A polêmica envolvendo Júlio César

Sou um crítico contumaz da mordaça do politicamente correto que os jogadores de futebol são submetidos. Até comemoração de gol pode ser confundido com ofensa ao time adversário, declarações polêmicas nem pensar. Jogador agora tem acessor de imprensa para cuidar de sua imagem. Tudo muito efadonho e muito chato. Entrevista de jogador de futebol tornou-se uma das coisas mais efadonhas de nossa existência; foi o tempo em que um jogador falava que iriam vencer o jogo seguinte. Hoje seria confundido com empáfia.

A polêmica já ficou conhecida. Lula fez críticas à seleção brasileira comparando-a negativamente à Argentina. O goleiro brasileiro respondeu no mesmo tom e recomendou que o presidente se mudasse para aquele país. A CBF entrou em cena e o Júlio César teve que se retratar.

Juca Kfouri achou a decisão correta e afirmou que não se pode se referir daquele jeito ao presidente da república. Até concordaria, se o presidente se desse ao respeito. Quando Lula esquece de sua pesição e se coloca como torcedor comum, fazendo comentários não pertinentes à posição que ocupa está arriscado a escutar como torcedor.

Foi o presidente que não deu o respeito devido ao cargo que ocupa. Em termos populares como gosta de usar: quem fala o que quer escuta o que não quer.

É uma pena que Júlio César tenha se retratado pois abriu mão de um direito que possui, o da livre expressão. Qualquer pessoas em uma democracia é livre para criticar seu presidente. Pode-se lamentar o teor das críticas e até acusar a falta de respeito, o que não pode é cersear este direito.

Um presidente que não se dá o respeito não merece respeito.

E o etanol?

Com a empolgação do presidente com o tal do pré-sal cabe uma pergunta para lá de pertinente: e o etanol, como é que fica? A intenção não é liderar um movimento para substituir o petróleo por álcool? Não foi esse o discurso de Lula durante meses sem fim? Não vou nem cobrar a coerência porque definitivamente esse não é o forte do petismo, mas deixo aqui a constatação: os caras querem mesmo é o bom e velho petróleo e uma vaga na OPEP.

Pergunta de seleção: quantos países exportadores de petróleo chegaram ao primeiro mundo? Como é a tão alardeada distribuição de renda nestes países? Antes de estourar sidra (padrão do governo atual) seria bom um plenejamento mais cauteloso, pelo menos.

TV pública

Parei de questionar a TV pública faz muito tempo, no geral acho que foi a melhor idéia do governo Lula. Estava preocupado com dois fatos, a doutrinação ideológica e o pagamento da conta pelo contribuinte[*]. Vejam o que escreveu Nelson Motta na FSP:

O Ibope informa: antes de a TV Brasil incorporar a programação da TV Cultura e das TVEs, a média de audiência nacional dos canais estatais, puxada por raros sucessos como o “Roda Viva”, o “Castelo Rá-Tim-Bum” e o “Sem Censura”, era de 0,75%, cerca de 178 mil espectadores. Com a TV pública, caiu para 0,72%, 166 mil pessoas espalhadas num Brasil de 190 milhões.

Isso me tranqüiliza em relação ao primeiro aspecto, praticamente não há audiência para a tv Lula. E essas 166 mil pessoas? Se estão vendo telejornal chapa branca é porque já estão coptados, são parte daquele eleitorado que sempre vota no PT independente das circunstâncias.

Motta resolveu meu segundo questionamento também:

Como o orçamento da TV Brasil é de R$ 300 milhões, além dos apoios das estatais, a aritmética não mente: cada espectador vai custar ao contribuinte cerca de R$ 2.000. Vale a pena? Ou é muito pouca gente para tanto dinheiro?

Deixe-me ver, R$ 300 milhões é muito dinheiro. Mas por outro lado nos livramos de Tereza Cruvinel e outros petistas que andavam espalhados pela imprensa. Cruvinel deixou de escrever no Globo onde era lida por milhões para cuidar de uma porcaria que ninguém assiste. Quer saber? Saiu barato demais! Topo dobrar este valor e colocar lá mais jornalistas; a TV Lula é o maior sumidouro de jornalista incompetente e/ou engajado que se poderia imaginar!

A TV pública foi a melhor realização deste governo desastroso. Ainda bem.

