Fala Lula

Me acusavam porque eu tinha barba. E esqueceram que Jesus Cristo também tinha barba.

O que querem que eu diga? Não há expressão na língua portuguesa, e talvez na humana, que consiga descrever o asco que sinto ao escutar uma coisa dessas na voz do presidente do Brasil. Até guando teremos que aguentar isso?

Como fabricar notícia usando estatísticas

O debate entre os candidatos a presidente ontem foi transmitido pelas duas grandes emissoras de notícias americanas, a CNN e a FOX. Para quem não sabe a CNN tem tendências liberais e a FOX, conservadora. Ambas as emissoras fizeram pesquisas, entre seus telespectadores, para responder a pergunta de quem teria se saído melhor no debate.

Na FOX McCain ganhou com 83% e na CNN deu Obama com 58%. A mídia brasileira deu manchete para a CNN mas afirmou o que nem a própria emissora ousou informar, a vitória de Obama. Tudo porque a emissora reconhece que 41% dos telespectadores consultados declararam-se democratas contra 27% de republicanos. Ou seja, Obama teria somado mais 10% e McCain mais 11%.

É muito difícil fazer pesquisa para saber quem venceu um debate político pois seus eleitores tendem não só a achar que seu candidato foi melhor mas também em não admitir que o contrário tenha acontecido. O mais significativo é que analizando direito chega-se a conclusão que houve empate na CNN (cada um ganhou 10%) e vitória de McCain na FOX. Cada um que tire suas conclusões.

A imprensa brasileira já tirou a sua. A Folha noticia que as pesquisas indicam a vitória de Obama. Isso é fabricar notícias, coisa muito comum no Brasil. Só que brasileiro não vota lá; a mídia brasileira não pode influenciar nas eleições como gosta de fazer por aqui. A impressão que se tem lendo um jornal brasileiro é que Obama faturou de lavada quando teve até que ler o bracelete para saber o nome do soldado cuja mãe o teria presenteado. Um desempenho fraco mas pelo que li já evoluiu muito do fracasso total que havia sido os confrontos com Hillary.

Enfim, a campanha continua.

Impressionante!

Folha:

Os primeiros resultados de uma pesquisa realizada com 500 pessoas declaradas como eleitores indecisos deram como vencedor o candidato democrata, Barack Obama, depois do primeiro tête-à-tête com o aspirante republicano à Casa Branca John McCain na Universidade do Mississipi.

Quarenta por cento deles, segundo uma pesquisa elaborada pela rede “CBS”, percebeu Obama como ganhador enquanto 22% deu a vitória ao candidato republicano e 8% considerou que houve empate.

Comento:

Deve ter sido um trabalho e tanto para os jornalistas __ estou tentado a usar aspas __ da Folha encontrar algum número que desse uma vitória a Obama no debate de ontem. Olha que nem a CNN ousou dizer que ele foi bem no debate, no máximo tentou levar para um empate técnico! Os representantes do partido democrata faziam um esforço danado para tentar mostrar que McCain não vencera o debate! Nem eles conseguiram, em nenhum momento, dizer que Obama havia se saído bem!

Eles estão achando que as eleições são no Brasil e podem mudar a realidade escrevendo mentiras, como fizeram no primeiro debate presidencial ano passado dizendo que Lula e Alckmin “trocaram acusações” quando, para surpresa geral, o segundo imprensou o primeiro.

Se McCain vencer as eleições em novembro será um feito e tanto pois terá vencido a impopularidade de Bush, a crise econômica e a animosidade da grande mídia americana. Nem vou falar da mundial porque esta é irrelevante para o eleitor americano em geral.

Se debate ganhasse eleição…

…McCain poderia correr para o abraço. Foi a primeira vez que ouvi Obama falando e o que vi foi um homem sendo desmontado aos poucos, ou acham normal chamar o adversário de Jim várias vezes? Sobre economia ainda tentou se segurar com a visão liberal de seu partido embora McCain tenha deixado fixado bem a idéia de que em tempos difíceis a experiência contará muito. Mas quando chegou na política externa…

Obama só conseguia repetir que deveriam remover os soldados do Iraque para levar ao Afeganistão. McCain foi taxativo, os Estados Unidos não podem retornar do Iraque sem estar na condição de vitoriosos para não ter que voltar novamente. Não foi a toa que frisou várias vezes as conversas que teve com o General Patreous, mostrou que acompanhou sempre o assunto de perto e que compartinham da mesma opinião sobre o fim do conflito. Seu adversário teve que reconhecer que o general estava fazendo um excelente trabalho.

