Desmonte da PF

A mais nova teoria da conspiração que está sendo lançado no espaço nacional é que a questão dos grampos é uma tentativa de desmontar a Polícia Federal que estaria incomodando os poderosos do país. Novamente trata-se de uma ação orquestrada por Daniel Dantas, sempre ele.

Alguns chargistas chapa branca já começaram a divulgar em sua arte esta linha de defesa. Recomendo sempre a visita diária do site Charge On Line com as charges nos principais jornais brasileiros. A quantidade de charge a favor do governo é espantosa, principalmente um tal de Bira. Na oposição segue firme o Sponholtz.

Humor a favor de governo, independente de qual, sempre está na linha de bobos da corte e parece que no Brasil de hoje temos muitos assim. Fico me perguntando até que ponto existem verbas federais por trás disso, mas admito que boa parte goste mesmo do que está sendo feito por aqui.

Como exemplo, reproduzo esta charge do Nani dando asas da nova teoria em defesa do governo.

Nesta charge pode ser visto também a forma como os brasileiros enchergam os empresários. Como pode um país que vê a riqueza, o sucesso, com tamanha inveja rancorosa ir para frente? Nunca valorizamos estas coisas, se alguém conseguiu vencer no negócio que se propôs passa a ser visto com desconfiança. No fundo uma das teses socialistas que a riqueza vem sempre em função da pobreza de outro como se o mundo apenas transferisse dinheiro de uma mão para outra. Não conseguem compreender o conceito de criação de riquezas, o maior trunfo do capitalismo.

Lembro que um dos livros denunciados por Ali Kamel no inicío do ano retratava o capitalista como um espertalhão com longa cartola. Exatamente o que foi retratado por Nani nesta charge.

Agora entendo por que gostam tanto de Cuba. Mundo bom mesmo é aquele que todos somos iguais. Igualmente pobres.

Impressionante! Querem mesmo tirar o sofá!

Kennedy Alencar:

O governo federal encaminhou ontem ao Congresso um projeto de lei que prevê a possibilidade de punição criminal ao veículo de imprensa e ao jornalista que divulgar escutas telefônicas ilegais ou legais sob segredo de Justiça.
Pessoas que transmitirem dados à imprensa também poderão ser responsabilizadas -por exemplo, quem entregou ou fez chegar o grampo a um veículo de comunicação.

Comento:

E a liberdade de imprensa? E o sigilo da fonte? E a constituição???

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(…)
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;.

Não é um país sério

O Presidente do STF e um senador são grampeados. A grande suspeita paira sobre a ABIN que teria agido por solicitação da Polícia Federal. Uma solicitação que contraria a lei, diga-se de passagem. Revela-se para o Brasil a guerra interna que se transformou a PF e agora surge um laudo, da própria PF, dizendo que determinado equipamento da ABIN não tinha capacidade de fazer o grampo. Ficam as perguntas:

  1. Qual facção da PF realizou este laudo? A mesma que não conseguiu descobrir de onde saiu mais de um milhão de reais apreendidos na campanha de 2006? A mesma que agiu contra o caseiro Francenildo? A mesma que não conseguiu apurar nada sobre o mensalão mesmo com confissões por todas as partes?
  2. O fato de um determinado equipamento não poder fazer o grampo significa que a ABIN não teria esta capacidade? Não há outros equipamentos?
  3. Ainda existe alguma credibilidade na PF ou na ABIN depois desta lambança toda?

Jobim defende tirar o sofá da sala

Lembram da piada do homem que pega a mulher com outro no sofá da sala? Para resolver o problema ele retira o sofá, mais ou menos o que Jobim defendeu ontem. A PF vazou informações para a imprensa, o que é crime. No entanto o ministro defende que a imprensa seja impedida de publicar o que recebeu. Sempre que se ataca a liberdade de imprensa a democracia sai perdendo, cuidado Ministro!

Globo:

BRASÍLIA. Em depoimento à CPI do Grampo, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu mudanças na legislação para punir pessoas responsáveis por vazar informações obtidas em escutas telefônicas, inclusive jornalistas. Jobim também sugeriu que a imprensa possa ser obrigada a revelar suas fontes em alguns casos.

– Os senhores terão que prestar atenção não só no interceptador ilícito, mas também no vazador de informações. Se os senhores não fecharem as duas pontas, vai continuar a acontecer o que está acontecendo – disse Nelson Jobim.

Quem é covarde?

Demétrio Magnoli comenta no Globo de hoje o novo livro de Reinaldo Azevedo, O País dos Petralhas. Claro que já encomendei o meu, he he. Como o Globo não gosta de liberar seus links para reprodução, o que considero uma besteira sem tamanho, o artigo pode ser conferido no próprio blog do Reinaldo.

