Hoje, em vôo de Brasília para Belo Horizonte, estava lendo o livro do profeta Daniel, um dos que viveram durante o tempo em que o povo de Israel foi prisioneiro na Babilônia. Foi uma época em que o lugar físico do povo escolhido coincidiu com o lugar espiritual, pois já fazia tempo que eram infiéis ao Senhor.
Foi olhando as poucas nuvens desta manhã bonita que um pensamento me ocorreu: também estamos na Babilônia! A experiência de Daniel é de viver em um mundo tomado pela idolatria, dos falsos deuses, sacrifícios humanos e negação de Deus.
Não é justamente o que vivemos hoje? Só não foi necessário deixar nossa terra, pois ela mesma se tornou uma Babilônia espiritual. O livro de Daniel é atual porque nos ensina como devemos proceder em um mundo indiferente a nossa fé e, em vários casos, hostil. Pois o profeta jamais traiu seu Senhor e foi com sua fé até o fim, mesmo tendo que entrar na cova dos leões (coisa que fazemos quase todos os dias).
Estamos na Babilônia e como canta Camões no seu monumental Babel e Sião:
Sôbolos rios que vão
por Babilónia, me achei,
Onde sentado chorei
as lembranças de Sião
e quanto nela passei.
Ali, o rio corrente
de meus olhos foi manado,
e, tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado.