5 Notas da Semana: A Montanha Mágica, Paris, Texas, The Cure e Carpeaux

Paris, Texas

Fazia tempo que não destacava o que andei fazendo na semana. Notas da semana que passou:

  1. Um livro que terminei: A Montanha Mágica.

Cada vez mais entendo a Grande Guerra como o acontecimento central do século XX. Neste romance de formação, Thomas Mann descreve o clima intelectual que antecedo o início da guerra, o fascínio das ideologias, o grande tédio e o clima de beligerância. Hans Castorp representa a própria nação alemã, dividida por desejos díspares, que a levaria aos campos de batalha da Europa.

2. Um filme que assisti: Paris, Texas

Há formas diferentes de se perder a família. Travis perde a sua da pior maneira, pela loucura de sua obsessão e sua fraqueza pessoal. Ele recupera sua identidade ao viajar para Los Angeles. Depois, no retorno para o Texas, recupera sua família para aí perdê-lo do jeito certo, pelo sacrifício. (PS: O que era a Nastassja Kinski!)

3. Um disco que ouvi várias vezes: Seventeen Seconds

Toda melancolia do The Cure nesta viagem sombria de melodias que demonstram a angústia que marcaria o som da banda nos anos 80. Genial.

4. Um autor que andei lendo: Otto Maria Carpeaux

Quando Carpeaux imigrou para o Brasil na primeira metade do século XX, ele não se tornou o maior crítico literário na banânia, mas também revelou o provincianismo de nossos melhores, incapazes de realmente dialogar com a grande tradição ocidental. Os Ensaios Reunidos são aulas de compreensão da cultura que até hoje não se encontra por aqui.

5. Um pensamento que meditei:

A verdade está tão obscurecida nos tempos atuais e a mentira tão estabelecida que, a menso que se ame a verdade, não se consegue conhecê-la.

Pascal

Cinema é entretenimento

Ontem assisti novamente Vem Dançar Comigo (1992) do Baz Lurhmann. É um destes filmes desconhecidos que beira à perfeição, especialmente quando a lente que usamos para analisar é a que deveria ser principal quando se trata de cinema: entretenimento.

Lurhmann conta uma boa história, com humor, surpresa, romance, drama e uma tese central bem definida: viver com medo é viver pela metade.

Para ficar ainda melhor, ainda coloca um pérola da música pop muito bem encaixada no filme: Time After Time, da Cyndy Lauper.

É daqueles filmes que nunca vou cansar de ver!

3 Ensaios diversos: Carpeaux, Chesterton e Coutinho.

Hoje, aproveitando o feriado, li 3 ensaios diversos, de 3 autores diferentes, todos bem acima da média. Coincidentemente, 3 autores com sobrenome iniciados pela letra “c”.

  1. A Fronteira (Otto Maria Carpeaux)

Analisando a obra de Rimbaud, Carpeaux nos apresenta seu genial entendimento sobre a poesia. O poeta é aquele que vive na fronteira entre o dizível e o indizível, entre o imanente e o transcendente. Justamente porque não conseguimos traduzir em palavras este conhecimento a poesia nos parece tão incompreensível. É a poesia que julga o mundo e não o contrário. Se o mundo a entendesse, não seria poesia. Sensacional.

2. Sobre o críptico e o elíptico (Chesterton)

Se pudesse, eu emoldurava o ensaio inteiro. Analisando o jornalismo de seu tempo, Chesterton faz um retrato pujante do jornalismo atual. O que o destrói, e ele era um jornalista, é a pretensão, a soberba do jornalista que se acha superior aos seus leitores e se coloca em uma espécie de cruzada para educar as massas. Uma lástima que só poderia chegar onde chegou nos dias de hoje, no total descrédito.

