Petrossauro e o último refúgio dos canalhas

Lula ficou bravo com as críticas aos empréstimos que a Petrobrás conseguiu com a Caixa Econômica e o Banco do Brasil. Gabrieli, o petista que comanda a Petrobrás e não gosta de dar explicações sobre a empresa, idem. Quando Lula e Gabrieli ficam bravos ao mesmo tempo, é porque tem fogo.

Roberto Campos cunhou o termo petrossauro para referir-se à Petrobrás. A empresa tem um estigma de inquestionável, de acima do bem e do mal. Falar mal da Petrobrás é o mesmo que falar mal do país. Uma vez quase fui escorraçado porque, pasmem, defendi a privatização da empresa. O principal argumento contra mim era que eu não era um patriota.

Tentei argumentar que a privatização da empresa poderia ser sim um ato patriótico, mas o que adianta? Eu estava vendendo o Brasil ao capital estrangeiro, abrindo mão da nossa soberania e etc. Engraçado que esta mesma pessoa defendeu a tunga que a Bolívia deu na petrossauro. Uma noção meio relativa de soberania, não? Eu, o antipatriota, defendia que o Brasil fosse duro com Evo Morales. Esta pessoa, patriota, defendia que cedessemos, que deveríamos sempre buscar a paz.

Quando o barril de petróleo estava lá nas alturas, os custos da empresa se tornaram irrelevantes. Agora com a queda do ouro negro, o aparelhamento e uso político da empresa começa a ficar um pouco mais claro. Por isso o mercado está começando a desconfiar muito da empresa. A petrossauro está perdendo a confiança, mais uma cortesia do petismo.

Agora Lula e Gabrielli aparecem para dizer que questionar o empréstimo concedido é anti-patriótico. Vale como nunca a máxima de Johnson:

O Patriotismo é o último refúgio do canalha.

petrossauro

Conta para ajuda à Santa Catarina

Hoje fui informado de uma conta no Banco do Brasil para ajuda à defesa civil. Não vejo a necessidade de mobilizar a população brasileira para isso. Afinal, o governo está doando milhões para Cuba e o Haiti. Hoje mesmo existe um navio da marinha carregando alimentos para estes dois países, além do dinheiro que o governo liberou, por medida provisória, para o ditador cubano.

Estamos a caminho, também, de doar uma hidroelétrica para o Haiti. Coisa de algumas centenas de milhões de dólares. Longe de negar ajuda a este país, que fez a opção pela democracia, a mais importante que poderia fazer.

O fato que quero evidenciar, mais uma vez, é que não falta dinheiro ao governo. Não temos uma das maiores cargas tributárias à toa, as arcas estão sempre cheias. Onde está este dinheiro todo afinal? Como podemos ver a sua aplicação? Ele está chegando na ponta da linha?

A resposta do apressado é rápida: corrupção. Sim, existe muita corrupção no Brasil. O problema não é só esse. Temos outros muito mais graves envolvendo projetos políticos ideológicos e a opção por um assistencialismo que nos leva á estagnação. E nem estou falando do bolsa família, este é até barato. Estou falando do regime previdenciário, da política do salário mínimo que não é mínimo, do combate à atividade produtiva, enfim, dos modelos errados que adotamos, tão bem descritos no livro de Giambiaggi 1.

É válido toda a ajuda dos brasileiros, mas a mais importante deve vir do governo, que tem se preocupado mais com o problema dos outros do que com seu próprio povo.

Calote à caminho

Depois do Equador, é a vez de Paraguai, Bolívia e Venezuela anunciarem que irão rever as respectivas dívidas externas. Isto inclui empréstimos feitos pelo BNDES. Mais uma vez se evidencia um dos grandes problemas de bancos públicos, a sua utilização por partidos políticos.

O BNDES transformou-se em uma instituição a serviço do PT, dentro dos objetivos propostos pelo Fórum de São Paulo. Na prática, procura colaborar com os governos companheiros, os governos de esquerda. Não vejo nenhuma surpreza no futuro calote, embora muito ainda se dependa da capacidade do brasileiro de se indignar em ver um banco público brasileiro financiando projetos políticos dos amigos do presidente da república.

Particularmente não acredito muito nesta indignação. Estamos satisfeitos com o pão e circo.

