Direitos das empregadas domésticas

Li ontem em algum lugar que o legislativo está votando uma lei que iguala as empregadas domésticas aos demais trabalhadores. Parece que existem direitos que elas não possuem.

É claro que a empregada doméstica no Brasil é uma prova de nosso subdesenvolvimento. Mas de que forma uma mulher que não recebeu educação, sem qualificação, pode ganhar a vida? Enquanto não houver uma reforma educacional para valer o quadro não começará a se alterar.

O problema do estado colocar a mão é que como sempre criam-se privilégios. As que tem ou manterão emprego serão beneficiadas, mas haverá aquelas que perderão o seu. E outras tantas que não conseguirão ser contratadas. Não se trata de um luta de classes marxista aqui como tentam promover alguns. Mas fatos da realidade econômica.

Empregadores não são empresas, não possuem a estabilidade de um estabelecimento comercial, por exemplo. São pessoas, normalmente da classe média, que não estão livres de perder um emprego, de ter a renda reduzida por qualquer motivo, de ter que realizar despesas extraordinárias (um parente doente, por exemplo). Nem todos podem assumir obrigações que não estão certos de poder cumprir.

Como o estado pretende dar alguma proteção para quem deseja empregar uma pessoa se nem um desconto no imposto de renda é permitido? No fundo, trata o empregador como uma espécie de senhor de escravos, o que está bem longe de ser a verdade.

A sociedade tem condições de absorver a “libertação” das empregadas domésticas? Elas querem?

Não sou contra direito nenhum delas, apenas questiono que todo o ônus seja jogado por cima do empregador, no final acaba prejudicando também as pessoas que a lei deveria beneficiar, as empregadas. Nunca ouvi falar, por exemplo, de um programa de incentivo à contratação de empregadas domésticas.

Não se pode fugir nunca das realidades econômicas. Os políticos adoram ignorá-las.

Fugindo do consenso

Editorial Folha:

Numa rara convergência, economistas de correntes rivais puseram-se de acordo sobre a necessidade de o governo reduzir as despesas de manutenção da máquina pública e, aproveitando-se também da disparada na arrecadação tributária, aumentar sua poupança para abater dívida, o superávit fiscal. Seria a melhor maneira de ampliar a eficácia do freio que o Banco Central, por meio da elevação da taxa básica de juros, começa a aplicar sobre a demanda.
Mas a idéia que entrou cristalina na engenhoca de fazer política do governo Lula -enquanto esta produzia aumentos salariais bilionários para o funcionalismo– saiu de lá enxertada. Transformou-se no Fundo Soberano do Brasil. O resultado da enxertia é uma poupança adicional modesta (meio ponto percentual do PIB) com destinação nebulosa. Pode ser usada para comprar dólares e investir em companhias brasileiras fora do país; pode abater dívida interna. Um fundo oficialmente confuso: “híbrido”, na palavra do ministro.

Comento:

Entendo patavinas de economia, mas acho que este tal fundo ainda vai dar muito o que falar. Ainda mais por ser criação da mente de Mantega.

Oferta e procura

Hoje o presidente Lula afirmou que aplicará remédio amargo para impedir a volta da inflação. Isso quer dizer que a sociedade pagará com alta de taxa de juros e elevação do superavit primário para cobrir o tal fundo soberano, sobre o qual não entendo nada, mas que 10 em cada 10 economista que opinou sobre o assunto disse ser furada.

Nem vou entrar neste mérito, o que ressalto é que na hora das notícias ruins ninguém fara do mecanismo como os preços são formados, sobre a lei da oferta e da procura. Falam sobre a ganância do sistema capitalista.

Os preços estão subindo porque China e Índia estão crescendo e possuem populações gigantescas. A pressão sobre a demanda é muito grande e com isso temos alta de preços. O que é preciso é aumentar a oferta, mas não escutamos Lula falar de nada disso, não é mesmo?

Qual a iniciativa do governo para incentivar a expansão da agricultura? Nenhuma, pelo contrário, através do Ministério do Meio Ambiente, as barreiras para aumentar a área produtiva são enormes. Os gargalos sobre o setor são enormes e o governo só pensa em aumentar impostos sobre a cadeia produtiva.

Lula reclamou também que não se conforma que a Vale não construa uma siderúrgica no Pará. Deveria perguntar, a sério, por que a empresa não o faz. Com certeza teria maior lucro vendendo aço beneficiado do que o minério bruto. Devem ser muito amadores estes diretores da Vale de perder esta excelente oportunidade.

Qual a garantia que o governo dá para as atividades da Vale? Nenhuma. O partido do governo ainda apóia ação do MST sobre a empresa e faz plebiscito pela sua re-estatização. Qual a ação do governo para melhorar o ambiente de negócios? Para dar segurança jurídica? Quanto tempo levaria para autorizar a licença de instalação de uma siderúrgica no Pará?

A inflação está voltando por causa da pressão da Índia e da China. Não é porque o presidente Bush é um malvadão ou porque a Europa cobra subsídios agrícolas. O governo brasileiro tem responsabilidade ao não fazer nada para aumentar a oferta e equilibrar a nova demanda. Pelo contrário, quer jogar na sociedade o remédio amargo que o presidente se referiu em sua metáfora. Pois eu tenho uma para ele.

Ao chegar em casa o pai de família encontra o filho meio adoentado. Mas justo naquele dia que combinou de ir em um churrasco ao ar livre? Resolveu levar o menino de qualquer jeito e na volta ela já estava bastante gripado. Para resolver o problema, antibiótico.

Como dizia Jesus, ouçam os que tem ouvidos para ouvir…

Bomba-relógio

Folha:

BRASÍLIA – Lula precisa desarmar uma bomba-relógio que está sendo colocada no seu colo. Se não elevar o superávit primário e reduzir os gastos públicos, vai deixar o Banco Central sozinho no combate à inflação e a explosão já estará programada, sem volta.
Afinal, o BC, não tenham dúvidas, vai cumprir sua missão institucional, de preservar o valor da moeda brasileira, segurando a inflação o mais perto possível do centro da meta, de 4,5% ao ano.

Comento:

A macro-economia guarda algumas semelhanças com a administração doméstica. Aliás, em conversa com um administrador de empresas que faz mestrado na área, disse-me ele que guarda muita semelhança.

De vez em quando a situação financeira de uma pessoa apresenta uma melhora razoável, fruto de algum trabalho que está desenvolvendo, um bônus recebido, algumas diárias de viagem. Vem uma certa sensação que é possível voar mais alto, contratar aquele plano de tv a cabo que estava de olho, um segundo carro, a prestação de um apartamento.

Nestas horas é preciso ter muito cuidado e reconhecer situações temporárias. Esta melhora é definitiva? Ela tem lastro? Ela está ligada a uma nova capacitação técnica adquirida? Se não, é melhor ter cuidado ao assumir gastos permanentes e se preparar para quando voltar ao patamar financeiro que se encontrava.

O mesmo pode-se dizer do país. Houve uma melhora econômica nos últimos anos? Houve. O quanto desta melhora se deu a esforços concretos do país? Como por exemplo, melhora da infra-estrutura? Melhora na educação? Melhora no ambiente de negócios? É bom lembrar que o PAC ainda é uma imensa operação de marketing, nem 1% dos recursos de 2008 foram aplicados. Não precisa ser mágico para entender que muito do crescimento dos últimos anos se deu pela conjuntura internacional.

O que fez o governo? Aproveitou este momento para melhorar as bases econômicas brasileiras? Não. Usou o dinheiro para promover o aumento do estado, aumentou o gasto público. Agora, com a crise se avizinhando começa a acender a luz vermelha. Como pagar esta conta? É claro que o olho gordo voltou-se para o contribuinte, mas por enquanto ainda está difícil para arrancar mais dinheiro dele.

O governo está numa encruzilhada. Ou enfrenta o problema reduzindo seus gastos ou vai atrás de mais dinheiro buscando na sociedade mais impostos.

Afinal, o contribuinte brasileiro não é muito de reclamar mesmo…

STF e a reforma tributária

Como o legislativo não faz sua parte por estar submisso ao governo federal, caiu nas mãos do STF a possibilidade de se fazer a reforma tributária. Não se trata de legislar, mas de cumprir a lei.

Tudo se resume à base de cálculo do Confins, um tributo federal que incide sobre o preço do produto, com o ICMS estadual embutido. Trata-se, na prática, de cobrar imposto sobre imposto, o que é ilegal.

Caso o STF confirme esta interpretação, a desoneração será significativa. Haverá menos dinheiro nas mãos do governo e mais nas mãos da empresa. É bom lembrar que o Brasil tem talvez a maior carga tributária do mundo com serviços de padrão africano.

Que o espírito de Adam Smith ilumine nossos togados!

Um indicador da crise

Folha de hoje:

O governo estuda elevar a meta de superávit primário de 3,8% para 5% do PIB, para ajudar a combater a inflação, tentar amenizar a alta dos juros e financiar investimentos do país no exterior. A proposta, do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, é apoiada pelo ministro Guido Mantega e por Henrique Meirelles, presidente do BC. O aperto iria até o fim do mandato do presidente Lula, em 2010.

Uma medida recessiva durante todo o restante do mandato de Lula? A crise parece realmente séria para o governo cogitar uma decisão destas. Ainda mais quando há consenso entre Meirelles e Mantega. Quando um desenvolvimentista opta por medidas de controle de inflação é porque a coisa está ficando feia. Acho que haverá muito paclanque até o fim deste governo…

Inflação, o retorno

Alguns economistas começam a subir o temo no alarme sobre a volta da inflação, como pode ser visto no blog do Aluizio Amorim (aqui).

A economia está longe de ser uma ciência exata; economistas erram, e bastante. Mas acertam também. De qualquer forma é bom sempre escutar o que dizem.

Particularmente não entendo quase nada do assunto; um dos meus projetos é pelo menos fazer um curso de introdução à economia, pelo menos para tentar entender os fundamentos básicos que a regula. Enquanto este dia não chega, vou lendo e procurando pelo menos saber o que está acontecendo no mundo.

