Rutger Bregman atirou no que viu e acertou no que não viu…

Eu não sei se é excesso de ingenuidade ou Bregman deixou seu espírito esquerdista falar mais alto no capítulo 15 de Humanidade. Antes que reclamem, o viés esquerdista do autor fica evidente quando ele aponta os 7 problemas da democracia moderna. Coincide 100% com o que pensa qualquer partido de esquerda.

Ele tenta salvar o comunismo do desastre que gerou fazendo, sem falar, a distinção do comunismo real com comunismo ideal. Para ele, o que define o comunismo é a cooperação. Assim, ele não enxerga o comunismo na União Soviética ou China, mas toda vez que alguém passa o sal na mesa sem cobrar nada (sim, ele usa este exemplo). Toda sociedade estaria construída sobre o comunismo, só que não pensamos nisso.

O truque aqui (ou erro) é justamente confundir comunismo com cooperação, ou comunitarismo. Ele considera que a modernidade é uma disputa entre capitalismo e comunismo em que o primeiro aparentemente venceu. O capitalismo erra ao considerar que o egoísmo é a grande força motor da sociedade e diz que é a cooperação, o que eu tendo a concordar. O problema é achar que a cooperação está no seio do comunismo quando na verdade é apenas outra forma de egoísmo disfarçado de boas intenções.

O que Bregman parece defender no capítulo é algo muito semelhante ao distributismo de Chesterton ou Beloc, que nada mais é que uma aplicação da doutrina social da Igreja Católica. Chesterton identificou muito bem que na briga entre o poder econômico e político, a pior coisa que poderia acontecer era a aliança dos dois (comunismo). Só que a solução não seria o capitalismo, até porque o comunismo é a realização final do capitalismo (um único proprietário), mas a propriedade distribuida para todos, como as cooperativas. Foi isso que ele chamou de distributismo.

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