Nas últimas semanas assisti um curso sobre escutatória. Foi uma experiência bem interessante e uma oportunidade de refletir sobre um tema que talvez mereça muito mais destaque do que imaginava. Até que ponto estamos realmente escutando o outro? E não escutando, que consequências temos no diálogo e até na possibilidade de se buscar entendimentos necessários? O curso teve como foco o ambiente de trabalho, mas creio que traz importantes reflexões para nosso dia a dia.
Quando olhamos para o ambiente tóxico de muitas redes sociais, especialmente as que se prestam mais a discussões públicas, não posso deixar de me perguntar até que ponto não é nossa incapacidade de escutar de verdade que geram muitos desentendidos e conflitos, muitas vezes no seio de nossa própria família. Ouvimos, mas não escutamos. Lembra algo que um antigo mestre falou diversas vezes: ouçam os que tem ouvidos para ouvido. Ter ouvido não significa realmente que estamos escutando.
Recentemente participei de uma reunião que o personagem central demonstrou não estar ouvindo, o que gerou muito desentendimento. Faltou-lhe abilidade para escutar mais e falar menos, o que teria resolvido a crise que se instalou de maneira muito mais proveitosa e simples, evitando todo um desgaste desnecessário. Será que a sabedoria não está em escutar mais e falar menos? Afinal, como ponderar e nos aconselhar se não temos material para trabalhar? Se não escutamos de verdade o argumento do outro?
A sabedoria popular já nos alerta que temos uma só boca e dois ouvidos…