituir a camada mais baixa da população.

Considerando que durante todo o século XX vigorou e ainda vigora no Brasil um modelo sócio-econômico concentrador de renda a surpresa não é que existam proporcionalmente mais negros pobres que brancos pobres, mas que tantos tenham saído da pobreza!

Ao contrário do que se imagina não foram as políticas sociais e as afirmativas que tiraram muitos negros da pobreza, mas o desenvolvimento econômico, principalmente no primeiro ciclo do governo militar e no plano real. Sempre que se atacou a pobreza no Brasil os negros foram beneficiados justamente por terem uma boa proporção nas classes mais pobres.

O mesmo raciocínio das mulheres vale aqui. Para que o racismo se configure é preciso que um negro na mesma condição de escolaridade, mesma jornada de trabalho, mesma capacitação profissional e em emprego de mesma natureza, receba um salário menor, o que o estudo absolutamente não mostra.

Quer dizer que não existe preconceito no Brasil? Ora, não existe país que não haja! Preconceituosos e racistas existem em todos os lugares do mundo mas este não é uma traço marcante da sociedade brasileira, o que pode ser verificado pela intensa miscigenação.

O que os negros brasileiros realmente precisam é de uma melhora no sistema educacional que o capacitem, junto com os brancos pobres, a disputar o mercado de trabalho. Educação de qualidade, desenvolvimento econômico e investimento em infra-estrutura, esse é o caminho para reduzir a pobreza, independe da cor.

Conclusão

É preciso sempre ter cuidado com estatísticas, dados brutos são muito perigosos. Sem o contexto adequado leva a conclusões absurdas como demonstrar que quando se bebe mais cerveja na praia o sol aparece com mais força ou que as crianças que recebem ajuda dos pais no estudo tiram piores notas.

Mais sobre a entrevista de Marco Aurélio de Melo

Não fui o único a questionar a entrevista de Marco Aurélio na Veja da semana passada. Segue o link para uma carta aberta de Jorge Luiz Mauad para o Ministro.

Carta Aberta

A maioria dos argumentos são os mesmos que usei aqui no blog. Mauad, entretanto, foi muito mais sagaz do que eu na resposta de Marco Aurélio sobre o aborto:

“Esse tema é cercado por incongruências. Temos 1 milhão de abortos clandestinos por ano no Brasil. Isso implica um risco enorme de vida para a mulher. Na maioria das vezes, o aborto é feito em condições inexistentes de assepsia, sem um apoio médico de primeira grandeza. Há uma hipocrisia aí. O aborto é punido por normas penais, mas é feito de forma escamoteada. Nosso sistema é laico. Não somos regidos pelo sistema canônico, mas por leis. A sociedade precisa deixar em segundo plano as paixões condenáveis.”

Mauad fez um exercício simples e trocou a palavra aborto por assalto, mostrando que o mesmo argumento poderia servir para a liberação do assalto no Brasil. Vejam como ficaria o texto:

“Esse tema é cercado por incongruências. Temos mais de 1 milhão de assaltos clandestinos por ano no Brasil. Isso implica um risco enorme de vida para o assaltante. Na maioria das vezes, o assalto é feito em condições precárias, sem um apoio de primeira grandeza. Há uma hipocrisia aí. O assalto é punido por normas penais, mas é feito de forma escamoteada. Nosso sistema é laico. Não somos regidos pelo sistema canônico, mas por leis. A sociedade precisa deixar em segundo plano as paixões condenáveis.”

Como eu, a maior surpresa de Mauad foi deste tipo de argumentação ter vindo de quem veio. Fosse um militante qualquer o destino desta entrevista seria a lata de lixo, mas se tratando de um Ministro do STF e um dos mais admirados, a perplexidade foi maior que o usual. Ainda não li as cartas dos leitores da Veja, mas imagino que haverá repercussões. Veremos.

Como previsto, Protógenes vai livrar a cara de DD e cia

Cantei a pedra há muito tempo, este tal Protógenes acabaria por livrar a cara de Daniel Dantas com tanta lambança e irregularidades que cometeu naquela porcaria que chama de inquérito. Em post de hoje, Noblat chegou a mesma conclusão:

Quer dizer que um trabalho de quatro anos de investigação da Polícia Federal pode ir pelo ralo, no todo ou em parte, porque o delegado Protógenes Queiroz se valeu da ajuda de um araponga aposentado – no caso, Francisco Ambrósio do Nascimento, antigo servidor da Aeronáutica?

Em depoimento prestado no último sábado aos delegados Rômulo Berredo e William Morad, Ambrósio confirmou ter participado da Operação Satiagraha a convite de Protógenes. A ISTOÉ contou que Ambrósio colaborou com Protógenes a partir de uma sala no prédio da Polícia Federal, em Brasília.

Com base em tal revelação, os advogados do banqueiro Daniel Dantas, dono do Grupo Opportunity, em breve entrarão com uma ação na Justiça pedindo a nulidade do inquérito comandado por Protógenes. Dantas foi o peixe mais graúdo apanhado nas malhas da Satiagraha.

De quem será a culpa se o inquérito for anulado e Dantas escapar do maior aperto que já passou na vida?

Para muita gente, apontar eventuais erros cometidos por Protógenes passou a ser prova inquestionável de cumplicidade com Dantas e os demais denunciados. Mas se por vícios clamorosos a Justiça anular o inquérito conduzido por Protógenes só haverá um culpado: o próprio Protógenes.

Elementar, meus caros.

Tomara que os delegados escalados para substituir Protógenes consigam consertar a aparente lambança promovida por ele.

Só um detalhe Noblat, a lambança não é aparente não, está bem a vista de todos.

Inovação brasileira

Ainda sobre a educação. O Globo online noticiou hoje:

Depois das cotas para negros, índios e alunos de escolas públicas, o acesso a universidades federais ganhou um novo critério: o lugar onde o candidato freqüentou ensino médio. É o que mostra reportagem de Demétrio Weber publicada no Globo nesta segunda-feira. Os novos campus da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) incluíram em sua fórmula de ingresso o “bônus regional”, pontuação extra no vestibular para quem estudou no interior ou na periferia.

Rápidas considerações:

  1. Mais uma inovação brasileira, a cota geográfica. Não me admira que o ensino esteja tão ruim, estamos caminhando para distribuição política das cotas. Se eu fosse estudante do ensino médio eu correria para me cadastrar como flamenguista ou corinthiano pois quando resolverem distribuir as vacas por times de futebol é bom ficar com os mais populares.
  2. Como sempre a UNB está a frente. Isto que é uma instituição que pensa no futuro.
  3. Mérito? Que isso?