Pensamentos
A Esperança que Salva
Na página de Obras de Referência um resumo da segunda encíclica de Bento XVI, denominada Spe Salvi. Nele o papa discute a fé como necessidade do homem e guia para as ações do presente. Discute as idéias surgidas na idade moderna em que a fé religiosa foi substituída pela fé no progresso e a crença que seria possível um mundo justo sobre a terra, o reino do homem.
Sobre Marx, o papa reconhece que sua análise sobre a situação de sua época foi correta mas aponta o que teria sido o erro fundamental do filósofo:
Ele esqueceu que o homem permanece sempre. Esqueceu o homem e sua liberdade. Esqueceu que a liberdade permanece sempre liberdade, inclusive para o mal. Pensava que, uma vez colocada em ordem a economia, tudo se arranjaria. O seu verdadeiro erro é o materialismo, de fato, o homem não é só o produto das condições econômicas nem se ode curá-lo apenas do exterior criando condições econômicas favoráveis.
O resumo pode ser conferido no link abaixo.
Eterna Revolução
Uma das idéias deste blog era acrescentar artigos sobre livros que influenciam este blogueiro em seu entendimento do mundo. Nem tudo aqui sai de “orelhada”, estou sempre em busca de saber um pouco mais. No momento, por exemplo, lamento não ter mais conhecimentos de economia para poder opinar com mais segurança sobre esta crise americana que ameaça se alastrar pelo mundo.
Estes artigos estariam em páginas separadas, podendo ser acessadas pelas abas no alto do blog. Até hoje havia apenas o resumo de A Rebelião das Massas de Ortega y Gasset, obra fundamental para conhecer o homem massa e seu potencial destrutivo. Agora a pouco coloquei mais um artigo, desta vez sobre um capítulo de Ortodoxia, de Chesterton. Trata de uma reflexão sobre o verdadeiro sentido de revolução e da opção pelo conservadorismo cristão como forma de obter a verdadeira revolução.
Pretendo melhorar o texto que está lá mas fica o registro central do capítulo que o pensador inglês chamou de A Eterna Revolução. Boa leitura!
Para refletir
Fiquei em silêncio. E ela repetia com estridência: _ os russos estão entrando em Berlim! Inexplicavelmente respondi-lhe: _ Merda! E no quarto, diante de minha mesa de trabalho e do crucifixo, depois de uma breve oração deitei a cabeça nas mãos e repeti para mim mesmo como quem geme: _ Os russos estão entrando em Berlim. Uma certeza medonha e brutal apunhalou-me: perdêramos a guerra. Ou melhor, perdêramos a paz. Eu sentia o punhal: arretara-se a mais hedionda conjuração de traições. E começava naquele dia de festividade monstruosamente equivocada, uma era de inimagináveis imposturas. Incompreensivelmente, depois de tantos sofrimentos, de tão desmedidos esforços, de tão maravilhosos heroísmos, os povos de língua inglesa, derrotados por si mesmos, pelo liberalismo e pelo democratismo, entregavam ao minotauro comunista dez vezes mais do que a parte da Polônia em razão da qual entrara o mundo em guerra. Singular e cínico paradoxo: para cumprir um tratado e para evitar a partilha da Polônia,a Inglaterra e a frança aceitaram finalmente o ônus de uma guerra mundial contra o pacto germano-soviético; agora, depois da vitória sobre o nazi-comunismo, entregava-se a Polônia inteira ao comunismo que também foi vencido, e que só comparece entre os vencedores no quinto ato da comédia de erros graças a um aberrante solecismo histórico, que nem sequer podemos imputar à habilidade e à astúcia do principal beneficiário. A impressão de uma direção invisível nessa comédia de erros impõe-se irresistivelmente.
Eu ouvia os foguetes. Milhares de bons cidadãos, de excelentes pais de família, de fidelíssimos antinazistas, abraçavam-se, congratulavam-se uns com os outros, convencidos de que finalmente as “democracias” alcançavam a vitória. E eu perguntava: que vitória?
Gustavo Corção
O Século do Nada
Sempre é bom lembrar
“Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar.”
Martin Niemöller (1892-1984)
Vidente?
Em 1871, Eça de Queirós escreveu o seguinte sobre Portugal:
“O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Não há princípio que não seja desmentido nem instituição que não seja escarnecida. Já não se crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas idéias aumenta a cada dia. A ruína econômica cresce, cresce, cresce… A agiotagem explora o juro. A ignorância pesa sobre o povo como um nevoeiro. O número das escolas é dramático. A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do país. Não é uma existência; é uma expiação. Diz-se por toda a parte: ‘O pais está perdido!’.”
