Nasce uma Estrela

Enfim, depois de quase um mês lutando para ter a net instalada em novo endereço, vi Nasce uma Estrela.

O filme é muito bom. Dos cinco que vi para esta temporada do Oscar, achei o melhor _ faltam o da KKK, o que ganhou e os das mulheres. Muito bem feito, honesto e com uma boa meditação sobre o sucesso e a música como expressão dos sentimentos.

Na essência, Jack tem um problema muito sério de comunicação, e talvez por isso mesmo o principal critério que usa para julgar a música é a letra. O arranjo é uma forma de trazer o que o artista quer expressar para o grande público.

Observem a cena que ele confronta Ally na banheira. Ele tenta dizer isso para ela, mas não consegue. Termina chamando-a de feia, o que evidentemente ele não acha. Curiosamente é o único insulto que a ofendeu. No meio da verborragia, ele tentava mostrar que o talento dela como letrista e compositora estava sendo esmagado por uma fórmula pasteurizada de sucesso. Ela estava abrindo mão de si mesma para ser popular.

Essa é a grande lição do filme. Ser verdadeiro, não importa o que digam. Ela está disposta a abrir mão de turnê, sua imagem, relação com empresário por algo que para ela tem mais valor: cuidar da pessoa que ama.

Trata-se da essência de uma história de amor e é disso que se trata o filme. O quanto estamos dispostos a abrir mão pelo que realmente amamos. E também do quanto podemos nos destruir por não saber comunicar este amor.

Bolsonaro está em outra chave

A polêmica do twitt de Bolsonaro se deve, em grande parte, à incapacidade da mídia entender que ele está realmente empenhado em uma luta cultural. Em uma situação normal, onde a cultura de um país está mais ou menos intacta, cabe ao governante apenas agir politicamente, pois os caminhos que deve seguir estão mais ou menos dados na própria cultura.

Não é o que acontece no Brasil. A cultura está tão deformada por anos de dominação esquerdista que há praticamente pouco espaço para um governo conservador poder atuar. Isso acontece porque a cultura estabelece os limites da atuação política. Quando se aceita, por exemplo, que o criminoso é um coitado que não teve uma boa chance, que é uma vítima da sociedade, não é possível pensar em soluções como penas severas para criminosos, legítima defesa, construção de mais presídios, todas pautas conservadoras. Para que esta solução seja aceita, é preciso antes quebrar esta narrativa e chamar atenção para a responsabilidade individual do criminoso.

Isso é trabalho para os agentes culturais, para aqueles que produzem realmente uma cultura autêntica, capazes de se relacionar com a realidade.

O problema de Bolsonaro é que esta gente praticamente não existia no Brasil até pouco tempo atrás. Graças ao esforço de gente como Olavo de Carvalho, há uma leva de pensadores surgindo no país, mas leva um tempo para que estas idéias se tornem dominantes e possam regir a política de uma forma mais natural. Só que ele não tem esse tempo. O Brasil não pode esperar uma geração para que medidas urgentes possam ser tomadas.

A mídia não entende nada disso porque vive em outra realidade, onde a cultura e as instituições estão funcionando. Sabem por que Bolsonaro chamou atenção para a cena deplorável do golden shower?

Porque a mídia não o faz! Cenas como esta não são novas, mas a mídia se nega a mostrá-las porque coloca o politicamente correto em mal lençóis. As autoridades também não fazem nada porque não querem ficar mal com esta gente. É preciso um Presidente da República fazê-lo por causa do silêncio dos formadores de opinião.

É a resposta que eu daria, por exemplo, à Vera Magalhães. Ela acusa Bolsonaro de faltar com o decoro. Pois, em parte, ela tem razão. Só que em um país razoavelmente funcional seria ELA quem teria se manifestado com uma cena destas. Mas ela não o faz. Nem com esta e nem com outras semelhantes. Se omite porque no fundo quer ser respeitada pelos outros jornalistas e não “pega bem” expor comportamentos como daqueles “rapazes”.

Bolsonaro está em outra chave. Ele entende que não basta agir politicamente, tem que furar os falsos consensos e mostrar a realidade para o povo brasileiro. E a realidade é aquela do vídeo que compartilhou. Gostem dela ou não.

Vice: uma fábula

Notas sobre o filme Vice:

  1. O melhor são as atuações. O George W Bush de Sam Rockwell está impagável. Sem aquelas maquiagens para “virar” o personagem.
  2. Um filme didático para ver como a esquerda enxerga a era Bush e outros episódios da história americana.
  3. Horrível e completamente dispensáveis aquelas imagens de transplante de coração.
  4. A maior piada do filme está nos pré-créditos, dizendo que se fez o melhor para tratar fielmente a história de Dick Chenney.
  5. Mais um filme que peca por transformar personagens em estereótipos.
  6. Um pouco mais de empatia e menos adivinhação poderia ter transformado este filme em uma pequena obra-prima.
  7. O principal o filme não toca: como Chenney se transformou de um capacho leal em um gênio político.
  8. O chilique da filha no final é pura fantasia delirante.
  9. Há cenas bem legais no filme, apesar de tudo.
  10. Muito legal a cena shakespeariana.

Um Brasil de tragédias

Hoje foi a vez de Ricardo Boechat. Que lástima!

O que tem em comum o acidente que o vitimou, o incêndio do Flamengo, Brumadinho, só para ficar em 2019.

Todos mostram um traço de nossa psique, o desprezo pelo correto. Somos o país da gambiarra, da confiança cega de que no fundo, nada de errado vai acontecer.

Pois está acontecendo.

O Brasil precisa mudar. Urgente.

De Volta!

O Blog andou fora do ar por duas semanas por motivos pessoais. Na verdade, estava decidindo se continuava ou não e queria testar ficar sem ele.