Ainda lembro muito bem da inflação e seus males, não gostaria de voltar a estes tempos.

É bom ficar de olho e começar a acompanhar o preço dos produtos.

Parece que a festa acabou.

Uma boa notícia para o telespectador

Blog Cantinho do Jota:

Lauro Jardim:

É arrasador o parecer final da Secretaria de Direito Econômico (SDE) no processo administrativo que apurou indícios de práticas anticoncorrenciais da Globo na compra dos Brasileirões entre 1997 e 2005. A um só tempo, a SDE conclui que a Globo e o Clube dos Treze incorreram em infração à ordem econômica (pelo qual podem se punidos com multas milionárias) e recomenda ao Cade alterações profundas na comercialização dos direitos de transmissão dos Brasileirões daqui para frente. O parecer acaba de ser enviado ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a quem cabe definir o valor das multas.

O grande problema do capitalismo é que ele depende da concorrência para mitigar seus males. Quando esta concorrência é destruída pela formação de um monopólio, todos perdem, consumidores e trabalhadores.

A Globo tinha conseguido um monopólio na transmissão esportiva, principalmente no futebol. Além de dominar a transmissão aberta, colocou todo o seu peso para desbancar a espn brasil no setor. Foi uma operação que custou muito à emissora, socorrida providencialmente pelo atual governo no início do primeiro mandato.

Com o parecer da SDE espera-se que a livre concorrência volte ao setor e o principal beneficiado será o torcedor. Foi sugerido que se abra um pacote de jogos nas quintas e sábados, dias que não interessam à Globo. Torço para que o horário dos jogos de quarta também possam ser mudados em função da concorrência, quem já foi no Maracanã para ver jogos às dez da noite sabe o risco que é.

Aguardemos para ver se as medidas farão efeito real.

Mais sobre a Telezona

Folha:

AS “OCUPAÇÕES”, eufemismo para invasões, estimuladas pela administração Lula não se restringem ao setor agrário. Com financiamento estatal bilionário e apoio dos fundos de pensão controlados pelo governismo, duas companhias telefônicas acabam de “ocupar” um terreno irregular. A aquisição da Brasil Telecom pela Oi dá-se a contrapelo das normas anticoncentração responsáveis pelo sucesso da privatização da telefonia no país.
Como os contumazes invasores de terra, os artífices das negociações da “supertele verde-amarela” não temem repressão do Estado. Pelo contrário, estão certos de que serão, ao fim e ao cabo, premiados com a assinatura do presidente da República no decreto que, após o fato consumado, sacramentará o popular “liberou geral” nas regras para atuação desses gigantes empresariais em território nacional.

O grande problema do capitalismo é a tentação do monopólio. Talvez seja este o principal papel do estado na economia, impedir a concentração de empresas e defender a concorrência. Os efeitos nocivos do capitalismo __ nunca disse que era perfeito __ são bastante atenuados quando vigora um regime de competição real entre empresas.

A telefonia no Brasil foi um grande exemplo, hoje é preciso se desviar de tantos celulares que são arremeçados em nossa direção. A qualidade do serviço é melhor hoje do que no passado, os preços são menores, emprega-se muito mais gente e o serviço universalizou-se.

A constituição da Telezona é emblemático. É uma fusão que vai na direção de um monopólio, o governo deveria, portanto, desestimula-la. Além do mais, é contra a legislação em vigor. Não há garantia de criação de um único emprego, pelo contrário existe a assinatura de um contrato em que a empresa se compromete a não demitir ninguém nos próximos três anos. Mesmo assim o BNDES está despejando 3 bilhões de reais no negócio, mesmo sendo ilegal. Tudo porque existe um entendimento para que o presidente da república mude a lei para permitir a fusão.

Ao invés de estimular a concorrência, o governo trabalha para o monopólio no setor. Isto é próprio do estado quando se pretende agente econômico, na prática é uma medida estatizante, própria de um governo socialista. Ainda tem o discurso nacionalista para tentar dar uma explicação “moral” para a imoralidade, como sempre.

O editorial da Folha lembrou bem, quem pagará a conta no fim de tudo será o consumidor que terá menos uma opção em um mercado fortemente regulado.

Mais uma derrota do indivíduo em um mundo em que o estado é cada vez mais opressor.

Alta do preço dos combustíveis

Diante da negativa do presidente da república sobre aumento nos preços de combustíveis fica cada vez mais evidente que ocorrerá a qualquer momento. A próprio presidente alerta sobre a alta do preço do petróleo internacional. Ficam duas perguntas para o monarca brasileiro:

  1. E a tão falada auto-suficiência brasileira do  petróleo?
  2. E a queda do dólar no mercado internacional? Afinal, o preço do barril é dado nesta moeda…

O que o presidente não fala é na queda de produtividade da estatal brasileira, a Petrobrás. Por que está caindo? Só somar:

estatal + monopólio + PT + governo Lula = queda de produção

O que leva à terceira pergunta: qual a relação da queda de produtividade da Petrobrás com o aumento do preço dos combustíveis?