Obama particularmente se perdeu quando defendeu o ataque ao Paquistão, um aliado americano, ao mesmo tempo que falava em conversas com o líder terrorista iraniano. McCain deixou claro que um presidente americano não pode sentar em uma mesa de negociação com quem defende o extermínio de Israel ironizando um possível diálogo: vou destruir Israel! No you can’t! Como poderia evoluir uma conversa assim?

Claro que não vai houvir nada disso na imprensa brasileira; desconfio que nem mesmo na americana. Obama chegou a babar!

O que ficou evidente é que no confronto de idéias Obama não dá nem para saída contra McCain. Parece que seu lugar é mesmo atrás do teleprompter falando para os democratas. Espero, sinceramente, que os eleitores americanos não entrem nessa furada.

Avante Kassab!

Noblat:

Pesquisa do Ibope, a ser publicada amanhã pelo jornal O Estado de S. Paulo, e divulgada daqui a pouco pela TV Globo-São Paulo, dá a Marta Suplicy, candidata do PT à prefeitura de São Paulo, 35% das intenções de voto; a Gilberto Kassab, candidato do DEM, 25%; e a Geraldo Alckmin, candidato do PSDB, 20%. Margem de erro da pesquisa: dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Na pesquisa anterior, o Ibope registrou empate técnico entre Kassab e Alckmin, cada um com 21% das intenções de voto. Marta tinha 35%.

Atualização das 19h33 – Na simulação de segundo turno, empate técnico entre Marta (45%) e Kassab (44%). A pesquisa Ibope não foi divulgada pela TV Globo-SP. Ela será manchete de capa de amanhã de O Estado de S. Paulo.

Fala Alckmin

Eu lamento muito esse comportamento de só fazer campanha minando o PSDB, só fazer campanha da intriga, quer dizer, ele [Kassab] chegou onde chegou porque o PSDB ganhou a eleição. E agora o único objetivo é destruir o PSDB.

A falta é quase perfeita, só falta substituir [Kassab] por Alckmin.

Em pensar que em 2006, tirando o primeiro debate do segundo turno, ele foi só amores para com Lula. Não deixa de ser curioso pois o DEM foi mais fiel à sua condidatura do que seu próprio partido. O grande aliado de hoje, mesmo vencendo em seu estado com 70% dos votos, foi incapaz de fazer campanha para ele. Diante do quandro não deixo de me questionar: afinal, para que partido Alckmin fez campanha em 2006?

Em tempo, fui partidário de sua candidatura nas últimas eleições. Na época um tio meu, muito mais sábio, me alertou que apostar em Alckmin era entregar o ouro para Lula. Esperneei, usei o argumento do tal do recal; enfim, errei feio.

Deixei de ouvir a voz de quem tinha mais experiência e ganhei experiência __ essa forma suave de nos referir a nossos erros.

Identificando um petralha…

O Globo traz uma notícia hoje que dá bem a dimensão do pensamento de um petralha:

Intelectuais e jornalistas, reunidos ontem na sede da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Centro do Rio, defenderam a manutenção do sigilo sobre a origem das informações publicadas na imprensa como uma das garantias da liberdade de expressão, citada como um dos pilares da democracia. Coordenador do encontro “Liberdade de expressão: base da democracia”, parte do seminário “Brasil, brasis/2008”, o acadêmico Arnaldo Niskier deu o tom da discussão ao abrir a reunião:


– Eu não posso entender que esse aspecto, que deveria ser pétreo, esteja sendo questionado por autoridades do governo. Mexer no sigilo (da fonte) é mexer em vespeiro e agredir de forma insólita os princípios mais sagrados da liberdade de imprensa – defendeu Niskier.O jornalista Eugênio Bucci, ex-presidente da Radiobrás, defendeu a manutenção do sigilo da fonte, mas ressaltou que, na maioria dos casos, a informação se completa com a revelação e sua origem.

