A democracia venezuelana (pelo menos segundo a corte de Obama)

Vejam que coisa. Hugo Cháves tirou dos governadores de oposição o controle de portos e aeroportos em mais uma medida para asfixiá-los economicamente. Hilary Clinton pode ficar tranquila, a assembléia venezuelana, dominada pelo ditador, aprovou uma lei neste sentido. Se está em lei, tudo bem.

Clinton e o novo salvador deveriam ler Montesquieu que afirmava que quando um poder se subordinava a outro, a democracia deixava de existir. No caso da venezuela, judiciário e legislativo estão dominados pelo presidente. Na prática, o executivo já acumulou as funções dos três poderes.

Nada de extraordinário. Este negócio de independência dos poderes sempre foi um pé no saco para a esquerda. O que eles gostam mesmo é do tal “executivo forte”. Uma espécie de ditadura com outro nome.

De uma maneira ou de outra, o socialismo sempre termina em opressão.

Não pode estar certo

Folha:

O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz defendeu ontem em São Paulo que “ocupar fazenda de banqueiro bandido é dever do povo brasileiro”. Manifestou assim seu apoio à invasão da fazenda Espírito Santo, de propriedade do banqueiro Daniel Dantas, por 280 militantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), no último dia 28.

Comento:

Dizer o que? Um delegado da polícia federal fazendo discurso para militantes do MST e dizendo que invadir as terras, um ato ilegal, é um dever? Vejam que ele trata Daniel Dantas como bandido condenado. Parece que a presunção da inocência não vale para todos, apenas para os que tem determinado pedigree. Eu posso achar que o banqueiro é um bandido, o brasileiro também, mas um delegado da polícia federal fazer isso em público e já pedir a punição, extra-judicialmente, é grave.

Um dos problemas do petismo é o enfraquecimento das instituições. Essa é uma das heranças, se não a maior, que ficará para o próximo governo. Seja ele qual for.

Nacionalismo mineiro

Estadão

O lançamento hoje da pré-candidatura do ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao Palácio da Liberdade, serviu de pano de fundo para que o PMDB mineiro fizesse um explícito gesto de apoio ao projeto presidencial do governador Aécio Neves (PSDB). Com críticas à “supremacia paulista” no Palácio do Planalto, líderes do PMDB estadual reforçaram o assédio ao tucano e defenderam a “união de Minas” para a eleição de um político do Estado para a Presidência.

Se o nacionalismo costuma despertar em minha pessoa alguns instintos de repulsa, o “estadismo” me causa ainda mais asco. Por que Minas? Por acaso o mineiro é melhor do que o cearense? Ou gaúcho? Ou carioca? Ou mesmo paulista? Qualquer político tem o direito (tirando o PMDB, é claro) em ser candidato a presidência da república, mas em função de sua própria pessoa, não do local onde nasceu ou que fez política. Aliás, dizem as más línguas que Aércio gosta mesmo é do Rio de Janeiro.

Tudo isso é uma grande bobagem e até certo ponto ruim para o país. Já morei em vários locais do Brasil e apesar de reconhecer as peculiaridades de cada Estado que morei, o que sempre me chamou atenção era o que nos aproximava, não o que nos afastava. O brasileiro em geral tem características comuns suficientes para se reconhecer como tal em qualquer lugar do Brasil ou mesmo do mundo. Para o bem e para o mal.

Acho que quando os mineiros se unem em um argumento destes para pleitear a presidência estão na verdade se diminuindo. Só faltam pedir cotas para a presidência! Menos, menos! Aécio é homem importante de um dos maiores partidos do país, governador de um dos maiores e mais populosos estados da federação, extremamente bem avaliado. Tem credenciais para pleitear ser candidato, embora ache que não é sua vez.

Deveria estar trabalhando para unir seu partido para a difícil batalha de vencer o petismo.

Se é que deseja vencer esta luta. Tenho minhas dúvidas.

Reação do MST

A atuação de alguns homens públicos contra a constante violação da lei do MST foi o suficiente para que o dito movimento social mostrasse suas garras. Acostumado a invadir prédios públicos a esmo e mesmo empresas do agronegócio, desta vez invadiram o Ministério da Agricultura. Mas o Ministério que cuida da reforma agrária não é outro? O tal do desenvolvimento agrário? É, mas este já é controlado pelo próprio MST, fica esquisito invadir o que já é seu.