Conclusão: ele me faz falta demais! É um exercício que me acostumei e que me faz bem.

Faço, entretanto, um alerta. Aqui não tem muita idéia formada. É mais um exercício de pensamento, em que vou registrando impressões e opiniões do momento.

Já falei muita besteira aqui e mudei muita opinião, espero que para melhor. Nestas duas semanas pensei em apagar tudo que já disse e não concordo mais. Algumas opiniões tenho até vergonha de um dia ter tido e expressado. Mas o trabalho era hercúleo! Foram mais de dez anos escrevendo. É muito material!

Enfim, vamos em frente, mas que tem muita opinião furada, ah se tem!

Brasil, era de ouro?

O cartunista e estudioso da persuasão Scott Adams, utiliza a expressão “era de ouro” para descrever uma época em que as coisas parecem entrar nos eixos e tudo passar a dar certo.

A prisão e eminente extradição do assassino Cesare Batistti parece ser uma das evidências que o Brasil está entrando na sua.

Oremos.

General Villas Bôas e o exemplo que deu a todos nós

Quis o destino, um nome que usamos para Deus, que o General Villas Bôas atingisse o ápice da carreira de um soldado, comandar seu Exército. Trata-se da maior de todas a missões que um profissional das armas pode receber. Ele assumiu seu cargo, com imensa confiança e energia, há quatro anos atrás. Não sei o que passava em sua cabeça, mas todos imaginamos um pouco. A imensa responsabilidade, os desafios, a oportunidade de colocar em prática suas idéias maturadas ao longo de sua carreira de imenso sucesso, o senho de transformar seu Exército. Seja o que for, o General não imaginava, ao prestar a continência ao General Enzo, assumindo o Comando do Exército de Caxias, que o destino lhe daria um imenso fardo para carregar junto com a responsabilidade que assumia: uma doença degenerativa que aos poucos lhe paralisaria os movimentos.

Por que? Como era possível tamanha injustiça? Como Deus permitia ter seus movimentos tolhidos no momento do auge de sua carreira? Como um Exército poderia ser liderado por um homem em uma cadeira de rodas?

Para piorar a situação, ele não estava vivendo tempos comuns. O Brasil atravessava a pior crise política das últimas décadas. Protestos crescentes, instituições em cheque, escândalos de corrupção em todos os níveis. Não, o General Villas Bôas não navegava em calmos mares; eram tempos de tormenta. Tão graves que ameaçavam partir o Brasil. O que fazer? Renunciar para que alguém com melhor saúde o substituísse? Ninguém poderia condená-lo em tais circunstâncias. Mas não estaria faltando com seu dever? Não deveria continuar até o limite de suas forças?

Quero acreditar que o destino lhe tomou os movimentos para que se concentrasse no que seu país precisava, sua mente e seu espírito. Naquele momento decisivo, o Brasil não necessitava mais do Capitão, do Major, do Coronel. Necessitava de seu General, um general que tivesse sua força em suas virtudes e em sua inteligência. Um General que fosse capaz de refletir sobre a grave situação de seu país, decidir com acerto e liderar sua tropa.

O exemplo que dava a cada dia de como enfrentar sua situação, foi calando os críticos e fortalecendo seu Exército e sua liderança. Quando a crise chegou no auge, não haviam mais críticos e todos estavam unidos em torno dele. Vejam bem, não se trata de dizer que doença lhe deu a confiança dos militares e da sociedade. Não. O que uniu todos em absoluta confiança a seu Comandante foi a forma como ele lidou com o desafio que lhe foi colocado.

Todas as vezes que o vimos em formaturas, visivelmente debilitado, ou em palestras, brincando com sua própria situação, fortaleceu em nosso espírito a consciência que estávamos diante de um homem que estava dando tudo de si para cumprir seu dever. Não podíamos desistir do Brasil porque ele não desistia. Não podíamos nos dedicar menos porque ele estava dando tudo que tinha.

Durante toda crise ele foi firme como uma rocha: não existe intervenção militar; o povo brasileiro não pode ser tutelado; as instituições cumprirão seu dever; devemos respeitar a constituição. Não foi um passageiro, não foi passivo. Nos momentos decisivos se mostrou presente, utilizando principalmente sua palavras; poucas, mas de imenso peso simbólico. O General Villas Bôas lembrou aos responsáveis pelo destino do Brasil o dever de cada um. Lembrou da constituição. Lembrou da responsabilidade das instituições. Lembrou de nossa pátria. E eles fizeram o que tinham que fazer. Não são poucos que consideram-no um dos que salvaram este país do desastre.

Hoje ele passou o comando. Sua voz falhava, mas sua mente continua lúcida e mais aguçada do que nunca. Com lagrimas nos olhos, nos emocionou a todos. Não existe maior satisfação para um soldado do que cumprir sua missão. De onde estiver, Caxias contempla orgulhoso, também emocionado. Nunca um militar brasileiro enfrentou um desafio como o dele com tanta privação de seu próprio corpo. E ele venceu.

Quando vi as imagens da solenidade de hoje, chorei. Emocionei-me pois tive a rara oportunidade de assistir, mesmo à distância, um grande homem. Já apertei a mão dele por três vezes, algo que me orgulharei para o resto de minha vida e poderei contar para meus netos, porque não tenho dúvidas que entrará para os livros de história.

Por tudo isso, obrigado, Comandante! O senhor nos deu uma baita lição de profissionalismo e, principalmente, de vida. O senhor foi grande quando mais precisou ser. E, no fundo, para quem fez tudo isso? Não foi para si mesmo, foi para que as novas gerações tivessem uma chance. Foi por todos nós.

Só poderia terminar este texto com o brado que tanto ama: Selva!

Cel QEM Marcos Heleno Guerson de Oliveira Junior