Viktor Frankl

Escutei essa no podcast dos Náufragos, que aliás recomendo vivamente.

Francisco Escorsim resume o problema da busca do sentido.

Camus: a vida não tem sentido.

Sartre: a vida tem o sentido que eu quiser dar. Menos o transcendente.

Frankl: Nenhum desses filhas da puta esteve em um campo de concentração. Eu estive. Achei um sentido para vida e estes sentido não tem sentido se não estiver ligado a um supra-sentido (transcendência).

A visita ao Instituto de Artes de Chicago em Curtindo a Vida Adoidado

ferris art 2Uma das minhas cenas favoritas de Curtindo a Vida Adoidado (1986), filme do inesquecível John Hughes, é a visita ao Instituto de Artes de Chicago.

A imagem que mais gosto dessa cena é a do Cameron contemplando o quadro de Georges Seurat, A Sunday on La Grande Jatte (1884). Sobre o quadro em si, comento depois.

ferris art

O que me chama atenção é que Cameron realmente contempla o quadro. Hughes consegue mostrar a crescente atenção nos detalhes, chegando ao nível do ponto.

Detalhe a mais: a música que toca nesta cena é Please, Please, Please Let me Get What I Want, do The Smiths.

Pat Benatar

117899614Descobri Pat Benatar por uma indicação do Adrian Smith, guitarrista do Iron Maiden, que colocou o album Crimes of Passion entre seus 10 favoritos de todos os tempos. Fiquei curioso. Era o único de sua lista que eu não conhecia. Nem a cantora.

Adorei o disco. Lançado em 1980, tem uma certa fúria nervosa, ao mesmo tempo melódico e com um sentido de urgência. Além de um verdadeiro tesouro que é a faixa Hell is For Children, que a Benatar escreveu baseada em uma série de reportagens na época sobre abuso sexual de crianças.

Because hell, hell is for children
And you know that their little lives can become such a mess
Hell, hell is for children
And you shouldn’t have to pay for your love
With your bones and your flesh

 

Bohemian Rhapsody: primeiras impressões

bohemian_rhapsody

Gosto de registrar as primeiras impressões dos filmes que assisto, como apoio aos reviews que farei oportunamente, quando passo alguns dias refletindo sobre a experiência.

Ontem assisti a cine biografia do Freddie Mercury. O que achei? Eis as minhas primeiras impressões.

  1. O filme é muito legal.
  2. Freddie Mercury vive uma tensão permanente entre uma extrema auto-confiança musical com uma fragilidade incrível em sua personalidade.
  3. Um tanto dessa fragilidade vem de sua homossexualidade, mas não é só isso. A forma como ele se entrega às drogas e sexo sem limites mostra uma fuga constante no confronto com seus próprios demônios, que pode ser resumido a grosso modo em um enorme complexo de inferioridade.
  4. Freedie tem na música seu principal escape, o que não tem como funcionar por muito tempo. No palco ele é outra pessoa, senhor absoluto da audiência. Mas na vida pessoal, sua caminhada é cada vez mais para o abismo. Afasta-se de todos que ama e termina nos braços de um aproveitador e amante, Tom.
  5. Essas duas personalidades não tem como durar para sempre e uma hora ele tem que reconhecer que seu caminho é para auto-destruição. O que ele precisa fazer? Assumir sua própria personalidade e afirmar seu ego, para usar a linguagem da psicanálise.
  6. É a decisão que ele toma na cena que Mary o confronta.
  7. Freddy termina assumindo o centro de sua existência e unificando suas personalidades, tornando-se finalmente responsável por suas decisões.
  8. Há furos gigantescos na cronologia da banda, mas isso é secundário. Dá para entender as decisões de roteiro para enfatizar os momentos chaves do filme, como a exibição de love of my life no rock in rio ser colocado em 1979 para pontuar o fim do casamento de Freddie.
  9. A cena final, o mini show do Live Aid é sensacional. Coreografia detalhada, reproduzindo a apresentação do Queen no festival.
  10. Por fim, a narração cristão por excelência: paraíso perdido, pecado, queda, inferno, arrependimento, conversão, morte. Gosto de pensar que Freddy Mercury está no céu. Seria a prova que qualquer um de nós pode conseguir.

