Enquanto isso, nos EUA…

À medida que se consegue ler o pacotão do Obama, as coisa começam a ficar um pouco mais claras. O existe ali é uma oportunidade. Aproveitando a crise financeira e o pânico que ela provoca, o novo presidente americano aproveitou para injetar na veia o receituário democrata. O pacote de incentivo à economia, de incentivo só tem o nome. Na prática ele aumenta ainda mais o tamanho do estado, retirando recursos da sociedade para injetar em uma imensidão de políticas sociais e ambientalistas. Justamente os fatores que podem estar na raiz da bagunça em primeiro lugar.

A oposição republicana está acuada e dividida. Muitos republicanos estão tentanto se colocar mais ao centro, adotando posições liberais com a finalidade de tentar atrair a simpatia que a mídia concede aos “novos republicanos”. O nome correto talvez seja traídores republicanos. A maior evidência foi a escolha de um moderado, John McCain, para a corrida presidencial. Não foi à toa que ele só conseguiu liderar a disputa quando uma conservadora autêntica, Sarah Palin, entrou na chapa.

Infelizmente os republicanos não entenderam nada e tentaram ganhar as eleições copiando os democratas; vão perder sempre. O mesmo acontece agora. Diante da Obamamania, os republicanos estão com medo de fazer oposição. É um erro gigantesco. Primeiro pela irresponsabilidade de ajudar a passar um pacote que vai prejudicar ainda mais a economia americana. Depois porque quando o plano der errado, e dará, ficarão com o ônus de terem apoiado no tal bi-partidarismo.

Os republicanos deveriam, mais do que nunca, defender os ideais de seu partido e enfrentar a mídia. O americano médio ainda é conservador. Falta coragem de tentar mostrar que o partido representa este verdadeiro americano e não progressista de manual do New York Times. Já passou da hora de confrontar o Obama candidato com o Obama presidente. O primeiro prometeu que não aumentaria impostos, o segundo aumentou. O primeiro prometeu fechar Guantânamo, o segundo já disse que não é possível. O primeiro prometeu que não fecharia a economia, o segundo fez o “Buy American”. Está na hora de tentar mostrar a verdadeira face de Obama, e esta face é a fraude.

O preço do cinema no Brasil

A Veja online apresentou hoje uma matéria sobre o afastamento da classe C do cinemas no Brasil. O presidente da ANCINE, Manoel Rangel, apresentou duas medidas que diminuiriam o valor dos ingressos:

Primeiro, a moralização do uso da meia-entrada, com a redução do volume de carteiras de estudantes falsificadas. Segundo, a expansão do número de salas. Além de pequeno, o parque exibidor brasileiro tem baixa capilaridade. São cerca 2.200 salas em todo o país, concentradas em três pólos, todos próximos: a cidade de São Paulo (com 10% dos cinemas), a cidade do Rio e o interior paulista. E, mesmo nesses mercados, há concentração de salas em shoppings centers.

Começamos pela segunda. Com o preço alto do ingresso, não aumenta-se a oferta porque não há demanda. Onde houver demanda, haverá cinema. Se o preço reduzir e aumentar a demanda, novos cinemas vão abrir.

O que importa mesmo é a primeira, que Rangel tocou superficialmente. Não é necessário moralizar a emissão de carteiras, é necessário acabar com a lei do ingresso dobrado (também conhecida como lei da meia entrada). O efeito prático da lei é que o cinema tem que cobrar o dobro do preço pelo ingresso para quem não é estudante ou que não comprou sua carteirinha da UNE (são coisas distintas). Não importa se quase ninguém pague este valor, o importante é que as receitas sejam compensadoras e crie-se a ilusão que os estudantes pagam meia. Não pagam. Pagam quase inteira, os outros é que pagam dobrado.

Não há a menor lógica que um assalariado tenha que pagar R$ 20 para ir ao cinema enquanto que um estudante rico pague R$ 10 para ver um enlatado americano ou uma das porcarias produzidas no Brasil. E chamam isso de cultura!

A lei da meia entrada tem que acabar para que o cinema deixe de ser um privilégio. O resto é firula.

Ainda sobre a poupança

Antes de reduzir o rendimento da poupança, porque o governo não reduz ou elimina o imposto sobre a aplicação em títulos da dívida pública?

Não deixa de ser curioso que o governo cobre imposto sobre uma ação em que é o principal beneficiado.

Escutei Miriam Leitão agora a pouco na rádio CBN. Ela foi taxativa: é mentira que o governo vai proteger pequenos investidores. Ele vai mesmo é proteger a própria pele.

A covardia de um presidente que anuncia no exterior que vai reduzir o rendimento das poupanças

O presidente Lula anunciou ontem que o governo estuda solução para “proteger os pequenos poupadores”. Por que as aspas? Porque por proteger os pequenos poupadores ele entende reduzir o rendimento da poupança. O problema, mas uma vez, é a tal classe média. Ela não compreende que precisa fazer sacrifícios para que o governo possa fazer suas bondades.

Com a queda dos juros, os investidores percebem quem fica mais rentável investir na poupança do que nos fundos da dívida pública. Desta forma, o governo perde capacidade de rolar sua dívida, o que na prática significa menos dinheiro nas mãos do mesmo governo.

Haveria outra solução? Não. A redução do rendimento da poupança é um empecilho à redução dos juros. Se a taxa selic desce abaixo da poupança + TR, a dívida pública quebra. O que não pode é o governo dizer que está protejendo o pequeno poupador, não está. Tanto é que o presidente da república fez o anúncio lá em Nova Iorque, longe do país.

Quando o governo fala que vai proteger os pequenos poupadores, usa a novilíngua de Orwell. Ele vai mesmo é desestimular a poupança porque necessita de dinheiro para manter sua gastança e amplianção do tamnho do estado.

E aí oposição? Não vai contraditar?

A vontade de se enganar

Há uns dois meses atrás, quando anunciaram que o Brasil cresceria este ano 4% do PIB, um colega virou para mim e disse:

__ Está vendo? Você é muito negativo, esta crise não chega no Brasil.

O colega é um dos lulistas que não se assumem. É curioso, o homem tem 84% de popularidade, mas encontro vários companheiros que sentem vergonha em dizer que gostam dele. É fácil reconhecê-los. Quando você aponta um ato de corrupção do governo Lula, ele não o defende, mas diz algo como: “mas no governo do FHC…”. Experimente falar do mensalão? Na mesma hora ele vai dizer da “compra da re-eleição”.

Outros reconhecem ter votado no Lula, mas imediatamente dizem algo como “não tinha opção melhor”, “o Serra não dava”, “o Alckmin não dava”, “o PSDB é o partido mais corrupto do Brasil”. Por que esta vergonha? Por que estes meus colegas têm vergonha de dizer que gostam do presidente e de seu governo?

Quando saiu esta previsão do crescimento do PIB, reparei de imediato que contrariava todas as previsões do mercado, e mais do que isso, contrariava o bom senso. Com redução da atividade industrial e demissões nas grandes empresas como poderia aumentar o PIB nesta cifra? Crescimento que só foi conseguido, diga-se de passagem, depois que o governo criou uma maquiagem para o PIB no melhor estilo da União Soviética, a saudosa.

Agora, diante dos números desastrosos da economia, Mantega diz com a maior cara lavada que vamos crescer perto de zero. Por causa da indústria. Quando crescíamos o que o governo dizia crescermos, os méritos eram todos do governo petista. Agora não, a culpa é da indústria, dos empresas inescrupulosos. Esta baboseira toda que os juízes do trabalham acreditam felizes.

Cria-se a impressão que o governo  é uma vítima da crise mundial. De certa forma é, mas por outro lado, deixou de fazer nos últimos anos tudo que deveria para estarmos em situação melhor. Uma delas era reduzir a pressão tributária sobre a sociedade e diminuir o tamanho do estado. Agora estamos no meio de uma recessão, sim a palavra foi liberada, com um estado gigante para sustentar e um mercado encolhendo, o que reduzirá a arrecadação.

Em campanha para 2010, o governo nem pensa em diminuir os gastos. Cortes em ministérios sem importância para o projeto eleitoral, como a defesa, são feitos mas não aliviam muita coisa. A pergunta que fica é quem pagará a conta de uma recessão.

O contribuinte é o candidato número um, como sempre.

E meus colegas ficarão lamentando a ganância dos capitalistas norte-americanos que provocaram uma crise no Brasil. Mais uma vez a bíblia do perfeito idiota latino-americano, a tese de Eduardo Galeano em “As Veias Abertas da América Latina”. Tudo que acontece de ruim é culpa dos imperialistas.