Rumores das pesquisas

Pelo que estou percebendo na blogosfera parece que Kassab continua com sua tendência de alta e encostou de vez em Alckmin. Há apenas uma certeza nestas eleições, haverá segundo turno. Trata-se daquela divisão famosa da política paulista e brasileira por extensão: 33% sempre vota no PT independente do que aconteça. 33% sempre vota contra. A eleição é decidida pelo 33% restante, logo haverá um confronto de segundo turno entre Marta e um dos adversários.

Aos poucos vai se estabelecendo o quadro que deveria ter sido este certame não fosse a obcessão de Alckmin em concorrer rachando uma aliança vitoriosa PSDB-DEM. O tucano teve sua oportunidade nas últimas eleições e com sua campanha de bom mocismo acabou fracassando quando tudo lhe era favorável; se assistiu o discurso de Palin ontém pode ter tido uma boa idéia do que deveria ter feito nas últimas eleições.

Encontrado o culpado pelos grampos. Adivinhem?

Escrevi há alguns meses:

Não deixa de ser curioso que sempre que o governo está enrolado aparece algo contra os militares. Lembram-se do dossiê contra Serra? Logo depois surgiu uma operação espetaculosa da Gestapo (por vezes Polícia Federal) contra oficiais do Exército em Manaus. Não entro no mérito se eram culpados ou não, mas que foi uma ação para a mídia isso foi.

Não é que o governo orquestrou para jogar o Exército na lambança promovida por seus agentes, se é que foi lambança mesmo? Foi só jogar a isca que agora os jornalecos brasileiros estão discutindo se a famigerada maleta tem capacidade de realizar escuta ou não quando deveriam estar investigando a responsabilidade de tudo escalão de inteligência, do diretor da ABIN até o presidente da república. Essa é a verdeira questão: quem sabia e quem autorizou que se grampeasse o presidente do STF e senadores da república?

Jogaram Daniel Dantas (o vilão preferido) mas não colou; agora jogaram o Exército. Quem será o próximo? FHC? George Bush? Darth Vader? Coelhinho da páscoa?

Sobre o pré sal

Pelo que pude entender até agora nesta história do pré-sal, as dificuldades para explorar o petróleo ainda são apenas imaginadas e exigirá um investimento bilionário. Tenho minhas dúvidas se a Petrobrás terá recursos para tanto, mas isso é outra estória.

O grande problema é que assuntos econômicos estão sendo tratados de forma política, o que é muito ruim. O governo ainda nem sabe direito como tirará o primeiro barril, se é que vai tirar, mas já está fazendo a divisão dos lucros. os acionistas da Petrossauro deveriam começar a ficar preocupados pois a empresa poderá entrar com o investimento para que o governo fique com os lucros.

O fato é que nada será tirado do fundo do mar durante o atual governo, daí o despreendimento do presidente em fazer suas bravatas. Um governo com  um pouco mais de responsabilidade do que esse que está aí vai ter que recuar nesses delírios e arcará com os custos políticos envolvidos. Na prática Lula está não só jogando para a platéia, mas deixando a bomba para os futuros governantes.

Entrando um pouco na área econômica, para que o custo de extração deste petróleo compense é preciso que o preço do barril esteja elevado, ou seja, que esteja faltando petróleo no mundo. Nos últimos dias a cotação despencou e o mesmo aconteceria se o Brasil conseguisse realizar toda a extração que sonha. Poderíamos ter o caso de conseguir extrair mas ter que fazê-lo em baixa quantidade para evitar a queda do preço internacional, mais ou menos como a OPEP opera.

É precipitado saber ao certo o que acontecerá mas a irresponsabilidade do governo (chegou a derrupar as ações da petrossauro) está em níveis alarmantes e o grande presente de Deus(?!) tão alardeado pelo monarca brasileiro pode se transformar em um presente de grego.

A verdadeira voz rouca…

Ainda sobre Sarah Palin.

Andei lendo muito sites e blogs americanos e pelo que pude perceber a campanha orquestrada pela elite da mídia americana e blogs simpatizantes de Obama deram um autêntico tiro no pé. Pela primeira vez estou vendo um espírito de mobilização de republicanos em torno da candidatura McCain, inclusive com doações para a campanha. Os adoradores de Obama deram aos republicanos algo por que lutar e era tudo que eles desejavam.

A baixaria do golpe mostra também que bateu o medo entre os democratas. Ainda faltam 60 dias para as eleições mas para quem achava que faria um turnê pela América o fato de ter que disputar  para valer o cargo de presidente é uma preocupação e tanto.