Estas últimas invasões só mostra como vai ser difícil enfrentar o movimento quando o governo de plantão realmente resolver cumprir a lei, o que deveria ser sua obrigação mais básica. Dificilmente será este governo, dificilmente será o próximo. Um dia, entretanto, o Brasil vai ter que lidar com este grupo paramilitar que aje fora da lei. O governo Lula só alimentou um monstro que ainda dará muita dor de cabeça para o país, e algum sangue também.

Sobre a condenação do TPI

Semana passado o Tribunal Penal Internacional condenou à prisão o presidente genocida do Sudão, pela morte de 300 mil pessoas. Aqui faço um adendo. É bom lembrar que o governo petista não viu nada de errado neste genocídio e recusou-se a sancionar o país na ONU.

Desconfio de qualquer coisa que venha da ONU. Ainda mais quando vem dos defensores dos direitos humanos. O que pretende o tal Ocampo? Leio no blog do meu amigo Clausewitz que Israel entrou na mira. Não demora muito e entra o Bush.

Por que Ocampo não se preocupa com os maiores assassinos a solta na humanidade, os irmãos Castro? Por que o governo cubano, que possui o maior campo de trabalhos forçados das américas, é poupado pelo tribunal e pelos direitos humanos? Por que o povo cubano não merece a mesma simpatia dos humanistas?

Só acredito em direitos humanos quando ele começa defendendo as pessoas de bens e as verdadeiras vítimas do mundo e não assassinos. O resto é conversa fiada.


Em tempo: Ainda estou aguardando o pessoal dos direitos humanos protestar contra a execução de 4 seguranças pelo MST há duas semanas. Ninguém?

Collor de volta? Por que o espanto?

tachoA imprensa brasileira é uma grande piada.

Passam o tempo todo bajulando o governo mais corrupto da história do país, defendendo corruptos e justificando os amorais. Agora se espantam com a volta do Collor, com o Sarney presidindo o senado. Toda a indignação que evitaram demonstrar contra Lula e seu bando agora surge nas páginas de jornais. Até mesmo a vontade de investigar ressurge das cinzas. É uma grande piada mesmo.

Passaram a semana alardeando o ataque de Jarbas Vasconcellos ao PMDB mas deixaram de dar destaque ao ponto mais importante da entrevista. Quando pediram para nomear os corruptos ele foi taxativo, além de Sarney e Calheiros ele citou explicitamente o atual presidente da república. E o que fez a imprensa? Se concentrou no PMDB! Tudo que evitam de falar do PT, por ideologia, agora faram do maior aliado.

Eu fico imaginando a cena nas redações. Dia após dia o esforço gigante de defender o governo, esconder a sujeira do público, torturar a verdade, a traição à própria profissão. Deve ser terrível ser jornalista a serviço de uma ideologia. Agora conseguiram uma alívio, podem falar do Collor!

Um bando de impostores.

Quem defende o governo petista e usa expressões como “dinheiro não contabilizado”, o “suposto mensalão”, “sobras de campanha”, “banco de dados”, não possui estatura moral para falar de Collor ou de Sarney. São cúmplices morais da corrupção. A imprensa nacional é uma das responsáveis pelo lixo de país que somos. Um dia gostaria de ver esta conta sendo paga.

Em tempos de crise…

O que eu disse ontem sobre aproveitar os tempos de crises para aumentar o poder do estado não vale só para o primeiro mundo. Vale também, com mais força ainda, para os bananeiros.

O governo Lula já fala em estatizar bancos para proteger os correntistas.

Enquanto a economia ia bem, o governo fingia seguir as regras de mercado, com aplausos do empresariado nacional. Nossos grandes capitalistas, como em todo lugar do mundo, tem verdadeiro horror ao livre mercado. Parece um paradoxo, e é, mas os maiores capitalistas são profundamente… anticapitalistas! O que eles querem mesmo é definir seu mercado diretamente com burocratas do governo, é mais fácil e mais prático.

Este negócio de consumidor decidindo o que quer comprar, quando quer comprar e por quanto é uma idéia aterrorizadora.

O que eles não compreendem, é que a aliança com a esquerda sempre tem um preço a pagar. O socialismo termina invariavelmente devorando seus aliados. O que Gramsci enxergou foi que isto deveria ser feito imperceptivelmente, sem que as vítimas se descem conta do que estava acontecendo até ser tarde demais.

Os empresários brasileiros que hipotecaram seu apoio ao atual governo ainda vão aprender esta dura lição.