5 Notas de Sexta: Vingadores, Bachman, Jesus, cinema e a engenharia

Bom dia, amigos!

Todas as sextas eu divido com vocês 5 notas sobre o que andei me ocupando durante a semana. Dicas preciosas para quem se interessa pela cultura!

1. Um filme que assisti: Vingadores, Ultimato.

O fim dos 3 arcos que compõem o universo marvel até aqui precisava de um fim grandioso, e isso o filme entregou muito bem, especialmente na batalha final. Também tinha que dar soluções para personagens que enfrentavam o envelhecimento dos atores. Resolvido. Ou seja, diversão.

2. Um disco que estou escutando: Any Road, do Randy Bachman

Randy Bachman foi um dos fundadores do Guess Who. Saiu no início dos anos 70 e formou o seminal Bachman-Turner Overdrive, com aquele som setentão rasgado que tanto gosto. Neste disco de 2014, pode experimentar estilos que não combinavam com o som do BTO, como as baladas e tons mais para o jazz. Ficou bem legal o resultado.

3. Um livro que terminei: Jesus de Nazaré, do Bento XVI.

Terceira vez que leio. Na verdade, a obra tem 3 partes. Uma que trata da infância de Jesus, outra que trata de sua vida pública e esta que trata da Paixão. Decidi que todo natal leio a primeira e na quaresma as outras 2. Para o resto da vida. Acreditem, o livro é inesgotável em riqueza e profundidade.

4. Uma página que descobri: personacinema.com.br

Aqui o assunto são as mensagens dos filmes, especialmente os com conteúdos filosóficos. Muito bem escrito e abordando filmes que não são muito tratados na mídia tradicional como Malik, Rohmer, Kielowski, Surukov, etc.

5. Uma frase que andei meditando.

Dita pelo Ministro Tarcisio em recente programa do Roda Vida, lema da engenharia militar brasileira:

“Não vivemos em vão.”

Lema de quem deseja deixar um legado.

Vingadores: vale a pena?

Depende. Você quer se divertir? Ver seus personagens favoritos, humor e ação? Não temo como se arrepender, o filme é muito bem feito.

Agora se você quer uma história impecável, sem furos no roteiro, com todas as implicações lógicas e filosóficas sobre viagem no tempo, bem, pode assistir Os 12 Macacos ou Exterminador do Futuro. Vingadores não perde muito tempo com isso e usa a viagem no tempo apenas de escada para cenas de ação e resolução de conflitos.

Vingadores é DIVERSÃO, entretenimento. Tem alguma reflexão sobre o sentido da perda, falta de esperança, como lidar com o fracasso, mas isso tudo é secundário. O filme não foi feito para isso. Foi feito para um bande de heróis reunirem-se e dar uma sova no Thanos.

E, sim, a Capitão Marvel está ali só pela lacração mesmo. Faz parte da época que vivemos.

Venezuela: o problema de um levante

O problema de fazer um levante contra um ditador é que tem que dar certo. É uma carta para ser usada na hora que tudo tiver favorável, com razoável certeza da vitória.

Porque se der errado, não vai ficar tudo como está. O regime se fortalece e ganha ainda mais poder para perseguir os adversários.

Espero que os venezuelanos estejam bem seguros do que estão fazendo e vejamos o fim desta aberração que é o governo Maduro. O século XX precisa acabar.

Cimbeline

Confesso que nunca tinha ouvido falar desta peça tardia de Shakespeare, uma mistura de conto de fadas, drama e comédia. Absurda de boa.

Cimbeline é o rei da Bretanha, que está ocupada por Roma. Influenciado por sua nova esposa, referida na peça simplesmente por Rainha, ele decide não pagar imposto a Cesar e inicia a guerra com os romanos. A Rainha trabalhava para o casamento da filha do rei, Imogene, como seu próprio filho, o tolo e irascível Croten. Só que a moça casara em segredo com um plebeu, Póstumo.

Esse é o ponto de partida para uma peça empolgante que mostra como o homem comum (Cimbeline), ao se deixar levar pelo vício (Rainha), abandona a virtude (Imogine) e passa a ser governado pelo filho do vício (Croten). O resultado é a desordem e o caos.

