5 Notas de Sexta: Green Book, Mr Beck, o horror e um gênio brasileiro

5 Notas sobre o que andei me ocupando nestas duas semanas que passaram.

  1. Um filme que assisti: Green Book. O oscar foi merecido. Baita filme, que mostra bem como superar o preconceito a partir da dignidade e como duas pessoas podem construir uma sólida amizade quando se respeitam.
  2. Um disco que andei reescutando. Rough and Ready, do Jeff Beck. Que baita album. Já escrevi sobre ele aqui.
  3. Um conto que li: A Colônia Penal, do Kafka. Uma pequena obra prima. Pode ser lido por várias chaves. Para mim, mostra bem o efeito desumanizador da ideologia em um espírito medíocre (o oficial).
  4. Um tema que andei estudando: a lógica hiperdialética, descoberta genial de um brasileiro, o filósofo Luis Sérgio Coelho de Sampaio. Alguém ainda vai estudar seriamente a teoria dele.
  5. Um pensamento:

O bom escritor é o que nos seus livros nos leva a um reencontro com o que temos em nós de mais profundo e verdadeiro.

Herberto Sales

A máquina imaginada por Kafka

A Colônia Penal (Kafka)

O conto A Colônia Penal, do Kafka, é uma pequena obra prima. Está tudo lá: o espírito científico que despreza os sentimentos; uma máquina que serve como metáfora para a ideologia, seja ela qual for; o horror do explorador diante do mal; a segunda realidade e sua difícil comunicação com a primeira; o condenado, metáfora para o homem comum, que assiste tudo sem entender que a vítima será ele; o soldado representando o homem burocrático que cumpre suas ordens sem questionar, e por aí vai.

O que mais me impressionou é que foi escrito em 1914. Kafka nem tinha visto ainda o poder destruidor da ideologia quando toma controle do estado moderno. Mais um grande escritor que foi, antes de tudo, um visionário.

Green Book: oscar merecido!

Finalmente assisti Green Book, o último vencedor do Oscar. Minhas notas:

1. Belíssimo filme. O Oscar acertou dessa vez. Melhor que todos os que assisti da lista deste ano (ainda não vi A Favorita e o filme da KKK).

2. Uma pessoa vítima de preconceitos pode ser também preconceituosa.

3. A saída não é a violência e nem o vitimismo. É manter sempre o senso de dignidade humana, mostrando o absurdo da situação.

4. A verdadeira amizade é aquela que melhora constantemente os amigos. E existe o momento que eles precisam ser duros um com o outro.

5. Fui escutar um disco do Don Shirley. Absurdo de bom.

6. Deu vontade de comer KFC.

7. A américa foi construída também por imigrantes, mas imigrantes que assumiram a cultura americana como suas.

5 Notas de Sexta: Black Sabbath, um Padre, uma extraordinária mulher e cerveja artesanal!

Fazia tempo, mas aqui estamos novamente. Cinco notas fresquinhas!

1. Uma peça que terminei: Hedda Gabler (Ibsen). Vou confessar uma coisa. Ibsen é o autor que amaria odiar. Não consegui. Foi um gênio absoluto. Hedda é uma das personagens mais fascinantes de toda história do teatro. Mesmo.

2. Um disco que ando escutando: Master of Reality (Black Sabbath). Animado pela leitura da biografia do Mick Wall sobre o Sabbath, escutei várias vezes este disco. O primeiro gravado sem sobras da época de clubes, com composições feitas especificamente para o disco. Pesado.

3. Um livro que estou lendo: Magnetized By God (Padre Robert Lauder). Eu conheci o trabalho do Padre no youtube, onde ele comenta livros que tratam de temas católicos, ou como gosta de dizer, do mistério católico. O livro é curto, mas sensacional. Trata das artes e como elas podem refletir um convite de Deus para que nos juntemos a Ele. Coisa fina.

4. Um local para Happy Hour. Desde que voltei à Brasília tenho experimentado restaurantes e bares que não conhecia. Um deles está se transformando rapidamente em nossa casa. O Beer Club, na 402 sul. Cervejas especiais, um ótimo ambiente, bom atendimento e boa música. Excelente combinação.

5. Um pensamento

If we “listen” to art we may hear God’s voice

Padre Robert E Lauder

 

Blanchet como Hedda

Black Sabbath: Sympton of the Universe

Comecei a ler a biografia do Sabbath escrita pelo Mick Wall. As partes que narram o consumo de drogas me deprimem um pouco. Como esses jovens talentosos eram fracos para se entregarem do jeito que faziam. De qualquer forma, tenho muito pouco interesse por estas partes.

