economia
E é para perder o sono mesmo
Estadão:
A equipe econômica está perdendo o sono com as idéias de um único senador. E ele é da base aliada e do partido do presidente da República. Três propostas do senador Paulo Paim (PT-RS), que ele chama de “pacote de valorização dos aposentados”, são vistos no Planalto e no Ministério da Fazenda como a “tragédia das contas públicas”. Os projetos já passaram em definitivo pelo Senado e estão liberados para votação na Câmara – um deles, porém, ainda pode ser submetido ao plenário do Senado.
Paim quer o fim do fator previdenciário e que todos os benefícios pagos pela Previdência sejam corrigidos e os aposentados recuperem a quantidade original de salários mínimos com que se aposentaram. Por último, ele propõe a criação do Índice de Correção Previdenciária (ICP), um mecanismo para manter o poder de compra das aposentadorias e pensões.
Comento:
Infelizmente não estou com minha edição de Raízes do Atraso aqui, o livro de Fábio Giambiaggi que mostra, com dados, que temos uma das previdências mais generosas do mundo. Estou contra os aposentados? De jeito nenhum, apenas temos que ser realistas. O Brasil não possui condições de sustentar o atual modelo do jeito que está, ainda mais aumentar esta conta.
De 1988 para cá, ao contrário do mundo civilizado, a idade para a aposentadoria abaixou. Serão malvados estes países mais desenvolvidos? Não, apenas costataram o óbvio: a expectativa de vida aumentou. A conta passou a não fechar, foi preciso que a sociedade se sacrificasse um pouco mais e passasse mais tempo produzindo para sua aposentadoria.
No caminho inverso, o Brasil diminuiu sua idade para aposentadoria. Com o aumento da expectativa de vida, são mais aposentados por homem trabalhando. É preciso um reajuste.
O segundo problema da aposentadoria no Brasil é o salário mínimo. De 1988, o salário mínimo aumentou bem mais do que a inflação. Em grande parte dos casos, o salário mínimo deixou de ser um piso de referência e passou a ser o próprio salário. O Brasil possui o salário mínimo mais alto da América Latina e com a vinculação da aposentadoria ao mínimo, a conta passou a responder por boa parte do PIB.
O que Giambiaggi mostrou em seu livro é que do dinheiro arrecadado pelo governo, descontado a previdência, o pagamento de juros, o custo da máquina pública, sobre muito pouco para investimentos, e aí está o grande problema. O Brasil carece de infra-estrutura e sem resolver estes problemas crônicos, há pouca coisa que o governo possa fazer além da propaganda sobre o nada.
Paim sabe disso. O que está fazendo é a boa e velha demagogia. Quer ter na defesa dos aposentados a sua força política e por isso prepara este pacote que se passar no Congresso terá que ser vetado pelo presidente. Simplesmente não há como pagar. Quanto mais empurramos o problema para o futuro, mais cara ficará a conta.
Receita do desasaste. Fala Lula:
Não vou aceitar a tese de conservadores que acham que é preciso diminuir os gastos do Estado. Não vamos diminuir, porque todos aqueles que, na década de 80 e 90, diziam que o Estado não podia ser forte, que atrapalhava, que gastava demais, na hora em que o sistema entra em crise, quem vai salvá-lo é o Estado que eles diziam que não prestava para nada.
Um dos axiomas básicos da economia afirma que as necessidades são ilimitadas mas os recursos são escassos. Nos últimos anos, os gastos do governo brasileiro subiram sempre mais do que o aumento do PIB, muito pelo aumento da arrecadação provocado pela melhoria da eficiência da receita e pelo próprio aumento da atividade produtiva e consumo, gerando mais impostos.
A expectativa para o ano que vem é de diminuição do crescimento econômico, talvez até recessão. O crédito fácil para investimento desapareceu. É uma questão lógica, com menos dinheiro é necessário o corte do orçamento. Onde será este corte?
É como se um trabalhador experimentasse uma redução em seu salário e quisesse continuar gastanto a mesma coisa. Pior, sem possibilidades de obter crédito. A conta não fecha.
A constituição brasileira limita em muito a margem de manobra do governo. Gastos com a previdência, educação e saúde estão vinculados na carta, não há muito a fazer. Sobra os demais gastos sociais, investimento e custeio. O governo diz que não vai cortar nenhum dos três. Vai cortar onde então? O estado não cabe dentro do PIB, querer fechar os olhos para este fato é uma irresponsabilidade.
A não ser que o governo queira investir em novo aumento de impostos. Seria mais um tiro no pé. No momento que se precisa evitar uma recessão, aumentar impostos seria ir no caminho oposto. Acabaria por aumentar impostos, sem aumentar receita.