Mais orçamento engessado

O Globo:

BRASÍLIA. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou ontem proposta de emenda constitucional que vincula parte do Orçamento da União, de estados e municípios à área de segurança pública. Pelo texto aprovado, 5% da receita dos impostos federais e 9% da arrecadação aferida com impostos estaduais e municipais vão compor um fundo permanente de segurança pública. O projeto segue para a apreciação do plenário, onde o governo deverá pôr obstáculos à aprovação.

Comento:

Governo para que? Daqui a pouco não vai sobrar mais nada para administar. Isso se as vinculações não passarem de 100%…

Correndo atrás

O Globo:

Longe do cenário da tragédia até ontem, Lula interrompeu sua agenda no Rio para ir a Santa Catarina. Diante do presidente russo, Dmitri Medvedev, com quem se encontrou no Rio, Lula anunciou que iria ao estado:

– Saio daqui correndo para Santa Catarina, para prestar solidariedade a um povo que vive uma tragédia por conta da quantidade de chuva nos últimos meses naquele estado – disse, no meio do pronunciamento no Palácio do Itamaraty, no Rio.

Logo em seguida, Medvedev, antes de se despedir do Brasil, abriu o discurso prestando solidariedade aos parentes dos mortos pelas chuvas.

Lula só decidiu ir para Santa Catarina na manhã de ontem, depois de conversar com os ministros Luiz Dulci (Secretaria Geral), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Guido Mantega (Fazenda). Segundo assessores do presidente, ele não foi antes ao estado porque não poderia desmarcar compromissos com chefes de Estado estrangeiros.

Comento:

Dizer o que? Que o presidente só resolveu se movimentar e hipotecar alguma solidariedade depois de alertado por seus lacaios que estava pegando mal?

Precisa?

Os custos da ABIN para realizar uma atividade ilegal

grilo

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) reconheceu ontem ter gasto R$ 381 mil na participação de seus agentes secretos na Operação Satiagraha, da Polícia Federal. O valor se aproxima do custo oficial da investigação divulgado pela PF (R$ 466 mil), que em documento enviado ao Congresso classificou a operação como a mais cara de sua história.

Comento:

Meio milhões de reais para fazer serviço sujo para os petralhas. A ABIN realmente meteu a mão na lama. Como alegar desconhecimento? Como dizer que não sabia da participação destes agentes? Quer dizer que mais de oitenta agentes foram utilizados, R$ 400 mil reais de gastos e a cúpula da instituição não sabia de nada?

Aprenderam bem com o mestre. E deixaram nosso serviço de inteligente como um motivo de piada nos quatro cantos do planeta.

Fala Heráclito

Pois foi um recorde de adesões, de todos os partidos, sem exceção. Por que, então, há um boicote tão sistemático, por parte da base do governo, ao seu funcionamento? Por que, depois de mais de um ano de sua instalação, não foi possível quebrar sigilos, aprofundar investigações sobre casos notórios -já levantados por órgãos insuspeitos, como o Tribunal de Contas da União e a Controladoria Geral da União-, convocar pessoas, enfim, esclarecer o que se passa nesse setor? Talvez a pergunta certa seja: por que há tanto medo de que a investigação vá adiante e abra essa caixa-preta que já consumiu, sem controle, bilhões de reais? Mais de R$ 34 bilhões, de 1999 a 2006, segundo a CGU.

Não há sequer dados definitivos sobre a quantidade de ONGs e suas congêneres no Brasil. Um estudo divulgado recentemente pelo IBGE analisa dados de 2005 e estima em 338 mil as entidades sem fins lucrativos em todo o país. Há quem diga que já existem mais de 500 mil.


Comento:

Está mais do que na hora de investigar para valer a atuação das ONGs no Brasil. Como pode ser lido no artigo do senador Heráclio Fortes, estamos financiando estas organizações com nossos impostos, não teríamos o direito de saber como está sendo empregado o recurso público?

O governo fez de tudo para enterrar a CPI, vou mais além. Depois da CPI dos Correios, o governo acabou com o próprio instrumento das Comissão Parlamentares de Inquérito. É apenas mais um exemplo do nosso retrocesso institucional depois de 6 anos de lulo-petismo no governo; recuperar tudo o que foi perdido exigirá muito mais tempo e esforço do que o gasto no seu desmonte.