Gosto mesmo é da parte artística, dos movimentos da banda, das composições, gravações, grandes shows, recepção crítica, etc. Sei que estes episódios são importantes para entender um artista, até porque faz parte do que são, mas sinto uma tristeza com tudo isso.

As drogas são um flagelo. Ler sobre seus efeitos nunca é algo agradável.

Reflexões

1

Eu achava que o custo de escolher um livro para ler era o livro que se deixava para ler. Enganei-me.

O verdadeiro custo é o livro que se deixa de reler.

2

Li em algum lugar que a quantidade de construções existentes pós 1945 se igual às construídas antes de 1945.

Se você tivesse que escolher, com qual metade gostaria de manter? Esse é o verdadeiro teste da arquitetura moderna.

3

Quem acha que Game of Thrones é violento deveria ler o que Shakespeare fez em Tito Andrônico.

Nem Tarantino ousou tanto.

Notas de Sexta: Shakespeare, GOT, passado e um pedaço da mente

Bom dia!

5 Notas para esta sexta-feira, última de maio!

1. Uma peça que li:

Bem Está o que Bem Acaba (Shakespeare). Uma das chamadas peças “problemáticas” de Shakespeare. Pode até ser quando você lê no sentido literal, mas se entrar na interpretação simbólica verás claramente a tentativa de desfazer o casamento entre o Céu e a Terra.

2. Uma série que estou vendo:

Game of Thrones. Primeira temporada. Isso mesmo, assisti o episódio 1 na mesma hora que passou o último. Falar o que? Sou assim.

3. Um jogo que revi:

Flamengo 3 x 0 Santos (1983). Final de Brasileirão, 155 mil pessoas, último jogo de Zico antes de ir para a Udinese. Na verdade, não revi, foi a primeira vez que assisti pois em 1983 eu escutei o jogo inteiro abraçado ao rádio. Tinha 10 anos. Lembro que Adílio foi considerado o melhor da partida. Discordo. Foi Leandro.

4. Um disco que estou revisitando:

Piece of Mind (Iron Maiden). O Iron entrava na maioridade a partir deste disco, balanceando mais o peso com o progressivo. O resultado é aquele metal melódico (termo horroroso) que acostumamos tanto a gostar.

5. Um pensamento

Bem está o que bem acaba

Willie S.

Dois tipos de contos

O crítico literário Harold Bloom defende que existem basicamente dois tipos de contos, representados por dois autores: Tchekhov e Borges.

Tchekhov é o arquétipo dos contos que tem por base a realidade que apreendemos pelos sentidos. Eles tratam essencialmente deste mundo, do chamado mundo material.

Borges trata do mundo fantástico, de um mundo que está além da realidade material, mas que termina por invadi-la. Nas palavras de Bloom, a realidade cede a este mundo fantástico.

Eu acrescentaria que ambos os mundos tratados são igualmente realidades. A primeira é o que chamamos de realidade imanente, tão bem retratada pelo russo. A segunda, abordada por Borges, muitas vezes por símbolos fantásticos, é a realidade transcendente. Como se Borges desse um passo a mais que Tchekhov, penetrando em uma esfera de realidade diferente, como faz Shakespeare em suas peças.

Para cada pessoa vai agradar mais o estilo de um ou do outro, mas compartilho com a conclusão do Bloom: para que escolher? Por que não apreciar os dois tipos básicos de contos?

Entre Tchekhov e Borges, fico com os dois.

E você, leitor, qual tipo prefere?

Tchekhov

Borges

5 Notas de Sexta: Imaginação, contos, janela de Overton, Janela Indiscreta e Chesterton

O que andou acontecendo na semana? Vamos à nossas 5 notas de sexta:

1. Uma série que comecei a assistir: Anne with an E. Faz tempo que desejava começar a assistir esta série, que mostra uma menina que se apoia na imaginação para lidar com a realidade hostil de uma orfã que nunca experimentou o amor dos pais. Gostando bastante.

2. Um conto que li: La Busca de Averroes, do Borges. Impressionante a capacidade deste argentino em ser profundo com tão poucas palavras. Gênio.

3. Um conceito que andei refletindo: a Janela de Overton. Em tempos de redes sociais e pressão direta sobre os atores políticos, este conceito é fundamental para entender as janelas de oportunidades para novas políticas públicas.

4. Um filme que assisti: A Janela Indiscreta. Não lembrava que este filme é também uma discussão sobre o amor e os problemas de fazer um casamento funcionar no ambiente da modernidade. (Mentira, o filme é uma contemplação da Grace Kelly. Que presente de Deus!)

5. Uma frase para a semana:

A coisa mais extraordinária do mundo é um homem comum, uma mulher comum e seus filhos comuns.

Chesterton