Gourmetização de tudo

Ontém eu fui em uma cafeteria aqui em Bogotá e experimentei um café feito pelo tal método sifon, que ressalta a acidez e perfume do café.

Parecia uma experiência química, até com aula do funcionário da cafeteria. Acende o fogo e a água ferve em um recipiente, elevando-a para um recipiente superior onde se mistura com o café. Depois se desliga o fogo e ela desce, passando pelo filtro.

Sim, vivemos a época da gourmetização de tudo e não sei muito o que pensar disso tudo. Só sei que me divirto pacas. Sim, é mais caro, mas tenho a consciência que não estou pagando só pelo café.

Não precisamos ter opinião sobre tudo, principalmente pelo que não conhecemos. Muitas vezes queremos apenas curtir. Não podemos nos levar a sério demais.

A nova direita e suas brigas

Um dos assuntos de 2018 é a tal divisão interna da nova direita, seja lá o que for. Na verdade o termo parece se referir a tudo que não é esquerda, colocando no mesmo saco gente que não se bica. Tudo isso porque parte de um erro inicial, que só há duas posições políticas possíveis. Como nessas coisas quem define a linguagem é a esquerda (ainda), direita virou um termo para se referir ao outro, seja lá quem for. Pode ser um desses malucos de intervenção militar, um conservador cristão, um reacionário, um libertário, um liberal e até mesmo nazistas.

Ora, para ter divisão interna, tem que ter tido alguma unidade antes.

A grande questão dos últimos anos é que terminou o monopólio da esquerda na discussão pública, e isso se deu principalmente por causa da internet. Já entenderam que a única forma de voltar ao status quo é restringir a rede. Os globalistas já toparam a empreitada, como demonstra as ações recentes do facebook e twitter. É errado chamá-los de comunistas. São globalistas. Acreditam no fim do nacionalismo e submissão a entidades supra-nacionais. Aliás, a disputa Trump e Hillary não foi uma disputa entre direita e esquerda, foi entre globalistas e nacionalistas. Pela primeira vez os globalistas tiveram uma derrota séria e por isso o desespero contra Trump.

Retomando. Com o fim do monopólio da esquerda, uma caixa de pandora se abriu. Tem gente de tudo que opinião e ideologia. Só que os meios de comunicação tradicionais são controlados ainda pela esquerda, que passa o dia patrulhando os que rotularam de nova direita. Ao esquerdista, tudo pode. Falar que vai matar, estuprar, pedir agressão, assassinato, o escambau. Silêncio na mídia. Mas ai do direitista que der uma brecha, que falar uma frase impensada. A patrulha se agita e parte para cima como uma matilha de lobos que viu carniça. O pior de tudo é que muita gente boa, que não comunga da seita da esquerda, vai junto e ajuda a linchar.

A conduta mais prudente é observar e tirar ensinamentos. Tem gente ruim dizendo coisa boa? Tem. Tem chiliquento editando bons livros? Tem. Tem gente boa dizendo besteira? Tem. E daí? São Tomás já dizia para pegar o que é bom, seja lá de onde venha. Não façam ídolos, não se apressem em defender que não precisa, pois sabem se defender muito melhor sozinhos. Na maioria das vezes a defesa dos seguidores tem causado mais constrangimento do que ajudado.

Eu não vejo problema nenhum em ver certas brigas na internet. Pode ser até depurador. Mas convém evitar o orgulho dizendo para se meter e mostrar que é o gostosão. Normalmente é pura vaidade dos figurões e, principalmente, dos seguidores.

Saudáveis obsessões

Para entender do que estou falando, cliquem aqui.

Acabei de definir minha obsessão literária (ficção) para 2018. O eleito foi Tolkien, especialmente uma releitura cuidadosa de O Senhos dos Anéis.

Em não ficção estou tendendo à obra de um dos dois maiores pensadores do século XX (o outro é Voegelin): Joseph Ratzinger.

Música estou tendendo ao Iron Maiden, retomando minha paixão da adolescência.

Cinema está bem indefinido ainda. Talvez Angelopopoulos.

Blog em 2018 está em Bogotá

Olá pessoal,

Desculpem pelo período de silêncio, mas o autor deste blog se mudou para Bogotá, onde vai residir por um ano. Foi tudo de última hora, sem tempo para planejamento, o que resultou numa paralisação das atividades por aqui.

Mas isto já é passado. Estou instalado em Bogotá.

Estou registrando minhas impressões no Medium.

Bom 2018 a todos!

 

 

A disputa do nada

A física nos ensina que onde há trabalho, há atrito. Essa lei é uma constante nos ambientes corporativos, especialmente quando se está realizando algo de relevante. Pensamos diferente, divergimos, disputamos espaço e temos soluções diferentes para os problemas. Muitas vezes esses atritos contribuem para soluções melhores, mas muitas vezes, não. Infelizmente temos em nosso coração uma certa dose de vaidade, o que é próprio da condição humana. A Bíblia chama isso de pecado original e quem achar que está livre desta marca ainda não começou a entender  o que somos.