Transcrevo uma parte interessante, fala sobre o manifesto contra Nelson Ascher. O articulista tinha ousado criticar um dos pilares do pensamento politicamente correto, o orientalista Said. Em resposta, 187 intelectuais brasileiros fizeram um abaixo assinado chamando, entre outras coisas, Ascher de covarde. Leiam o que diz Magnoli:

Em 2003, o articulista Nelson Ascher publicou na Folha de S. Paulo uma pesada crítica da obra de Edward Said, intelectual palestino-americano que acabava de morrer. Dias depois, 187 intelectuais brasileiros enviaram ao jornal um manifesto de “repúdio” ao artigo, qualificando-o como “covarde”, “difamatório”, “calunioso” e “racista”. Entre os signatários, encontravam-se nomes como Antonio Candido, Marilena Chaui, Fábio Konder Comparato e Paulo Sergio Pinheiro. O gesto, não de Ascher, mas dos 187, sintetiza aquilo que Reinaldo combate: o macartismo de esquerda, tão odioso quanto o de direita, porém mais freqüente entre nós. Posso divergir de muito do que está escrito no seu livro, mas alinho-me com o bom combate.

Na ocasião, talvez porque escrevi diversas críticas às idéias de Bernard Lewis, a fonte de inspiração do artigo de Ascher, alguém solicitou que eu subscrevesse o manifesto. O artigo não não era racista, não continha ofensas pessoais; expunha idéias. Eu não concordava com aquelas idéias, apenas isso. Perguntei o motivo pelo qual tantos intelectuais com acesso às páginas da imprensa não escreviam, individualmente, réplicas ao articulista. Não tive a resposta, que conheço: a meta era isolá-lo, desacreditá-lo, calá-lo, se possível conseguir a sua demissão – não elevá-lo a interlocutor de gente tão importante. Os 187 não subscreveram papel algum quando o governo brasileiro, violando a lei, capturou e extraditou os pugilistas cubanos. Quem falou em covardia?

Guerra na PF

O PT conseguiu. A Polícia Federal está em guerra interna entre o ex-diretor Paulo Lacerda e o atual Luiz Fernando Corrêa. Indepedente de culpa, a prisão do número 2 da instituição foi apenas mais um capítulo desta novela que não tem como acabar bem.

Essa guerra está acontecendo em praticamente todos os órgãos e tem como origem a ocupação da máquina pública pela petralhada que não raro está dividida em várias facções. Com o silêncio das oposições fica cada vez mais claro que apenas o PT poderá derrotar o próprio PT. Apenas a sede de poder de cada petista poderá fazer naufragar o plano de assalto do partido.

A PF era para ser um órgão técnico, como em qualquer país civilizado. Transformou-se em órgão político a serviço do governo, o que é especialmente grave por tratar-se de polícia. Por isso venho batido há algum tempo: a PF não é mais de confiança.

Mais um coisa que o lulo-petismo estragou.

Onde as políticas raciais nos levam

Site G1:

BRASÍLIA e SALVADOR – A ficha de inscrição para o próximo vestibular da Universidade Federal da Bahia (UFBA) pede aos candidatos que indiquem a sua etnia e oferece uma série de opções para os estudantes, mas não cita a raça branca. Quem se considera branco, portanto, deve marcar a categoria “outras”. As demais opções listadas no formulário são: “preto”, “pardo”, “índio descendente”, “aldeado” (no caso de índios que vivem em aldeias) e “quilombolas”.

(…)

A falta de uma opção específica para candidatos brancos surpreendeu frei David Santos, fundador da Educafro, rede de cursos pré-vestibulares para negros e pobres.

Para ele, no entanto, a omissão serve para que os candidatos brancos sintam na pele a exclusão a que pretos e pardos são submetidos no país:

– Inconsciente ou conscientemente, a universidade está levando quem é euro-descendente a fazer a experiência de não se ver refletido, a exemplo do que sofre e sofreu a comunidade indígena e negra em vários setores da sociedade brasileira.

Comento:

Dizer o que? Isso é só o começo, vai piorar muito. O “frei” deixa bem claro o pensamento desta gente. Os negros e pardos são excluídos, é preciso que os brancos também sintam a exclusão. Tudo isso só faz criar no Brasil algo que não existia até aqui, a divisão racial. Seremos um país melhor por causa disso? Eu duvido. Ao invés de celebrar o que temos em comum vamos ressaltar as diferenças e nos dividir em categorias. Vamos nos transformar em tudo que estes movimentos nos acusam de ser. Sobre as políticas raciais, que na verdade são racistas por natureza, lembro um trecho de Stephen King em um livro que li há algum tempo:

Foi ruim até que ponto? Foi ruim desde o começo e se tornou rapidamente pior.

Próximo livro na estante

Na minha estante tem uma prateleira que chamo de fila. Nela coloco os livros que ainda não li em ordem para a próxima leitura. O cabeça da fila é “The Intelectuals” de Paul Johnson e Hamlet de Shakespeare. Entretanto chegou um novo livro para furar esta fila; trata-se de “O País dos Petralhas” de Reinaldo Azevedo. Em um país onde o petralha mor tem 60% de aprovação a leitura desta obra torna-se de um serviço de utilidade púbiica.