Fala Lula:

Não terá pacote econômico. Toda vez que nesse país se falou em pacote econômico quem ficou com o prejuízo foi o trabalhador brasileiro, todas as vezes. Então não tem pacote. Vamos tomando medida por medida, a cada fato que se apresentar, a gente vai tomar medida.

Comento:

Em 1994 o governo Itamar Franco lançou um ousado pacote econômico denominado Plano Real. Seu objetivo, plenamente atingido, era acabar com a inflação brasileira que corroía todo esforço produtivo do país e que sempre estourava em seu lado mais fraco, na pobreza. Esqueçam o bolsa-família, aquele foi o maior plano de distribuição de renda já feito no Brasil e um sucesso absoluto. De uma hora para outra milhões entraram na economia brasileira com benefícios para todos.

O PT e Lula foram contra o pacote. A população deu uma sonora banana nas eleições daquele ano e elegeu, em primeiro turno, FHC, o responsável pelo plano.

Não vou nem falar do PROER, tão demonizado pelos petistas, que salvou o mercado financeiro brasileiro. Até porque o atual governo tomou nesta semana algumas atitudes daquele plano.

Sim, houveram planos econômicos fracassados no Brasil. E houveram sucessos. O principal deles é um dos responsáveis por Lula ocupar a cadeira que ocupa. Não vai haver pacote econômico? Isso é o que vamos ver se a crise apertar por aqui. Pacote econômico significa estado intervendo na economia, tudo que um bom petralha gosta…

Vitória do PT?

Os batedores de lata estão alardeando que o PT foi o grande vencedor das eleições pelas 15 prefeituras conquistadas entre as 79 maiores cidades.

O painel da FSP trás o dado mais coerente:

A cúpula do PT se reúne hoje em Brasília tentando entender por que a popularidade recorde de Lula não rendeu ao partido tanto quanto esperado nas urnas. Foram 550 prefeituras conquistadas no domingo, contra previsão de pelo menos 700. E apenas 1% a mais de votos do que em 2004 – menos do que o crescimento do eleitorado, de 7,5%.

Esta popularidade do apedeuta, não sei não!

Fala Ives Gandra Martins

No último dia 5 de outubro, comemorou, a Constituição Brasileira, 20 anos. Apesar das 62 emendas aprovadas neste período, mostrou-se um texto estável no que diz respeito aos direitos fundamentais e suscetível de alterações na formatação da Federação.

Em 1992, escrevera artigo alertando para o tamanho da federação criada, em que o alargamento dos três poderes, a potencialidade de criação de novos municípios, a elevação da partilha do IPI e do I.Renda e a criação de novos Estados instituíram um Estado maior do que o PIB, que exigiria um constante aumento da carga tributária para sustentá-lo.

Infelizmente, minhas previsões revelaram-se corretas e o suceder de tristes recordes da Receita Federal, que retira da sociedade cada vez mais tributos para não devolvê-los em serviços públicos dignos, está a demonstrar que, efetivamente, a federação brasileira é maior do que o PIB. Os governos são maiores que a sociedade. E os tributos do povo são quase todos consumidos por políticos e burocratas que empalmaram o poder.

Comento:

Não se iludam, como alertou Fábio Giambiaggi em seu livro Raízes do Atraso, antes de ser expurgado do IPEA, a Constituição Cidadã pariu um monstro. Não há como o Brasil crescer efetivamente, de forma sustentável, sem remover as pesadas amarras do texto de 1988.

Enquanto estiver no horizonte dos políticos brasileiros a distribuição de uma renda que simplesmente não existe, estaremos atolados no pântano. Nos últimos anos surfamos na onda do crescimento mundial, embora em termos relativos tenhamos patinado e ficado para trás.

É o preço de tentar instalar a social democracia em um país pobre. Não há o que dividir.

Ah… é claro… o PT venceu as eleições…como sempre.

Uol:

O PT continua a ser o líder no G79, com chance de ampliar sua presença em relação ao que tem hoje.

O partido de Lula conta atualmente com 17 cidades no G79. Agora, a sigla já elegeu 13 prefeitos nesse universo (as 26 capitais e os 53 municípios com mais de 200 mil eleitores). Está no segundo turno em outras 15 localidades no segundo turno. Pode, portanto, chegar a 28 cidades governadas. Em 11 segundos turnos disputados pelo PT o candidato da legenda obteve a classificação na posição de primeiro colocado.