Já repararam que sempre que um petralha defende a democracia ele coloca um “mas” na frase? Ok, vamos proteger o sigilo da fonte, mas devemos revelá-la para completar a informação! É essa moral torta relativista que nos levaram ao ponto que chegamos, um país com 70% de analfabetos funcionais e capaz de aprovar o governo mais corrupto da história.

Mais um

Globo:

Em Nova Iguaçu, o candidato a vereador pelo PPS, Antônio Carlos de Souza Silva, o Lourinho de Miguel Couto, de 47 anos, foi assassinado a tiros na tarde de ontem. O crime aconteceu a 150 metros de sua casa, no bairro Miguel Couto. Ele concorria pela primeira e apoiava o candidato a prefeito Nelson Bornier (PMDB). Segundo a polícia, foram 12 tiros revólver calibre 38 e pistola 380, evidenciando uma execução.

Comento:

Outro dia um colega comentou sobre o assunto. Já são vários casos de assassinatos de candidatos; chegamos realmente ao ponto de achar isso normal? Não vejo uma linha chamando atenção para esta seqüência de crimes, será que no fundo consideramos que é assim mesmo? Nosso desprezo à classe política nos levou á total indiferença a execução de políticos?

Se a eleição brasileira fosse como a americana…

Fiz um exercício de pura curiosidade. Apliquei ao Brasil o modelo eleitoral americano no resultado das eleições 2006 em primeiro turno. Por que em primeiro? Porque não haveria a necessidade do segundo já que o vencedor conseguiria a maioria do colégio eleitoral. A petralhada pode ficar tranqüila, Lula ainda seria eleito com 268 cadeira contra 245 de Alckmin.

Sobre democracias

Os Estados Unidos possuem uma crise sem prescedentes para resolver, é necessária uma atuação enérgica. O governo prepara um plano de ação e… envia ao Congresso! Para nós, da Banânia, é algo de incompreensível. Não é relevante? Não é urgente? Por que ele não redige uma medida provisória?

Por que lá é uma democracia. Um plano desta magnitude e importância merece toda a urgência mas não pode atrapalhar a harmonia entre os poderes. Cabe aos representantes eleitos pelo povo americano a decisão de usar ou não o plano proposto pelo governo; mais, cabe ao parlamento modificá-lo. Assim deve funcionar em um sistema democrático.

A aberração é o que acontece aqui onde existe uma excrescência chamada Medida Provisória. Seus defensores argumentam que se não fosse assim nada seria feito pois o Congresso leva séculos para aprovar um lei. Pode até levar, mas é preciso obsevar que o principal fator de lentidão do Legislativo é justamente o acúmulo de medidas provisórias na pauta. É uma situação ilógica. Como existem muitas medidas provisórias o Congresso não vota e porque não vota é preciso usar medidas provisórias.

Mas se as medidas provisórias virassem projetos de lei não ficaria tudo na mesma? Aí vem outro problema da nossa democracia, o governo quer legislar sobre tudo. Como não existe federalismo de fato, temos tudo em cima das instâncias federais. Um país das dimensões do Brasil não pode ser governado inteiramente por Brasília; talvez esteja aí o começo dos nossos males.

É fácil perceber que na maioria dos municípios brasileiros as Câmaras de Vereadores ficam às moscas. O município tem muito pouca autonomia e os estados passam o tempo discutindos matérias irrelevantes. O resultado é o acúmulo no Congresso Federal que realmente não tem como dar conta de tanta demanda.

Nossa constituição é gigantesca e toda emendada. Os códigos são inúmeros, cada um maior do que o outro. Não há poderes que dêem conta do próprio monstro que criaram. Por isso temos leis sobre tudo que se puder imaginar: tamanho de fila em banco, proibição de uso de saleiro, etc. O salário mínimo deve ser fixado por lei anualmente! São leis demais e o resultado é esta burocracia ineficiente e um estado gastador e perdulário.

Bush está negociando com o Congresso a aprovação do pacote. É assim que se faz. Aqui o presidente pega a caneta e a patuléia aplaude.