Minha aposta? O governo vai acabar cortando investimentos. Mais uma vez o investimento público, que já é feito porcamente na habitual incompetência (e corrupção) petista, será diminuído ainda mais. Novamente vamos sacrificar o futuro para manter as beneces do presente.
Ah, é preciso lembrar sempre. A crise financeira não é produto exclusivo do mercado. Tem as digitais do estado por toda a parte. Os governos nacionais substituíram a inflação provocada pela emissão de dinheiro pela criação do crédito podre criando a bolha que estourou este ano. Na verdade, o estado está limpando a sugeira que ele próprio ajudou a criar.
Crise mundial torna mais difícil a vida de ditadores
Assisti ontem um debate no Globo News sobre as repercussões da crise econômica no mercado financeiro mundial. Entre os debatedores, estava o historiador Marco Antônio Vila, que chamou a atenção para um fato muito interessante: a crise tornará a vida dos ditadores muito mais difícil.
Citou explicitamente o caso de Chávez. Uma coisa era promover uma ditadura com o petróleo a $ 150, outra é promover o socialismo bolivariano com o ouro nego a $ 60. O dinheiro farto para as republiquentas do terceiro mundo esta desaparecendo, e com ele o financiamento de ditadores de quinta categoria.
Basta ver o aumento da virulência do bandoleiro de Caracas que anda ameaçando até mandar prender oposicionista. Outro que está enfrentado dissabores é o kzar da Rússia, Vladmir Putin. Mais inteligente que o venezuelano, optou por sumir um pouco dos noticiários.
Quem disse que não poderiam vir coisas de bom da crise financeira?
Lula, muito além do jardim
Globo:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu a uma metáfora futebolística para definir a estratégia do governo no enfrentamento da crise financeira mundial. Segundo ele, para defender o país dos efeitos da falta de crédito internacional, a melhor arma é o ataque. Nesse sentido, Lula disse que serão adotadas quantas medidas forem necessárias, mas sem dar dinheiro às empresas em dificuldades.
Lula também criticou a oposição que, segundo ele, torce para que a crise afete o país. O presidente reclamou dos bancos que, apesar de obterem benefícios do governo, como a redução do compulsório, ainda dificultam acesso ao crédito.
Comento:
Assistam o filme Muito Além do Jardim, com Peter Sellers. O personagem principal passa a vida cuidadando de um jardim e assistindo novelas. Com a morte do patrão é obrigado a sair de casa e interagir com o mundo real. Incapaz de compreender o mundo, raciocina tudo em termos de jardinagem.
É tido como um gênio, pois tudo que diz é considerado uma metáfora. Passa até a acessorar pessoas imporantes. Não tem a menor idéia do que está falando, mas é considerado brilhante.
A mesma coisa acontece com o apedeuta. Se fosse qualquer outro, seria ridicularizado. Não o presidente; a estão são facultados direitos que a nenhum outro político é permitido. Qualquer bobagem que diga é logo levado para o lado do pitoresco, do bom humor, da metáfora. Ter um presidente como Lula é uma degradação para o Brasil.
Lula deve ter se confundido sobre a oposição. Não estamos em 1994 onde seu partido torcia para o Plano Real dar errado para vencer as eleições. Nem em 1998 torcendo pelos efeitos da crise asiática chegarem logo ao Brasil. Nem em 2001 comemorando o apagão que sepultaria as chances de FHC fazer o sucessor. Não é o PT que está na oposição.
Pelo contrário. Em 2003 a oposição foi fundamental para aprovar as reformas que Lula encaminhou ao Congresso, agindo com responsabilidade. Inclusive, os partidos de oposição votaram mais com o governo do que a própria aliança que elegeu Lula.
O sonho desta turma toda é um governo sem oposição, ou talvez apenas com o DEM para poder descer o sarrafo. Deve ser muito chato esse negócio de ter que negociar com o Congresso. Bom mesmo era se as MPs nem precisam ir para o Legislativo.
Aliás, Congresso para que?
A lógica de Lula
Uol:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que o governo não dará dinheiro para nenhuma empresa ou banco, a despeito das medidas anunciadas na véspera.
“Não estamos dando dinheiro para qualquer empresa e para qualquer banco. E não vamos dar dinheiro. É importante saber que quem errou pagará pelo seu erro”, afirmou Lula a jornalistas.
Comento:
Então não precisava de pacote, né?
Quem errou pagará pelo erro? Estou delirando ou é mesmo o presidente do governo mais corrupto da história do país que está falando? O mesmo que diz que teve companheiros que erraram? Por falar nisso, eles já pagaram por seus, como é mesmo?, erros?