3. A Outra (João Pereira Coutinho)

De vez em quando, no meio de sua crítica cultural afiada, Coutinho nos presenteia com pequenas ficções em forma de crônica. Neste, um herói anônimo espera duas garotas para mostrar a cidade do Porto, mas apenas uma aparece, justamente a que não queria. Tentando fazer o dia perdido passar rápido, ele recebe uma merecida lição. Tem uma certa ligação com um ensaio que escreveu sobre o filme Marty (1955), que trata justamente da dignidade dos feios.

Rohmer e o Conto da Primavera

Acabei de re-assistir, depois de uns 10 ano, Conto da Primavera, do Eric Rohmer. Minha lembrança da época era que este era o filme mais fraco dos quatros que ele fez nos anos 90 sobre as estações do ano. Eis um grande exemplo de porque deve-se assistir um filme mais de uma vez, mesmo que não tenha gostado tanto assim.

Pois Conto de Primavera é assombroso de bom! No meio de diálogos sensacionais, em que se coloca as questões da certeza e do juízo, Rohmer constrói um ambiente de tensão crescente, com um erotismo sutil, que nos confunde e nos faz duvidar de certezas que tivemos um minuto antes. Da mesma forma que a protagonista Jeanne fica perplexa com as situações, nós também ficamos pois o filme é ambíguo nos pontos centrais.

E que cena entre Jeanne e o pai de Natasha! Que diálogo, que coreografia de sedução, incerteza e ansiedade. É óbvio que os dois estão se apaixonando, mas há uma série de forças que os prendem como a própria Natasha, os namorados de ambos. No entanto, há uma completude entre eles, uma cumplicidade que só crescerá se continuarem se encontrado.

Quando Jeanne troca as flores murchas pelas novas, na última cena do filme, há um sinal que seu espírito se abriu novamente, deixando o tom cinza, conformado e deslocado que ela possui no início do conto. Gosto de pensar que ali se inicia um romance real, em que duas pessoas poderão enfim descansar depois de tantas buscas infelizes.

Uma maravilha de filme. Não fica nada a dever aos outros três.

5 Notas da Semana

Um dos meus esforços ao longo da semana é me libertar da prisão do dia-a-dia, de ficar preso na rotina e nas circunstâncias como acontecimentos políticos, brigas de redes sociais, discussões rasas e etc. Uma forma de fazer isso é através da cultura, buscando aquele universal que os grandes criadores nos fornecem; mas nem só de alta cultura vive o homem; sempre há tempo para a cultura popular ou cultura pop (são coisas, muitas vezes, distintas).

Nesse espaço, separo 5 notas sobre o que andei fazendo na semana. Espero que gostem!

Um filme que assisti

Cenas de um Casamento (2019). Um dos candidatos ao Oscar. Por trás de uma superfície bem arrumadinha esconde uma tese que discordo frontalmente e que foi expressa no monólogo da advogada Nora (personagem mais antipática do filme): o casamento é uma prisão para a mulher e tem seu fundamento em uma visão machista do mundo imposta pela religião católica. O filme parece que foi feito para dizer que a mulher, mesmo casada com um bom homem, só será feliz se for livre de suas amarras.

Uma banda que andei escutando.

Rush. Fiquei realmente triste pela morte de Neil Peart, tanto por seu legado quanto pela constatação que ele nunca mais estará compondo. Fico lendo as letras que escreveu para as músicas da banda e ainda me espanto com a sua sensibilidade e busca incansável de entender a condição humana. Que descanse em paz.

Um livro que comecei a ler

O que é Conservadorismo (Roger Scruton). Também fruto de um óbito da semana passada. O livro me surpreendeu no dois primeiros capítulos por ter focado muito mais em diferenciar o conservadorismo do liberalismo do que do comunismo. O mercado não pode ser um valor absoluto.

Uma série que terminei

Fleabag. Na semana passada disse que não tinha conseguido entender a personagem principal da série, que não tem nome. Ao fim da segunda temporada, a visão é completamente outra. Uma personagem fantástica, com muitas nuances, que vale um texto separado. Espero que a série tenha terminado para não estragar o que já ficou excelente.