É muita vontade de se enganar.

Em tempos de crise…

O que eu disse ontem sobre aproveitar os tempos de crises para aumentar o poder do estado não vale só para o primeiro mundo. Vale também, com mais força ainda, para os bananeiros.

O governo Lula já fala em estatizar bancos para proteger os correntistas.

Enquanto a economia ia bem, o governo fingia seguir as regras de mercado, com aplausos do empresariado nacional. Nossos grandes capitalistas, como em todo lugar do mundo, tem verdadeiro horror ao livre mercado. Parece um paradoxo, e é, mas os maiores capitalistas são profundamente… anticapitalistas! O que eles querem mesmo é definir seu mercado diretamente com burocratas do governo, é mais fácil e mais prático.

Este negócio de consumidor decidindo o que quer comprar, quando quer comprar e por quanto é uma idéia aterrorizadora.

O que eles não compreendem, é que a aliança com a esquerda sempre tem um preço a pagar. O socialismo termina invariavelmente devorando seus aliados. O que Gramsci enxergou foi que isto deveria ser feito imperceptivelmente, sem que as vítimas se descem conta do que estava acontecendo até ser tarde demais.

Os empresários brasileiros que hipotecaram seu apoio ao atual governo ainda vão aprender esta dura lição.

Economia em tempos de Obama

Uma das coisas que estou aprendendo em meus estudos de economia é que impostos encolhem o mercado. Essa é uma verdade que não é suficientemente dita, embora tenhamos uma vaga noção dela. Se o governo deseja limitar a poluição, por exemplo, uma medida é taxar fortemente a gasolina. Com o tempo, o consumidor dará preferência a carros econômicos, álcool ou mesmo o transporte público. Uma das medidas que os governos usam contra o cigarro é a taxação. O mesmo vale para o pão, material escolar, etc. Quando se taxa um produto, ele aumenta seu preço e menos pessoas estão dispostas a pagar por ele.

Ao mesmo tempo, é uma constatação que o estado sempre aumenta seu poder tem tempo de crise. Principalmente pelo medo que se espalha na sociedade. Medo de perder o emprego, perder a aposentadoria, das pessoas pararem de comprar. Em tempos de pânico, indivíduos e empresas olham para o estado como uma espécie de salvador. O que não percebem é que o estado muitas vezes é parte do problema.

Juntando estas duas constatações, temos o pacotaço do Obama. Um trilhão de reais para estímulo da economia. Redução de impostos? Ao contrário, eles aumentam. O que o governo americano pretende é tirar dinheiro da sociedade para ele próprio estimular a economia.

Ninguém conseguiu ainda ler todo o pacote (tem mais de mil páginas, cheias de tecnicidades), que foi aprovado assim, como se os Estados Unidos fossem uma república bananeira qualquer. O que se conseguiu perceber, é que no meio do pacote, existe uma grande previsão de gastos sociais puro e simples; trata-se de uma autorização para implementação de políticas sociais dos democratas sob uma roupagem de incentivar o consumo. O pacote corresponde ao aumento do tamanho do estado e seu poder sobre os indivíduos. Com o apoio dos chamados “republicanos reformistas”.

Estas idéias não deram certo na década de 30 quando Roosevelt implantou o New Deal, embora tenha sido bastante popular. Nem no governo Johnson, nem em 1979, e muito menos agora. Nenhum governo substitui a capacidade da sociedade em estimular sua economia. O melhor estímulo agora seria mais dinheiro nas mãos dos consumidores, o que  seria possível com redução de impostos.

O presidente Obama solicitou autorização do Congresso para aumentar a dívida pública para 1,7 trilhões. Surgiu assim o “ato de responsabilidade”. Não sei o que pode ter de responsável em se gastar mais do que arrecada (leiam 1984, novilíngua!). Deveria se chamar lei da irresponsabilidade.

Uma coisa parece certa, o governo vai aumentar e o indivíduo vai encolher. Os competentes terão que pagar pelos incompetentes, e as gerações futuras terão uma pesada herança para lidar. É questão de tempo.

A desição do TRT é absurda

Até onde eu sei, posso estar enganado, pelo menos oficialmente, o Brasil está inserido no livre mercado. Este livre mercado significa inclusive a lei de oferta e procura nas relações de trabalho. As empresas representam a demanda por trabalhadores, os trabalhadores ofertam seu trabalho. A partir do salário mínimo, ambas as partes negociam livremente o salário e as condições.