Mais uma travessura…
Crise chegando no Brasil
Infelizmente os tempos de bonança acabaram e a grande verdade é que o atual governo limitou-se a surfar nas ondas do crescimento mundial e aproveitar os inexpressivos aumento do PIB para aumentar seus gastos sociais. Foram anos que os países que fizeram seu dever de casa aproveitaram para investir em infra-estrutura. São estes que terão condições melhores para superar os próximos anos pois construíram condições para que a economia crescesse por suas próprias pernas.
O Brasil fingiu que estava fazendo alguma coisa com o PAC, que na verdade limitou-se a inaugurações de promessas de obra pelo presidente da república. O grosso das despesas do governo foram na direção dos gastos sociais e despesas de custeio. Em outras palavras, o aumento do tamanho do estado.
Agora já se fala em reestatização de instituições financeiras; um retrocesso. Em tempos de apertar os cintos, o elefante estatal quer aumentar de tamanho. O governo já sabe que terá que cortar gastos, o problema é decidir onde.
A margem de manobra dos investimentos é muito pequena, porque são poucos. Restam custeio e gastos sociais, a maioria destes garantidos na constituição. Agora vão fazer falta as reformas necessárias. Não ha como fechar a conta, o estado precisa começar a caber dentro do PIB.
0s sinais ainda são imcompreensíveis para a população. Todo este papo de liquidez, variação do dóllar, queda da bolsa de valores; tudo parece muito distante. Não vai demorar muito para os efeitos aparecerem na ponta da linha. Ainda mais se vier uma recessão.
É um fim de um ciclo econômico onde o mercado financeiro tornou-se bem maior do que a economia real. Esta diferença financiou o crescimento econômico no mundo todo. Alguns aproveitaram melhor do que outros. Estes últimos soferão mais e o Brasil é um deles.
Para reflexão
Um país de privilégios
Globo:
No fim da noite, porém, a Câmara aprovou as medidas provisórias 440 e 441, já em vigor, que concedem reajustes a 471 mil servidores públicos federais. O impacto das duas em 2008 será de R$3,4 bilhões. Houve polêmica na votação da MP 440, que beneficia 91 mil servidores, porque, de última hora, o relator da matéria, deputado Marco Maia (PT-RS), incluiu no texto a criação de mais 2 mil cargos para a Polícia Federal. Na verdade, estava tramitando na Câmara um projeto de lei com esse objetivo, e, então, resolveram incluir o projeto no texto da MP. Dos 2 mil cargos, 400 serão preenchidos de imediato por pessoas que já passaram em concurso realizado em 2004 e que estão em listas de espera.
Comento:
É a mesma questão da constituição de 1988. É muito fácil distribuir beneces por força de lei, mas quem paga a conta? De que adianta privilegiar determinadas categorias se a economia real vai ter que arcar com o peso dessas escolhas?
Sou contra funcionários públicos? Jamais. Sou contra um estado gigante, absorvendo a maior parte da mão de obra qualificada do país, que em geral ficam desempanhando atividades muito aquem de suas capacidades.
Será que não tem nada de errado quando vejo um engenheiro mecânico, formado em um dos dois melhores cursos do país, deixar sua profissão para ser escrivão da PF? Quando vejo um dentista com três pós-graduações, trabalhando duro e sonhando com a aprovação em um concurso para o corpo de bombeiros? Onde pode um modelo assim dar certo? Como pode uma nação abrir mão de tantos talentos confinados em tarefas medíocres do serviço público?
Uma coisa é ter um serviço público pequeno e altamente qualificado, realizando as tarefas essencias para o desenvolvimento so estado. Outra, bem diferente, é ter um serviço monstruoso, sugando as melhores capacidades do país, para gerir uma burocracia da pior espécie, que emperra o nosso desenvolvimento.
Os parlamentares querem mais uma vez reforçar os privilégios. Os funcionários querem aumento? Como pagador de impostos eu pergunto: o que fizeram para merecer aumento? Tornaram-se mais produtivos? Aperfeiçoaram-se?
Estamos com aumento de arrecadação? Ótimo! Que tal reduzir impostos para beneficiar a todos ao invés de privilegiar apenas alguns grupos, justamente o que menos precisam? Por que temos que aumentar o gasto público toda vez que se arrecada mais? Por que temos que aumentar o tamanho do estado a cada superávit?
Estamos atolados na lama e como porcos, queremos mais. Queremos mais estado, queremos mais ilusões.
O resultado é esse que vemos. Um país medíocre. Nós merecemos.