Uma frase

No, his mind is not for rent
To any god or government
Always hopeful, yet discontent
He knows changes aren’t permanent
But change is

Rush, Tom Sawyer

E vocês? O que fizeram de interessante? Adoraria saber! Comentem!

5 Notas da Semana

Um dos meus esforços ao longo da semana é me libertar da prisão do dia-a-dia, de ficar preso na rotina e nas circunstâncias como acontecimentos políticos, brigas de redes sociais, discussões rasas e etc. Uma forma de fazer isso é através da cultura, buscando aquele universal que os grandes criadores nos fornecem; mas nem só de alta cultura vive o homem; sempre há tempo para a cultura popular ou cultura pop (são coisas, muitas vezes, distintas).

Nesse espaço, separo 5 notas sobre o que andei fazendo na semana. Espero que gostem!

Um filme que assisti

Dois Papas (Two Popes, 2019). Uma situação curiosa. Fernando Meirelles fez um filme sobre o Papa Francisco, por quem tem admiração. Supostamente, era para ser o polo positivo, em contraste com o sisudo e sem carisma Bento XVI. Os conservadores católicos odiaram, especialmente pela visão pessimista sobre o alemão. Permito-me discordar de muita gente melhor do que eu. Intencionalmente ou não, Meirelles acabou mostrando um Ratzinger humano, com dificuldade de se comunicar além do esteriótipo que lhe foi criado. Adorei o filme.

Uma série que comecei a assistir

Fleabag. Ainda estou um tanto confuso em relação ao que pensar sobre a personagem principal desta série diferente, que mostra uma mulher de 30 anos espirituosa, mas que claramente não sabe lidar com seus problemas e acaba com um comportamento auto-destrutivo. A forma como ela se relaciona com o espectador, através da quebra da quarta parede, é engenhosa.

Um poema que comecei a estudar

Waste Land. T S Eliot é um dos melhores poetas da modernidade e soube captar como ninguém o vazio existencial do século XX, que só foi se revelar por inteiro em 1939. Escrito em 1922, dividido em 5 partes, este poema é uma reflexão sobre os dilemas espiritual de um mundo sem Deus, gerando o vazio que seria explorado cada vez mais pelos ídolos que surgiam, entre os quais, a política.

Um canal do youtube que ando assistindo

De Sola. Canal de humor dedicado ao futebol, com Cazé e Pedro fazendo um humor de primeira, com inteligência, captando o espírito de cada um dos grandes clubes brasileiros. O Gordinho da Vila compondo novos hinos para os clubes é sensacional.

Um Pensamento que ando meditando

Who is the third who walks always beside you?

T S Eliot, The Waste Land

E vocês? O que fizeram de interessante? Adoraria saber! Comentem!

Dois Papas: notas iniciais

Com certeza vou escrever sobre este filme. Confesso que minha expectativa era baixa, muito por conta das críticas que li, especialmente do Bispo Barron, um dos melhores críticos culturais vivos. O Bispo reclama que o filme acerta no perfil do Papa Francisco, mas constrói uma caricatura do Bento XVI. Como sou um fã ardoroso deste último, desconfiei logo que não gostaria do filme e resisti a assisti-lo.

Pois bem, ainda bem que assisti. Desta vez discordo do Bispo. Notas para meu texto futuro:

  1. A primeira metade do filme é mais ou menos o que tinha lido aqui e ali. Bento XVI é um homem carrancudo, que articula para ser eleito Papa, tradicionalista ou extremo, incapaz de ver os “erros” da Igreja, responsável pela perda de fiéis por sua posição retrógrada.
  2. Jorge Bergoglio é um homem de bem, que se dá bem com todo mundo, humilde, popular, querido, o Papa que todo mundo pediu a Deus.
  3. Então o Bispo Barron estava certo? Aí que vem a sutileza do Fernando Meireles. Ele nos apresenta os dois personagens por seus esteriótipos, como possivelmente eram vistos um pelo outro. O primeiro diálogo, nos jardins, é um choque de duas personalidades e posições radicalmente opostas, uma disputa.
  4. Só que o filme não termina aí. No próprio diálogo do jardim temos a primeira pista para entender o filme, seja intencional ou não, a observação de Bento XVI que Bergoglio tinha certezas demais e que essa posição era orgulhosa. O próprio diálogo é sobre como Ratzinger deixa Bergoglio apresentar todas as suas posições, para realmente conhecê-lo muito além das fichas que possui sobre seus cardeais.
  5. No jantar, começamos a perceber que por trás daquele homem cizudo tem uma personalidade sensível, que sofre por não conseguir se comunicar bem com os outros. Na verdade, Ratzinger é um introspectivo, que à medida que ganha confiança, se permite ser mais espontâneo. E sim, Bergoglio tem um tanto de mente fechada para algumas coisas, e se espanta com as facetas que não imaginava ver em Ratzinger.
  6. Quando Ratzinger revela seu plano, Bergoglio conta seu passado e as sombras aparecem sobre sua personalidade. Ele reconhece seu orgulho passado e seus erros, mas mostra a agonia de quem ainda não se perdoou pelo papel que desempenhou na ditadura argentina.
  7. O que faz Ratzinger? Fica feliz pela fraqueza do adversário? Não, faz o papel que se espera de um padre. Lembra o colega argentino que ele é humano, que é pecador como todos são. Faz o papel de confessor e o absolve dos pecados.
  8. Em seguida o próprio Ratzinger se confessa. Comparem o contraste. Enquanto Ratinger escutou o colega em posição de reverência, procurando entender o lado dele, Bergoglio se levanta agitado e fica inicialmente horrorizado com o Papa, para depois se acalmar e dar a absolvição, mas sem fazer o mesmo papel de confortar que tinha recebido antes. Afinal, ali havia um homem em fim de vida, que lamentava não ter tido atitude mais firma com a questão dos abusos sexuais da Igreja, derrotado em sua missão principal do papado. Por que Bergoglio não o lembrou da mesma coisa? Que ele também era humano?
  9. No fim, acho que o filme acabou sendo mais simpático ao Papa emérito do que ao Papa Francisco, talvez sem a intenção por parte de Meireles, um progressista notório. Talvez seja produto da minha imaginação por minha admiração por Bento XVI, mas eu realmente fiquei emocionado em algumas cenas do filme, especialmente na confissão de Bento XVI e no momento que atravessa uma pequena multidão na capela Sistina.
  10. Não quer dizer que Bergoglio apareça no fim como uma pessoa ruim, longe disso. Apenas fica evidente que é um ser humano e como é difícil tomar as decisões corretas em todas as ocasiões.
Disputas entre homens de bem se resolvem com diálogo

5 Notas da Semana

Um dos meus esforços ao longo da semana é me libertar da prisão do dia-a-dia, de ficar preso na rotina e nas circunstâncias como acontecimentos políticos, brigas de redes sociais, discussões rasas e etc. Uma forma de fazer isso é através da cultura, buscando aquele universal que os grandes criadores nos fornecem; mas nem só de alta cultura vive o homem; sempre há tempo para a cultura popular ou cultura pop (são coisas, muitas vezes, distintas).

Nesse espaço, separo 5 notas sobre o que andei fazendo na semana. Espero que gostem!

