Alta dos alimentos e o etanol

Andei procurando me informar sobre as causas e conseqüências da alta do preço dos alimentos.

Pelo que entendi, a causa principal está no crescimento da China e Índia que está urbanizando suas populações e aumentando sua renda. É um gigantesco contingente populacional que está mudando seus hábitos e passando a comer carne.

O que tem a ver o consumo de carne com os grãos? O gado. A gado precisa principalmente de milho e soja para se alimentar, e consome muito mais do que o homem. Desta forma, parte da produção está sendo desviada para os rebanhos e a área de outros grãos está sendo revertida em milho e soja. É um problema que tem na demanda sua essência principal.

Outra faceta é o declínio americano que se manifesta na queda do dólar. Esta desvalorização reflete no preço dos produtos agrícolas aumentando ainda mais a pressão inflacionária.

A alta do preço dos alimentos não é passageira nem do momento. A tendência é ficar ainda pior pois o fenômeno que a está causando, o crescimento chinês e indiano,  se manterá por muito tempo, daí a preocupação mundial.

O etanol entra como uma das causas secundárias. Ao mesmo tempo que ocorre este aumento da demanda por comida, o petróleo chega a preços recordes tornando o uso do etanol economicamente viável. Parte da produção do milho americano passa a ser destinado para este fim.

O Brasil não está totalmente fora deste problema por obter seu álcool da cana de açucar. Como qualquer plantação, ocupa espaço que poderia estar sendo utilizado para produzir alimento.

A questão é complexa mas trará desdobramentos sérios. Logicamente os mais afetados, de início, serão os mais pobres, particularmente o continente africano.

Não adianta agora ficar colocando a culpa uns nos outros, é preciso estudar soluções, e urgente.

China: um exemplo de ampliação indevida

Globo:

PEQUIM. A guerra de propaganda nacionalista do governo da China contra a mídia estrangeira – acusada de manipular informações sobre o país, ser injustamente favorável ao Tibete no episódio dos conflitos em Lhasa e “ferir o sentimento do povo chinês” – subiu de tom ontem após o comentarista político Jack Cafferty, da rede de TV americana CNN, convidado do programa semanal “The Situation Room”, afirmar na quarta-feira passada que os produtos exportados pela China são “um lixo” e os governantes, “basicamente o mesmo bando de estúpidos e assassinos que sempre foram nos últimos 50 anos”.
(…)
– Estamos chocados e repudiamos veementemente as afirmações degradantes feitas contra o povo chinês. O que ele disse reflete sua arrogância, ignorância e hostilidade aos chineses, que ficaram indignados – disse ela. – Exigimos que a CNN e Cafferty se retratem por seus infelizes comentários e peçam desculpas ao povo da China.

Peguei este exemplo na imprensa para mostrar uma das técnicas utilizadas para desqualificar um dabate. É o primeiro estratagema descrito por Schopenhauer em seu texto Como Vencer um Debate Sem Precisar ter Razão. Chama-se ampliação indevida e foi definida desta forma pelo filósofo:

Levar a afirmação do adversário para além de seus limites naturais, interpretá-la do modo mais geral possível, tomá-la no sentido mais amplo possível e exagerá-la.

Cafferty referiu-se ao governo chinês, que naturalmente faz parte do povo chinês. O que faz o seu adversário, no caso o um porta voz do Ministério das Relações Exteriores da China? Amplia a afirmação para todo o povo chinês, o que não foi o que Cafferty afirmou.

É natural dos totalitaristas esconderem-se por trás do próprio povo em um nacionalismo xenófobo da pior categoria. Não é a toa que Samuel Johnson proferiu a famosa frase: “o patriotismo é o último refúgio do canalha“.

Quando o governo chinês resolveu trazer as Olimpíadas para seu território deveria saber que estava convidando a democracia para uma visita, e que esta gosta de opinar sobre tudo e sobre todos. O problema do Tibet estará no centro do debate, não há como evitar.

Infelizmente a grande questão não está sendo ainda levantada: o programa nuclear norte-coreano. O que tem a ver com a China?

Tudo. E este é o problema maior.

O Livre Comércio nas Eleições Americanas

Editorial de hoje na Folha:

A América Latina, que estava fora da agenda da eleição presidencial americana, entrou no debate. O motivo foi o acordo de livre comércio entre EUA e Colômbia, que o presidente Bush enviou para o Congresso.
Os dois pré-candidatos do Partido Democrata, de oposição, rivalizam para ver quem condena com mais vigor todos os acordos de livre comércio do país. No eleitorado há uma impressão generalizada, embora incorreta, de que esses tratados são responsáveis pelo desemprego no país.

Atualmente a Colômbia está cercada na América Latina. É o principal baluarte contra o Foro de São Paulo e a esquerdização do continente. É o mago Gandalf batendo seu cajado e afirmando: Não passarás!

Esta posição só consegue se manter por causa do apoio norte-americano e é natural que este apoio evolua para o livre comércio. Os candidatos democratas sempre se posicionam contra as áreas de livre comércio, são protecionistas. Pelo menos no discurso, já que uma vez eleito esquecem de muitas destas propostas e agem com um pouco mais de responsabilidade na economia, ainda bem.

A Colômbia precisa de estreitar seus laços com o parceiro estratégico já que o seu continente, incluindo o Brasil, lhe vira as costas constantemente em sua guerra contra as FARCs. É uma guerra que causa imensos prejuízos econômicos ao país, como retratado no livro Uma Democracia Sitiada, de Eduardo Leongómez.

É um país democrático que enfrenta um exército com roupagem revolucionária que pratica terrorismo e é interligado ao narcotráfico. Não sei o que é pior nesta combinação macabra, mas sei que ficar do lado desta trindade contra um governo democrático é uma clara indicação de moral, ou falta, dos governos sul-americanos.

Os democratas dizem que não querem nada com isso, e assim se posicionam no congresso. Isolar a Colômbia hoje será condená-la e colaborar com o sonho da América vermelha do Foro. É bom pensar nisso.

Retirada no Iraque suspensa

Uol:

O presidente George W. Bush anunciou na quinta-feira a suspensão da retirada de soldados norte-americanos do Iraque, que aconteceria em julho, a fim de permitir que as Forças Armadas reavaliem a situação daquele país.

O anúncio apareceu em meio a uma nova onda de violência no Iraque, verificada nas últimas semanas. A polícia iraquiana disse na quinta-feira que bombardeios norte-americanos mataram 10 pessoas no bairro de Sadr City, um reduto de militantes em Bagdá onde os combates de rua diminuíram após quatro dias de confrontos nos quais morreram perto de 90 pessoas.

O presidente americano foi prudente, era necessária esta suspensão. Vamos a uma lógica rudimentar. Quando aumentou o contingente militar a violência diminuiu. Quando começou a retirada a violência aumentou. Será que não há uma relação de causa e efeito?

Outro ponto para se pensar. Se os terroristas querem a retirada americana do país, bastava ficar quieto enquanto as tropas eram retiradas. O que fizeram? Aumentaram a violência, sabendo que isto poderia suspender a retirada. Por que?

Só mostra que John McCain está correto, a retirada só é possível com a pacificação do país. Antes disso é contribuir para mais violência e vítimas, não só dos iraquianos mas também dos soldados americanos que vão ficando.

É bom o eleitor americano ter isso em mente quando escutar promessas de retirada imediata. Está se mostrando que não é a hora.

Discurso de John McCain

Gostei muito do discurso de John McCain esta semana sobre o Iraque. Foi incisivo e deixou bem clara sua posição, como sempre tem feito.

Criticou a condução da guerra pelo governo Bush que teria seguido uma estratégia mal concebida, mas afirmou que estavam em um ponto sem retorno. No último ano o governo tinha assumido sua responsabilidade e ao invés de abandonar o Iraque no meio de uma guerra civil, genocídio e terror, tinha aumentado seu efetivo militar.

Este é um ponto que os defensores da retirada fogem como o diabo foge da cruz, como ficaria a situação no país com uma retirada precipitada? O história nos mostra bem as conseqüências, tanto no Vietnã como na primeira guerra do Iraque. Aliás, só existiu uma segunda porque a primeira foi feita pela metade.

Lembrou também que a estratégia de aumentar a presença militar está surtindo efeito, a violência diminuiu apesar dos ataques da última semana. Aos poucos vai se montando um governo iraquiano e surgindo o exército nacional.

Deixou claro que a decisão de invadir o país foi acertada ao afirmar que discorda profundamente da tese que o Iraque estaria melhor se Saddam Hussein estivesse no poder. Algumas pessoas defendem a retirada ou a retirada e a volta caso a situação piore. McCain é taxativo: o que eles desejam é uma política de retirada e re-invasão. Uma retirada irresponsável levará a problemas imediatos.

O próximo presidente terá uma grande responsabilidade, não deixar perder todo o esforço que se fez no último ano para conseguir avanços concretos. Fazer a coisa certa não é fazer a mais fácil. 4000 homens deram suas vidas para que os americanos não sofressem as conseqüências do fracasso no Iraque.

Ataca os democratas ao afirmar que não acredita que alguém possa prometer a retirada das forças no Iraque com todas as conseqüências calamitososas se agirem de forma irresponsável. Seria uma falha de liderança.

McCain está correto. Independente de considerações sobre a necessidade da invasão, o fato é que os Estados Unidos assumiram uma grande responsabilidade e não pode fugir dela. A retirada deverá ocorrer apenas quando o Iraque tiver condições de manter sua própria segurança e evitar uma matança em seu território.

O que não estão percebendo é que uma retirada agora seria uma fuga, como foi no Vietnã. Seria a admissão de uma derrota e uma vitória do terror. Em 2002 morreram mais de 3000 pessoas no WTC. De lá para cá nenhum americano foi morto vitima de terrorismo dentro de seu território. Morreram soldados, assim é a guerra. Não se trata de um luxo manter a ocupação, é questão de segurança nacional. É preciso que os governos delinqüentes saibam que não podem dar proteção à terroristas.

