O Globo:
Os 556 municípios brasileiros com maiores taxas de homicídio de jovens, o equivalente a 10% das cidades do país, concentram 81,9% das vítimas de assassinato de 15 a 24 anos. De 1994 a 2004, o número de mortos nessa faixa etária subiu 64,2%, totalizando 175.548 óbitos. É o que mostra estudo divulgado ontem pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).
O Estudo mostra que está havendo uma interiorização do crime. Mas é possível ver uma tendência nos dados apresentados. As cidades que se destacam no número de homicídios, por exemplo, situam-se nas fronteiras físicas do país ou nas fronteiras econômicas. Estar áreas tem em comum a ausência do Estado. Mais um dado que contraria os teóricos da criminalidade fruto dos problemas sociais. O principal fator para explosão da violência é que o Estado não está fazendo sua parte. Não prende, quando prende não julga, quando julga não condena, quando condena não cumpre a pena. É muito convite junto ao risco do crime. Muita coisa tem que dar errado para que acabe cumprindo uma pena, que em geral pode ser bem reduzida.
A interiorização é ainda mais preocupante porque mostra que o problema é federal, coisa que nenhum governo quer assumir. É melhor deixar a bomba estourar nas mãos dos governadores.
Pois os governadores, em sua grande maioria, não possuem recursos suficientes para um combate efetivo, e mesmo se possuíssem não seria o suficiente. O principal incitador da violência é o tráfico de drogas, que é assunto federal em qualquer país por suas conexões internacionais, menos aqui.
E novamente se fala em campanha de desarmamento. Tem índices por aí que indicam que diminuiu a criminalidade com a campanha de recolhimento de armas de 2003. Desconfio. Obviamente as mortes por disparo acidental, normalmente por crianças, podem ter efetivamente diminuídas. Mas é muita ingenuidade acreditar que um bandido venda sua arma para o governo.
PS: procuro sempre usar o termo bandido porque de uns tempos para cá ele ficou meio politicamente incorreto, o que é um grande motivo para usá-lo. Bandido é bandido em qualquer parte do mundo civilizado. Aqui é uma vítima da desigualdade social. Parece que os bandidos somos nós.