Marvel Movies: meu top 5

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Ainda não vi o Pantera Negra, mas aqui meus favoritos (sem ordem):

Iron Man: O primeiro, inaugurador do padrão marvel. Gosto do tratamento do personagem do Stark e da questão moral envolvida: a responsabilidade sobre as armas produzidas. E a cena final é sensacional.

Guardiões da Galaxia: sinceramente, não esperava muito deste filme. Acho-o superior ao volume 2 por seu caráter mais misterioso e melhor equilibrado.

Capitão América, Soldado Invernal: Apesar do primeiro ser bom, acho que este foi mais tenso e com cenas incríveis de luta. Final apoteótico.

Os Vingadores: Só a Batalha de Nova Iorque já vale o filme. E tem um grande vilão (tinha que ser um deus para enfrentar os vingadores) e… o Hulk!

Dr Estranho: mistério na dose certa e um dos temas dominantes dos últimos filmes: as mentiras que os bons contam para proteger os seguidores, e como isso dá tremendamente errado.

John Hughes: um clássico da modernidade

Finalmente lancei a primeira parte dos textos que tinha pensado ano passado, escrito uma parte e só agora retomei. Trata-se dos filmes de “adolescentes” do John Hugues, para mim um dos maiores cineastas americanos.

Como pretendo mostrar nos textos, estes filmes foram muito mais que filmes para adolescentes. Foram uma reflexão sobre a modernidade, suas subdivisões e, sobretudo, como encontrar o amor nessa confusão sem sentido.

https://medium.com/@jotaramone/john-hughes-um-cl%C3%A1ssico-da-modernidade-em-6-filmes-47b4f4dd45a0

Razão: cuidados ao usar

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Pascal, pensamento 183:

Excesso. Excluir a razão, não admitir senão a razão.

Os famosos pensamentos de Pascal são notas que ele foi redigindo para escrever um livro. Infelizmente, o grande filósofo morreu antes; mas as notas sobreviveram, foram reunidas por seus herdeiros e publicadas.

Neste pensamento, ele chama atenção para os dois problemas em relação à razão.

O primeiro é ignorá-la, como fazem, por exemplo, as religiões políticas. Não se deixem enganar, eles falam em nome da razão mas a ignoram o tempo todo. A começar por Marx, um trapaceiro intelectual de primeira.

O segundo erro é a ideologia da razão. Colocá-la como único juiz para o verdadeiro e falso. Ignora os limites da razão humana e evidencia o limite que o homem consegue caminhar sem Deus.

Desde o início, os cristãos perceberam que tinham que articular razão e fé. Foi o que fez São Paulo, Agostinho, Santo Tomás, entre muitos. Pascal pertence a esta tradição. Pode-se dizer que Pensamentos trata desta articulação o tempo todo.

O maior erro da modernidade foi romper esta tensão e proclamar a razão como soberana (uma das faces da morte de Deus de Nietzsche). A partir daí, o homem não consegue entender mais nada. Serve para a ciência natural e produção de tecnologia (até certo limite), mas para as ciências do homem, foi um desastre.

5 razões porque Beautiful Girls é um dos meus filmes favoritos

Ontem revi, depois de muitos anos, o filme Beautiful Girls, do Ted Damme. Continua um dos meus favoritos. Eis 5 razões:

  1. Assisti em uma época muito especial da minha vida, em que estava tentando reconstruir minha vida depois de um relacionamento que não deu certo. Eu também me perguntava o que eu tinha feito da minha vida.
  2. A cena do Sweet Caroline é brilhante. 4 amigos estão se atacando, lidando com suas frustrações. Chega a Uma Thurman. Música. Magia.
  3. Nunca vou esquecer da frase do Tom: eu estava protegendo minha família. Amigos podem estar do lado errado da história e se tornarem uma massa.
  4. Natalie Portman nunca esteve tão encantadora. A reação dela ao beijo de Willie foi um exemplo.
  5. A trilha sonora é um caso à parte. Sensacional.

Ensimesmado e alteridade

Que leitura densa e interessante fiz agora da primeira metade do capítulo 1 de O Homem e A Gente, do Ortega y Gasset!

O pensamento não é garantido no homem, temos que conquistá-lo. O homem não é um animal racional ou sapiens, é um homem que ignora. Que sabe poucas coisas, mas que tem a capacidade de conquistar o pensamento e agir racionalmente sobre o homem.

Para isso precisa ensimesmar-se, ou seja, afastar-se do mundo exterior buscando refúgio em seu interior para pensar e meditar. Só assim poderá agir.