É uma infelicidade quando duas pessoas, impulsionadas pela vaidade, se dedicam a querer provar que estão certas e a outra, errada. A tragédia é que trata-se de uma disputa em que ambos perdem. Vamos supor que eu prove que estou certo, o que acontece? A outra pessoa tem o orgulho ferido, o que só aumenta seu ressentimento. Eu fico com a euforia de ter provado minha superioridade e com o pior mal dos dois, o reforço da minha vaidade. Ao fim, nenhum de nós estará mais próximo do outro e ambos fracassaremos em algo muito mais importante do que essas disputas mesquinhas, e que nem imaginamos estarmos enfrentando, o eterno desafio de amarmos uns aos outros. 

É um espetáculo triste de ver, especialmente quando são pessoas que gostamos. Parece que nada que dizemos faz a menor diferença; estão cegos pelo ressentimento mútuo. Uma pena. 

O pior é que muito depois, quando entendermos a verdadeira perspectiva das coisas, perceberemos que tudo aquilo que parecia tão importante no momento era pequeno. Teremos aquela sensação de energia que foi gasta por tão pouco. 

Poucas coisas são realmente importantes na vida. Tragicamente gastamos grande parte do nosso esforço nas coisas que pouco importam, ou que não importam nada. Se me perguntarem a minha receita pessoal da felicidade eu responderei que começa por identificar o que realmente importa e jogar de lado tudo o mais. 

Enquanto isso não acontece, somos um bando de idiotas disputando o nada. 

O comercial do McDonalds e uma preciosa lição

O McDonalds fez um comercial que ironiza os hipsters do café. Para quem não viu, segue o vídeo:

 

Pois é, sinto-me pessoalmente retratado nesse vídeo. Eu vou nas cafeterias, experimento todo tipo de café, pago caro e, por vezes, vem só aquela xícara pequenina. Não tenho porque me defender e nem me justificar.

Lembrei de um pensamento do Chesterton de que o teste para uma boa religião era a capacidade dela em aceitar piadas. A ironia é um precioso instrumento para nos colocar no nosso lugar, para aprendermos a não nos levar a sério demais. Infelizmente estamos esquecendo dessa lição e não aceitamos críticas, nos ofendemos com tudo e haja textão no facebook para dar conta de tanto choro.

Parabéns ao McDonalds por me fazer rir e perceber que sim, somos um tanto ridículos muitas vezes. Vou continuar tomando meu café hipster, mas com certeza vou sorrir cada vez que presenciar uma dessas cenas retratadas.

Temos que parar com a mania de nos sentir atingido por tudo. Temos que ter mais alegria e rir muito, principalmente de nós mesmos!

A Chacina de Manaus

O que aconteceu em Manaus, uma briga de quadrilhas dentro de uma prisão, mostra o fracasso do estado. 

Com certeza, se tivessem contratado uma ONG que ensinasse ballet e teatro nada disso teria acontecido. Afinal, aqueles pobres carentes de liberdade são vítimas do sistema, foram obrigados ao crime por essa sociedade capitalista machista branca cristã e opressora. Faltou amor para aqueles meninos!

Escrevo essas linhas escutando imagine em looping, com uma camisa branca escrita paz e lágrima nos olhos.

Falta amor ao Brasil! 

A trocadora

A trocadora

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Outro dia entrei no ônibus que sai do metrô de Botafogo, para a Urca. Como sempre, uma fila enorme para entrar e o ônibus foi lotando enquanto a silenciosa procissão passava pela roleta. Eu já estava sentado quando a cobradora (ainda existem, acreditem) exclamou alto para todos ouvirmos:

_ Até que enfim, alguém me deu boa tarde!

Realmente, tínhamos todos passado por ela sem trocar uma única palavra. Estamos sempre tão concentrado em nossas coisas que nem lembramos que existem outras pessoas no mundo, mesmo estando no meio de uma multidão, o que não deixa de ser curioso. Fiz uma anotação mental para não deixar acontecer novamente.

Alguns dias depois peguei o mesmo ônibus, e lá estava ela novamente. Que sorte a minha! Limpei a garganta e quando chegou a minha ver de passar disse com alegria:

_ Bom dia!

E foi só. Até hoje ela não respondeu.

Rapidinhas da semana que passou

  1. Eu não trocaria o PMDB corrupto até a medula por uma REDE cheia de boas intenções querendo transformar o Brasil. Não sou louco.
  2. O PMDB é corrupto? Se é. Quer reformar a sociedade mudando nossos valores? Não. Enquanto não tiver coisa melhor, fico com ele.
  3. A Lava Jato começou a topar com o Foro de São Paulo, aquela teoria da conspiração do “maluco da Virgínia”. Uma palavra: BNDES.
  4. Olhando para o oriente médio começo a entender porque a turma do nobel correu para entregar o prêmio da paz pro obama.
  5. Entrevista da gilma com reporter da al jazira é uma vergonha para o jornalismo brasileiro. Até agora, nada de autocrítica.
  6. Hino da independência >>> hino nacional. Apenas aceitem.
  7. Sobre a Simone Tabet, ainda não me recuperei do trauma sobre a katia abreu para confiar novamente em político.
  8. Diretas já? Eu trocaria, tranquilamente, por diretas nunca. O que não significa que seja a favor de ditadura.
  9. Harmonia e independência entre três poderes autônomos. O que Montesquieu tinha na cabeça???
  10. Rogue One é uma aula de um filme de aventura. E da importância de ter esperança.

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