Comento:

É muito esforço para produzir uma análise dessas? Só falta convencer o próprio partido que ficou com um gosto para lá de amargo na boca depois do resultado das urnas…

Estado gigante

Estou sempre batendo aqui na tecla do gigantismo do estado brasileiro que parece só saber crescer. Vejam o que diz a Folha de São Paulo hoje:

Nos 20 anos que se seguiram à Constituição, a economia mundial dobrou de tamanho, mas o Brasil esteve longe de acompanhar o ritmo: o aumento da renda nacional não passou dos 60% e, mantido o desempenho médio do período, levará mais uma década para completar os 100%. Nos 20 anos anteriores ao texto constitucional, a economia do país teve expansão de 260%.

Em contraste, o Estado brasileiro, em receitas e despesas de todos os níveis da administração pública, cresceu a velocidade poucas vezes observada em países democráticos em tempos de paz. Tornou-se, praticamente sem concorrência, o maior do mundo emergente.

Com a carga tributária na casa dos 36% do PIB (Produto Interno Bruto), o Brasil ostenta hoje um gasto público que, como proporção de sua economia, se compara à Europa de tradição social-democrata -ainda que, por falta de PIB, a qualidade dos serviços esteja longe dos padrões do Bem-Estar Social europeu.

Nas outras principais economias latino-americanas, México, Chile e Argentina, a arrecadação varia de um quinto a um quarto da renda nacional. Nas duas maiores economias do mundo, EUA e Japão, o percentual não se afasta muito dos 25%. Esse patamar era mantido no Brasil desde o final da década de 60, até a disparada da carga após a redemocratização.

Esse é o resultado da nossa constituição cidadã, a que tentou implantar o bem estar social no país a força. A que quis distribuir renda que não existia. A que considera o estado como o ente mior de uma nação e única forma de resolver seus problemas.

Feliz aniversário.

Escolhendo os fatos

É sempre engraçado observar a tortura mental que um petralha faz para conseguiu justificar uma tese. Vejam o Josias, para demonstrar que o governo consegue eleger um poste ele cita o exemplo de Recife, onde João da Costa venceu no primeiro turno. Chega até o requinte de fazer ironias ao fato de ter sido impugnado pelo uso extensivo da máquina pública; para ele trata-se apenas de um exagero na eletrificação do poste. Mais baboseiras pode ser lido aqui.

Josias, é claro, está errado. O grande teste que o PT definiu no início do processo eleitoral seria em Curitiba. Era o cenário ideal, havia um tucano na liderança e uma petista mulher, esposa de um dos homens fortes do Partido. Levou uma surra do início ao fim.

Em Belo Horizonte tentaram outra experiência, a criação do candidato tucanalha. A idéia era monopolizar o horário político e elegê-lo ainda no primeiro turno. Não conseguiram. Entra praticamente empatado no segunto turno, com o adversário em franca expansão.

Em Natal, Lula entrou pessoalmente na luta. Afundou a petista e agora tem que aturar Agripino Maia tirando onda.

Sim, é possível eleger um poste. Maluf já tinha provado com Pitta, Maia com Conde. O problema é que também é possível não elegê-lo, situação bem mais provável. Essa é a mensagem que as urnas trazem.

Fico imaginando os alto coturnos olhando para Dilma com uma interrogação na cabeça e pensando: acho que vamos ter que partir para o plano A, o terceiro mandato…

Pesquisas eleitorais estavam erradas

Pois é, as pesquisas erraram feio. O que chama atenção é que o erro era normalmente favorável aos cadidatos governistas.

Em São Paulo apontou um 34 x 28 para Marta. Deve acabar com os dois praticamente empatados.

Em Belo Horizonte ainda se discutia se Lacerda venceria no primeiro turno. Seu adversário parecia sempre distante, a boca de urna apontava 42 x 31 para o híbrido tucanalha. Ficou em 43 x 41.

No Rio ainda se falava em empate entre Gabeira e Crivela. O bispo ficou 6 pontos atrás de Gabeira.

Em Porto Alegre se falava em outro empate, entre a petista e a muza. A petista enfrentou seu partido para sair candidata, venceu com folga a que já era apontada como revelação das eleições.

Ibope e Data Folha erraram muito. Novamente afirmo, chama atenção que os candidatos de Lula saíram das urnas pior do que os institutos apontavam.

0%

O valente Ivan Valente está quase chegando no 1%! Força! Fico lembrando do debate na Record e todas as vezes que falou “se eu for eleito…”

O mesmo vale para Reichman, Ciro e outras nulidades.

Chega de espaço para eles, já foi mais do que os votos que conseguiram…