E lá não tem urna eletrônica…

Noção de liberdade

Presidente da República:

– Eles foram afastados e não demitidos para poder mostrar que há transparência na investigação. Se algum de vocês sabe quem é a fonte e quiser facilitar, a gente vai resolver logo o problema. Se não, a gente vai ter que investigar.

Diante da constatação cada vez maior que direitos individuais estão sendo violados pelo governo, o presidente resolve pedir para que se viole mais um, o sigilo de fonte. O pior é que tem a tranqüilidade de dizer isso em público!

O caso é grave e fica cada vez pior. O presidente não está interessado em saber quem ordenou o grampo __ se é que não sabe __ mas em descobrir quem vazou para a Veja! É um absurdo! A imprensa noticia isso como se não tivesse nada demais. Daqui a pouco vai aparecer o Noblat para investigar e revelar quem foi a fonte da revista em sua torta noção de jornalismo.

Quando o governante perde o pudor e não é nem confrontado com isso é porque a vaca já está atolada no brejo até o rabo.

Pior ainda, a vaca está adorando!

O que foi aquilo?

O que foi aquele depoimento do chefe do GSI no Congresso? Esperava de tudo mas escutar da maior autoridade de inteligência do Brasil que a única opção contra os grampos que assolam o país é fechar a boca, aí já é demais. Tarso Genro já havia dito que o grampo era uma conseqüência natural do avanço tecnológico, que não havia nada a fazer. O que nenhum dos dois explica é por que países com tecnologia muito mais avançada não estão tendo problemas desta natureza.

Diante das provas da lambança deixou-se vazar para a imprensa que o General desconfiava que o homem por trás do grampo era Daniel Dantas! Sempre ele! Novamente foge-se a lógica. Gilmar Mendes foi acusado de ser um aliado do banqueiro e para provar esta tese Dantas grampeou o próprio aliado! Essas teorias de conspiração do governo petista não resistem a um minuto de racioanalidade.

Em resumo, nossas autoridades estão dizendo que o grampo é algo normal e que não podem controlá-lo, que nos acostumemos com a coisa. Mais uma vez o capítulo dos direitos individuais está sendo jogado no ralo. E acusam o governo militar de ter sido uma ditadura…

Democracia brasileira

Não tenho nenhuma simpatia pelo senhor Paulo Maluf, muito pelo contrário. No entanto tenho grande apreço pela democracia plena, sonho em vê-la implantada no Brasil pela primeira vez.

Acabei de ler que um juiz eleitoral proibiu sua campanha de usar o termo “relaxa e goza” para se referir a Marta Suplicy, mais uma vez surge um bedel de eleições.

Quando era ministra do turismo, Marta Suplicy foi questionada sobre o caos dos aeroportos brasileiros cuja principal evidência até então era os atrasos intermináveis nos terminais. Do alto de sua arrogância bradou em público seu conselho para os brasileiros que padeciam nestas filas: relaxa e goza. Não demorou muito para o caos provocado pela incompetência de seu governo ser demonstrado em sua forma mais sinistra no trágico acidente do ano passado.

Agora um juiz eleitoral quer que o eleitor esqueça o fato como se não tivesse relação nenhuma com capacidade desta senhora em exercer um cargo público. Está errado, qualquer candidato deve ser confrontado com suas decisões e palavras, principalmente quando no exercício da função pública. Cabe a Marta justificar a bobagem que disse, não ao togado de plantão.

Este é só mais um exemplo de como é difícil pensar no Brasil como uma democracia plena. A justiça eleitoral trata o eleitor como um completo idiota que tem que ser protegido a todo momento dos políticos malvados. Entretanto acha o máximo que este mesmo idiota seja obrigado a votar, fazendo inclusive propaganda da alta taxa de comparecimento no processo eleitoral_ como se o eleitor tivesse uma opção.

Em uma democracia o político constrói sua vida política e responde por ela, para o bem ou para o mal. Não cabe a um juiz ou mesmo a um tribunal decidir qual passado deve ser conhecido e levado a julgamento pelo eleitor, por mais analfabeto funcional que seja.

Ou o eleitor é incapaz e portanto não deve ser obrigado a votar ou é capaz e deve ser deixado livre para recolher toda informação que ele considerar válida. Enquanto isso não acontecer, o processo eleitoral será sempre um sistema viciado conduzido pela classe política para se perpetuar no poder, com as bençãos da justiça eleitoral.