Só que a virtude encontra seus caminhos e o velho rei terá a oportunidade de aprender e rejeitar a falsidade em nome da verdade.

Shakespeare era um gênio.

Descobertas do fim de semana

Impressionante, quando você acha que conhece alguma coisa, descobre sua própria ignorância.

Primeiro descobri um album solo do Randy Bachman que tinha me passado completamente batido. Any Road, de 2014. Um espetáculo. Coisa fina do guitarrista do Guess Who e BTO. Continua afiadíssimo nos riffs e demonstrando uma grande sensibilidade em um terreno que pouco tinha explorado: as baladas.

A segunda descoberta foi uma peça do Shakespeare que nunca tinha ouvido falar. Cimberline. Uma obra da maturidade, que se passa na Bretanha sob ocupação romana. Li de uma só vez. Absurda de bom.

Só essas duas descobertas já fizeram valer meu fim de semana!

5 Notas de Sexta

Depois de um longo hiato, retorno com as minhas 5 notas de sexta, em que divido com os leitores o que de interessante curti durante a semana. Vamos a elas?

1. Um conto que li

The River (Flannery O´Connor). Fala da impossibilidade da alma, depois de se abrir para a graça, retornar para um mundo sem Deus. Através de uma criança de 4 anos de idade. Coisa fina!

2. Uma banda que andei escutando

Bachman-Turner Overdrive. Rock setentão de primeira, para quem gosta de tomar cerveja ou curtir uma estrada. Randy Bachman tem riffs geniais e fez com C.F. Turner uma parceria memorável.

3. Um filme que assisti

Estrada Sem Lei (Netflix). Excelente filme que mostra a caçada promovida por dois velhos policiais à famosa dupla Bonnie e Clyde. Um filme que não passa pano para os criminosos.

4. Pequenos prazeres

Minha máquina Juan Valdez chegou da Colombia. Já devidamente testada e usada. Mais de uma vez.

5. Um pensamento

As únicas coisas que você pode controlar são as suas atitudes e o seu esforço.

Victor Frankl

Cinema é, antes de tudo, diversão

Quando se gosta de cinema, e de filmes chamados “de arte”, há sempre uma tentação de se olhar com superioridade, como se fosse o intelectual cinéfilo que enxerga o que os simples mortais são incapazes de ver.

Bobagem.

Cinema é entretenimento. Pode ser algo mais? Pode, mas na sua essência é arte visual para as massas. Uma coisa não exclui a outra.

Este fim de semana queria distrair um pouco a cabeça dos problemas do dia a dia. Escolhi, pena enésima vez, ver Um Lugar Chamado Notting Hill. Comédia romântica? Pessoalmente acho este rótulo uma bobagem. O que importa é que é sim um grande filme. E continuo achando que Julia Roberts jamais esteve tão bela.

O que dizer daquela cena de havaianas dizendo que no fundo é uma garota pedindo a um garoto que a ame?

Quer saber? No fundo é isso mesmo.

Coração destroçado

Sabe quando você é rejeitado por alguém que você ama e depois de um tempo, sem ainda ter curado suas feridas, você tem que encontrar esta pessoa e tenta mostrar superioridade?

O resultado é um retumbante fracasso. Você planeja o que vai fazer e toma decisões erradas com uma rapidez extraordinária, terminando por fazer um papel patético e deixando claro que a pessoa tomou a decisão certa de te deixar. Com alguma sorte pode pelo menos aprender uma grande lição: que se você precisa se fazer de superior é porque não é. E que a melhor coisa a fazer é ser prudente e evitar contato enquanto está emocionalmente arrasado.

O filme Nunca Convide seu Ex está no netflix e mostra bem isso. Se você nunca passou por esta situação, provavelmente não vai gostar do filme e vai achar as situações muito forçadas. Mas se você já passou… meu irmão… é daquele jeito mesmo. É vergonha em cima de vergonha.