Um livro que estou relendo

Ganhar de Lavada (Scott Adams). Uma forma de fazer a leitura errada deste livro é como alguma apologia ao Trump. Nada mais falso. Adams é o cartunista do Dilbert, um quadrinho que faz uma crítica sensacional à vida corporativa. Scott é um especialista em persuasão e identificou no então candidato republicano um mestre neste jogo, do mais alto nível de persuasão, a militar. O livro apresenta um filtro para enxergar a realidade dos dias de hoje, que tem por base o fato, poucas vezes reconhecido, que somos irracionais em 90% das vezes, especialmente quando estamos emocionalmente envolvidos. As razões são posteriores a nossas escolhas e destinam-se mais a justificar o que escolhemos irracionalmente do que ser base de uma decisão. Trump apresentou ao mundo um exemplo formidável de como fazer isso e através de uma jornada por sua campanha e primeiros dias na presidência, Scott Adams nos mostra a teoria e prática sobre a arte da persuasão. Quer saber? Quem não leu este livro ainda não tem a menor idéia do que está acontecendo no mundo atual. Com certeza tem gente da equipe do Bolsonaro que leu, pois ele está aplicando várias técnicas com maestria.

Um disco que estou escutando

Rio (Duran Duran). Sempre torci o nariz para bandas como Duran Duran; afinal, meu início foi no rock pesado dos anos 80, como Iron Maiden e Judas Priest. Duran Duran era o “inimigo”, pelo menos na minha cabeça de jovem idiota (um pleonasmo!). Outro dia achei um vídeo no youtube onde o Gastão, ex VJ da MTV, comentava seus prazeres escondidos, aqueles artistas que escutamos sem contar para ninguém. Ele citou este disco como um dos exemplos. Fiquei curioso e coloquei para escutar. Que disco excelente! Quando coisa boa deixei passar por estes purismos que não nos levam a lugar nenhum.

Dois filmes que re-assisti:

Star Wars e Empire Strikes Back. A culpa foi da última trilogia. Os dois diretores retardados e aquela imbecil que preside a Lucas Film entenderam tudo errado e fizeram o possível para estragar a mair franquia já criada e deixa sérias dúvidas sobre os planos da Disney para as próximas décadas. Para limpar minha mente de tanta baboseira, como o retorno escroto do Palpatine e destruição da imagem do Luke, tratei de assistir, com meus filhos, os dois melhores filmes do universo Star Wars. A pergunta que fica é como conseguiram sair dali para aqui. A criatividade de montar uma boa estória se perdeu com o avanço da tecnologia. Hoje temos efeitos fantásticos e uma narrativa miserável. Antes tínhamos efeitos construídos no muque, mas sobretudo uma boa estória para contar. Pelo amos de Deus, tirem essa tal Kennedy da Lucas Films!

Um tema que tenho me dedicado

Mapas Mentais. Já usava essa técnica faz tempo, com excelentes resultados. Entretanto, senti que me faltava os fundamentos e fui na obra de seu criador, Tony Buzan. Na verdade, os mapas mentais fazem parte de um tema maior ainda, que muito me fascina, a não linearidade. Tenho me interessado muito em visões espaciais em contraste com listas e tópicos.

Um pensamento

Só existem duas espécies de homens, uns justos que se julgam pecadores, outros pecadores que se julgam justos.

Pascal, Pensamento 562

E vocês? O que fizeram de interessante? Adoraria saber! Comentem!

Olympia, de Manet

Essa pintura de Manet é citada por Julio Cortázar no capítulo 116 do romance O Jogo de Amarelinha. Em uma digressão, ele comenta a visão de um crítico de arte de que Manet teria prescindido do realismo, da ação, da visão moral para ressaltar a beleza plástica. Com isso, sem saber, ele teria se saído da modernidade para ingressar na Idade Média.

Na digressão, usando seu alter ego no romance, Cortázar diz que não se trata de um anacronismo ou retorno no tempo, mas de uma concepção que a história não é absolutamente linear, que há tempos que correm em paralelo. Os grandes artistas são capazes de transitar de um tempo para outro, fugindo da escravidão de sua própria época. Neste sentido, a grande arte é libertadora, pois permite entrar em tempo fora do tempo, onde se encontra o verdadeiramente humano.