Durante o período de expansão da EMBRAER, a empresa contratou para fazer face ao mercado aquecido de aviões comerciais. Muitos foram beneficiados não só com bons salários mas com empregos. Quando uma empresa está em expansão, conquistando mercado, todos são beneficiados. Seus donos (os acionistas), seu empregados e compradores.

Infelizmente a crise atingiu o setor e as encomendas caíram por tempo indeterminado. A empresas tomou a decisão que cabe em uma perspectiva dessas, demitiu funcionários. É ruim perder o emprego? Claro que é. Do mesmo modo que é bom conseguir um quando a economia está crescendo. São leis do mercado, as únicas que garantem eficiência econômica.

Quanto a justiça se mete onde não deve, tornando ainda mais difícil a demissão ela acaba por prejudicar os trabalhadores em geral. Tanto a EMBRAER, quanto qualquer outra empresa, ficam ainda mais cuidadosas na hora de contratar. Quando se torna mais difícil demitir, também torna mais difícil contratar. Gostem ou não, esta é uma realidade. O excesso de proteção ao trabalhador torna sua vida a longo prazo bem mais difícil.

Legislações trabalhistas excessivamente protecionistas como a brasileira torna o tempo de desemprego bem maior. Legislações mais flexíveis pode tornar o desemprego mais frequente, mas o tempo de desemprego é bem menor. Qualquer sinal de recuperação já coloca as empresas contratando, coisa que não acontece com uma legislação como a nossa.

A empresa e os trabalhadores são entes privados e fizeram um acordo através de um cartório. Existe na legislação brasileira previsto a demissão sem justa causa. O TRT deve se preocupar menos em assumir a defesa de um setor e mais em cumprir a lei.

Quando juízes querem mostrar justiça ao invés de serem justos a segurança jurídica começa a ser ameaçada; justamente por quem deveria estar defendendo-a.

Um pouco sobre a crise financeira

Desde que a bolha imobiliária estourou e a crise financeira tornou-se evidente, evitei de tirar conclusões e assumi minha total ignorância. O que não quer dizer que tenha me refugiado nela, muito pelo contrário. Comecei a ler sobre o assunto, nas mais variadas fontes.

Ficou evidente neste processo, que me faltava uma base de conhecimentos econômicos para entender bem o que estava se passando. Por isso comecei a ler livros de introdução à economia. Estou no meu terceiro, este bem mais completo do que os outros dois. Trata-se de “Introdução à Economia”, de Mankiw. O livro tem mais de 800 páginas, estou na 250. Pretendo terminá-lo até o meio do ano.

Não vou me tornar um economista em três livros, mas pelo menos começo a tomar consciência de minha própria ignorância, o que é sempre o primeiro passo para a compreensão da realidade. Como dizia Sócrates, só sei que nada sei.

Durante este tempo tenho lido, sempre que possível, artigos sobre a crise financeira. Os economistas e analistas discordam sobre as causas e efeitos; muitas hipóteses surgiram para explicar o que aconteceu. Na maioria das vezes, estas hipóteses são colocadas como certezas, parece que todo mundo sabe o que está acontecendo com o mundo.

Os comunistas dizem que é o fim do capitalismo. A sede de lucro está na raiz de todo o problema, é o sistema se auto destruindo como previa Marx, embora com um certo atraso. Para eles a solução é a de sempre. Acabar com o lucro e a propriedade privada, estatizar a economia. Só o planejamento centralizado seria capaz de deixar o mundo livre das crises econômicas e financeiras.

Os sociais democratas, liberais americanos e outras versão “lights” do socialismo, acreditam que o problema está no neo-liberalismo. Eles estão convictos que a economia estava funcionando totalmente livre, sem a presença do estado, e aí estaria o problema. Banqueiros passaram a emprestar dinheiro irresponsavelmente criando uma bolha que agora estourou, fruto também da busca pelo lucro. Durante a bonança, os banqueiros lucraram sozinhos, agora eles querem o socorro do estado. Eles defendem a estatização de parte da economia e uma regulação mais dura com a finalidade de diminuir as margens de lucro e aproximar o mundo econômico do mundo financeiro.

