“Por isso, é mais que justificada a atenção pastoral que o Sínodo reservou às dolorosas situações em que se encontram não poucos fiéis que, depois de ter celebrado o sacramento do Matrimónio, se divorciaram e contraíram novas núpcias. Trata-se dum problema pastoral espinhoso e complexo, uma verdadeira praga do ambiente social contemporâneo que vai progressivamente corroendo os próprios ambientes católicos. Os pastores, por amor da verdade, são obrigados a discernir bem as diferentes situações, para ajudar espiritualmente e de modo adequado os fiéis implicados”.
Esta é a tradução oficial em português do discurso do papa no site do Vaticano. Pois os tradutores oficiais da Santa Fé precisam estudar mais para não errar desse jeito.
O papa utilizou o termo “plaga” em latim para caracterizar o segundo matrimônio. Pois o significado correto é “chaga, ferida, lesão” conforme o Dicionário Latino Português, de Francisco Torrinha. A própria tradução do discurso para outros idiomas no referido site confirma que era este o pensamento do religioso.
Pois a mídia brasileira resolveu cair de pau em Bento XVI por ter comparado o segundo casamento a uma praga. Até a OAB resolveu botar o bedelho na estória, o que não é novidade já que entidade se considera agora representante do povo brasileiro.
Pois Bento XIV é o líder maior da religião católica e cabe a ele orientar o pensamento de sua igreja segundo a moral que sua religião defende. E acabou. Fui católico até cerca de vinte anos e não me considero em condições de ficar criticando a orientação do papa. Suas palavras são dirigidas a seus religiosos e fiéis. Ninguém é obrigado a ser católico.
A Folha de São Paulo de hoje consegue a proeza de comparar o casamento ao futebol. Diz o periódico: “É como se seu time fosse vice-campeão de um torneio e, algum tempo depois, o campeão fosse declarado inexistente porque violou as regras do jogo.”
A Igreja considera o matrimônio um sacramento sagrado, baseado nas palavras de Jesus: o que Deus uniu não cabe ao homem separar. Quem quiser que interprete as palavras de Cristo como quiser. O papa tem o direito e o dever de dar sua interpretação aos seus fiéis.
O fato é que o casamento foi realmente banalizado na sociedade moderna. Não acho que facilitar ou dificultar a separação seja a solução, mas acho que as pessoas devem pensar mais ao tomar esta decisão. E é sim uma questão que cabe reflexão moral e, sobretudo, de moral religiosa. Seja católica, evangélica, judaica ou espírita.