Whitesnake: Come and Get It

A banda Whitesnake sempre foi uma das minhas favoritas, mas curiosamente não a sua versão mais famosa.

Estou lendo a biografia do Martin Poppoff, Sail Away. O eixo condutor é como Coverdale mudou sua banda da Inglaterra para os Estados Unidos para estourar com o disco de 1987.

Pelo caminho ficaram Mick Moody, Bernie Marsden, John Lord, Ian Paice, Neil Murray, entre outros.

Veio a fase hair metal. Antes, uma transição com Cozy Powell e Mel Galley.

Não é muito minha praia.

O Whitesnake que eu amo é o do Live in the Heart of the City.

Meu disco favorito? Come and Get It.

Slide it In foi o último disco deles que realmente me tocou.

Depois disso, pouca coisa me interessou. Confesso que tentei, muito. Mas escutar os acordes de Bernie Marsden em Don´t Break my Heart Again e Lonely Days ainda me comove até hoje.

5 razões por que Clube dos Cinco é um grande filme

Ontem assisti novamente Clube dos Cinco (The Breakfast Club), um dos meus filmes favoritos. Por que? Bem, apresento-lhes cinco razões:

  1. Trata de um dos problemas da condição humana, de nos enxergarmos por esteriótipos. Em sentido amplo, de enxergar a realidade por filtros.
  2. Uma das melhores cenas de dança do cinema. Impossível esquecer Nelson, Estevez e Hall fazendo a marchinha sobre o parapeito da biblioteca ou Hall atirando discos para o ar como um DJ.
  3. O diálogo de Vernon com Carl, que explica muito mais da educação moderna do que a maioria dos tratados sobre o assunto.
  4. A maneira como Hughes desconstrói a imagem de cada um para nos revelar um pouco do que são na realidade.
  5. Um filme que ressalta a necessidade de sermos autênticos e nos livrarmos da hipocrisia.

Se nunca assistiu, vá atrás. Um filme que dificilmente ficará datado.


Rubem Braga: que cronista!

Acabei de ler um livro de crônicas do Rubem Braga.

Um mestre.

A crônica foi um dos estilos que os brasileiros mais se destacaram, talvez por influência do jornalismo. Impressionante como eles eram capazes de extrair do cotidiano reflexões tão sutis e líricas sobre a vida.

Rubem Braga foi um desses cronistas.

Lobão e sua antologia dos anos 80

lobc3a3o

Nos últimos dias tenho escutado o último disco do Lobão, sempre em volume máximo, porque este disco em especial não pode ser apreciado de outra forma. O peso do disco está na sua essência, na filosofia que lhe gestou.

Quem leu o livro Antologia dos Anos 80 através do rock sabe a tese do Lobão: o rock anos 80 foi o maior movimento revolucionário da música brasileira. Foi o único movimento que colocou em cheque o coronelato do mainstream que gira em torno da MPB, que tem Chico e Caetano como grandes barões. Por um breve período, parecia que o rock estava virando tudo de cabeça para baixo.

Mas havia um problema sério: a produção dos albuns. Os estúdios boicotavam os artistas, como estilo Peninha, que produzia quase tudo. Nada de guitarras pesadas, afinal, brasileiro gosta de guitarra suave. Bateria? Na base da vassourinha. O resultado é que você teve gemas de criatividade, com compositores realmente talentosos, mas com execução propositalmente desencorpadas, baseadas no conceito de alguns produtores que queriam encaixar o rock como subproduto da MBP.

O que Lobão faz em sua releitura dos clássicos do rock anos 80 é re-imaginar estas músicas com o peso e densidade que mereciam. Guitarras encorpadas, bateria perfeitamente audível, baixo ocupando os espaços. Quando você escuta o resultado não pode deixar de pensar: mas que puta sacanagem que fizeram!