Será que lembra um país conhecido?
Para reflexão
“Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo. Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista. E um homem nessa posição, empunhando as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso “.
(Olympio Mourão Filho, Memórias: A Verdade de um Revolucionário , Porto Alegre, L&PM, 1978, p. 16.)
O Amor
A modernidade é movimento. O tempo é precioso, escasso, insuficiente para tantas atividades que nos propomos e metas que colocamos como pressupostos para nossa felicidade. Não podemos perder um minuto; acabamos por perder tudo. A máxima é que o mundo não para.
Ao redor temos pessoas, dramas, vidas e, sobretudo, amor. Imersos em nosso cotidiano muitas vezes não o percebemos. Centramos o universo em nossa própria pessoa e deixamos de sentir e enxergar o mais sublime dos sentimentos; aquele que existe desde o começo dos tempos e que ao longo dos séculos faz aflorar o que a humanidade tem de melhor, o que lhe é mais precioso. Nosso egoísmo e incapacidade de parar e contemplar nos faz insensíveis à grande razão de nosso existência: amar.
O amor é desafiante. Desafia os materialistas que consideram que nossa vida é pura biologia; os cientificistas que não crêem em nada que não possa ser experimentado; os relativistas que não acreditam em verdades. O amor é tudo isso que não compreendem. É sentimento, alma, razão e verdade. O amor nos leva para uma trilha segura, com obstáculos, mas segura. Em seu final o grande prêmio que buscamos e não conseguimos entender: a felicidade verdadeira.
O amor desafia a lógica. Derruba conceitos, muda nossos sistemas de valores, vence preconceitos e a incompreensão. O amor nos torna melhores e mais simples, nos abre para um mundo que não julgávamos existir. Um mundo onde as pequenas coisas importam, e que não somos mais o centro de uma existência.
Muitos o confundem, não o entendem. O amor não é egoísmo, não é posse, não é ódio. O amor não leva ao desespero, ao desejo de vingança, à atos que atingem nossas consciências. O amor é sublime, perfeito, o ideal de uma existência. Amar é colocar a própria felicidade em segundo plano, é doar-se sem nada querer em troca. É partilhar, dividir, somar. É viver.
O amor está em duas pessoas que se olham sem perceber o movimento ao redor. Em irmãos que se abraçam e se querem bem. Em pais que desejam que filhos realizem sonhos que eles mesmos escolheram. Em filhos que gostam de deitar no colo dos pais e contemplar a chuva. Em amigos que se sacrificam para ajudar e nunca invejam o sucesso do outro. No mestre que contempla o aprendizado de seu aluno. Em todos que conseguem se admirar pela riqueza da existência e pelas surpresas do universo.
O amor não se define. Não se limita. É a expressão maior do querer bem. Está no romance, nas artes, na sabedoria, nas grandes obras da natureza. Está na vida, ao nosso redor, ao alcance de nossos pensamento.
A perda de um amor nos faz sofrer, nos faz chorar. Mas nos torna humildes e nos cobra a resignação e a fé. A fé que o amor é eterno, que se prolonga além desta vida e do mundo material; que o amor sobrevive até à morte. O amor nos ensina a ser melhores do que somos, nos leva a um novo patamar moral.
O amor está em cada um de nós, esperando uma chance de aflorar, e vencer nossas próprias resistências. Quem compreende esta verdade e sente com toda intensidade este tão belo sentimento sabe que está no caminho do bem, da felicidade. Amar é lei maior de nossa existência, a lição que perdura por séculos vencendo tanta dor e miséria.
O amor nos ensina, nos guia, nos inspira. Sem ele não somos nada, não vivemos a vida com plenitude. Com ele somos tudo e até mais. Com eles somos felizes. Simplesmente felizes.
“Por toda parte eu vou persuadindo a todos, jovens e velhos, a não se preocuparem exclusivamente, e nem tão ardentemente, com o corpo e com as riquezas, como devem preocupar-se com a alma, para que ela seja o melhor possível, o vou dizendo que a virtude não nasce da riqueza, mas da virtude vêm, aos homens, as riquezas e todos os outros bens, tanto públicos como privados.”
Sócrates
Narrado por Platão em “Apologia de Sócrates”
Pensmento
“O elefante é um camundongo construído segundo as especificações do estado.”