Eles também criticam a sociedade de consumo. Os amaricanos teriam entrado em uma febre consumista sem precedentes e a capacidade de continuar comprando teria acabado, pois a fonte de recursos do sistema financeiro finalmente secou. A busca por lucros combinado com o consumismo teria provocado uma bolha especulativa que finalmente teria explodido na cara de todos.

Os economistas liberais conservadores argumentam no sentido oposto. Seria o excesso de regulamentação do estado que teria provocado a crise. Quando o estado intervém no mercado, gera desequilíbrios na lei da oferta e demanda, colocando a economia em perigo. Eles negam que o mercado estivessem trabalhando desregulado. Lembra que as empresas americanas que estavam no epicentro da bolha imobiliária eram fortemente controladas pelo governo americano que as levaram a emprestar dinheiro para pessoas sem capacidade de pagamento em uma espécie de política afirmativa aplicada à economia.

De maneira geral eles defendem que o governo corte impostos e reduza custos. Mais dinheiro nas mãos das pessoas significaria mais consumo e aquecimento da economia. São contra o pacote de Obama que teria o efeito de prolongar a crise causando uma depressão, mais ou menos como dizem que aconteceu na Grande Depressão da década de 30. Defendem também uma menor interferência do governo no mercado.

O misterioso Spengler, do Asian Times, defende que o problema está relacionado com a redução do número de filhos na população americana. Sem filhos, ou com apenas um, a geração do pós guerra teria investido no mercado imobiliário como forma de guardar suas economias para o futuro, já que não teria quem cuidasse deles na velhice. A valorização dos imóveis teria sido um grande atrativo para este fim, e a bolha imobiliária teria encontrado nos americanos em via de aposentadoria o combustível para seu crescimento.

Spengler defende que famílias constituídas, com vários filhos, gastam ao invés de investir. Este gasto mantém a economia funcionando dentro das leis de mercado. Além de cortar impostos, o governo deveria tomar medidas para incentivar a constituição das famílias como maiores reduções no imposto de renda por dependentes, subsídio para hipotecas de famílias com filhos e mesmo a revisão da lei do Aborto.

Bento XVI, em 1985, já apontava que o sistema financeiro entraria em colapso em função da degeneração moral da sociedade. Argumentava que o capitalismo precisava de uma base ética para funcionar, a partir do momento que esta base ruisse a economia caminharia junto. Segundo ele, as leis econômicas garantem a eficiência do mercado, mas são incapazes de garantir o que seria melhor para a sociedade. A dissociação da ética da economia através da secularização crescente das sociedades ocidentais deveria ser combatida, a economia precisaria desta base de valores para funcionar.

Este é um resumo das várias explicações para a crise financeira mundial. Algumas são bastante conflitantes, outras nem tanto. A busca da verdade é muitas vezes difícil, mas deixar de procurá-la torna o homem um prisioneiro das opiniões dos outros, um homem massa. Tenho estudado e observado para tentar chegar nas minhas próprias conclusões, tentar entender o mundo real e não ficar preso ao que temos na cabeça. Só a verdade liberta.

Quando parar de ler um artigo

Uma das coisas que Aristóteles ensinou, vou a relação entre premissas e consequências. Pela lógica, uma argumento só é válido se a consequência for verdadeira sempre que as premissas também forem. Se uma das premissas for falsa, nada se pode falar sobre a argumentação.

Noblat reproduz um artigo do economista Vander Mendes Lucas que começa com a seguinte afirmação:

Muito se discute sobre o retorno e a necessidade da presença do Estado na economia, através de programas de incentivo ao consumo, para fazer frente à crise financeira internacional que assola a economia mundial.

Retorno do Estado? Deve estar de brincadeira! Um dos mitos desta bagunça toda é que o Estado estava fora da economia, o que é uma grande mentira. A origem da crise está na interferência do governo americano no mercado imobiliário.

Diante da premissa errada, nem me dei ao trabalho de ler o restante do artigo. Lucas me perdeu na primeira frase.

Voegelin afirmou uma vez que se existe uma verdade no mundo contemporâneo é que o Estado sempre aumenta seu poder, nunca diminui. A crise econômica é o pretexto que os políticos precisavam para aumentar o poder do Estado.

Sob aplausos do que serão esmagados.

Vale a imagem que Orwell fazia em 1984 sobre o Estado: uma bota esmagando um rosto humano…