Meio milhão de ONGs? Chegamos realmente a este absurdo?

É preciso estancar esta hemorragia. Urgente.

Bem apontado

Reinaldo Azevedo foi mais uma vez certeiro:

O furacão Ike matou quatro pessoas em Cuba. As chuvas já fizeram, em números oficiais, provavelmente subestimados porque deve haver corpos soterrados, 69 vítimas fatais em Santa Catarina.

Duas tragédias, dois presidentes. Para responder à emergência cubana, com seus quatro mortos, Luiz Inácio Castro da Silva convocou uma reunião de emergência com sete ministérios e editou uma MP determinando ajuda humanitária ao país. Para Santa Catarina, por enquanto, ele pediu um minuto de silêncio. Ah, sim: determinou que quatro ministros dêem uma espiadela na tragédia que acomete o estado. O governo ofereceu helicópteros para resgate e alguns colchões. E só. Nada de Medida Provisória liberando dinheiro.

Vamos entender as coisas na sua devida dimensão. A presença de ministros no local da tragédia, se não tiverem recursos a oferecer, é inútil. O papel da solidariedade política cabe ao chefe da nação — que é Lula. Ele, sim, já deveria ter pisado em solo catarinense para evidenciar que a população não está só. Tratar-se-ia de um simbolismo, enquanto seus auxiliares, em Brasília, viabilizariam os recursos. E olhem que nem seriam necessários sete ministros…

É o lado Bush de Lula. Katrina passou na janela, e a Carolina barbuda não viu.

O povo de Santa Catarina já se ergueu de outras tragédias. E o fará de novo. Que isso não sirva para esconder a lentidão do governo federal em prestar socorro àqueles brasileiros.

Fala Lula

Não haverá um centavo de corte em nenhum programa social que está em andamento. Se tiver crise [financeira] mais forte, a gente pode até não aumentar o beneficio [do Bolsa Família], mas pode ter certeza que não haverá crise no mundo que me obrigará a tirar dinheiro dos pobres.

Na medida em que todo mundo fala em crise, toma café de crise, almoça crise, janta crise, dorme com crise e acorda com crise, isso vai criando um determinado pânico na sociedade, e as pessoas começam a se retrair.

O trabalhador pensa assim: ‘Eu não vou fazer a compra da minha televisão, da minha geladeira, do meu carro, do berço do meu filho, do material de construção que eu preciso porque eu tenho medo de perder o emprego’. Ele corre o risco de perder o emprego se não comprar, porque daí o comércio não encomenda para a indústria que não produz e aí não tem emprego.

Comento:

  1. O dinheiro sumiu do mercado, isso até as paredes do Planalto já sabem. O PIB vai crescer menos em 2009 do que as previsões do Ministério da Fazenda. De 4%, passou para a casa dos 2%. Em outras palavras: haverá menos dinheiro para o governo no ando que vem, queira o presidente ou não.
  2. Onde pode ajustar o orçamento? Investimentos, custeio e juros. Basicamente são nestas três áreas. O nível de investimento já é baixo, não dá para cortas muita coisa. Os juros garantem o funcionamento da macro economia e a estabilidade da moeda, resta o custeio. O governo pode sim preservar seus programas sociais, desde que corte na própria carne, ou seja, diminua o tamanho da máquina. Isso fica difícil de acreditar quando o governo encaminha um projeto de lei com aumento salarial do funcionário público em alguns bilhões.
  3. Quando se incentiva o consumo para manter a economia aquecida, o acerto é empurrado para o futuro pois a falta de uma poupança interna cobrará o seu preço. O governo Lula tenta empurrar a bomba para seu sucessor, mas ainda tem dois anos de governo.
  4. Não existem soluções mágicas para problemas econômicos, mas existem muitas soluções que pioram o problema, mesmo que adiando-os um pouco. É a aposta da petralhada.

Bush deu as caras

bushkatrina

Esta é a foto de Bush em Nova Orleans quando aconteceu a tragédia do Katrina. Ganha um pirulito quem conseguir uma foto de Lula em Santa Catarina.

Ah, não tem comparação, né? Lá a tragédia foi muito maior! Aqui só foram 64 mortes…

Quantas mortes são necessários para sensibilizar um chefe de governo?

Silêncio.