Eu tenho na minha memória afetiva o papelão que fiz em Campinas, vinte anos atrás. O filme me fez voltar no tempo e remoer as tristes lembranças que tenho daquele período em minha vida. Eu não tinha a menor condições de confrontar minha ex e insisti. Que papelão!

Você tenta provar que ela estava errada em te trocar e termina dando a ela a certeza que tomou a melhor decisão. Patético é pouco.

O caos brasileiro

A corrupção da inteligência foi tão profunda no Brasil que terminou gerando uma geração de estúpidos, entendido aqui no sentido dado por Eric Voegelin de pessoas incapazes de lidar com a realidade, inclusive nos seus aspectos mais básicos.

Os chamados especialistas, figuras constantes nas bancadas jornalísticas, desferem números e opiniões absurdas sem a menor contestação, sem qualquer crítica de jornalistas que aplaudem qualquer posição que seja a favor de certa visão de mundo e descartam o que contraria esta visão, ainda dominante.

O resultado é uma cobertura jornalística caótica, que enterra-se, com muita justiça, a cada reportagem e programa. O que Gramsci não viu em seu programa cultural é que os próprios corruptores se tornariam tão alienados quanto os corrompidos. Ao propor transformar uma geração em zumbis do partido, as melhores mentes do próprio partido se tornaram também zumbis. A contaminação é quase total. A esquerda está perdida porque é conduzida por estúpidos que ela própria formou.

No entanto, aqueles que souberam resistir, muitas vezes se colocando a margem de todo esse processo, estão encontrando caminho livre, em um ambiente de terra arrasada, para espalhar suas idéias, o que se constitui em um enorme risco.

O problema é que eles não encontram adversários capazes de discutir, e acabam falando sozinhos para uma massa que não os compreendem. Além disso, como já se mostrou na história, conhecimento nem sempre vem acompanhado de moralidade. Há muita gente com idéias corretas mas sem ética suficiente para ocupar o espaço público, tratando a política como se fosse uma missão divina particular. Acabam por desacreditar as próprias idéias por causa de forma como as praticam.

Não se enganem. Vivemos o caos. Nossa esperança é que deste caos saia alguma ordem verdadeira. Caso contrário, ficaremos entre religiões políticas com visões diferentes de paraíso, mas capazes de causar males imensos às pessoas comuns, que tem apenas o bom senso a guiá-las. Vivemos uma encruzilhada cultural no Brasil que quase ninguém percebe, mas que terá profundo impacto para as próximas décadas. Infelizmente, o que mais está faltando nesta hora é algo que os ingleses chamaram de senso comum. Vivemos uma época história em que todo mundo se julga senhor da razão e quer impor suas opiniões a todos os outros. Esta é a rebelião das massas que Ortega y Gasset alertou e que ninguém entendeu direito, pois interpretaram massa no sentido econômico e quantitativo, sem refletir na definição que ele deu de homem-massa. Para Ortega, homem-massa era justamente aquele incapaz de refletir e ponderar, que achava-se no direito a ter a opinião que quisesse e mais ainda, de impô-la a todo mundo.

Não precisamos mais do que cinco minutos nas redes sociais para entender o que Ortega estava nos dizendo. O Brasil virou uma gigantesca discussão em que todo mundo está convencido que a sua opinião está correta e que todos os outros estão errados. O resultado?

O caos.

Trapeze

Ontem estava escutando o vinyl do disco Meduza, do Trapeze.

A banda é conhecida por revelar músicos que depois integraram grandes bandas de rock. Glenn Hughes entrou em 74 no Deep Purple e depois construiu sólida carreira solo. Mel Galley tocou no Whitesnake na transição de uma banda de blues-rock para o hair metal. Dave Holland foi o homem das baquetas no Judas Priest dos anos 80.

Falar dos dois primeiros é chover no molhado, mas gostaria de destacar o que o Dave Holland fazia no Trapeze. Uma bateria cheia de swing e viradas, bem diferente do estilo marcial da época do Priest. Tocava uma barbaridade.

E o disco? Um dos grandes do rock setentão. Para ouvir e ouvir muitas vezes.