É uma pena que a ONU não esteja apoiando os Estados Unidos, particularmente a União Européia. O inimigo dos terroristas não é apenas os Estados Unidos, é toda civilização ocidental.

Onde estão os humanistas?

Claudio Humberto:

O médico Helver Rodríguez Cruz, que esteve a serviço das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e foi capturado há duas semanas perto de Bogotá, confirmou ser grave o estado de saúde da ex-candidata presidencial colombiana Ingrid Betancourt. As informações foram divulgadas pela agência argentina Telam. O médico disse ter atendido Betancourt, que está em poder das Farc há seis anos. A refém, segundo ele, sofre de dois tipos de malária e um deles teria provocado um agravamento no fígado, situação que poderia levar a ex-parlamentar a um colapso hepático. Ela apresentaria ainda problemas como acidez gástrica, desnutrição e cólon irritado.

Onde estão os humanistas brasileiros que consideram as FARCs uma expressão legítima de um movimento social? Betancourt está presa na selva há 6 anos! Eu conheço a selva amazônica. Em situação precária, participando de exercício de sobrevivência, fiquei 6 dias. 6 dias! E não consigo nem imaginar esta senhora passando seus dias acorrentada em árvores por 6 anos. E querem colocar este absurdo na conta do governo eleito democraticamente da Colômbia.

Onde estão MAG, Chávez, Lula, Oliver Stone, e tantos outros que se misturam com este bando de animais. Esta gente me dá nojo.

Barack Hussein Obama

Outro dia perguntaram minha opinião sobre Obama. Estou aos poucos lendo sobre as eleições americanas e por enquanto não encontro nada que me leve a confiar neste senhor. E não estou nem falando de proposta concretas, pois parece que não as tem. Sua campanha está montada em um discurso de esperança, superação da política tradicional, uma nova visão do mundo.

No fundo quer um cheque em branco. Votem em mim, elejam-me, e terão uma grande surpresa. Seus discursos são descritos como maravilhosos e sua figura como empolgante. Mais um motivo para minha desconfiança. Desconfio sempre de políticos que falam bem.

Em Apologia de Sócrates, logo na abertura de sua defesa, o filósofo adverte que seus acusadores só disseram mentiras sobre ele, mas que acatava uma única advertência: deveis ficar alerta para não serdes enganados pela minha habilidade de orador.

Depois acrescenta, não se considerava um bom orador no sentido que seus acusadores o retratavam, mas sim no sentido de falar com a verdade.

Considerai se o que digo é justo ou não. Essa, de fato, é a virtude do juiz; do orador, o mérito é dizer a verdade.

Pois Hussein Obama é considerado um grande orador. Mas em que sentido? No sentido dos acusadores de Sócrates e dos sofistas que tanto combateu ou no sentido de falar sempre com a verdade?

A única coisa que eu tinha achado interessante em seu discurso era que se recusava a tratar de raça e colocar-se como um candidato negro para vencer os brancos. Mas isso durou até o momento em que a proteção da mídia cedeu e pela primeira vez teve que se defender. Foi direto ao discurso racial, como se fosse um Martin Luther King moderno.

Não tenho absolutamente nada contra um negro presidente, desde que não seja eleito justamente por ser negro. Nem contra uma mulher presidente, desde que não seja eleita justamente por ser mulher. Cor da pele e sexo não deveria fazer a menor diferença para se escolher uma pessoa para qualquer coisa, ainda mais para a presidência da república.

Rumo ao caos econômico

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou ontem a nacionalização de ‘toda a indústria de cimento’ no país. A medida é uma resposta à suposta atitude dos fabricantes, que segundo Chávez exportam a maior parte da produção em detrimento dos planos oficiais de habitação. O grupo mexicano Cemex é o maior fabricante de cimento e concreto da Venezuela, onde possui três indústrias e produz 4,6 milhões de toneladas por ano.

Quanto mais estatizar, mas se afundará. Não há como resistir em seu projeto de socialismo juntamente com ruína econômica, a União Soviética mostrou isso ao mundo em 1989, e a China está mostrando hoje.

Ah, mas tem Cuba! Cuba só existe como república comunista até hoje porque John Kennedy aceitou um compromisso de jamais invadir a ilha em troca da resolução da crise dos mísseis. Depois se tornou irrelevante interferir na lenta agonia do regime.

A Venezuela não é Cuba, não conseguirá se isolar do mundo da mesma maneira que o país Caribenho. Existe fronteiras territoriais e países vizinhos democráticos. Como Hugo Chávez deteria a fuga dos venezuelanos quando a ilusão terminar com o caos econômico inevitável?

No final das contas vai ser bom para a democracia. A única chance de sobrevivência do socialismo é alidada ao capitalismo, nos moldes chineses e no que o PT está implantando no Brasil. O fracasso de Chávez será um golpe no Foro de São Paulo e ele virá.