Sem isso, o homem vive de sua alteridade, de uma reação não refletida com o mundo exterior. Ele não age, reage. Essa capacidade é própria dos animais, é tudo que eles possuem. O animal não pode ensimesmar-se, não pode se apartar do que lhe é diferente.

Para Ortega, o homem vive três fases:

1) Um náufrago no mundo, que não compreende e que lhe é muitas vezes hostil. Fase da alteridade.

2) Voltar-se para si mesmo e buscar o pensamento, as idéias.

3) Agir de acordo com o pensamento, ou seja, ele retorna para o mundo externo levando o si mesmo. É a verdadeira práxis.

Ortega também faz um alerta: o pensamento, por ser uma conquista, pode ser perdido. Sem o pensamento, o homem é alteridade, é como os animais, ou seja, perde sua própria humanidade. O tigre não pode deixar de ser tigre, mas o homem pode deixar de ser homem. Pode desumanizar-se.

Guardiões da Galaxia, volume 2

AVISO: CHEIO DE SPOILER

Uma pena que o James Gun tenha se revelado ser um tipo tão escroto, pois é um cineasta de mão cheia. Seus dois filmes sobre estes heróis improváveis do universo marvel estão entre os melhores do estúdio.

No segundo Guardiões temos os melhores temas da literatura universal: a afirmação do herói e a redenção.

Além isso, temos os temas da amizade, amor e a divindade.

Ego é um deus com d minúsculo, como ele mesmo afirma. Isso é evidente por sua falta de sabedoria e propósito, como vai se tornando evidente. Seu destino é a solidão, ou seja, falta-lhe o principal, a capacidade de amar.

Quill, por sua vez, tem no coração sua força. De que adianta todos os poderes do mundo se não puder amar? Sim, amizade também é conflito, traição, decepção. Mas qual a alternativa? O amor sempre será um risco se dependermos da forma como os outros reagem. O segredo, é se entregar, mesmo se tiver que perder a vida.

É o caminho de Yondu, o da redenção através do sacrifício Ele cometeu um erro terrível na juventude e passou a vida tentando repará-lo, buscando a aceitação dos capitães. Só no fim, percebe que o caminho é o de amar ao limite, dando sua vida pelo outro. Quill não é apenas o filho que criou para a vida e dificuldade, mas o símbolo de todas as crianças que foi cúmplice involuntário de suas mortes.

Gun conseguiu reunir os elementos de grandes dramas humanos na forma leve de um filme de aventura, com muito humor e boas escolhas. Ajuda a resgatar a aventura como o gênero literário mais adequado a retratar os dramas humanos, como defendia tão insistentemente Chesterton.

Cosi Fan Tutte: Elas são assim?

cosi-fan-tutte-1344848973-view-0Cosi Fan Tutte foi a penúltima ópera de Mozart, que morreria no ano seguinte. Seu argumento é simples: um velho solteirão, tido como filósofo, diz a dois amigos que as respectivas namoradas seriam capaz de trai-los em um dia. Eles duvidam; apostam. Don Alfonso faz as moças acreditarem que os namorados tiveram que se apresentar para a guerra e eles retornam disfarçados de dois nobres albaneses. Sob orientação de Don Alfonso, cada um tenta seduzir a namorada do outro, o que acaba acontecendo. Pior, elas, em um único dia, terminam casando-se, em cerimônia falsa, com os dois pretendentes. No fim, revela-se a farsa e o filósofo prova que estava certo: todas as mulheres são assim. Todos se perdoam e retornam aos relacionamentos originais.

Como seria recebida está ópera nos dias de hoje? Talvez fosse mais rejeitada do que em 1790 (ficou esquecida por quase dois séculos, até ser resgatada por Richard Strauss). Afinal, vivemos uma época de alta sensibilidade e a mera sugestão de que todas as mulheres são infiéis e cometerão traição seria suficiente para uma daquelas campanhas de boicote, com abaixo assinado e etc. Mozart se transformaria rapidamente em um machista e fascista.

O que Mozart queria realmente mostrar com a ópera? Eu ainda não sei, mas acho que dois idiotas que apostam na virtude das próprias namoradas e as submetem a um jogo de sedução merecem o chifre que tomaram.

Não sei se as mulheres são assim, mas desde sempre se ensinou que excesso da auto confiança é um caminho para o desastre.

 

Don Alfonso
And I swear by this world,
My friends, I’m not jesting;
I’d only like to know
What kind of creatures
Are these beauties of yours,
if they’re flesh and blood and bone like us,
If they eat like us, and wear skirts,
If, in fact, they’re goddesses or women …

Ferrando and Guglielmo
They’re women,
but the like of them …

Don Alfonso
And in woman you expect
To find fidelity?
How I love such simplicity!